Meu querido diário, não conte isso a ninguém escrita por Ninha


Capítulo 13
A fraqueza do rei.


Notas iniciais do capítulo

Oh, esse capítulo é do Rhay.
Eu moldei sua personalidade baseada na minha perturbada ideia dele (gzuis).
Ele não é nenhum psicopata, é apenas frio, meio bipolar, meio invejoso... Eita rs ...



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— Uhhh, tem medo de água! Roberto agitava com as mãos o pouco movimento da água.

— Deixa ele, Roberto, a água tem germes. Quentin se balançava tentando molhá-lo.

— Eu não tenho medo de água, mas ela parece… meio suja. Lia o livro tentando ignorar as gotas de água que os garotos atiravam nele.

— Sujinha.

— Com germes. Dançavam sobre a água tentando provocar Rhay.

— Eu já vou.

— Não tenha pressa e lembre-se, não fale com estranhos. Roberto gritava e Quentin ria.

Os garotos se divertiam enlouquecidamente apenas com o lago perdido, mas o último não se divertia com isso, tinha um olhar intimidante e coração frio.

Por que não conseguia ser feliz como seus amigos?

Andou silenciosamente pela trilha até chegar a rua principal, sempre com um livro na mão e uma séria expressão no rosto.

— Querida, seja mais cuidadosa.

Olhou para o lado e viu um lindo rosto corado se derramando em lágrimas como se o mundo estivesse prestes a estilhaçar.

— Foi um acidente. Chorava intensamente. — Desculpa não ser forte como você mamãe!

Rhay sentia seu coração bater forte por aquela garota, estava irritado pelo seu estridente choro e ao mesmo tempo com inveja.

Não lhe era permitido chorar.

Sorrir.

Expressar-se.

— Minha pequena. Observou a senhora de dentes meio salientes sorrir. — Você não tem que ser como a mamãe, você é maravilhosa do jeito que é, além do mais o papai é bem fracote. Deu-lhe um carinhoso beijo, pegou as compras no chão e seguiu em frente.

Andou, e após meia-hora, chegou a sua casa imundo pela lama do caminho, morava numa mansão, numa rua isolada de cara vizinhança.

— Senhor. A empregada tirou seu casaco sujo. — Sua mãe não gostará nada disso, lembre-se que ela chegará logo de viagem com seus avós.

— Sei.

— Então se apresse e tome banho ou sobrará para mim.

Subiu para seu quarto onde tinha retratos vagos, livros e mais toneladas deles, devolveu a estante aquele que carregava consigo.

Tomou banho e colocou a roupa sugestionada na cama, assim que desceu, seus avós já haviam chegado e sua temida mãe, estavam sentados na sala de jantar comendo silenciosamente.

Pourquoi avez-vous attendu?

— Desculpa. Seu coração tilintava, fazia meses que não via sua mãe e estava cada vez mais fria, distante, isso era normal?

En français. Sua mãe reclamava sem olhá-lo.

Oui.

A mãe sabia que ele era seu único herdeiro e não entregaria de modo algum a seus irmãos todo o peso da corporação familiar, para ela, passaria apenas para seu único filho.

E ele tinha que agradar a todos, ser um prodígio para todos.

Enquanto seu pai estava parasitando algum cargo da empresa da família a mando da sua estranha mãe, seu pai era bom de coração, mas sua mãe considerava uma fraqueza e deixava escassa sua visita.

Ele nasceu para ser um líder, não tem tempo para distrações.

Ele não queria ninguém, mas era impossível afastar a todos.

Especialmente aqueles dois.

Os dois o conheceram na mudança para a cidade, estava olhando a casa que moraria quando dois moleques com uma bola passaram por ele, perguntavam-lhe coisas o tempo todo e suas respostas eram curtas, quando o de cabelos curtinhos lhe deu seu primeiro sorriso.

— Ohh, podemos vir aqui chamar você para jogar bola.

— Não gosto.

— Então do que gosta? Questionou o segundo.

— Xadrez.

— Meu vizinho também, a gente não entende metade do jogo, o rei morre e acaba o jogo, isso não faz sentido, e a rainha?

— Ele é meio burro. Disse Roberto num sussurro alto para provocar Quentin.

— Senhor Fagundes. Um mordomo estava com um guarda-chuva. — Vamos entrar.

Se despediram com a promessa de que se veriam novamente, mas Rhay estava frustrado.

Por que eram tão gentis?

Tão irritantes. Tão medíocres.

Bastou dois meses para seu coração amolecer, mas não o suficiente para se abrir.

Bastou alguns anos para virarem melhores amigos, mas não o suficiente para se abrir totalmente.

Estavam agora com 10 anos e Quentin se aproximando deles.

— Quentinho como fogo. Cas o cutucava com o ombro.

— Quentinho como o fogo da paixão. Roberto cutucava seu outro ombro.

— Parem. Um tom rouco saiu, estava vermelho e sua boca troncha. — Sabem que gosto dela.

— Vai lá e diz, namore comigo, garota cebola. Provocava Cas.

— Não é tão fácil.

— Ela está bem ali, levando bombardeio no rosto, ela joga mal pra caramba. Roberto sorri. — Se você não chamá-la agora seu rosto vai ficar cheio de hematomas desse jogo com as meninas.

Rhay estava ao lado com uma câmera fotográfica antiga, tirando foto de um pássaro comendo migalhas.

— O que você acha Rhay? Interrompe-o de sua atividade.

— Faça o que quiser. Disse totalmente desinteressado.

A onomatopeia que a câmera produziu assustou o pássaro que voou disparado.

— Eu vou lá.

Os dois empurraram Quentin.

O garotinho abandonou suas fotos curioso com o que estava prestes a acontecer.

— Ele não vai fazer nada.

— Não, ele vai chegar a dar um oi, dizer uma coisa bem “sou mais velho que você” e vai voltar.

Todos assistiam impacientes pela cena.

Rhay reparou mais no rosto da garota que ele falava e corou, era aquela chorona com cara de idiota, tinha machucados decorrentes de travessuras e um rosto inchado de tantos machucados de bola.

Mas ainda sorria… Como pode?

Nunca vira um sorriso tão bonito que desabrochava tão fácil quanto qualquer outra expressão.

O seu nervosismo, sua insegurança, seu sorriso, sua alegria, suas súbitas mudanças.

Eu quero tê-la para mim. Pensou como uma criança mimada desejando um novo brinquedo.

Simplesmente graças a um sorriso.

Levantou a câmera e tirou uma foto, queria ter certeza que aquele sorriso era real.

Nesse momento começou a alimentar sua vontade tê-la como sua, afinal, aquele sorriso era muito bonito para ser de qualquer outro e muito simplório para pertencer a todos.

— Eu não consigo, ela me deixa nervoso.

— Não se preocupe, você tem tempo, muito tempo. Roberto, sempre bom, o confortou.

Alguns eventos, via Quentin tentar se aproximar daquela garota, em meses descobriu a inveja do seu melhor amigo, mas permanecia no seu silêncio.

Ele precisava mudar isso.

Quando conseguiu conversar com ela após uma queda de energia.

Descobriu sua fraqueza… Não conseguia permanecer estável.

As vezes corado, as vezes nervoso e as vezes gaguejava.

Ela despertava a sua pouca doçura.

O Rei não era tão preparado quando pensava, o peão parecia controlá-lo mais do que aparentava.

Ela era sua fraqueza e ele precisava escondê-la…

Rhay permanecia sentado no banco de trás do carro indo para sua antiga casa, olhou para o lado e viu sua amada numa sorveteria com aquele que também a amava.

Ficou surpreso, mas sorriu… Ele não demonstraria nem um terço do que estava sentindo.

Ele foi ensinado a reprimir qualquer sentimento, ou fingir que não sentia, mas ardia de inveja.

O rei também era um invejoso.


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