Meu querido diário, não conte isso a ninguém escrita por Ninha


Capítulo 5
Sentimentos confusos: parte 2


Notas iniciais do capítulo

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— Monique solte essa tesoura agora! Ouvi minha mãe gritando.

Monique e suas brincadeiras, sempre envolvendo algo cortante.

Fui ao banheiro, coloquei uma bermuda e uma camisa com mangas compridas, prendi metade do cabelo, peguei meus livros e desci.

— Papai? Ainda está vivo? Mamãe me contou que você estava morto.

— Eu me recuperei no domingo. Disse baixando o jornal, se ele fez isso, ele vai querer conversar. – E Quentin me contou algo muito interessante.

T-traidor!

— Ah, eu, eu posso explicar. Disse nervosa.

— Não há nada para explicar, aquele rapaz é apaixonado por você. Disse meu pai me interrompendo. – E muito inteligente também.

"Do que raios ele está falando"

— Ah, para de puxar o saco dele, pra mim ele é muito estranho. Minha mãe chega me beija. – Não conte a Magali que eu disse isso, é que o Quentin é muito... Sorridente

— Sim. Disse meu pai sorrindo. — Por isso gosto dele.

— Bom. Disse em tom de provocação. — Resolvi dar chance a outro rapaz, disseram que ele é filho de um tal de Maurício.

— Quem? Gritaram.

— Um tal de Rhay. Tentei segurar o riso mas acho que minha mãe percebeu e não deu mais relevância.

— O filho do imbecil, eu não mereço isso... Sabia que o pai dele tentou roubar sua mãe de mim.

— Eu que não quis ele, coitado de você. Disse minha mãe batendo na cabeça de meu pai.

— Estou brincando, calma, calma, mas não vejo problema em namorar com ele.

— Filha, não ache que estou reclamando, mas ele é filho de alguém que não gosto, me sentiria envergonhado se você por acaso realmente se interessasse por ele.

— Não diga isso Menezes. Minha mãe o repreendeu. — O garoto não tem nada a ver com a nossa história de 20 anos atrás.

— Isso é ciúme ou ressentimento de 20 anos?

— Nenhum dos dois. Levantou o jornal e voltou a ler.

Minha mãe me deixou na escola, não estou com paciência pra aguentar os gritos de Laika, ainda mais hoje que é o dia do campeonato, fui direto ao grêmio, Rhay estava lá conversando com o Roberto.

— O diretor mandou você antecipar a viagem? Desisti de entrar quando ouvi-o conversando. — Meu irmão vai adorar a notícia.

— Infelizmente, ficou tudo em cima da hora, o campeonato, a viagem, o pior de tudo é que ainda tem um monte de evento pra agendar, fica tudo pra cima de mim. Suspirou.

— Bom, eu espero que essa viagem seja para a praia.

— De novo? Rhay parecia rir.

— As meninas de biquíni são muito lindas, uma pena que você não foi.

— Prefiro ir unicamente com uma garota, eu imagino que ela ainda seja ciumenta depois de tantos anos.

— Ah, mulheres ciumentas são as piores.

Espera aí... Quem ficaria com ciúme? ELE DEVE ESTAR SE REFERINDO A OUTRA! ARGH.

Roberto saí tão rápido que nem me vê escorada na porta. De repente senti alguém me tocando no ombro.

— Estava com saudades. Que susto, era apenas o Quentin. Ele me conforta num abraço.

— Você não tem o jogo agora? Sorri, adorando o abraço dele.

— Ah, mas eu precisava de seu abraço antes. Ele me aperta me puxando para cima. — Por que não saímos mais? Eu sou um idiota, tantos anos com você e nunca soube aproveitar.

— Aproveitar? Saíamos sempre que você participava daqueles jogos. Pois, dava mais atenção a todos menos a mim.

— Eu fiquei com raiva da sua aproximação com ele naquela época por isso não lhe dei a atenção que merecia, não conseguia olhar para você sem sentir ciúme, mesmo depois que ele foi embora. Disse envergonhado. – Mas eu am...

— E tinha razão em sentir ciúme. Levantei meus olhos e Rhay encarava os meus.

— Você sabia que eu gostava dela, eu lhe contei isso, todo o tempo eu te contava isso. Pulou para gola do Rhay. – Eu deveria tê-la beijado no dia de meu aniversário e você era meu melhor amigo.

— E-ei, calminha, isso fazem anos, não importa nem pra mim!

Eles estão me olhando com raiva ou é impressão minha?

— Quer saber em que quarto nos beijamos pela primeira vez? E segurou os punhos de Quentin que iam lhe dar um soco. — Idiota.

— Você possivelmente a forçou. Empurrou-o mais ainda contra a parede.

— Você notou que a boca dela ficou cortada nesse dia? Imagino que você deve ter sentido o gosto do sangue já que também a bei...

— Eu to bem aqui, sabia? seus ESTOPÔS. Bati meus dois braços no ombro de ambos. — Você mentiu pra mim. Apontei para Quentin. — E você. Ele sorriu tentando provocar pela vigésima vez. — Você não tem palavras que lhe descrevam!

Argh, eles demonstram seu amor a partir da violência, meu Deus!

Fui para a arquibancada procurar as pessoas mais normais que conheço, as minhas amigas.

— Mônica! Acenou Laika pra mim, enquanto Mel comia e Franny conversava com ela.

Anitta estava já gritando loucamente com o jogo.

Oh, elas não são normais.

— Vou comprar alguma coisa na lanchonete. Gritei e saí da arquibancada. — Volto já.

Na lanchonete da escola, tinha um rapaz chamado Andrey, era extremamente legal conversar com alguém com maturidade nesta escola.

— Oi, mocinha, como vai?

— Por favor, aquele hambúrguer que quase matou nosso obeso diretor ainda vende? Ele fez uma careta. — Aproveita e trás refrigerante de cola.

— Por que está tentando se matar? Ele se vira. – Katrina, prepara o x-tudo por favor.

— OK. Ouvi de dentro.

— Eu até imagino o que foi, porém, se quiser antecipar minha imaginação.

— Se duas crianças brigassem por um pirulito o que você faria? Olhei pra ele.

— Desde quando você se envolveu em triângulos amorosos? Oh, o presidente amaldiçoado e o jogador reprimido, eu ouvi esse conto mais cedo.

— Isso não é um triangulo amoroso, isso é um triângulo de quem mais me irrita, o garoto que eu gostava, mudou, mudou pra pior e o garoto que eu gosto, fica me confundindo o tempo todo! Eles querem me deixar doida, ficam se declarando de maneiras estranhas! Eles são muito estranhos!

— Oh, eu vou pegar o hambúrguer.

Dei um pulo antes que ele fugisse de mim.

— Você sabe alguma coisa, não sabe?

— Quentin não é bom em ocultar a raiva, ele quase matou um dos amigos que estavam provocando ele, foi bárbaro. Disse chateado. – De qualquer forma, Rhay reclamou com ele ou o mandaria diretamente para a coordenação.

— Q-quando foi isso?

— No treino da manhã. 

— COMO ASSIM? Ninguém impediu esses babacas de brigarem? Todo mundo em volta olha pra mim.

— Fale baixo Mô, os amigos do Quentin o seguraram antes que pudesse mata-lo. Ele me deu o hambúrguer uma lata. — Ouvi que eles costumavam a ser amigos, seja lá o que aconteceu entre vocês, tente voltar a fazer eles se darem bem.

Andrey me deu tchau sorridente e eu voltei para o ginásio, onde a partida de futebol finalmente havia começado.

— Que nojo. Falou Laika.

— Se você aguenta Mel comendo, apenas me aguente também.

Rhay não participou, como imaginei, apenas Quentin, Casquinha e alguns outros rapazes do terceiro. O time da nossa escola estava muito bem pelo visto.

— Ai. Quando me virei era Rhay. — Que bom que é você, eu gostaria de...

— Entregue os avisos para a sua turma amanhã. Entrega-me papéis. – E diga que preciso da autorização dos pais para deixa-los ir a viagem. Saiu.

— Ei espere. Ele olha pra mim. – Eu gostaria de me desculpar.

— Se você me der sua virgindade, eu desculpo. Ele sorri  com a mesma maldade de antes.

— M-minha virgindade? Tentei ignorar e respirei fundo. – Você nem sabe porque estou me desculpando!

— Eu imagino, sua memória melhorou foi? Se abaixou para cima de meu ouvido. – Só lhe desculpo, se você me ajudar mais tarde.

Agora deu!

Ouvi o juiz apitar.

Quentin sorri para mim e Rhay foi chamado por uns garotos, me abandonando por completo lá.

No fim do jogo, Quentin estava com uma energia assustadora derrubando todo mundo e acabou sendo expulso antes de acabar o jogo.

As meninas foram ao shopping e eu implorei a Rhay que me deixasse ir, mas ele disse que vou perder pontos por não colaborar com o presidente do grêmio estudantil

— Ah, que desculpinha para me ter com você e não comemorar a vitória da escola com Quentin! Aquela fé inabalável apenas olhou para mim rindo. – Como se fosse engraçado me fazer de empregada.

— É muito engraçado. Se aproximou de meu rosto. – Realmente, comemorar com aquele cara cheio de suor, eu estou bem mais limpo que ele. Segurou a risada me provocando pela vigésima primeira vez.

— Na verdade, eu acho legal ele suado, mostra que ele faz algo na vida diferente de um preguiçoso branquelo como você.

— Branquelo preguiçoso. Segurou minha cabeça, não explode ela!!!. — Eu terei que punir você.

Quase senti os lábios dele e duas mãos me puxam.

— Eu senti sua falta na comemoração e resolvi lhe procurar. Quentin me agarra pelas costas. — Ele tocou em você?

— Mais 10 minutinhos e eu tocaria nela. Voltou para a escrivaninha ajeitando seus papéis.

Quentin faz uma cara depressiva e assustadora, Rhay simplesmente cruza os braços. Eu estava definitivamente estava nos ares.

Donde Quentin surgiu, meu Deus, ele parece que tá em todos os lugares.

— Você não teria coragem de tocar nela de verdade?

Olhamos pra ele, para confirmar que sim.

Ele teria.

— Sabia que eu toquei nos peitos dela. Disse Rhay numa tranquilidade filha da mãe.

— C-cala a boca. Tentei chuta-lo.

— Como assim? Me apertou mais para si.

— Ah. Apertou as mãos, como se tivesse algo nelas. – São incrivelmente macios. Sorriu nostálgico.

— Mesmo? Ouvi pela primeira vez a voz do Quentin tornar um som cruel, eu e Rhay olhamos assustados, mas ele apenas me virou e sorriu.

Me tomou com um beijo... Comecei a sentir sua língua entrando.

Quentin nunca me pareceu tão apaixonado, olhei-o e ele simplesmente voltou para Rhay.

— Você é tão romântico. Disse Rhay, me surpreendendo estupidamente calmo. 

— Diferente de você, que nem consegue dizer que a ama sem ser agressivo.

— Sim, eu não consigo. Deu uma gargalhada.

Os dois ficam se encarando durante uns minutos.

Eu acho que eles amam um ao outro, não a mim... Solteirona para sempre


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