POV Alicía

– Mas...com quem eu vou ficar? - Perguntou o meu irmão mais novo, Bruno.

Eu estava arrumando uma pequena mala com alguns pertences, para ir em direção ao Castelo Real. Eu precisava fazer isso. Deixar Bruno, mas por ele. O dinheiro que ganharíamos iria todo para o meu irmão.

Vivíamos na extrema pobreza a anos. Desde que aquelas... pessoas (que eu antes chamava de pai e mãe) fizeram tudo aquilo conosco. Só de pensar em tudo que já passamos por culpa deles, tive vontade de vomitar.

–Você vai ficar em um hotel - Falei, o abraçando - Uma amiga minha vai cuidar de você. Ela vai ficar lá também. Você vai poder me escrever sempre e... - Comecei a chorar - E eu prometo que vou te dar uma vida melhor.

Ele também estava quase chorando.

– Eu não me importo com uma vida melhor. Contanto que você esteja nela. - Ele abraçou o ursinho que te dei no seu aniversário de cinco anos. Eu sentei no chão, em posição de pernas de índio e o coloquei no meu colo.

– Eu sempre vou estar nela. - Falei.

– Mas você está me deixando. – Falou Bruno me olhando nos olhos - Igual papai e mamãe.

Aquilo foi como uma facada no peito. Ser comparada com eles? Eu não podia fazer isso. Eu não podia deixar meu irmão pensando assim sobre mim. O abracei por um longo tempo e senti as lágrimas voltarem a encherem meus olhos.

– Eu vou voltar. Prometo.

Ele me olhou e passou as mãos no meu cabelo. Ele confiava em mim.

POV Katellyn

A Casta seis pode não ser a mais rica, mas isso não significa que não fazemos festa. Quando foi anunciado pelo Jornal Oficial de Illéa que eu era uma das Selecionadas, entraram todos em comemoração com uma pontada de esperança de que mudanças comecem a acontecer.

Depois de um discurso encorajador do nosso prefeito, saí do palco improvisado e fui me encontrar com a minha família.

– Vou sentir sua falta. - Falou minha melhor amiga, Isabelle.

Eu não era muito popular, talvez pelo fato de ser bem tímida. Tinha apenas dois amigos: Isabelle e Matt, que estavam na minha frente, quase me fazendo chorar por ter de me distanciar deles.

–Também vou sentir sua falta, Isi.. - Falei, deixando uma lágrima solitária escapar pelos meus olhos.

Abraçamos-nos por muito tempo. Quando me soltei de Isabelle, foi a vez de Matt, que estava quieto até então. Ele era bem popular, mas dizia que eu era sua melhor amiga e por alguma razão não gostou de eu ir para o castelo em Angeles tentar conquistar o príncipe Adam.

Matt me pegou em seus braços e me girou na frente de toda a minha família. Sorte que eu estava com um short em baixo do vestido, senão..

– Você vai fazer falta, pequena. - Falou depois de me dar um abraço de urso e enxugar uma das lágrimas que insistiam em cair.

– E você também, gigante. – Eu disse, dando uma risadinha. Ele era no mínimo uns 15cm mais alto do que eu.

Depois de me despedir dos meus amigos foi à vez de me despedir da minha família: Vovó Célia (ela estava muito contente em eu ir para a Seleção. Até onde eu sei, ela participou da Seleção em que a Rainha Amberly ganho, porém, se apaixonou por meu avô, que era de uma casta bem baixa e se casou com ele, ficando extremamente pobre. Mas ela não se importava), vovô John, meu pai (que estava se segurando para não chorar), minha mãe (que me fez prometer umas trezentas vezes que mandaria cartas para casa), meus 4 irmãos (eu sou a mais velha, seus nomes são Carter, Cameron, Kane e Camille.), meu tio e minha tia.

Eu sentiria falta de todos eles, mas agora... Era vida nova.

Entrei na limousine.

POV Katherine

Daqui algumas horas estarei chegando ao castelo. Até agora, tudo ocorreu quase perfeitamente bem. O quase se deve ao fato de que, quando ainda estava em casa, conferindo se havia colocado tudo em minha mala, acabei – sem querer, claro – esbarrando em um vidro de perfume que acabou se espatifando no chão e me molhando toda.

Tive que tomar outro banho, mas não teria tempo suficiente para lavar e secar meu vestido, então coloquei outro que eu mesma desenhei e, com a ajuda de minha mãe, costurei (o vestido: link).

Sinto-me muito feliz. Mesmo que não ganhe, tenho certeza de que meus pais ficarão muito orgulhosos e de que conseguirei encontrar um bom marido fora do castelo.

– Senhorita, chegamos ao aeroporto. – Disse o motorista, um senhor que devia ter cerca de 50 anos e que me pareceu muito simpático.

– Muito obrigada. – Respondi, sorrindo.

– Espero que a senhorita se saia muito bem na Seleção. - Ele disse.

– Espero o mesmo. – Afirmei, sorrindo.

POV Luna Marie Snow

Uma música instrumental bem calma tocava no avião. Tirei um rápido cochilo assim que entrei nele e acabo de acordar.

Olho pela janelinha ao meu lado e não gosto do que vejo: uma tempestade está se formando.

– Qual seu nome? – Perguntou a selecionada que estava ao meu lado, ela tinha cabelos castanhos bem claros com cachos na ponta e, percebendo o susto que levei quando ela falou, completou – Desculpe se te dei um susto.

– Nada. – Eu disse. – Meu nome é Luna, e o seu?

– Sou Raquel. – Ela falou. Vi que um livro estava em seu colo e, quando vi o nome me senti animada, eu amo aquele livro.

– O que está achando de Romeu e Julieta?

– Na verdade – Ela começou dizendo – Eu já o li muitas vezes antes, minha mãe costumava ler ele para mim a noite quando era mais nova e adoro-o. Você já leu?

– Sim. – Respondi – Muitas vezes também. Com certeza é um de meus favoritos.

– De quais outros livros você gosta? – Perguntou Raquel.

– Bem, eu gosto de muitos, mas tem um bem antigo que gosto bastante, o nome dele eu não sei, li certa vez quando o encontrei em uma biblioteca abandonada, meus pais não podem pagar para ter cartão de bibliotecas.

– O meus também não, os livros que leio são, em sua maioria dados por algumas famílias para quem trabalho. – Ela falou meio triste, acho que se lembrando de sua família - Às vezes estão com pontas amareladas ou meio estragadas, mas desde que eu consiga ler, ótimo. Tem uma família, a Kropf, que é muito simpática, eles são da casta três e sempre ajudam minha família. A Senhora Kropf que me ensinou a ler. Mas qual era a história do livro?

– Aquele livro estava interminado, eu acho. Falava de uma menina, a Katniss. – Começo, quando ouço uma voz dizendo: “Atenção selecionadas, coloquem os cintos que vamos aterrissar em instantes. A Real Airlines espera que tenham tido uma boa viajem.”

– Logo estaremos no castelo – Falou Raquel animada. - Espero que o príncipe goste de mim. E de você também.

Sorri e coloquei meu cinto. Acho que acabo de conquistar uma amiga.