Thalia

Acordo com um infeliz de olho azul me berrando e batendo na minha porta como se a casa estivesse pegando fogo.

– Vamos Thalia, acorda – diz Jason.

– Argh! Não se pode dormir e chegar atrasada no primeiro dia de aula não?

– Na verdade, eu nunca vi isso.

– A, pois eu já vi – disse eu – E vou ver de novo hoje!

– Ah não vai não – diz ele, e, sem minha permissão, entra no meu quarto, tira meu cobertor e começa a fazer cosquinhas em mim.

– Para Jason! Que saco! Isso é tudo porque eu vou estudar com você? – eu disse, tentando tirar ele de cima de mim.

– É sim. Ninguém mandou você reprovar! – diz ele sorrindo e continuando a fazer cosquinhas.

– Tá, tá, tá – digo, conseguindo tirar ele de cima de mim – Esta bem, eu vou levantar.

– Claro, você não tem escolha!

Jogo uma almofada nele.

– Ah é? Tenho sim! – eu disse, voltando a me cobrir.

– Já que você pediu – ele tirou meu cobertor de novo e voltou a fazer cócegas.

– Ah Jason! Esta bem, esta bem! Eu levanto.

Ele saiu de cima de mim e ofereceu a mão pra me levantar.

– Café da Manha? – perguntou ele.

– Lógico!

Annabeth

Acordo com o despertador. Digamos que o dia esta ate bonito pra um primeiro dia de aula. Levanto-me da cama ate bem animada comparada ao dia anterior. Vou ao banheiro, tomo um banho, escovo os dentes, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo. Coloco meu boné, ponho minha mochila nas costas e desço as escadas. Passo por minha madrasta. Ela me olha com um olhar de “Graças a Deus que Ela já vai” e diz:

– Não vai tomar café? – diz ela, com uma falsa preocupação na voz. Ela nunca se preocupa se eu como ou deixo de comer, seu eu saio e volto ou não, se fui atropelada um carro passou pela minha barriga, meu olho saiu pra fora e eu quebrei meu pescoço... Enfim, ela não liga pra nada, muito menos pro meu café da manha.

– Não estou com fome – digo, fechando a porta e saindo de casa.

Descido ir a pé pra escola. Thalia disse pra eu ir de ônibus com ela, mais ela vai sobreviver. São apenas 1,5 km da escola ate minha casa. Logo chego e ainda não tem quase ninguém. Sento em um banquinho e espero. Alguém atrás de mim põe a mão sobre meus olhos e diz:

– Adivinha quem é?

– Luke – digo. Ele sempre faz isso. – Por que chegou tão cedo assim?

– Bom, eu moro a um quarteirão daqui – diz ele pulando o banquinho e sentando ao meu lado - Então chego rápido. A questão é: por que você esta aqui tão cedo?

– Fugindo da madrasta – disse eu.

– Ah, clássico! – diz ele, sorrindo – Se eu fosse você já teria fugido – ele disse como se já tivesse feito isso milhares de vezes e fosse seu mais comum costume diário, o que na verdade era. Luke era um cara muito legal, mas ele é muito impulsivo quando se trata de cumprir ordens. Já foi expulso de três escolas e, milagrosamente, esta desde o começo do ano passado aqui. Ano passado ele era segundo ano, mas reprovou então vai continuar. Discretamente fiquei feliz com isso, gosto do Luke, como amigo.

– Sim, Luke. Mas minha mãe disse que se eu tivesse mais um problema com o meu pai e a minha madrasta, ela iria me levar para a cidade onde ela mora e eu não quero ir. – disse eu.

– É, assim complica. Ainda bem que que eu não tenho esse tipo de problema. – logo que ele disse, o ônibus chegou.

Foram descendo todos os populares e os excluídos (não exatamente excluídos, mas esse é o nome que os populares inventaram): primeiro desce o Leo Valdez seguido pela Hazel, depois a Calipso, depois o Nico e Bianca di Angelo, Connor e Travis Stoll, Will Solace, entre outros dessa turma, Grover Underwood, e finalmente o casal Reyna e Jason. Essa Reyna é muito chata, mandona, metida, insuportável, argh! Odeio gente assim. Logo atrás do Jason, desce a Thalia, que vem andando em minha direção com um olhar mortal.

– ANNABETH CHASE – disse ela, ou melhor, grita – COMO VOCE OUSA NÃO ME AVISAR QUE JÁ ESTAVA NA ESCOLA! EU SINCERAMENTE FIZ O MOTORISTA PARAR AQUELE ONIBUS POR CINCO MINUTOS PRA TE ESPERAR!

Eu dou uma risada. Me levanto e abraço ela.

– É serio isso?

– Acho que ela nunca falou tão serio na vida – disse Nico, se aproximando com a Bianca para apreciar a “pequena” cena da Thalia – Sinceramente Annabeth, você tem uma amiga muito louca.

– Quem você esta chamando de Louca? – Thalia olhou com um olhar dez vezes mais mortal que ela olhou pra mim, pro Nico – Escuta aqui seu tampinha...

– Tampinha? – diz Nico sarcástico – Olha que eu acho que sou mais alto que você...

– Só acha! – disse Thalia – Agora, voltando a Annie, eu vou te matar...

– Ah, não vai não – disse Leo se aproximando com a Hazel que estava bebendo agua em uma garrafinha – Esse ano vai ter matérias muito difíceis e a Annie vai me ajudar.

– Ah, eu vou Valdez? – disse, entrando na brincadeira do Leo – Eu disse que iria pensar...

– Esta bem então, mas eu cobro, tá? – diz ele, colocando o braço em torno da Hazel.

– Vocês estão namorando? – pergunta Luke, olhando na direção do Leo e da Hazel – Perdemos muitas coisas nessas Férias!

– O que? Não! – disse Hazel, balançando a cabeça e tirando a mão do Leo dela – Não! Leo e eu somos só amigos e...

– Ah, não por muito tempo – diz Piper, que tinha acabado de chegar de carro com a mãe dela – Alguém sentiu minha falta?

– Piper! – disse Hazel abraçando, digo, pulando em cima da Piper – Sua louca onde você esteve? Eu te ligue umas três vezes...

– Tá no lucro – diz Leo.

– por dia! – termina Hazel.

– Ops. – diz Piper – Me desculpe! Minha mãe resolveu fazer uma viagem longa e... – Piper olhou pra trás – Pessoal, acho que os novatos começaram a chegar.

Todos olharam na direção em que a Piper olhava. Primeiro foi chegando uma garota Ruiva de dentro de uma limusine (agora me explica: pra que que alguém vem pra escola dentro de uma limusine?). Depois de carro, chega um garoto corpulento parecendo um sino-canadence de cabelos pretos curtos.

– Nossa, quem é esse japa? – perguntou Leo.

– Ele é novo Leo. – disse Hazel.

– Cara, ele tem um carro? – diz Thalia, incrédula – Tenho que ter uma conversa muito seria com o senhor Zeus! Será que eu sou a única de maior que não tem carro nesse vasto e injusto planeta?

Todos rimos.

– Ainda bem que o meu esta quase pronto – diz Leo, e todos olhamos pra ele – O que foi? Ter um pai mecânico tem suas vantagens.

– Nossa! Isso que é um pai – diz Bianca – O máximo que meu pai pode me dar é um caixão e um velório de graça quando eu morrer.

Todos explodiram em gargalhadas, pois o pai dela é dono de funerária. Ela não era muito de falar, mais dessa vez ela se inspirou.

– Poxa, você ficou cinco minutos perto do Leo e já foi contagiada pelo ar da graça. – diz Thalia.

– Ei Grace – diz Leo – A graça aqui é você.

Mais risadas. Thalia fuzilou Leo com os olhos.

– Ei gente, quem é aquele? – diz Piper. E de fato quem é aquele?

Um garoto moreno vem chegando de carro e encosta no estacionamento da escola. Quando ele sai do carro todas as garotas voltam a atenção pra ele. Era alto e musculoso. De cara, parecia um esqueitista. Tinha um olhar serio e um tanto em duvida. Parecia que não sabia onde deveria ir. Olhou em volta e direcionou a atenção em nossa direção. Deuses, ele era Lindo.

– Aquele é Percy Jackson – disse Thalia, entediada – Meu querido primo. Seu pai é Poseidon Jackson, ou seja, meu Tio, irmão do meu pai. 17 anos, problemático, lerdo demais e...

–... um tremendo Gato! – diz Piper.

– Ah, eu ia dizer que ele é ate bonitinho.

Ate bonitinho? Ele estava mais para um deus grego do que bonitinho. Sinceramente, ele era bem mais bonito que o Jason.

Ele continuava vindo em nossa direção. Entrou pra rodinha e se dirigiu a Thalia.

– Olá Grace – ele diz.

– Olá Jackson – diz Thalia – Não me diga que vai estudar aqui?

– Vou sim.

– Eu disse pra não me dizer.

Ele deu um sorriso.

– Bom, eu estou perdido. Me ajude a achar qual sala vou ficar?

– Que turma?

– 2º ano B. – disse ele.

– Ah céus! Você vai estudar comigo!

– Ah jura?

– Juro.

– Nem acredito. Pelo menos não vou ser um solitário.

– Voce sabe que não fica solitário por muito tempo...

– Alow – diz Leo – Terra para Thalia. Não queremos atrapalhar um grande reencontro de primos, mas ainda estamos aqui.

– Ah, claro – diz Thalia – Esse tampinha magrelo aqui é o Leo.

– Ei! – queixou-se Leo.

– Essa ao lado dele é a Hazel. – Percy acenou pra ela – Esses dois são os irmãos Nico e Bianca di Ângelo.

– Oi. – disse Nico.

– Ei – disse Bianca.

– Essa aqui é a Piper – Piper acena e da um magnifico sorriso pra ele – Esse loirinho aqui é o Luke – eles dão um aperto de mãos – E essa loirinha quase morta aqui é minha melhor amiga Annabeth.

Demos um aperto de mãos. Ele tinha um aperto de mão firme e aqueles olhos verde mar não paravam de me olhar fixamente e eu percebi que estava fazendo o mesmo.

– Quase morta? – ele perguntou.

– Sua prima quer me matar por que eu não esperei ela.

Ele deu uma risada.

– Típico dela.

– Ei – queixou-se ela.

Eu e Percy ainda segurávamos as mãos um do outro. Eu percebi e soltei a mão dele.

– Bem, ou vou fazer um tour com o Percy pela escola. Annie, depois eu quero falar com você.

– Não vai me matar? – perguntei

– Ainda não – ela disse – Vamos Percy – e eles foram.

– Cara ele é muito lindo! – diz Hazel, que dirigiu um olhar constrangido pro Leo.

– É mesmo – diz Piper – Que corpo, que sorriso, que olhos...

– E ai, Piper? – eu disse – Ele venceu o Jason?

– Ah, não. Claro que não. – ela disse, ficando vermelha.

O sinal tocou e todos nos olhamos com cara de: vai começar.

– Vamos lá galera. – eu disse.

Quando me viro, piso em cima do pé de alguém. Olho pra ver quem é. A ruiva novata que vimos chegando.

– Quer fazer o favor de olhar por onde anda, em desengonçada? – diz ela.

– Ops – digo eu – Foi mal.

– Foi mal? – ela me olha incrédula – Foi mal? Não foi mal, foi péssimo. Esse sapato é muito caro, sabia? Ah, meus deuses – diz ela olhando pra cima – Será que vou me arrepender? O que eu fiz pra isso, em? Esse povo não sabe nem andar? - ela voltou-se pra mim - Escuta aqui, garota...

– Olha, escuta aqui você! – disse eu, já irritada com aquela ruiva. - Presta atenção, ruivinha. Eu só pisei no seu pé! E poxa, eu já falei que foi mal. Ok? Que droga de menina mal humorada.

– Escuta aqui você, Loirinha. É melhor você não levantar o tom da sua voz comigo, ouviu?

– Isso é uma ameaça?

– Creio que sim.

– Esta bem, agora me explica uma coisa: - comecei a andar ao redor dela - que tipo de pessoa, em sua santa consciência de seu estado normal, ameaça outra pessoa só porque ela pisou no seu pé e sujou o sapatinho dela?

– Eu!

– Ok. Vamos levar em conta que você não é normal... - fui dando de ombros.

– Olha aqui, loira oxigenada: não se meta comigo entendeu?

– Olha só, eu me meto com quem eu quiser, ok?!

– Mas é melhor você não se meter comigo! - ela se auto indicou.

– Isso é uma outra ameaça? - ergui as sobrancelhas.

– Se é o que esta dizendo. - ela deu de ombros.

– Saiba que não tenho medo de ameaças.

– Devia ter.

– Ah é? Por que?

– Eu posso transformar sua vida em um inferno!

– Tente a sorte – disse eu, pegando a garrafa de água da Hazel e jogando a agua não cabeça dela.

– O que você fez?

– Joguei agua em você, ué. – disse eu – Você disse que iria transformar minha vida em um inferno, mais saiba, que se tentar, vai ter volta.

– Você vai se arrepender.

– Ah, não vou não. Ah, lembrando, o banheiro é ali se quiser retocar a chapinha.

– Saiba que eu não uso cha...

Antes dela terminar de falar, eu e meus amigos saímos e deixamos ela falando sozinha.