Maître de Marionnettes (Hiatus) escrita por Jack Byron, Tom


Capítulo 8
Événements Initiaux


Notas iniciais do capítulo

'Acontecimentos Iniciais' por Lyra. ;)



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Um jovem estava deitado em sua cama lendo um livro qualquer. Seus olhos pareciam engolir as letras que saltavam das páginas, fazendo com que ele saboreasse cada pedaço daquela história incrível e tentadora, mas mal ele sabia das coisas que estavam acontecendo a sua volta.

O jovem não sabia que sua mãe havia sido traída por seu pai, muito menos que há algumas horas antes as duas máfias se juntaram para matá-la devido a sua vontade de expor informações “desnecessárias” para as autoridades oficiais. Pobre garoto. Ele se chamava Declan Chapman e se sobressaltou quando seu pai abriu a porta com ferocidade.

– P-pai? – gaguejou o menino, semicerrando os olhos. Na face do mais velho havia tristeza e alguma outra emoção que Declan não conseguia entender, mas que nos dia de hoje parecia fazer total sentido.

– Filho... – ele falou essa palavra como se fosse um suspiro, passando a mão nas pernas do jovem como que para confortá-lo. – Sua mãe. Ela pulou.

Declan não entendeu. Quer dizer, o garoto não queria entender. Como assim sua mãe pulou? Não fazia total sentido. Pulou para outro emprego? Pulou de casa? Pulou corda? Não, este último era idiota demais. Seu pai pareceu perceber toda a confusão estampada em seu rosto e suspirou.

– Declan, eu preciso que você se acalme. Ela... Se matou. – disse o homem com uma voz tristemente teatral. Agora o jovem havia conseguido entender. Em sua mente passaram imagens dos dias anteriores. Sua mãe tão triste passeando pelos corredores, desolada; abraçando ele e o seu irmão de maneira tão demorada como se a qualquer momento fosse partir; e, também, o ódio estampado em sua face quando cruzava o olhar com as pessoas da mansão onde moravam.

Declan simplesmente não conseguia entender porque ela se matara, mas sabia que motivos havia, mesmo que isso agora não fosse o mais importante. Conter as lágrimas que vazavam de seus olhos furiosamente que era importante, tão importante quanto respirar.

E o jovem chorou até que não lhes restasse mais nada.

TEMPOS DEPOIS DO ACONTECIMENTO

A luz que iluminava aquele extenso cômodo era pouca. Poucos barulhos poderiam se ouvir como a respiração entrecortada de alguém, gotas caindo uma atrás da outra em alguma poça, uma risada baixa.

– Surpreso em me ver, papai? – perguntou o jovem, que agora já era um homem, em meio a sua risada. O pai dele apenas se remexeu. Estava preso, em pé, por algumas cordas que lhe apertavam os pulsos, os tornozelos, a barriga e o pescoço. O aperto era forte, porque a pele havia sido rompida e gotas de sangue caiam desses ferimentos.

– Declan, p-pare com isso! O que você está fazendo?– perguntou o pai do jovem com dificuldade, mas ele tomou fôlego e gritou:

– EU SOU SEU PAI! – Isso pareceu soar muito engraçado, porque Declan caiu em gargalhadas. Mas era um riso frio, sem qualquer graça. Logo depois disso, como um passe de mágica, o mais novo silenciou-se, ficou sério e com uma expressão torturada.

– Você não é nada meu! NADA! – cuspiu as palavras e se aproximou do corpo de seu pai. Havia tanto ódio nos olhos de Declan, tanta dor, tanto desprezo. – Como você pôde? Como você pôde trair mamãe com uma vagabunda qualquer da Máfia do Capitaine? COMO VOCÊ PODE? – berrou com voracidade. Isso fez com que gotas de saliva voassem na face do mais velho.

– Eu... – o pai se sentiu preso dentro de suas próprias mentiras e ainda assim temia a morte. Ele não queria morrer. Precisava inventar uma desculpa qualquer, uma boa o suficiente. Era isso que ele sempre fazia, certo? – Era parte de um plano.

Declan soltou um grunhido de insatisfação, afastando-se um passo do pai e suspirando forte. Ele precisava de controle, tudo deveria sair da forma correta, sem nenhuma precipitação.

– Mentiroso! – ele murmurou apertando as têmporas. Um silêncio sufocador tomou conta daquele lugar. As esperanças que tomavam o coração do pai de Declan se tornaram escassas. O homem conhecia o ódio bem o suficiente para perceber que o seu filho estava decidido a matá-lo e nada mudaria isso. Talvez fosse melhor, então, falar tudo de uma vez ou pelo menos partes da verdade.

– Foram as duas máfias. Seu avô se juntou com o Capitaine para matar sua mãe, eu... Eu não tive nada a ver com a morte dela. – disse o pai de maneira fraca, olhando Declan de esguelha para ver a sua reação.

– Que morram todos eles. – disse com desdém. – Acha que eu não sei de nada disso? Eu não sou burro, papai. Vocês são péssimos em guardar segredos. – continuou. Declan afastou-se mais um passo enquanto cruzava os braços frente o seu tórax. Moveu o pescoço de um lado para o outro, estralando-o.

– Eu... Desculpe-me. Eu falhei. Mas a culpa não foi toda minha. Não... Não me mate! POR FAVOR! – implorou o pai, mas era tarde demais. Declan moveu-se outro passo para trás. Agora as sombras quase o engoliam e a única parte visível de seu corpo era a sua cabeça que estava ligeiramente inclinada para frente.

– Vocês tiraram tudo de mim. A minha mãe, a minha felicidade, o meu futuro e, pode ter certeza, eu vou me vingar. Por mim e por ela. E começarei com você, desgraçado. – a sua voz saiu baixa e ameaçadora. A escuridão tomou Declan de tal forma que a única coisa visível era o corpo do pai, que ficava debaixo do foco de luz.

O mais velho ficou calado, de olhos fechados. Suspirava com dificuldade, sentindo pela primeira vez a dor que as cordas causavam-lhe nos pontos de contato. Depois de vários minutos sem qualquer reação do jovem, sua mente sonhadora já havia começado a pensar que o seu filho tinha ido embora, deixado a morte para depois. Talvez assim ele conseguisse se soltar e fugir daquele lugar medonho.

De forma inesperada o seu corpo começou a amolecer, como se as cordas tivessem ficado mais frouxas. Seus braços caíram, cada um de lado, suas pernas começaram a ter maior contato com o chão e a cabeça estava mais livre, sem sufocá-lo. Os olhos do homem pareceram brilhar enquanto a felicidade da liberdade inundava seu coração. Seu filho estava libertando-o? Era tudo uma farsa? O pai de Declan começou a achar que sim, mas foi uma pena que ele estivesse totalmente enganado.

Da mesma forma que as cordas amoleceram, as cordas se apertaram novamente, mas dessa vez com mais intensidade e mais potência. A cada vez que um puxão era feito, mais a sua carne não suportava aquela pressão e rompia-se com o contato. O sangue, que antes era apenas em gotas, tornou-se um fluxo constante e parecia uma pequena cachoeira.

Os berros do pai inundavam o ambiente. Eram de terror, de dor, de medo. Ele berrava como se aquilo fosse salvá-lo, como se sua morte não fosse iminente, como se cada parte do seu corpo que era apertada não estivesse se soltando, deixando-o semimutilado.

“D-d-declan” fora a sua última palavra antes que o seu pescoço se rompesse e a vida que havia em seus olhos o deixasse. O sangue tomou conta do chão, como uma piscina vermelha e de cheiro metálico. O corpo do pai do jovem estava totalmente desorientado. Parecia, na verdade, uma marionete humana. Braços em ângulos contrários, cabeça tombada para o lado, pés apontados na direção do chão, tronco quase dobrado ao meio.

As cordas só não tiveram forças o suficiente para lhe quebrar os ossos.

Quando Declan surgiu novamente, havia prazer em seus olhos e um sorriso sublime em seus lábios. Olhou para a sua mão onde jazia um cordel com cinco pontas. Cada ponta possuía uma corda e cada corda estava presa ao corpo de seu falecido pai.

– Me chame agora de Maître de Marionnettes, querido papai. – instruiu o mais novo em um sussurro. Ele elevou o cordel para cima e a cabeça do homem ergueu-se, mostrando nos olhos esbugalhados um terror absoluto. Declan colocou lentamente um sobretudo preto, o mesmo sobretudo que seu pai usara quando foi trazido a força para aquele local e, em seguida, uma cartola da mesma cor.

•••

Os passos de Thierry Lafayette eram silenciosos no piso devidamente plano do palco do teatro. Há algum tempo antes fora ali que o corpo de Beatrice Mortensen tombara para a morte e para a infelicidade de sua máfia.

Era incrível o que sua morte causara no meio exterior, nas mídias e rede sociais. Ninguém a conhecia verdadeiramente, ninguém sabia o que ela fazia, mas todos pareceram criar uma enorme e delicada compaixão pela garota depois de sua morte.

Ridículo.

Mesmo perdido em pensamentos sobre a devassidão do mundo, um som atingira os ouvidos de Thierry. Eram passos, sem duvida nenhuma, e vinham da área onde a plateia se encontrava para assistir aos espetáculos. De forma sorrateira ele puxou uma pequena parte da enorme cortina vermelha, a que cobria a visão do palco, e abriu uma fresta que possuía espaço o suficiente para que seu olho direito conseguisse ver o que estava acontecendo.

Sobressaltou-se. Um homem se encontrava ali, um homem que lhe era conhecido.

Aquele era mesmo Armand? Sua percepção não se enganaria. O Tireur estava mesmo ali, olhando para os lados. Possuía alguma coisa em suas mãos, uma coisa pequena e de cor negra. Lentamente Armand foi colocando aquilo no chão como se fosse uma bomba prestes a estourar a qualquer segundo. Ele olhou para os lados mais uma vez, possivelmente verificando se não havia mais ninguém ali, e saiu andando com passos que ao ver de Thierry eram rápidos demais pra alguém como ele.

O Immédiat se aproximou desconfiado. Quando chegou ao mesmo local onde Armand se encontrava há pouco tempo, semicerrou os olhos. Aquela coisa parecia ser uma boneca, mas essa não era a palavra certa, Thierry tinha certeza. Marionete se encaixava melhor nas descrições.

Embalou a boneca com um saco plástico sem tocá-la com suas próprias mãos e se ergueu, preparando-se para ir embora. O homem fora mandado para encontrar pistas, mas parece que ele tinha achado muito mais do que isso.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora. Mas, também, depois que a Mozi me ameaçou eu tive que dar um jeito na vida. Provavelmente não ficou tão bom, mas espero que tenham gostado mesmo assim. Até. ^^'



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