Maître de Marionnettes (Hiatus) escrita por Jack Byron, Tom
Notas iniciais do capítulo
Eu, a linda e diva Lyra Zamia, lhes ofereço esse lindo capítulo. -v-
O público aplaudia com ferocidade. Mestre Salazar se curvava com respeito e com um sorriso magnífico em seus lábios. Sua cartola estava em sua mão direita, estendida para que sua assistente de cabelos negros e pele branca a pegasse. Ela se adiantou com passos leves.
Olhava para o público. Sorria.
Uma resposta automática que ela havia aprendido no decorrer dos anos. Era isso que ela fazia perante aos espectadores. Do outro lado, uma mulher idêntica a ela estava preparando o próximo truque final. Se não fosse pelo tapa-olho que usava, todos as confundiriam com facilidade.
Beatrice segurava com força a cartola de Mestre Salazar. Seu olhar, que primeiro se desviou para a multidão que olhava ansiosa para o palco, fixou-se na primeira fileira de cadeiras do teatro. As reservas eram feitas para aqueles lugares. Todos queriam se sentar ali. Mas, por incrível que parecesse, um lugar estava vazio. E ele fora o primeiro a ser reservado.
Rhuan Molliê não havia ido prestigiar o espetáculo. A assistente fitou a cadeira vazia com seus olhos frios e pareceu se perder na imensidão de suas memórias.
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Foram semanas observando-o. Todos os dias, na mesma hora, observava o local onde a Salamander havia se hospedado. Assim que reparou na calda do réptil que saltava sobre o colarinho de sua blusa, em forma de tatuagem, não parou para pensar.
Era a vingança que fervia em seu sangue. Flashes de muitos anos atrás começaram a lhe atormentar. A morte de seu pai parecia ter vindo à tona naquele exato momento e Beatrice não deixaria aquilo passar. Depois de ter acabado com tantos répteis, sentiu que precisava mais para satisfazer o vazio que aquela máfia havia deixado.
A casa onde o homem estava só era habitada por duas pessoas. Ele e sua mulher. Nenhum guarda, nenhuma câmera, nenhuma armadilha. E isso já era motivo suficiente para que a pirata começasse a observá-lo com mais empenho.
Ela tinha certeza que ele estava planejando algo e sua intuição nunca falhava quanto a isso.
Era um instinto de assassina que havia aprendido.
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Beatrice monitorou todos os passos que o homem dava e todos os seus horários. Sua mulher saía às uma da tarde e voltava às três e meia. Rhuan sempre parecia felicíssimo em vê-la, pegando-a nos braços e selando os seus lábios.
Era repugnante.
A mulher percebia, algumas vezes, que nas tardes de sexta-feira ele nunca ia receber a sua esposa na entrada, o que a deixara intrigada até perceber que aquela seria sua chance. E, na mesma sexta-feira em que a salamander iria ao espetáculo, Beatrice se preparava para concluir o seu plano.
Meia hora antes de a esposa de Rhuan voltar, a assistente tomou o seu lugar. Adentrou pelas portas de carvalho que ficavam sempre abertas e se deparou com um enorme salão.
No canto direito se encontrava uma cama de dossel, um guarda-roupa rústico e uma escrivaninha. No canto esquerdo havia um fogão, uma geladeira e um armário. Coisas simples. Mas o que mais a impressionava era o que estava no meio do local.
Um piano de calda negro se estendida por um longo perímetro. Sua cor parecia refletir todo o perímetro a sua volta e a música que emanava de seu interior era melancólica. Sentado no banco, vestindo um terno preto, estava Molliê.
Seus dedos pareciam vagar inconscientemente pelas teclas, formando notas e melodias como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Seus olhos estavam fechados, aproveitando a essência daquele momento.
Beatrice fechou a porta, que rangeu. Parou momentaneamente, pensando que o homem olharia e perceberia que aquela não era a sua mulher, mas ele não se moveu. Continuou tocando.
– Mon amour... Você voltou mais cedo. – falou com a sua voz baixa e calma. A pirata começou a se mover em sua direção. Seus passos eram tão lentos que parecia que ela estava aproveitando a sensação de se aproximar de sua presa sem ser notada. O ataque perfeito.
E ela realmente se sentia assim.
O ódio por ele era inexplicável. Apenas pela tatuagem que insistia em aparecer sobre a gola do blazer do homem fazia o seu coração ferver. O que ela mais queria era matá-lo. Tinha certeza disso. Mas não gostava que as coisas fossem rápidas ou simples.
Talvez houvesse puxado o talento artístico de seu avô, porque ela gostava de artes inesquecíveis e incríveis. Matar era a melhor delas.
Agora o que os separavam era apenas um tapete de veludo. Ele era da cor vermelho sangue, o que fez com que Beatrice pensasse que nada era tão apropriado quanto aquilo. Podia ver o corpo do home caído, gélido e duro. Podia ver o seu sangue por cima do veludo, misturando-se à cor do tapete.
Uma imensidão de sangue. De um ódio que nunca cessaria.
Agora não havia mais o espaço que os separavam. Postou-se atrás do homem, olhando-o sentado no banco em frente ao piano. Cada momento ao lado dele parecia induzi-la ao assassinato, mas a jovem mulher precisava realizar o seu espetáculo antes.
E ela realizaria.
Curvou-se um pouco sobre Molliê, descendo suas mãos ao redor de seu pescoço, passando-as pelo seu tórax e chegando ao início do abdômen. Sentia o corpo do homem se retrair com os arrepios seguidos, mas ainda assim ele não parara de tocar. Rhuan inclinou sua cabeça para o lado, encostando os seus lábios no antebraço da mulher.
Ela não teve nenhuma reação. Sentiu apenas nojo e a mesma vontade de matá-lo. Mas ainda não era a hora. O espetáculo não havia terminado.
Ela baixou sua cabeça para desferir no pescoço do homem alguns beijos. Eram lentos e leves. Eram excitantes.
A pirata subiu a sua mão direita, tirando-a de perto do corpo do homem, mas não parava com os beijos. Passeava com os lábios pelo pescoço, pela nuca e pelo rosto da salamander que parecia não ser capaz de parar de tocar. Nem mesmo com a sua respiração um pouco mais acelerada. O piano era como um armazenador de suas sensações.
Quando Beatrice aproximou a sua boca da orelha de Rhuan, sorriu para si mesma. Um sorriso de prazer.
E não era sexual.
– Bonjour, mon amour. – ela sussurrou lentamente em seu francês perfeito. Quando o homem pareceu se conscientizar de que aquela não era a sua amada, já era tarde demais.
A mão que Beatrice havia retirado um pouco antes agora empunhava uma pequena faca de prata. Sem hesitar, sem pensar, sem sentir qualquer tipo de coisa, ela o matou. Ele apenas teve tempo para soltar um grunhido de agonia.
O corpo do homem tombou para o lado sem vida e com um talho profundo em sua garganta. A cor do sangue se misturava com a cor do tapete da mesma forma que a assassina imaginara. Ela soltou uma gargalhada.
A pirata estava feliz. Aquele era uma salamander a menos. A primeira salamander que ela havia matado sozinha. Um membro do mesmo escalão que matara o seu pai. Era um indivíduo a menos na máfia rival. Mas Beatrice tinha certeza que aquele sentimento logo passaria. Nunca durara muito. Era só ver o rosto do avô e de sua irmã gêmea que as coisas pareciam voltar ao “normal”.
Ela sabia que nunca poderia preencher aquele vazio em seu peito.
Olhou para a faca em sua mão. Estava suja com o sangue do cadáver, mas aquela cor hipnotizava os olhos cinzentos de Beatrice. Ela aproximou a arma de seus lábios e passou a língua pela lâmina, limpando parte do sangue.
Fechou os olhos, saboreando.
Para ela, tinha gosto de ferrugem, sal, vingança, morte e prazer.
Mas aquilo ainda não era suficiente.
●●●
A assistente sacudiu a cabeça, voltando para o presente. Mecanicamente jogou a cartola para cima, no timing perfeito, usando um truque que aprendera com Mestre Salazar. A cartola girou várias vezes no ar e caiu sobre a cabeça do mágico. Ele sorriu e o público aplaudiu. Claro que eles aplaudiram.
Mas a mente de Beatrice não ligava para aquilo. Lembrava-se das constantes perguntas da sua irmã naquela tarde. “Onde você estava?”, “o que você fez?”, “não vai me dizer, Freud?”. Ainda usavam os apelidos que lhes foram dados quando crianças. A jovem mulher nada disse. Calou-se diante a situação.
Mas enquanto olhava para a cadeira vazia de Rhuan Molliê não pôde deixar de abrir um sorriso malicioso e feliz.
Ela iria responder à sua irmã que havia ido à casa de uma salamander. E que ela a matou. E que sim, aquilo havia sido incrível.
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Bom. Minhas sinceras desculpas pela demora para postar este capítulo. Antes a fanfic não tinha leitor e, depois que almas luminosas começaram a aparecer, eu comecei a trabalhar. Daora a vida, né não? Isso faz com que o meu tempo seja mínimo para escrever. Mas ok. Tudo vai se equilibrar semana que vem, acho. Bom. Espero que tenham gostado do capítulo. Tenho certeza que a Mozi vai postar logo logo o próximo, o que é legal. 'u' Beijinhos, pequenos gafanhotos. Ah! E para vocês, leitores fantasmas, peço que apareçam. Tudo ficaria melhor com a presença de vocês. -v- Reviews aqui são bem aceitos!