Doux Apollo et sa muse escrita por Laëtitia


Capítulo 24
Chapitre Vingt-Quatre


Notas iniciais do capítulo

Mas ora vejam só, até que não demorei muito pra postar outro capítulo



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A semana passou rapidamente, com pessoas vindo à mansão para entregar as decorações para a festa de casamento e alfaiates tirando as medidas de Esme e Enjolras para confeccionar vestes apropriadas em tempo recorde. Ao mesmo tempo, Marius ia aos poucos se recuperando, em poucos dias já estava andando com a ajuda de muletas. Cosette ia visitá-lo todos os dias e o acompanhava nas pequenas caminhadas no jardim que o Dr. Khalid havia recomendado que fizesse.

Esme estava tranquila até a véspera do grande dia, quando finalmente caiu a ficha de que ela iria se casar.

“Não sei se consigo fazer isso” Disse a menina, que se encontrava andando de um lado para o outro do quarto. Jehan estava empoleirado em uma poltrona ouvindo enquanto a amiga reclamava.

“Mon chérie, se acalme por favor, estresse faz mal para o bebê” Falou o rapaz. Esme parou, respirando fundo tentando manter a calma.

“Jehan, e se for um erro?” Perguntou. Ele andou até onde ela estava e tomou suas mãos, sentando-se com ela na cama.

“Esme, você está criando paranoias em sua cabeça. Vocês dois estão perdidamente apaixonados. Posso ver em seus olhos. Tente relaxar”

Ela pareceu se sentir melhor e abriu um pequeno sorriso. Jehan pegou uma mecha de seu cabelo e começou a brincar com ela.

“Então, está tudo pronto para amanhã?” Perguntou. Esme levantou-se e andou até o armário, abrindo uma das portas e apontando para um vestido branco e dourado.

“O vestido chegou hoje pela manhã. E o salão de baile já foi decorado. Minha tia não me deixa nem chegar perto, ela quer que seja uma surpresa.” Riu, fechando novamente o armário e se sentando ao lado do amigo.

“É um belo vestido, combina com você” Esme se deitou na cama e Jehan deitou junto a ela.

“É, mas falta uma coisa...eu ainda não escolhi os padrinhos” Cobriu o rosto com as mãos.

“O QUE? Esme, é uma das partes mais importantes!” Ela gemeu.

“Eu sei! Só que eu estava com tanta coisa na cabeça durante a semana que não tive tempo para pensar nisso”

“Bom...e quem vai escolher?”

 “Talvez Grantaire e Marius, como madrinhas pensei em Eponine e Cosette, será que Eponine se importaria? Levando em conta o que ela sentia pelo meu irmão?”

“Eu sinceramente acho que ela faria isso por você, e você sabe que a felicidade de seu irmão é mais importante para ela”

“Então está certo”

Ela escreveu uma pequena carta contendo o pedido para ser madrinha e Jehan se ofereceu para leva-la até Eponine.  Enquanto isso, Esme iria chamar os outros para contar sobre sua decisão. Ela pediu a uma empregada para que chamasse os outros 3. Não demorou muito para o casal chegar, Cosette ajudando Marius a se locomover. Grantaire entrou logo depois.

“Esme, queria falar conosco?”

“Sim, é, eu gostaria de saber se eu hipoteticamente os chamasse para serem padrinhos do meu casamento, se vocês aceitariam?”

Cosette sorriu e andou até ela, a abraçando.

“Mas é claro! Nós aceitamos, não é Marius?” Perguntou. Marius riu e abriu os braços fazendo sinal para a irmã abraça-lo.

“Claro que sim, não perderia essa chance por nada”

“Desculpem, é que, eu estou nervosa. Esse casamento me pegou de surpresa e é tão pouco tempo para pensar nas coisas.”

Grantaire que até aquele momento havia permanecido em silêncio, andou até ela e colocou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha.

“Tudo vai dar certo Esme” Ela corou porém assentiu, se xingando mentalmente pela reação espontânea de seu corpo. Felizmente Grantaire pareceu não perceber.

Naquela noite o jantar de Esme foi levado até ela no quarto, segundo sua tia, ela devia descansar o máximo possível antes do grande dia. Ela também havia sido proibida de interagir ou sequer ver Enjolras antes de subirem ao altar, isso a deixou mais nervosa do que já estava.

Esme se encontrava deitada em sua cama, pronta para dormir, porém sem conseguir pregar os olhos por culpa da ansiedade e nervosismo. Ela se lembrou de seu último noivado com Claude e estremeceu, recordando do quão traumático aquilo havia sido, porém também chegou a conclusão que se não fosse por aquilo, não teria conhecido seus amigos e Enjolras. Olhando o relógio na parede, viu que já passava da meia noite e achou melhor tentar dormir, pois teria um longo dia pela frente.

Ela acordou na manhã seguinte com o sol ainda nascendo, ela estava tão ansiosa que não conseguiu mais pegar no sono, então vestiu um roupão por cima de sua camisola e saiu do quarto em direção a cozinha da mansão para arranjar algo para comer, já que pelo horário o café da manhã ainda demoraria para ser preparado.

Ao adentrar o cômodo, pegou uma maçã na cesta de frutas e foi andando a caminho da porta que dava em direção ao jardim. Quando chegou em sua parte favorita onde havia uma pequena horta, ela mal tinha dado uma mordida na maçã quando deu de cara com a última coisa que esperava ver naquele momento: Grantaire dormindo deitado em um banco.

Ela se aproximou lentamente e pôs uma mão sobre seu braço.

“Grantaire...R, acorde” Sussurrou em seu ouvido. O rapaz levantou com um pulo.

“Esme!” Disse ainda meio atordoado, quase caindo do banco. Ela se sentou ao seu lado.

“O que faz aqui a esta hora? Não me diga que ficou a noite inteira aqui” Brigou. Ele apenas sorriu e pegou a maçã da mão da menina, dando uma grande mordida, que a fez franzir o cenho.

“Pegue sua própria comida!” Reclamou. Ele terminou de mastigar e começou a se explicar.

“Eu vim aqui ontem a noite para pensar, refletir na verdade, e pelo visto acabei pegando no sono” Disse. Ela continuou a comer sua fruta.

“Posso saber no que estava pensando? Não precisa me contar se não quiser”

Ele pegou uma de suas mãos e tocou o anel de noivado que Enjolras havia lhe dado.

“Tudo o que aconteceu, e o que está acontecendo. Quer dizer, eu vou ser pai...e a mãe do meu filho vai se casar com outro” Ele disse. Esme o olhou com um misto de tristeza e pena.

“R, não faça isso consigo mesmo, você sabe que eu te amo mas...é diferente.” Disse. Ele apenas balançou a cabeça.

“Eu sei, mas não espere que eu deixe de ter sentimentos por você assim tão rápido, e com tanta coisa em jogo, quer dizer, um filho, Esme!” Ela sorriu levemente e se inclinou para lhe beijar a bochecha.

“Se a alguns meses alguém me contasse que eu estaria prestes a me casar e grávida eu não iria acreditar” Murmurou.

Os dois ficaram cerca de uma hora conversando, até uma criada aparecer desesperada procurando por Esme dizendo ter pensado que a menina havia fugido de outro casamento, isso fez Grantaire rir e Esme corar. Esme foi rapidamente levada para seu quarto para começar a se arrumar para a cerimônia que seria realizada na Église Saint-Eustache.

As criadas a banharam e a vestiram, em seguida arrumaram seu cabelo em uma espécie de coque trançado com algumas flores da estação. Um pouco de maquiagem foi aplicada em suas bochechas para dar um pouco de cor a sua pele pálida. Logo ela estava pronta.

Esme respirou fundo e se virou para o espelho, o nervosismo sumindo assim que ela viu seu reflexo.

O tom perolado do tecido era muito bem complementado pelos fios dourados que criavam padrões na saia e nas mangas. As flores brancas e amarelas em seu cabelo pareciam uma coroa e ela se lembrou dos momentos em que foi ao parque e fez coroas de flores com Jehan. O véu em sua cabeça era bordado e completava o visual.

Uma batida na porta a tirou de seus pensamentos e seu avô adentrou o quarto.

“Está pronta? A carruagem já está aqui.” Perguntou. Esme assentiu e sorriu. Dessa vez tudo daria certo.

Ela foi conduzida até uma carruagem parada no portão. Durante sua caminhada para o lado de fora pode notar que os corredores da mansão estavam vazios e silenciosos, isso significava que seus amigos já deveriam estar na igreja. Ela adentrou a carruagem cuidadosamente e Gillenormand se sentou ao seu lado.

Grande parte do caminho Esme estava calada, se concentrando em não cometer nenhum erro durante a cerimônia, afinal ela teve uma semana apenas para se preparar.

“Sabe...” Comentou seu avô olhando pela janela. Ela se virou para ele e escutou com atenção ao que ele tinha a dizer.

“Você nos deu um grande susto quando apareceu ensanguentada na porta de casa. Imaginei o pior, ainda mais vendo que Marius não estava com você.”

Ele pegou em suas mãos.

“Você está linda. Me lembra muito sua mãe em seu casamento. Ela estaria orgulhosa. Enjolras é um bom rapaz.” Os olhos de Esme se encheram de lágrimas, ele nunca mencionava sua mãe.

“Obrigada vovô” Ele deu um sorriso, algo que não era nada comum.

Quando já estavam a alguns quarteirões de distância, Esme já podia ver a majestosa estrutura da igreja. Ela achava um exagero um lugar tão grande para um casamento com pouca gente, porém sua tia queria que fosse especial, ainda mais depois do desastre que havia sido o noivado anterior. A carruagem parou na pequena praça em frente a igreja e Gillenormand desceu, ajudando a neta logo depois.

Esme olhou para o lado de fora e ali encontrou os padrinhos. Marius permanecia com uma muleta e Cosette servia de apoio do outro lado de seu corpo. Eponine estava quase irreconhecível com os cabelos lavados e penteados, estilizados em uma trança que circundava sua cabeça, o vestido esverdeado combinava com a pele morena da menina e se prestasse atenção o bastante poderia ver que ele não havia sido feito sob medida pois estava comprido demais para ela, o corpete estava folgado, provavelmente por causa do ferimento que ainda estava sarando.

Grantaire estava ao seu lado, de braços cruzados e batendo o pé esperando impacientemente, assim que avistou Esme, um sorriso brotou em seus lábios.

“Mon amour, finalmente! Achei que fosse fugir” Brincou, a fazendo dar uma pequena risada.

“Não desta vez” respondeu. Grantaire beijou sua bochecha e antes de se afastar sussurrou em seu ouvido.

“Enjolras é um homem de muita sorte” Esme revirou os olhos.

“Comporte-se, por favor.”

Grantaire e os outros padrinhos foram chamados pois já estava na hora de entrarem. Gillenormand chamou Esme para a lateral da igreja.

“Tinha que afastá-la do portão para que o jovem Enjolras possa fazer sua entrada sem vê-la” Riu. Esme esfregou uma mão na outra, nervosa.

“Entendo” Ele a fitou sério.

“Esme, eu realmente sinto muito pela forma como lhe tratei todos esses anos, eu descontei a raiva que sentia por seu pai em você e seu irmão, não foi justo”

“Eu sei. Eu lhe perdoo” Ele sorriu.

“Acho que já deu tempo de Monsieur Enjolras adentrar a igreja”

Ele lhe beijou a testa e a guiou novamente para frente do portão e ofereceu o braço.

“Está pronta?” Perguntou. Ela respirou fundo e assentiu. As portas da igreja se abriram.

Ela podia sentir as palmas de suas mãos ficando úmidas de nervoso, ela começou a notar os convidados conforme passava pelas fileiras. Um monte de aristocratas que ela sequer conhecia porém tinham sido convidados por sua tia. Eles pareciam extremamente entediados por estarem ali e possuíam expressões sérias em seus rostos.

Conforme foram se aproximando do altar, as fileiras começaram a ser tomadas pelos seus amigos e família, ela pôde ver todos os Amis, bem vestidos e com sorrisos nos rostos, Azelma estava sentada ao lado de Montparnasse e assim como a irmã, usava um vestido que não lhe caía perfeitamente porém era muito elegante, ela parecia estar um tanto desconfortável porém quando trocou olhares com Esme, abriu um sorriso.

O pequeno Gavroche também estava arrumado, os cabelos haviam sido cortados e ele estava na lateral do altar, segurando as alianças.

Quando deu por si, já estava frente a frente com Enjolras e de repente o ar deixou seus pulmões e ela teve rapidamente que  se recompor.

Ele parecia um anjo caído do céu, a luz do sol que entrava pelas grandes janelas da igreja emolduravam a figura do rapaz e fazia parecer que havia uma auréola sobre sua cabeça, os cabelos estavam penteados e presos por uma fita. Por debaixo do terno ela conseguiu notar o velho colete vermelho que era o favorito dele, e de alguma maneira não havia sido danificado depois da batalha das barricadas.

Esme voltou à realidade quando começou a ouvir a voz do padre. Enjolras segurou suas mãos e rapidamente todo o nervosismo pareceu sumir. Ela parecia perdida nos olhos azuis de Enjolras.

Ela estava achando o discurso do padre bem tedioso e pelos olhares que trocava com Enjolras ela pode perceber que ele achava o mesmo, ele tentou esconder um sorriso e Esme tentou fazer o mesmo.

Quando de repente tudo ficou em silêncio, ela voltou sua atenção para o padre que olhava para Enjolras como se esperasse por alguma coisa.

“Me desculpe, o que?” Perguntou, saindo do transe.

“Os votos monsieur”

Enjolras arregalou os olhos.

“Oh sim” Ele se virou novamente para ela que riu baixinho.

“Eu, Julien Enjolras, recebo-te por minha esposa, Esme Pontmercy, e prometo amar-te, respeitar-te, todos os dias de minha vida”

O padre se virou para ela.

“Eu, Esme Pontmercy, recebo-te por meu esposo, Julien Enjolras, e prometo amar-te, respeitar-te, todos os dias de minha vida”

Gavroche saiu de seu lugar e andou até os dois levantando a almofada onde se encontravam as alianças. Enjolras pegou uma e a colocou no dedo de Esme, ela repetiu o gesto e colocou a aliança em seu dedo. Esme trocou olhares com Gavroche que piscou para ela e voltou para seu lugar.

O padre fez o sinal da cruz para os dois com uma das mãos.

“Confirme o Senhor, benignamente, o consentimento que manifestastes perante a sua igreja, e se digne enriquecer-vos com a sua benção. Não separe o homem o que Deus uniu.”

O padre olhou de um para o outro e sorriu.

“Pode beijar a noiva”

Enjolras puxou Esme pela cintura e a beijou com tanta paixão que ela ficou sem ar. Ao fundo, ela pode ouvir seus amigos aplaudindo.

Lágrimas vieram aos olhos de Esme, nada que a menina havia vivido até agora poderiam se comparar com este momento. Pela primeira vez em algum tempo ela estava genuinamente feliz.


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