POV Marlena.

Agora estou na biblioteca de minha família. Daqui a cerca de 24 horas estarei chegando ao palácio para participar da Seleção. Eu sei, devia estar nervosa por isso, mas na verdade estou completamente relaxada enquanto escolho qual livro vou levar para ler durante a viagem. Estou em dúvida entre Harry Potter e A Pedra Filosofal – um livro escrito há algum tempo, mas que me parece muito bom – e outro antigo também: Percy Jackson e O Ladrão de Raios. Vou levar Percy Jackson. Provavelmente o castelo tem uma biblioteca, então depois pego Harry Potter lá. Quando sair daqui vou terminar de arrumar minhas malas e ir para a praça principal de minha cidade, onde haverá uma espécie de despedida.

Meus pais (eu sou da casta 3) compraram um belo vestido azul marinho que vai até os joelhos para que eu use na despedida. Segundo minha mãe, com ele meus olhos azul claros ficam bem marcados. Eu não vejo necessidade disso, assim vou acabar chamando mais atenção das pessoas.

POV Bruna Campbell

Ajeitei o vestido que estava usando. Por estar muito calor, pedi aos meus pais para não usar algo tão formal e, depois de muito esforço, consegui o direito de usar um vestido branco que batia nos joelhos.

– Você está tão linda, minha filha. - Falou minha mãe, olhando admiradamente para mim – Com certeza vai ganhar a Seleção. - Observou.

Dei um sorriso forçado para ela. Só queria acabar logo com isso. Perder de uma vez ou ganhar logo, para não ter mais que aturar meus pais falando da Seleção a cada segundo da minha vida.

– Lembre-se – Orientou meu pai - Não perca tempo mandando cartas para nós. Concentre-se na coroa.

Se eu mandasse você não leria mesmo - Pensei.

POV Julia Santiago

Sem querer soltei um suspiro de alívio. A menina ao meu lado me olhou como se fosse algum tipo de doida, mas ignorei. Recebia muitos olhares assim, por ser...de uma casta baixa. Mesmo estando feliz por estar longe de casa e principalmente, longe de meu pai, me sentia preocupada. Eu sabia que ele iria ganhar uma boa quantia de dinheiro por eu estar participando da Seleção. Mas eu sei também com o que ele vai gastar a grana: Bebida. Eu posso ter medo dele, posso achar ele alguém repugnante. Mas ele é meu pai. Não o amo, deixei de amar a partir da morte de minha mãe, quando ele mudou completamente. Mas é minha obrigação me importar com ele. Peguei minha bolsa de mão e me certifiquei que os tênis de dança estavam lá. Estavam. Os tirei da bolsa e os abracei. Deve ser meio estranho uma menina da minha idade abraçar um tênis, mas é a única coisa que tenho da minha mãe.

– Que saudades, mamãe...queria tanto que você estivesse aqui... - Sussurrei para mim mesma e senti uma lágrima solitária escorrer pelo meu rosto.

– A senhorita está bem? - Perguntou-me a aeromoça.

– Eu espero que sim - Respondi. Então comecei a olhar para o horizonte pela janelinha do avião. Com os tênis no meu colo.

POV Corinne ''Rinn'' Winter

Fique calma Rinn, você consegue. Eu sei que consegue. Isso é só um avião. Inspirando, expirando, inspirando, expirando. Pronto, o avião já está descendo, logo você conseguirá sair dessa coisa fechada que de deixa com falta de ar. Isso foi o que pensei durante toda a viagem de avião e agora, finalmente, sai dele. Assim que cheguei em terra firme fui em direção a porta da aeronave e, quando sai respirei fundo, sentindo um enorme alívio.

Agora estou aqui, há uns quinze minutos em uma sala do aeroporto – que por sorte tem uma grande janela – esperando que outras meninas cheguem. Estou muito ansiosa e por isso acabo ficando pulando de um pé para outro. A porta abriu, acho que é uma das meninas.

– Senhorita Ever, pode esperar aqui com a senhorita Corinne, por favor?

– Claro. – Respondeu uma das mais lindas pessoas que já vi na vida.

A garota entrou na sala e se sentou em uma das confortáveis poltronas do local. Ela tinha belos olhos verdes e era muito alta.

– Prazer, sou Rinn. Você é a Ever, certo? – Falei.

– Prazer. Sim, sou Ever. Você já está aqui há muito tempo? – Perguntou Ever, ela parecia muito amigável.

– Uns quinze minutos. – Eu realmente não gosto muito de pessoas, o que pode parecer estranho, mas eu não queria conseguir uma inimizade antes mesmo de chegar ao castelo.

– Desculpa a demora, mas é que minhas amigas acabaram me atrasando em minha despedida... – Ela falou.

– Tudo bem. – Respondi.

– Então, qual a sua casta? – Ela perguntou.

– Cinco. E a sua? – Nunca tive vergonha de minha casta. Minha mãe me contou que a Rainha América, mãe do Príncipe Adam, também pertencia a quinta casta antes da Seleção.

– Também. Não me diga que você também toca piano, canta e dança? – Ela falou animadamente.

– Na verdade eu só canto e pinto. – Quando terminei de falar, alguém deu três batidinhas na porta e entrou, era um guarda.

– Vamos senhoritas?

Levantamos-nos e o seguimos até um grande carro de vidro escuro, no qual entramos e nos dirigimos ao castelo.

POV Adam Schreave

Está uma correria aqui no palácio. Está impossível de se andar pelos corredores. Dezenas de pessoas estão indo para lá e para cá, principalmente em direção ao salão das mulheres na intenção de arrumar tudo para a chegada das selecionadas hoje. A equipe de televisão já chegou e querem uma entrevista comigo em 15 minutos.

Eu estou em um terno preto que minha mãe escolheu para mim. Estou esperando meu pai chegar, para conversarmos sobre a Seleção. Ele estava atrasado, o que não me deixava muito tranquilo.

Eu mal vi minha mãe hoje. Ela está cheia de coisas para resolver e às vezes parece que está ainda mais nervosa do que eu.

Cinco batidinhas ritmadas na porta do meu quarto: Meu pai chegou.

– Desculpe pela demora, filho. – Ele falou. – Como você sabe, está uma bagunça aqui e quando estava vindo para seu quarto, a imprensa me parou para algumas perguntas.

– Qual sua favorita? – Perguntei me referindo às selecionadas.

– Eu não tenho uma favorita, meu filho. Ainda nem as conheço. - Respondeu. – Além disso, você não deve se importar tanto com a favorita das outras pessoas. Escolha por você, a sua favorita.

– Todas parecem muito... Interessantes. Só tenho medo de escolher a pessoa errada. – Eu realmente estou muito nervoso.

– Você não escolherá a moça errada, Adam. Siga seu coração. – Agora ele pareceu minha mãe falando.

–Mas e se meu coração escolher a errada? - Perguntei para meu pai, me sentando na cama.

– Ele vai escolher certo. Acredite em si mesmo. Você tem tempo para decidir. Viva. Aproveite. - Falou meu pai,sorrindo e sentando-se ao meu lado.

– Obrigado, pai.

– Eu vou estar aqui sempre, nunca se esqueça disso.

Sorri fraco para ele e dei um suspiro.

– Será que posso dar mais uma espiada na ficha das selecionadas? – Meu pai perguntou.

Dei uma risadinha.

– Dá sim. Mas eu tenho que ir dar uma entrevista. Até logo, pai.

– Até meu filho. Tente ficar calmo. São apenas meninas.

– Sim, apenas trinta e cinco belas moças que vão chegar hoje aqui em casa e que, por acaso, estão competindo por mim. –Falei. – Nada com o que se preocupar. – Disse, saindo do quarto.