— Finalmente em casa. Deslizei pela porta de olhos fechados.

— Oh, tá cansadinha?

— Oi, gente. Me levantei tentando conter meu nervosismo. – Mel, o que está fazendo aqui? E... Vocês? Olhei pra Quentin, Laika, Franny, Casquinha e Anitta.

Quentin dá as costas e senta no sofá.

— Adivinha? Você some, não diz nada a seus pais e o que você acha que a gente iria fazer? Ficamos horas procurando você no bairro, sua retardada. Disse Laika assustadoramente séria.

— Sabe eu já tenho 16 anos e sei me cuidar muito bem!

— Não, você não sabe se cuidar. Sua mãe achou que tinha saído conosco, mas nem lembrar de mim você fez esse favor, a gente combinou de sair assim que voltasse da viagem. Falou Anitta segurando a mão do Casquinha, ah, eles continuam com essa amizade colorida.

— E também que amigo é esse ou namorado que não contou pra suas melhores amigas. Disse Melanina.

— Oh, é o garoto de dedos enormes, não é?

Pelo visto, eu não sou a única que havia esquecido do Rhay.

— Laika! Disseram todos juntos.

— Desculpe. Levantou as mãos rendida.

— Seus pais saíram há meia hora e mandou que a gente esperasse você chegar, estamos aqui desde manhã. Acrescentou a chatiadinha.

— Seus irmãos são crianças demoníacas, ele quase cortou meus cabelos. Disse Franny assustada.

— E obrigada por ter estragado meu encontro com Anitta. Disse casquinha bem no meu ouvido quase me perfurando com seus olhos.

— Perdão. Tentei me desculpar.

— Quer saber? Chega de reclamar vamos fazer um lanchinho. Os olhos dela brilharam e me senti aliviada, mas ela apontou o seu dedo indicador para mim.  – E eu sei que algo disso não me cheira bem, se eu descobrir, eu vou matar os envolvidos.

— . . .” Obrigada por me deixarem falar, sim, estou bem"

Todos foram para a cozinha sem nem me olharem e Quentin se levantou sério e veio até mim.

— Eu sei o que você foi fazer, você foi vê-lo. Desviou para a porta. – Me sinto decepcionado com você.

— O que? Ele foi a porta abri-la e barrei sua saída. – Você... Você não me disse nada no dia que lhe perguntei sobre o Rhay, por que fez isso? 

— Porque eu não suporto vocês dois juntos, sempre com segredinhos. Colocou a mão no cabelo. – E ele não é a melhor influência do mundo, que isso não se repita. Me empurrou para longe da porta.

— Não se repita? Fui pra perto dele. — Você quer mandar em mim? O que você acha que eu sou?

— Uma pirralha. Disse massacrando meus sentimentos.

— Ah. Eu estremeci. — Eu sempre pensei que você achava isso de mim, agora, está claro, senhor irmão da minha melhor amiga. Abri a porta para ele. – Me desculpe, pode ir.

Por um momento vi seus olhos mudarem de expressão.

— Pare de falar coisas que não sabe!

Me puxou para si e me deu um beijo apaixonado, como se parecesse desesperado, ele foi incapaz de me olhar e saiu.

— Ele não é gay. Laika vem pra perto de mim me agarrando. — Eu nunca o vi ficar com nenhuma garota... Que bonitinho. Sorriu.

— Ele está com raiva de mim, não acha?

— Com esse beijo? Se segurou para não rir. — Não seja tola.

— Vocês querem parar de fazer tanto escândalo? Fizemos sanduíche. Falou Franny sorrindo.

— Eu, fiz sanduíche. Tirou a bandeja da mão de Franny.

Eu olhei para Laika constrangida, ela me confortou dizendo que não ia contar a ninguém o que ele fez.

— Quentin já foi? Perguntou Melanina. — Eu vou ter que ir a pé para casa. Fez expressão de choro.

Comemos os sanduíches, Franny olhava para casquinha sorridente, mas o rapaz não dava chance, era até triste ver suas tentativas, Anitta era seu alvo, meio não correspondido, conversamos durante horas, sobre qualquer coisa, estávamos todos distraídos, especialmente Melanina.

Laika e Anitta dormiram aqui em casa, menos Melanina porque prometeu sair com seus pais, Casquinha e Franny estavam ocupados demais para ficar conosco.

Estava penteando meu cabelo, meio perdida nos pensamentos.

— Eu não entendo os homens, to quase virando lésbica. Anitta estava batendo o pé no chão. — O cas quer algo a mais do que nossa amizade... Mas eu não quero e imagino o quanto magoaria Franny, ela não merece.

— Franny é muito criança ainda. Falou Laika fazendo seus bicos. — Se alguém quiser ficar com ela, terá que passar no meu teste, caquinha é nojento.

Anitta pula em cima da cama e começa a discursar.

— Vamos arranjar um namorado para Franny, sensível, meigo e de sensibilidade acentuada, que tal Roberto?

— N-não. Disse laika quase gritando. — O-o Roberto, ele não é nenhum pouco meigo... 

— Mas, ele é tão bonito quanto ela e ele é bem calmo.

— Que tal Xenio? Anitta coloca o dedo nos lábios. – E você sabe que ele é tão lindo quanto o presidente do grêmio, o de cabelinho preto.

— Mas ele passa o dia naquele PSP, o presidente não parece com ele. Disse Denise rindo. — Ele é bem mais lindo. Denise refletiu pela primeira vez na vida. — O cara do dedo, agora notei, sabia disso Mô?

— Eu não sabia nem que ele estudava na nossa escola. Disse com uma ponta de angustia.

— Você está tão calada!

— Agora que estou lembrando. Laika olhou maliciosamente pra mim. – O que ele disse naquele dia, no refeitório?

— Nada importante.

Se eu disse, vai ser pior.

Logo, dormimos, Laika comigo e Anitta num colchão.

No domingo elas foram para o treino do jogo de futebol dos meninos, apesar de que só segunda tem o jogo oficial, prefiro ficar em casa tentando me recuperar desse estranho dia.