PDV Fred

    Caminhávamos por uma trilha formada no meio da floresta. As pedras e a terra entravam um pouco no meu sapato, e aquele sol estava escaldante. Mas não era nisso que eu estava pensando. Minha cabeça estava longe. Em lembranças passadas, de quando éramos apenas crianças inocentes e sem o peso da responsabilidade. Sem se preocupar com a vida ou ter metas para cumprir. Apenas ser quem a gente é, ser destemido para as aventuras da imaginação que se aumenta a cada dia de uma criança.

    Mas eu não sou mais uma criança.

    Não hoje. Nem ontem. Não se pode amadurecer assim de repente, de um dia para o outro. Não pode ser assim. Não é normal. Mas eu sentia como se hoje tivesse me tornado um homem maduro de repente, e estava assustado com isso.

    _Ei, vamos parar ali um instante. _ pediu Ellyon.

    Paramos e aproveitei para ver por que meus pés estavam ardendo.

    _Ótimo!Realmente uma maravilha!_ ironizei meus pés, exageradamente falando, em carne viva.

    _Toma. _ Jogava água no meu pé uma Elly exausta. Aquela viagem toda estava acabando com a gente.

    Continuamos nosso caminho em seguida. Nunca vi o tempo passar tão lentamente em toda a minha vida.

    O fim do dia foi chato e cansativo, sem sucesso. Ainda tínhamos mais uns seis dias de viagem, que demoravam a chegar.

                                                                  . . .

   A proximidade de Ellyon e Ralf foi aumentando. Qual era a dele? Só porque podia ser engraçado e corajoso acha que pode conquistar a confiança de um Halley?? Não. Não comigo. Mas aparentemente com a minha irmã funcionava super bem. Ela nem parecia ligar que o cara era um desconhecido. Mas isso podia de certo modo nos ajudar a manter o otimismo e o bom humor. A viajem já é exaustiva por si só, estando de mau humor não dá para agüentar. Não gosto de dizer isso, mas Ralf estava ajudando pra caramba.

PDV Ellyon

   Estávamos embrenhados no meio de uma floresta, de árvores secas e de troncos largos, quando vimos uma trilha estreita. Resolvemos ver no que dava e a acompanhamos.

   Longos minutos, ou até uma hora, andamos na mesma direção, sem descanso. A grama seca continuava fazendo o mesmo barulho que quando no começo do dia. Não havia pássaros cantando para alegrar e dar vida ao ambiente. O ar ficava mais pesado e difícil de respirar a cada passo.

   _Melhor voltarmos. – eu disse.

   _Agora que estamos quase no final? – perguntou Fred – Não, não... Vamos continuar andando.

   E continuamos andando, cada vez com mais dificuldade até avistarmos uma cabana com telhado de pedra.

PDV Fred

   A cabana, para variar, era sinistra. Não sabíamos exatamente o que fazer. Se fossemos lá, poderíamos nos encrencar, mas também poderíamos achar uma solução para os nossos problemas. Eu teria que dar o braço a torcer e perguntar para o “sabe- tudo” mas, graças ao Céu, Elly perguntou antes:

   _O que você acha, Ralf? – Ta certo, fiquei meio mordido com isso, e olha que único cachorro ali era eu. Oras, minha opinião não contava mais? Ela não ligava para o que eu pensava?? Sujeito metido.

   _Podemos tanto nos dar bem como nos dar mal indo lá. Arriscamos?

   Ficamos na mesma.

   _ Arriscamos. – joguei tudo para o alto.

   Caminhamos lentamente até chegarmos à soleira da porta de madeira que estava com arranhões profundos em sua superfície. Olhamos uns para os outros, apreensivos. Dei um pequeno passo para frente, bati duas vezes na porta e logo voltei para a minha posição inicial.

   Esperamos alguns segundos, até que ouvimos o ranger do soalho do lado de dentro da casa. O barulho cessou e a maçaneta começou a girar lentamente. Parecia que era de propósito! A porta também rangeu quando foi aberta e parecia que a velha que a abriu também rangia. Mas não. A velha não rangeu, apesar de parecer estar enferrujada.Esta abriu uma largo sorrido – medonho – e sussurrou:

   _ Ora, ora, que surpresa! Não esperava que este dia fosse hoje, nem amanhã, mas entrem queridos!

    Chá na casa da velhinha bondosa e acolhedora? Não era isso que nos aguardava. Era bem diferente deste tipo de recepção que receberíamos.