Doux Apollo et sa muse escrita por Laëtitia


Capítulo 25
Chapitre Vingt-Cinq




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Assim que a cerimônia terminou, todos saíram da igreja e foram pegar as carruagens que levariam todos de volta para a mansão Pontmercy onde haveria a festa. Esme e Enjolras entraram em uma carruagem com Eponine e Grantaire, que sentaram de frente para os noivos.

 Passaram metade do caminho em um silêncio constrangedor, até Eponine resolver interrompê-lo.

“Parabéns a vocês dois.” Disse a menina.

“Obrigada ‘Ponine.” Esme sorriu e segurou a mão da amiga. Eponine então se virou para Enjolras.

“Me desculpe por nunca ter levado fé em você, achava que era apenas um estudante tentando se aproveitar dos mais pobres. Eu estava muito errada.” O olhar de Enjolras, que parecia tenso desde o fim da cerimônia, suavizou.

“Entendo porque não confiava em mim e fico feliz por me entender agora.” Respondeu. Grantaire suspirou.

“O que foi?” Perguntou Enjolras.

“Nada.” Respondeu R.

Eponine e Esme se entreolharam já sabendo reconhecer quando Enjolras e Grantaire iam começar a discutir.

“Qual é o seu problema? Não consegue ficar feliz por nós dois? Por Esme?” Perguntou o loiro. Grantaire riu de forma sarcástica.

“Sinceramente, não. Eu não consigo. E quer saber o porquê?” Esme viu dor em seu olhar e Eponine, acariciou o braço de Grantaire para confortá-lo.

Enjolras permaneceu calado.

“Porque enquanto vocês irão viver a vida de casal perfeito, eu vou voltar para as favelas de Saint Michel, beber até desmaiar, transar com prostitutas, pintar quadros e assim sucessivamente. Isso se eu ainda tiver onde morar e minha casa não tiver sido invadida.”

Os três não falaram nada, não sabiam o que dizer. Enjolras baixou o olhar.

“E pior é saber que enquanto vivo na miséria, as duas pessoas que mais admiro e amo na vida vão criar meu filho. E não venham me dizer que a criança saberá quem eu sou porque sabemos bem que não é assim tão fácil”

Eponine arregalou os olhos.

“Ah sim, ‘Ponine, a criança no ventre de Esme é minha.” Cuspiu R, seco.

Mais silêncio dentro da carruagem.

“Me desculpe” Enjolras murmurou. O que quer que seja que ele pensou em dizer, teve que ser interrompido pois chegaram em seu destino.

Grantaire rapidamente foi o primeiro a sair da carruagem. Ele ajudou Eponine a descer e logo desapareceu para dentro da mansão. Depois foi a vez de Enjolras, que estendeu a mão para Esme, a ajudando a sair.

Alguns criados os guiaram para o salão de baile da mansão onde todos os convidados já os aguardavam. Ao entrarem, foram recebidos por uma salva de palmas, as palmas mais altas e entusiasmadas acabaram vindo das mesas onde os Amis se encontravam. O braço de Enjolras envolveu a cintura de Esme e aos poucos, alguns convidados se aproximaram para parabeniza-los.

A menina pode ver no olhar de Enjolras que ele estava se esforçando para ser educado com aquelas pessoas, ela apenas sorria e assentia com a cabeça, agradecendo a presença de todos.

“Gostaria de prestar meus parabéns ao casal” Disse uma voz feminina desconhecida vinda de trás dos dois. Eles se viraram, dando de cara com um casal de meia idade e ar extremamente imponente.

“Hm...” Soltou Enjolras, sem conseguir encontrar as palavras corretas, algo que não era costume do rapaz.

“Ora francamente Julien, pensei que havia lhe educado melhor” O homem reclamou.

“É claro, hm, Esme, essa é...” Começou, porém foi interrompido.

“Mãe dele, Marguerite Enjolras. E este é meu marido, Alphonse” Esticou a mãe e cumprimentou Esme, que ficou surpresa.

“Mãe...dele?” Perguntou. Ela parou para analisar os dois e notou a semelhança com o líder, ele havia herdado os cabelos loiros e cacheados do pai e os olhos da mãe. Claramente só havia herdado a aparência física, pois na questão dos ideais, eram bem diferentes.

“Mas é claro! Julien, não acredito que você nem ao menos falou de nós para sua esposa” Marguerite disse, soando ofendida.

“Já não bastava ter aparecido do nada pedindo o anel de noivado da família dizendo que ia se casar depois de termos lhe mandado embora” O pai completou. Enjolras engoliu em seco e abaixou a cabeça.

 “Então esta é a moça que...roubou seu coração?” Perguntou, olhando Esme dos pés a cabeça, deixando a garota um tanto desconfortável.

“Sim, Senhora” Respondeu educadamente.

“Meu filho fez uma escolha razoável, a essa altura achei que fosse casar com uma meretriz.”

Esme pôde sentir o braço de Enjolras que circundava sua cintura a apertar um pouco. Ela tomou sua mão e começou a acariciá-la para tentar acalmá-lo.

Como que no momento certo, a tia de Esme chegou puxando assunto com os pais de Enjolras, os afastando dos noivos.

“Adoráveis.” Esme suspirou, irônica. Enjolras soltou a respiração que ele nem havia percebido que havia prendido.

“Pois é.” Concordou.

O casal se dirigiu então para a mesa onde estava a maioria de seus amigos e novamente foram parabenizados, porém dessa vez Esme tinha certeza de que eram sinceros.

Os dois passaram um bom tempo conversando até uma pequena orquestra começar a tocar uma valsa. Esme estava cansada porém sabia que não seria socialmente aceitável a noiva não valsar em seu próprio casamento. Juntando toda a força de vontade que tinha, ela se levantou e puxou Enjolras com ela, o levando para o centro do salão.

Perto deles, Cosette tentava dançar com um Marius de muletas e Eponine e Montparnasse dançavam de uma forma desengonçada já que não estavam acostumados com a dança.

“Eu odeio valsa” Admitiu Esme. Enjolras riu, a girando.

“Eu também. Minha mãe me forçou a ter aulas de dança quando eu era criança”

Esme franziu as sobrancelhas.

“Seus pais parecem bem rígidos.”

“E são. É um dos motivos pelos quais resolvi ir embora.”

“Pensei que tinham te expulsado de casa?”

Enjolras revirou os olhos.

“É o que gostam de dizer às pessoas. Eles não tinham coragem de mandar o único herdeiro embora, então eu mesmo resolvi sair por conta própria.” Respondeu.

“Então...o anel de noivado é de sua família?” Perguntou. Enjolras sorriu.

“Está na família Enjolras há muitas gerações. Foi de minha avó antes de meu pai se casar com minha mãe. Eu amava aquela mulher mais do que tudo, então achei justo que você tivesse o anel também.”

Esme corou.

“Eu te amo” E o beijou.

O casal foi interrompido por alguém pigarreando atrás de Esme, Enjolras ficou sério e se afastou dela. Ao se virar, viu que era apenas Grantaire.

“Será que poderia ter uma dança com a noiva?” Perguntou estendendo a mão. O olhar da menina foi de Enjolras para Grantaire e ela pegou sua mão.

“Claro!” Respondeu.

Os dois começaram a dançar.

“Está realmente muito bonita Esme” Ela sorriu.

“Consigo me arrumar de vez em quando”

Ficaram em silêncio por um tempo.

“Eu queria me desculpar pelo meu surto mais cedo. Eu estava fora de mim. Estou a muito tempo sem beber e isto tem afetado meu humor.” Disse o moreno.

“Tudo bem, eu te perdoo” Respondeu.

Grantaire de repente a puxou para um canto mais vazio do salão, onde não fossem chamar tanta atenção.

“O que foi?” Perguntou.

“Eu preciso conversar com você”

Esme podia ver no olhar de R que ele estava nervoso.

“Eu estive pensando, depois de nossa...discussão na carruagem mais cedo...eu acho que vou embora da cidade.”

Esme ficou em choque.

“O que? N-não! Por que?” Perguntou, atropelando as palavras.

“Você vai sair da mansão Pontmercy hoje, todos os Amis terão que retornar às suas vidas normais, eu não sei se vou ter ainda um lar.”

Nesse momento os olhos da menina se enchiam de lágrimas.

“Mas não é só isso, é?” Perguntou.

“Eu não posso continuar vivendo aqui como se nada tivesse acontecido entre a gente. Não enquanto eu ainda tenho sentimentos por você. Preciso de tempo.” Ele coçou o pescoço.

“Acabei conversando com um de seus convidados e ele mencionou que queria quadros para sua mansão. Disse que ofereceria bastante dinheiro.”

“Onde é?”

“Bourges”

Esme acariciou seu rosto.

“É tão longe e...e essa criança?” Perguntou. Grantaire fungou, seus olhos ficando marejados também.

“Eu irei visitá-los, prometo.”

Esme o abraçou com força.

“Não está tomando uma decisão precipitada?” Perguntou contra seu peito.

“É melhor assim.”

Pelo canto do olho, Esme viu Jehan se aproximando dos dois, então tratou de se separar rapidamente de Grantaire.

“Está tudo bem com vocês dois? Vocês sumiram.” Perguntou.

Esme suspirou e abriu um sorriso forçado.

“Está, eu...vou procurar Enjolras”

E saiu de perto dos dois, voltando para a mesa.

Durante o resto da comemoração, Esme ficou aérea, enquanto seus amigos conversavam animados, ela apenas concordava, sem prestar muita atenção no assunto. De vez em quando ela trocava olhares com Grantaire do outro lado da mesa e ele rapidamente desviava o olhar.

Quando já estava próximo do anoitecer, grande parte dos convidados já havia ido embora. Montparnasse havia ido deixar Eponine e os irmãos em casa e Joly, Bossuet e Musichetta haviam voltado para o apartamento que dividiam.

Enjolras pegou na mão de Esme.

“Acho que está na hora de irmos também.”

Os Pontmercy possuíam um pequeno (para o padrão da aristocracia) casarão que havia pertencido a um parente distante situado próximo ao Château de la Muette e segundo Monsieur Gillenormand, seria o lugar perfeito para os recém-casados começarem sua nova vida juntos.

 O casal se despediu dos amigos, que também logo iriam voltar para suas vidas de antes das barricadas. As malas de Esme já haviam sido preparadas e estavam em uma carruagem pronta para levá-los para seu novo lar. Durante a semana Enjolras havia ido até seu antigo apartamento e arrumado suas coisas.

Os dois entraram na carruagem e não demoraram muito para chegar na nova casa. Esme não entendia a necessidade de um casarão tão grande para apenas duas pessoas e alguns empregados, mas seu avô havia insistido.

“Sinceramente, preferia meu apartamento.” Murmurou Esme encarando a construção ao sair da carruagem.

“Deixe de ser mal-humorada” Brincou Enjolras.

“Bem...é isto. Acho que é hora de consumar o casamento, não?”

Enjolras deu um sorriso travesso e a pegou no colo, deixando Esme surpresa.

“O que está fazendo??” Perguntou rindo enquanto se agarrava em seu pescoço.

“Se é pra ser o estereótipo de casal romântico, vamos fazer isso direito” E adentrou a casa chutando a porta, fazendo Esme gargalhar.


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