Loucuras na Adolescencia escrita por Naty Valdez


Capítulo 33
Capitulo 33 - Stay


Notas iniciais do capítulo

FELIZ ANO NOVO, PEOPLES *-*
Tipo, ano passado, em um momento como esse, eu estava roendo as unhas e imaginando o que vocês iam fazer comigo quando eu finalmente postasse. Lembram daquele atrasão? Eu não me esqueci dele! Eu estava sem PC!
Pois é, esse é o primeiro mês de janeiro que eu posto, que emoção!
Ah, eu não esqueci que eu atrasei, tá? Rum! Eu descobri que não tenho jeito. Eu só consigo escrever quando eu imagino o capitulo inteiro, e isso as vezes demora. Cérebro lento. Mas eu consegui! Além disso, eu queria postar só quando as minhas três fics estivessem com capítulos prontos. Quem lê as três vai ler as três de uma vez! hihihihi'
Enfim, obrigada por todos aqueles comentários divos *-* Eu amo vocês por isso *-*
Aproveitem o capitulo, tá? Acho que vocês vão gostar!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/434372/chapter/33

Nico

Thalia olhou pra mim com os olhos arregalados. Annabeth tapou a boca com as mãos. Ambas, obviamente, não esperavam ser pegar em flagrante pela pessoa da qual estavam falando. Ah, e falando nisso, é bom deixar claro que eu ouvi a conversa toda.

― Nico! ― Annabeth exclamou ― Você está aqui a quanto tempo?

― Tempo suficiente pra descobrir que a conversa é sobre mim ― falei. Eu, tecnicamente, não estou mentindo, porque só parei pra escutar o que elas estavam dizendo quando me dei conta de que era sobre mim, ou seja, quando Thalia disse “minha festa”. Esclarecendo a duvidas da sociedade: sim, eu estou muito a par da situação da festa. Vim exatamente resolver esse assunto.

― Ah... ― Annabeth engasgava e gaguejava ― Bem, Nico, é que está acontecendo uma pequena confusãozinha com esse negocio de festas.

Thalia não falava nada, o que me incomodava bastante. Ela nem olhava, pra ser sincero. Eu sabia que ela estava com vergonha de mim depois desse final de semana perturbado que nós dois passamos. Ainda mais que ela foi a minha casa no sábado. Eu admito que eu espiei ela e Bianca conversando na escada. Vi como ela estava. Mas até o Luke chegar, eu não tinha decidido fazer nada. Depois do que ele disse, comecei a considerados pedidos de desculpas de Thalia. Ele só não estava definitivo ainda.

― Eu sei ― foi o que eu disse a Annabeth, fazendo-a me olhar curiosa e um pouco preocupada.

Mas não era a expressão de Annabeth que me chamava a atenção. Thalia me encarava com fúria. Sinceramente, eu achei que nunca mais veria essa expressão. Me lembro de como eu achava divertido ver essa expressão em seu rosto durante meu período de conquista ― que Luke disse que funcionou, que Annabeth disse que funcionou, que Thalia confirmou tudo.

Porque não estou com ela agora? O que mais de tão ruim pode acontecer? Quero dizer, se ela está realmente apaixonada por mim, o que nos impede de estarmos juntos e tranquilos como eu sempre quis? Se eu gosto dela mesmo, não posso perdoa-la pelo o que ela fez e ponto?

A expressão dela de fúria foi enfatizada com um cruzar de braços. Meu Deus, o que será que aconteceu agora? Ela voltou-se pra Annabeth.

― Ele não sabia de nada, não é?

Ela descruzou os braços, nervosa. Depois, saiu andando passando por mim pra fora da sala como se eu fosse o ser mais insignificante da face da terra. Não entendi.

― Ah, não ― Annabeth pôs as mãos sobre a boca e olhou pra mim preocupada ― Ela entendeu tudo errado. Droga!

Aproximei-me de Annabeth.

― O que aconteceu agora? ― perguntei.

― Ela entendeu errado. Ela estava brava com o dono da festa que acabou com a dela. Quando você chegou falando “eu sei” sobre esse problema ela entendeu que era proposital. Mas não é. Ou é? ― ela me olhou curiosa.

― Claro que não! ― me defendi ― Eu vim justamente falar com ela sobre isso. Eu não queria festa, quem planejou tudo isso foi a Bianca. Mas ela também não sabia. Eu vim dizer, que, se ela quisesse, eu iria cancelar a minha.

Annabeth me olhou maravilhada. Eu sabia muito bem o que ela estava pensando.

― Sim, eu estava pensando em dar uma chance a ela... ― falei ― Eu pensei muito esse final de semana e meio que tomei essa decisão. Mas não fale nada. Eu quero falar com ela.

― Pode ser agora?

Ela me convenceu a ir atrás de Thalia. Só que eu não consegui acha-la de imediato. O que foi bom, pois assim eu tinha tempo pra pensar no que dizer. Só que eu não consegui pensar em nada. Nem acha-la em lugar nenhum. Até que um lugar me veio a mente.

Quando cheguei naquele canto escondido do jardim, fiquei preocupado porque não a vi lá. Olhei em todos os cantos dali, mas não a achei. Olhei novamente no lugar de sempre, mas estava vazio. Dei as costas. Thalia estava na minha frente.

Porque aqueles olhos tinham que ser tão lindos? E, pior, lindamente ameaçadores? Era assim que ela me olhava. Como se eu estivesse fazendo alguma coisa que ela realmente não gostasse. O olhar, apesar de ameaçador, era uma das vistas que eu mais gostava de ver. Mostrava quem ela era.

E neste momento ela era a garota que assim que me viu, me deu as costas.

― Ei ― segurei seu pulso, mas ela se soltou e continuou andando até eu conseguir segurá-la de novo. Ela se soltou novamente, e eu tive que parar na frente dela e segurar o seus braços para ela parar de se mexer.

― Sai de perto de mim. Me deixa em paz ― ela se retorcia, mas eu não ia solta-la – mas estava ficando cada vez mais difícil porque eu não queria machuca-la.

― Não antes de você me deixar explicar.

― Explicar o que? ― ela parou de se mexer um pouco e finalmente olhou pra mim. ― Que você, ao invés de aceitar as minhas desculpas, resolveu fazer uma vingança contra mim? Ótimo, eu já entendi. Não precisa me explicar. E eu concordo, estou de total acordo com você.

― Thalia, eu não sabia que você tinha a sua festa marcada pro mesmo dia.

― Eu duvido muito. Olha, di Angelo, eu já havia te pedido desculpas e tudo mais, mas você não entende, não é? Eu disse que você conseguiu. Eu falei uma coisa pra você que eu nunca falei com ninguém. Mas parece que você é bem diferente do que eu imaginei. Boba fui eu, não é? Okay, ria da minha cara, mas me solta que eu quero me afastar de você.

Eu não acredito. Não posso acreditar que de um dia para o outro, por causa de um mal entendido da parte dela, ela tenha pensado isso de mim. Essa mania dela tirar conclusão por si própria é terminantemente irritante.

Eu tinha vindo aqui para uma reconciliação, mas parece que acabei descobrindo uma coisa interessante: o motivo de não estarmos juntos. E sabe qual é? Ambos, com nossas manias e impulsividades nunca faríamos isso dar certo. Eu tenho a cabeça dura. Thalia não tem controle, tem a cabeça dura, fala o que pensa e ainda tira conclusões por só própria. Não. Vamos. Dar. Certo.

Após me ligar disso, também perdi a cabeça.

― É isso o que você pensa? ― falei, exaltado ― Que eu fiz de propósito? Que quero me vingar de você? ― ela não falava nada. Aparentemente estava intrigada com o meu modo grosso de falar ― Pois bem, Thalia, saiba que eu vim aqui justamente pra te avisar que eu iria cancelar a minha festa para dar um passe livre pra sua. Mas parece que você não tem paciência de ouvir, não é? Tira conclusões precipitadas e, com medo de estar errada, foge da resposta certa. Isso é a sua cara, não é Thalia? Mas enfim, pense o que você quiser. Eu vim aqui pra esclarecer tudo e pra tentar te dar uma chance, mas como você não quer mais nada comigo, acho melhor eu ir. Ainda bem que vi esse lado seu antes de tentar alguma coisa. A minha festa fica. E que se foda o que você pensar.

Ela já tinha parado de se mexer na metade do caminho. Agora me olhava arrependida. Muito típico. Soltei-a antes de me sensibilizar com aquilo e já fui andando apressadamente.

― Espera... Nico... ― eu escutei ela dizer, mas eu não iria voltar.

Não mesmo.

***

― Nico ― Annabeth tentava me segurar ― Nico, aonde você vai? Nico! ― nós estávamos no estacionamento. Eu ia pegar o meu carro e ia pra qualquer lugar imediatamente, que não seja aqui. E Annabeth estava agora na minha frente me impedindo de passar ― NICO! Pare aí, agora!

Eu parei, suspirando irritado, colocando as mãos na cintura.

― O que aconteceu?

O que aconteceu? ― repeti, totalmente sem controle ― O que aconteceu foi que eu simplesmente não aguento mais a Thalia. Ela passou dos limites agora!

― Ela não te deixou explicar?

― Ela simplesmente me contou o que eu fiz. Agora você pode imaginar o que ela disse pra eu ficar desse jeito não é?

Annabeth me estudou por um tempo. Então deu de ombros como se não soubesse o que dizer. Eu não a culpava.

― Eu tenho que sair daqui ― falei.

― Não sozinho e nesse estado ― ela retrucou ― Vamos a algum lugar. Eu dirijo.

Ela já tinha visto o meu carro novo. Também tinha dito que queria dar uma voltinha nele mais tarde e ela estava tão animada que eu me perguntei se ela estava indo comigo por mim, ou pelo carro.

***

― Está mais calmo? ― ela me perguntou, pondo a mão no meu ombro. Tínhamos ido a uma sorveteria próxima da escola e agora estávamos com dois Milk-shakes de chocolate em cima da mesa onde estávamos sentados.

― Um pouco ― falei, colocando o canudinho do Milk-shake na boca.

― Você não precisa voltar para a escola se quiser. ― ela disse ― Acho que você não está com cabeça pra aguentar a cara do Apolo cantando musicas românticas durante a aula.

― É, não mesmo. ― falei, rindo um pouco.

― Então pode ir embora, que eu me encarrego de te dar cobertura na escola. Vai ser muito fácil. E também me encarrego de falar com a Thalia. Isso vai ser difícil.

― Não precisa...

― Preciso sim. Nico, o que ela fez foi errado. Aliás, se eu a conheço, ela deve estar brava consigo mesmo. Provavelmente deve estar descontando em alguém.

― Isso é bem a cara dela ― revirei os olhos e tomei mais um pouco de Milk-shake.

― Não seja tão rude com ela ― Annabeth falou, em tom de advertência ― É o jeito de ela ser, Nico. Vai me dizer que você se apaixonou por uma Thalia inventada na sua cabeça?

― Você sabe que não.

― Pois é. ― ela deu um suspiro ― E aí? Como vai ser as coisas entre vocês agora? Quero dizer...

― Eu acho que não vai haver coisas entre a gente, Annabeth.

Ela baixou o olhar. Eu e Thalia demos muitas esperanças a ela de que iríamos ficar juntos. Annabeth estava contando com isso desde o momento em que falei que nos beijamos pela primeira vez.

Em um gesto involuntário, olho para o lado, e um vulto ruivo se esconde atrás da parede. Tenho uma leve impressão de que...

― Annabeth? ― cutuco o seu ombro ― Olha ali atrás da parede.

Quando ela olhou, foi direto até lá verificar. A cena a seguir foi bizarra: Annabeth sai de trás da parede com uma expressão de fúria e com um punhado de cabelos ruivos presos a sua mão direita. O resto do corpo estava se arrastando desajeitadamente por causa da altura que Annabeth baixava a cabeça da garota.

― O que você está fazendo aqui, criatura ruiva? ― Annabeth pergunta, alto, e nesse ponto, todos da sorveteria já estão olhando pra ela.

― Me solta, Chase ― Rachel está mais vermelha que seu cabelo.

― Não antes de você me dizer o que está fazendo aqui.

Rachel tenta livrar o seu cabelo, mas isso só gera mais dor pra ela. Fiquei até com um pouquinho de pena da Rachel. E também fiquei me perguntando: se Annabeth conseguia fazer isso, porque não tinha feito antes?

― Tá, tá bem, eu falo. Agora me solta! ― Rachel disse.

Annabeth a soltou.

― Nem pense em fugir.

Rachel ajeitou o cabelo, o vermelho começou a deixar um pouco o seu rosto. Seus olhos também estavam um pouco vermelhos, o que me leva a crer que ela estava quase chorando por causa da dor.

― Thalia me mandou seguir vocês dois. ― ela disse ― Ela queria saber aonde vocês iam, mas não teve coragem de vir atrás. Ela pediu pra eu ir e eu vim por que... Bem...

Annabeth sorriu sarcasticamente. Depois voltou a pegar a ruiva pelos cabelos.

― Fala logo. A verdade.

Rachel gritava. O dono da sorveteria se aproximou pra intervir. Rachel, vendo isso, começou a gritar por socorro.

― Me ajuda. Ela é louca!

O sorveteiro ia começar a intervir, mas eu me levantei e comecei a falar.

― Ei, Annie, eu estou adorando isso, mas é melhor você largar ela. ― falei, indicando o sorveteiro que se aproximava ― Deixe essa sua energia pra depois. Tipo assim, ali fora mesmo.

Annabeth, hesitante, a soltou. Depois disso, pegou o seu celular e entregou ao sorveteiro. Pegou o milk-shake que estava tomando com uma mão, o pescoço de Rachel com outra e falou com o sorveteiro.

― Tire uma foto nossa? É pro anuário! Nico, chegue aqui.

E tiramos uma foto bizarra no meio da sorveteria. O sorveteiro hesitou um pouco, mas como já estávamos em pose, ele tirou a foto. Eu acabei que também peguei o meu milk-shake e fiz uma pose, fingindo que estava bebendo. Rachel ficou se debatendo enquanto tirávamos a foto. Vou me lembrar de pedir a Annabeth via Bluetooth.

As pessoas estavam rindo a nossa volta. Não as culpo. Foi uma cena bizarra. Annabeth pegou o celular de volta e olhou pra foto com orgulho.

― Posso saber pra que essa foto? ― perguntei.

― Se ― ela virou-se pra Rachel ― eu souber que você comentou alguma coisa com o diretor que nós estávamos matando aula, eu faço questão de mostrar essa foto pra ele. Okay?

― Você me paga, Chase ― A ruiva, toda descabelada, saiu correndo. A única coisa que restou pra mim e pra Annabeth foi a graça de olhar a foto. As pessoas ainda riam da gente enquanto eu pedia a foto da Annabeth.

― Não ― ela disse ― você espalharia pra todo mundo e isso seria meio que Bullying. Não quero meu amigo praticando isso por aí. Mas pelo menos a gente deu boas risadas não é?

Rimos mais ainda.

― Okay, eu vou voltar pra escola. ― Annabeth disse ― Tenho que me certificar de que essa ruiva não vai abrir o bico ou mandar cartinha anônima. E você, mocinho, vai pra casa, vai tomar um banho gelado, e vai pensar um pouco, Okay?

― Okay.

Nos despedimos com um abraço e ela voltou pra escola a pé, pois era apenas um quarteirão. Eu segui pra casa, ainda revivendo a cena com a Thalia.

Leo

Piper está chorando e eu vou quebrar a cara do Jason.

Uou, até eu me assustei comigo.

Tá, é mentira.

Enfim, Piper não chorava de verdade, mas ela estava com aparência de choro. Eu tinha conversado com ela a alguns minutos e ela havia me contado o que ouve. Já estávamos no almoço, e eu diria que nossa mesa não estava muito animada, tirando algumas pessoas. Nico não estava lá. Ninguém explicou o motivo da saída dele, mas tinha alguma coisa a ver com Thalia, que estava com a cara quase mais chorosa do que a de Thalia. Annabeth estava em pé fazendo uma apresentação teatral do que aconteceu entre ela e a Rachel, na qual eu estava ajudando, fazendo o pior papel: o da Rachel. E também quase fiquei sem cabelo.

― E aí eu a peguei pelo cabelo mais ou menos assim ― ela disse, representando isso em mim. Cara, como dói. ― E disse pra ela...

Apenas Bianca, Luke e Percy prestavam atenção. Hazel e Frank conversavam particularmente – o que, nos últimos dias, é a única coisa que eles tem feito. Jason estava quieto – o que, era o melhor para o bem dele.

Os três riam da história da Annabeth. Quando ela me soltou pra um comentário, olhei em volta, procurando pela Rachel. A achei em um canto, junto com um monte de gente que eu não conhecia. Mandei um tchauzinho, e ela me respondeu com um dedo.

― E foi isso ― Annabeth acabou de contar. ― Finalizamos com uma foto. ― ela passou o braço ao redor do meu ombro e passou a outra mão em meus cabelos. ― Bom trabalho, Valdez. Você é um ótimo ator. Desculpe se te machuquei.

― Tudo bem. Tudo para o bem da pátria! Viva os EUA, onde só se encontra histórias bizarras como essa.

Os três riram novamente.

― Ótima apresentação, Valdez ― Percy tacou uma casca de banana em mim, e eu, no impulso, a segurei. ― Essa é a sua recompensa

― Obrigado, Jackson ― falei, jogando a casca no chão ao meu lado ― Cuidado que isso aí na sua testa vai começar a cantar.

Rimos de novo, enquanto Percy precisou passar a mão na testa pra entender.

― Vamos comer agora, Leo ― Annabeth bateu o quadril no meu, em brincadeira. Só que isso me fez dar um passo pra o lado e pisar na casca de banana e... Bem, já devem imaginar o resto, não é?

Eu estava de barriga no chão. Ouvi risadas vindas de algumas pessoas no refeitório. Quando ergui a cabeça, dei de cara com sapatilhas pretas. Ergui um pouco mais, e vi pernas brancas tampadas por uma leguem cinza. Ergui um pouco mais e vi uma saia jeans justa. Mas um pouco e vi uma camiseta de manga branca com estampa de flores. Mais um pouco e topei com o belo e pálido rosto de Calipso.

Oh, não.

Calipso não me viu cair... Viu?

― Você sempre termina um numero assim? ― ela me perguntou, estendendo-me a mão. Eu aceitei.

― Foi um efeito especial. ― comentei, assim que fiquei de pé de frente pra ela. ― E aí, gostou?

― Odiei.

Eu ri. Ela abriu um pequeno sorriso de volta. Escutei um pigarro vindo da mesa. Um pigarro feminino. Um pigarro que eu conhecia muito bem. Virei-me.

― Leo? ― disse Hazel, a voz controlada ― Não vai nos apresentar pra sua amiga?

Eu fiquei feliz pelo fato de ela estar com ciúmes da Calipso. Eu fiquei irritado por ficar feliz com isso. Quero dizer, no que isso vai me ajudar? Eu e Hazel não temos mais chance nenhuma. Não mesmo.

Mas, como eu ainda estava feliz com isso, disse:

― Pessoal, esta, como já deve saber, é a Calipso ― passei o braço por seus ombros ― Ela faz parte do meu castigo por explodir o laboratório de química.

― Dia lendário ― comentou Jason, sem muito humor.

― Com certeza. ― concordei ― E um pouco traumatizante. Tanto que, agora, eu estou tendo que aguentar essa menininha doce como limão aqui do meu lado.

― E ele não reclama nem um pouquinho ― Calipso comentou, sarcástica.

― Também adoro você.

― Eu não disse que te adoro.

― Oi Calipso! ― Frank acenou pra ela. Eu tinha me esquecido completamente que aquele asiático do inferno estava no grupo de atividades extras e que provavelmente conhecia a Calipso muito melhor do que eu. Argh!

― Oi, Frank. ― ela cumprimentou de volta ― Tudo bem?

― Tudo. E você?

― Ela está bem sim, Zhang. Você não precisa se preocupar ― respondi.

Percy riu.

― Oi, Calipso. Sou Percy.

― Eu sou Annabeth ― a loira entrou na frente do moreno.

― Ei!

― Eu sou Bianca.

― Luke.

― Jason.

― Ninguém quer saber que meu nome é Thalia.

― Piper.

Hazel demorou pra perceber que era a sua vez.

― Sou Hazel.

― É um prazer. ― Calipso comentou ― Mas eu preciso levar o Energúmeno aqui pra sala de atividades. Lamento em roubar ele de vocês.

― O que vão fazer na sala de atividades? ― perguntou Luke, erguendo as sobrancelhas como um neurótico e sorrindo maliciosamente.

― Coisas que você jamais faria em toda a sua vida, Castellan ― comentei de volta, puxando Calipso dali, antes que começassem as piadinhas malandras e as perguntas com segundas intenções.

― Seus amigos parecem legais ― ela comentou, tirando o meu braço dos ombros dela.

― Eles são os melhores. ― olhei pra ela ― O que vamos fazer hoje, chefa? Digo, eu espero que seja bem legal, porque pra te aguentar me dando ordens sozinha vai ser meio tenso.

― E quem te disse que eu vou te dar aulas sozinha?

De repente, eu parei. Ilusionei durante todo o final de semana que teria horas e mais horas de companhia da Calipso. Mas, tipo, só eu e ela. E isso ficou na minha cabeça. A ilusão era essa. E agora ela me fala isso?

― Não? ― perguntei.

― Não. ― ela confirmou, me olhando como se eu tivesse falado que era um alienígena ― Você acha que eu sei de tudo? Sei muito, na verdade, mas pra ajudar um cara como você, eu vou precisar de um amigo experiente. Ele sabe tudo o que eu não sou muito boa: dança, teatro e musica. Isso são os tópicos da semana.

― O que? Os piores! Não podíamos começar com artesanato? É o mais fácil.

― Quando você entrar na aula de artesanato vai querer fazer sapateado ao invés de estar lá.

― Vamos conhecer o seu amigo.

Chegamos na porta da sala de atividades. Calipso pôs a mão na maçaneta e indicou a porta como se ela fosse um troféu de diamante.

― Leo Valdez, aqui está o seu professor de dança, musica e teatro. Nossa estrela... ― ela abriu a porta ― Larry!

Tinha um cara gay bem na minha frente vestido com roupa de academia. Eu não tenho nada contra os gays, serio, mas Calipso estava fazendo uma sacanagem das grandes comigo.

Larry tinha um corpo musculoso como se realmente fosse a academia. Dava pra ver mesmo com o moletom cinza que ele usava, que era contrastado com a bermudinha tactel azul escura que ia até a metade da coxa do cara. Ele usava um tênis branco e meias laranjas. Era loiro, de cabelo estilo Justin Bieber antigo. E sorria como uma menina.

Meu Deus.

― Ui, quem é esse gato? ― ele perguntou, e a voz era muito fina, cara.

― Esse é o Leo, o garoto de quem eu te falei ― Calipso disse ― Leo, comprimente ele. Você não é sempre tão educado e sociável.

Olhei pra ela com cara de “Se você me odeia, é só me dizer logo” e dei alguns passos na direção do cara.

― Olá ― estendi a mão pra ele ― É um prazer conhec... ― o que eu deveria falar: conhece-lo ou conhece-la? ― É um prazer!

Ele/ela pegou a minha mão, mas me puxou para os típicos beijinhos na bochecha a qual eu não corresponderia de jeito nenhum. Ah, qual é? Fala sério.

― Também é um prazer conhece-lo ― ele disse, a voz sedutora. Espera, não da pra saber. Nunca vi um gay tentando seduzir.

Calipso pareceu do meu lado.

― Que aula vamos dar pra ele primeiro, Larry? ― ela perguntou ― Temos que começar logo, porque esse aqui é um...

― Ai, Cali, Cali, quanto antes melhor e quanto mais tarde terminar melhor também. ― ele respondeu ― A propósito, amiga, eu amei o seu cabelo. Que marca de shampoo você usa?

― Ah...

Comecei a dar passos pra trás enquanto elas discutiam a marca do shampoo delas. Um passinho, dois, mais um. Elas falavam do creme pra pentear do shampoo enquanto Larry mostrava seu sedoso cabelo pra Calipso. Outro passo.

― Pode para ai mesmo, coisinha linda ― disse Larry. ― Pra cá agora. Anda. Vamos começar com teatro. Depois dança. Tudo nesse almoço e nos intervalos. Anda.

Ela apontava para um canto da sala. Comecei a andar. Passei por Calipso e sussurrei em seu ouvido.

― Eu não gosto nada de você.

Ela me mandou um beijinho.

― Também adoro você ― ela repetiu minha frase.

Passei por Larry. Ele continuou apontando pro canto e, quando passei, ele deu um tapa no meu traseiro. Ah, não. Para.

― Desculpe, eu não resisti.

Calipso ria. Isso é pra você passar de ano, pensei. Passe de ano. O ano vale a pena. Será que ele vale mesmo?

Jason

Eu estava na porta da casa de Piper.

Os grilos e as cigarras cantavam no jardim da casa dela. Casa não. Mansão. Não era o de menos para uma cantora e um ator famoso. Fico me perguntando como Piper não é seguida por paparazzi na escola.

Olhei minha roupa: calça jeans escura, tênis discreto e escuro também, uma blusa social branca, e um blazer preto por cima. Caixa de bombons em uma mão, buquê de flores na outra. Agora só falta tocar a campainha.

Pra você que ficou curioso com a minha decisão repentina, eu vou dizer o que aconteceu: eu achei quem era o garoto que Rachel estava falando. Ele se chama Leo Valdez, e estava sim conversando com a Piper só jeito que só ele faz. E, sim, quando os vi eu fiquei com muito ciúmes, principalmente agora que ele está sem a Hazel. Mas, após aquele almoço, me dei conta de que eu sou um idiota por imaginar coisas entre eles. Piper ainda estava depressiva e Leo tem garotas de mais com que se preocupar ― se é que me entendem.

Toco a campainha. Por favor, atenda enquanto eu estou com coragem.

Ela abre a porta. Ufa!

― Jason? ― ela fala ― Mas o que você...

― Eu sou um idiota. Eu deveria ter te avisado. Mas é que eu fiquei com muito medo. Eu nunca fui o tipo de cara que ia à casa das namoradas, entende? E quando você pediu isso eu fiquei com muito medo de seus pais não gostarem de mim, porque eu sabia que você ficaria comigo de todo jeito. Mas sofreria por causa dos seus pais. Eu não queria isso pra você.

― Jason...

― Mas eu deveria assumir esse risco. Eu fui um covarde por não assumir. Nesse momento, você deve estar pensando: ele acha mesmo que vindo aqui e falando esse monte de baboseiras vai me convencer. Tá, eu entendo que você não se convença.

― Não mesmo ― ela cruzou os braços e se apoiou no peitoril.

― Viu? Mas eu ainda tenho o que falar. Piper, se você não me quiser de volta, eu te entendo. Mas eu preciso que você me desculpe. Você tem razão em dizer que eu tenho tudo o que quero. Mas eu quero que saiba que nada disso basta se eu não estiver com você. Por favor, me desculpe por tudo o que eu te fiz.

Ela assentiu.

― Está desculpado. ― ela falou, mas sua expressão era totalmente nula.

― Tá... ― eu falei, depois de um tempo, vendo que ela não me dizia mais nada. ― Está bem. Obrigado... ― comecei a dar meia volta. Ela havia me perdoado, mas não queria mais ficar comigo. Isso estava na cara.

― Pra quem são essas flores? ― ela perguntou, depois de um tempo.

Eu parei onde estava e dei meia volta de novo.

― Elas são pra sua mãe. Eu pensei que... Se você quisesse mesmo voltar comigo, eu entraria pro jantar. Mas de todo jeito ― eu me aproximei dela ― tome. Entregue elas pra mim. E esse chocolate é pra você.

Ela pegou as duas coisas e abriu um leve sorriso. E também não disse mais nada. Depois disso dei meia volta de novo e comecei a sair.

― Porque você não a entrega pessoalmente? ― escutei-a dizer quando eu estava no portão. Parei. Refleti. Ela estava me chamando pra entrar.

― Você quer... Quer dizer...

― Não, mas... ― ela desceu das escadas da porta da casa ― Vou ter o tempo do jantar pra pensar. ― ela sorriu.

Eu sorri também e corri atrás dela pra um abraço. Ela me abraçou de volta.

― Vamos? ― eu disse, estendendo-lhe o braço.

― Vamos ― ela aceitou e nós entramos na casa dela.

Annabeth

Já são quase dez da noite e eu não tiro os olhos da janela.

Será está dando tão certo assim? Será que eles resolveram até fazer uma viagem de ultima hora? Ai, eu preciso muito saber. Eu estou muito preocupada. Depois do que ele fez por mim mais cedo, eu não posso dar uma de mal agradecida. Eu tenho que ajuda-lo e... Ah! Ali está o carro entrando na garagem.

Vejo os três saírem em silencio e vejo Percy correr pra dentro da casa. Não vejo os pais dele conversando. Pelo contrario, parece que eles estão se evitando. Ai meu Deus. Não...

Quando a luz do quarto do Percy se acendeu, eu me escondi atrás da minha cortina. Esperei ele aparecer de uma forma tranquila e se jogar na cama, mas... Ele apareceu como um louco. Primeiro ouvi a porta do seu quarto sendo batida e ele aparecendo logo em seguida, puxando os cabelos. Em menos de um segundo, ele estava chorando. Chorando muito e seu rosto estava vermelho.

Alguma coisa se partiu dentro de mim com isso. Agora eu não me importava com quem ele era ou o que queria ou o que pensaria. Eu gritei seu nome na janela. Assim que ele me viu, ainda chorando, ele fechou a janela. E a cortina logo em seguida.

Ele estava mal a ponto de ser grosso comigo. Percy nunca, nunca em todo o nosso tempo de convivência, foi grosso comigo.

Eu precisava ir lá. Mas eu não queria informar a minha madrasta que iria sair de casa a essa hora em plena segunda feira e também não queria ter uma conversa calorosa com os pais dele. Me lembrei da ultima vez que ele veio aqui. Ele desceu pela escada da janela, pulou o muro e entrou pela porta da casa dele, o que significa que a escada... Ainda está ali.

De fato, ela estava.

Fiquei com muito medo de descer, mas eu conseguir. Não sou a Thalia com o medo de altura dela, mas não sou fã. Pular o muro que separa nossas casas foi fácil. Subir até a janela dele com a escada foi mais difícil, porque ela balançava muito, mas eu cheguei lá. Tentei abrir a janela, mas estava trancada.

― Percy! ― chamei, batendo na janela ― Abre aqui.

Vai embora ― eu escutei ele dizer, sua voz estava embargada.

― Não vou. Por favor, abre. ― olhei pra trás, e escutei a voz da minha madrasta se aproximar da sala. Ela ia na janela e me veria. Bati na janela de novo ― Percy, eu estou prestes a me meter em encrenca por você, quer abrir logo essa janela?

Ele demorou alguns segundos pra abrir. Ele havia tentado parar de chorar, mas seus olhos estavam vermelhos e úmidos. Seu rosto estava corado. Ele me olhava curioso enquanto me ajudava a entrar e a fechar a janela.

― Você é maluca, Chase ― ele comentou, enquanto fechava as cortinas.

Rodei por seu quarto e sentei-me em sua cama. Ele sentou-se do outro lado da cama, de costas pra mim.

― Como foi? ― eu perguntei.

Senti que ele fez um gesto atrás de mim. Olhei pra trás e vi que ele tinha colocado duas argolas douradas em cima da cama.

― Eles tacaram isso um no outro no restaurante. ― ele falou.

Peguei o objeto. Olhei pra eles em minhas mãos e uma lagrima correu pelo meu rosto. Não era de se admirar que ele tenha dado um chilique agora pouco. Não deve ter sido fácil ver os seus pais jogando as alianças um no outro.

Levantei-me e dei a volta na cama, me aproximando dele. Vi que ele voltou a chorar. Parei na sua frente. Olhei pro seu rosto, lagrimas caindo, e meu coração se partiu. Eu estava triste por vê-lo assim. Triste de verdade. Passei meu dedo indicador por uma lágrima que descia em sua bochecha esquerda.

― Eu... ― falei, quase sem voz ― Sinto muito.

O abracei em seguida. Eu não sabia o que dizer. Não sabia o que fazer. Então eu o abracei. Porque era a única coisa que eu queria que alguém fizesse comigo em mesmas circunstancias. Ele me abraçou de volta, o choro voltando a ficar forte.

― Meu pai disse que já vai procurar outra casa ― ele contou chorando ― Eu ainda vou ter que escolher com quem ficar.

Isso era horrível. Como podem dizer isso a ele?

― Ele não vai embora ― falei, soltando-me dele. ― Vamos tentar uma ultima vez.

― Não tem...

― Tem jeito sim. ― afirmei com firmeza ― Vamos marcar outro passeio. Mas dessa vez... Eu vou junto.

― O que?

― É isso mesmo. Eu vou junto. Eu vou ter uma conversinha com cada um deles. Você também. Depois, vamos falar com cada um junto. Depois você vai falar com eles sozinho e depois eles vão decidir o que fazer.

― Annabeth...

― Xi! ― coloquei o dedo indicador na frente dos seus lábios ― Não fale mais nada. Já está marcado. Você vai ter que falar com eles se não vai ser muito suspeito. Invente qualquer coisa. Você vai conseguir. Uma parte do resto é comigo. A outra é com você. E o resto do resto... Só vai depender deles.

Ele demorou pra assentir. Mas assentiu. Nem tinha percebido que ele estava segurando a minha mão até agora.

― Eu... ― tentei achar a minha voz. ― Eu tenho que ir... agora. É... Eu não...

Ele me olhou vazio por um tempo antes de dizer.

― Fique.

Demorei pra compreender.

― O que?

― Fique.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E como o primeiro capitulo de 2015: o capítulo mais carregado que eu já escrevi hahahahaha' O que acharam? Ruim? Engraçado? Fofo?
Será que a Annabeth vai... Ficar? hihihih'
O que acharam do professor do Leo? hahaha'
Me digam, Okay?
Tenho que postar nas outras duas, fofas, por isso não vou falar muito. Só comentem, favoritem e recomendem, okay? Beijos ♥