Meu querido diário, não conte isso a ninguém escrita por Ninha


Capítulo 6
A mal humorada ex troca letras


Notas iniciais do capítulo

Att



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 Não, ele não ama, nem a mim e muito menos a Quentin, nos deixou com as chaves, pegou casaco e foi embora, sem dizer UMA PALAVRA.

Eu olhei para Quentin, que bebia litros de água, ainda tentando se recuperar da partida exaustiva de futebol, eu não conseguia falar com ele, me sentia queimando quando pelo menos olhava.

Quentin fez um sinal para pegar a vassoura e eu sorri dizendo que não precisava.

—  Me desculpa pelo beijo, ele me tira do sério, pensei que ele quebraria metade do grêmio, mas não.

— Ele tira qualquer um de um estado normal de sanidade... E você só me beijou por causa disso. Tentei dizer em voz baixa, mas ele ouviu.

— Não. Ele se levantou e ficou perante a mim, usou a palma da mão e me forçou a encara-lo. — É aquilo que eu queria fazer há muitos anos, queria fazer tantas mais coisas e você nunca me deu chance. Fiz uma certa careta e ele riu. — Não deu, nem adianta fazer essa cara, estava sempre grudada na Melanina, na futura devoradora de homens e com Franny, quando eu me aproximava de você, sempre havia mil pessoas em volta, você é sempre de todos e nunca minha.

— Você o mesmo, está sempre grudado com aqueles garotos do terceiro e de conversinha com aquelas garotas.

— Está com ciúme. Gargalhou. — Você talvez nunca me perdoe. Suspirou e prosseguiu. — Mas eu lhe beijei quando estava dormindo na cama de Melanina. Foi um presente dado de aniversário.

Ah... Quando Rhay e eu nos beijamos, eu cortei minha boca... Entendi, entendi.

— Não te vi quando acordei. Ri sendo preenchida pelas memórias.

— Eu me senti mal por tê-la beijado, não conseguiria encara-la, quando o Rhay me contou rindo o tal "acidente" de vocês, eu reagi de maneira calma, por dentro eu queria mata-lo, mas quando vi vocês se beijando quando ganhei o campeonato, achei injusto e passei a odiá-lo.

— Você não deve fazer isso, nenhum amor vale mais que uma amizade, vocês eram melhores amigos e...

— E-eu tentei perdoa-lo, mas não consigo, você é mais preciosa pra mim do que qualquer um e ele veio com um papo estranho pra cima de mim semana retrasada.

— Não precisa me contar, até sei o que é.

— Você quer sair comigo? Disse sorrindo nervoso.

Eu fiquei tão feliz finalmente ele me pediu algo que eu possa fazer e o abracei.

— Quando?

— Hoje! Todos os nossos amigos saíram, os meus para comemorar e os seus para o shopping, não foi?

— Eu não sei se meu pai acharia legal isso, eu tenho fonoaudiólogo mais tarde.

— Somos dois azarados, mas, na próxima semana sairemos juntos, promete? Troca-letras.

— Ei. Dei fracos murros nas suas costas e ele riu desenfreadamente. — Não devia xingar a garota que está convidando.

— Oh, é mesmo. Tocou suas mãos em minha cintura. — Se eu fizer cócegas, talvez. 

— Aceito, aceito. Disse me rendendo.

Quentin puxou a vassoura, ele era mais eficiente que eu, em pouco tempo terminamos e ele me deixou em casa, meu pai reclamou que eu cheguei tarde, mas assim que viu Quentin, sua expressão parecia... Brilhar? Meu pai desistiu de me levar ao fonoaudiólogo e convidou Quentin para jantar, eu fiquei feliz, meu pai me leva ao fonoaudiólogo há anos, não acho que ainda precise. Meu pai ainda babava o garoto e falava sobre futebol sem parar, pobre Quentin.

No dia seguinte, fiz o que o presidente do planeta mandou, entreguei os avisos e todos estavam surpresos, seria no sábado, muito em cima, que bagunça essa escola está!

Na terça estava com os milhões de lanche de Melanina, quando passei pela sala de música e vi Rhay tocando o piano da escola, eu conhecia a canção... Fur Elise... Tão linda, e pensar que o branquelo pelo menos sabe tocar, não percebeu que eu estava lá e prosseguiu seu toque.

Na quarta, atiraram uma bola na minha cabeça, quando vi, era o maldito Daniel, ele reclamou comigo como se eu fosse a culpada, o Quentin surgiu das cinzas e fez ele engolir a bola, agora ele me odeia, e eu não disse uma palavra.

Quinta e sexta passaram como num só, minha vida havia voltado ao tédio de antes, mesmo que eu tenha visto o Rhay reclamando com alguns alunos, fiquei olhando de longe e ele piscou o olho pra mim.

Eu virei um tomate!

Eu acordei tão cedo,  que os macaquinhos ainda não tinham acordado, nem meus pais, fui direto no quarto deles e dei tchau, disseram milhões de vezes “não fale com estranhos” dei um beijo neles e fui embora, no caminho comprei um sanduíche natural, peguei meu ônibus. 

Todo ano esse evento acontece na escola, vamos para um acampamento. Toda a escola, fica uma bagunça, sempre acontece no segundo mês de aula, uma forma de enturmar a todos os novatos, esse ano foi no primeiro mês.

— ...Ca Menezes!

— Presente! Pelo visto, cheguei atrasada.

— Pode entrar! Quando eu ia subir ele agarra meu braço. — Você foi a última a entrar, eu espero que esteja arrependida de fazer todos esperarem

— Oh, não foi de ploposito. Espela... O QUE? AH FALA SÉLIO! — Eu sinto muitíssimo, p..professor.

— É bom que sinta mesmo. Me soltou. 

Quando ele me deixou subir Laika me puxou pra sentar do lado dela.

— Cadê as meninas?

— Elas vão pra algum lugar diferente do acampamento, porque infelizmente cheguei atrasada, pelo menos você está aqui, a gente vai ficar com o professor mais sujo da face da terra, mas eu devo dizer que há um lado bom disso.

— E porque você não está fazendo escândalo? Ela apontou discretamente para trás e eu vi Roberto.

Os coordenadores começaram a subir.

— Pessoal, o terceiro ano serão os monitores de vocês durante esses dois dias de viagem, então...

—  Ah, prometo ficar quieta! Uma moça de longos cabelos ruivos ria para alguém que não pude ver no banco. — Posso sentar aqui? Minhas amigas infelizmente preferem ficar em casa no telefone o dia inteiro e eu resolvi que precisava de ar fresco.

— E as nossas chegaram mais cedo e devem estar entupindo nossos celulares de xingamentos. Dei espaço e indiquei para ela sentar.

— Ah! Ela me olha desconfiada. — A namoradinha do meu primo.

— Hein? Namoradinha?

Nem namorado eu tenho hohoho

— E qual seu nome? Tentei mudar de assunto.

— Hehehe sou Renata. Disse sorrindo.

— E como você sabe do namorado dela? Dei um beliscão no ombro de Laika. — Ai.

— Eu sei, porque ele é obcecado por ela, ele tem um montão de fotos de dela quando era mais nova, parecia uma bonequinha, tem uma que ele guarda na carteira, um dia peça pra ver, você vai rir.

Eu não me lembro dessas fotos... Não mesmo.

— Sabia que ele fuma?

— Eu acho que ele vai ficar careca.

— Na próxima vida, porque aquele menino tem muito cabelo.

— Isso é porque não conhece o irmão da Melanina.

Quentin e Rhay tem cabelos negros, mas ambos usam penteados diferentes. Rhay usa caído na testa e Quentin dividido ao meio.

Quando chegamos, pedimos para Renata ficar conosco já que as amigas dela não tinham vindo, Laika jogou as malas e foi a primeira a sair do quarto, e Renata conversou um pouco mais comigo, mas em pouco tempo saiu. Eu joguei a mochila na cama e saí do quarto.

Ouvi as risadas de Renata e resolvi ir atrás.

— Olha que minas toscas, só porque o Rhay tirou a camisa. Quando olhei era Rhay brincando com as meninas de “arco e flecha”.

— Coitadas, não conhece a verdadeira face dele. Ela me olhou confusa.

— O que meu primo fez para você odiá-lo?

— Não o odeio, apenas... Não entendo ele.

— Ele é difícil, mas gosta de você, não, ele ama você, quando eu avisei que eu tinha te visto, provoquei ele dizendo que ia conversar com você, ele me expulsou do banco dele e mandou eu não avisar nada para não estragar a sua viagem, mas até ele ficou surpreso quando lhe viu, achou que você chegaria mais cedo e iria no outro ônibus.

— Eu vou ser honesta com você, mesmo que eu te conheça há pouco tempo, você me parece inofensiva. Agarrei seus ombros. — Eu estou muito muito, mais muito confusa, tudo que ouço nesses dias é meu pai elogiando o Quentin e minha mãe dizendo que viu um garoto bonito de franja que lembra muito um tal de Maurício. 

— Ah... Eu já ouvi falar do Quentin.

— Como?

— Calma, eu sei que ele é aquele jogador do time da escola, as garotas da minha sala acham ele muito bonito. Ela desviou a atenção. — Uma sala de jogos, desculpa, eu preciso ir. Correu me deixando sentada no mato sozinha, levantei os olhos e só tinha garotas sentadas conversando, a "aulinha" deve ter acabado.

Eu fui almoçar, tinha cebola assada para lembrar do meu pai e que eu não podia fazer coisa errada. Quando levantei meus olhos, vi Quentin e Rhay no canto da mesa junto com o grupo do terceiro, ambos comiam calados, pratos bem diferentes, um comia apenas carne e o outro apenas salada.

Laika e Renata conversaram sem parar.

— Mônica, não está ansiosa para hoje a noite?

— Ah, vai ser tão bom. Disse Renata. — Vai ser tão legal os contos de terror.

— Sim! Sorriu ambas.

NÃO! EU ODEIO HISTÓRIA DE TERROR

— Mônica, por que está chorando?

 


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