Doux Apollo et sa muse escrita por Laëtitia


Capítulo 23
Chapitre Vingt-Trois




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Chegaram rapidamente até a casa de Eponine, claro que nesse tempo Enjolras muitas vezes teve que puxar Esme para impedir que a menina fosse atropelada por carruagens. As ruas estavam relativamente vazias, como que de luto pela revolução que acabou não dando certo.

Chegando no apartamento, Esme bateu na porta e foi recebida por um rosto familiar.

"...Montparnasse." Cumprimentou seca o rapaz, que a olhou de cima a baixo e depois fez o mesmo com Enjolras, que revirou os olhos.

"O que querem?" Perguntou pela pequena fresta da porta por onde apenas dava para ver seu rosto.

"Precisamos falar com Eponine" Disse Esme. Montparnasse olhou para algo do lado de dentro do apartamento mas não fez menção de deixá-los entrar.

Esme, completamente sem paciência, empurrou a porta até que ela se abrisse completamente e entrou sem cerimônias, Enjolras seguindo logo atrás.
Eponine estava deitada em seu colchão, ela vestia uma camisa larga e por debaixo dava para ver ataduras envolvendo seu abdomen. Ela estava pálida porém parecia estar melhor do que da última vez que Esme a havia visto sendo carregada para longe das barricadas.

Esme se ajoelhou ao seu lado e passou a mão sobre seus cabelos.

"Como se sente?" Perguntou. Eponine abriu um pequeno sorriso, chegando mais perto do calor emanado pela mão da amiga.

"Bem melhor, ontem mal conseguia respirar" Disse com a voz rouca. Esme sentia pena da amiga mas suspirou aliviada que ela estava se sentindo melhor.

"Fico feliz que esteja bem." Eponine olhou no fundo de seus olhos e franziu as sobrancelhas.

"E você? Como está? Posso ver que algo a preocupa."

Esme respirou fundo e começou a contar tudo que havia acontecido nos últimos 2 dias, do momento que chegaram a mansão Pontmercy até aquele exato instante.

Ao fundo Montparnasse deu uma pequena risada sarcástica.

"...e eu pensando que minha vida era complicada." Enjolras que até o momento estava ouvindo atentamente a conversa das meninas virou para o criminoso e fechou o rosto.

"E o que faz aqui mesmo?" Perguntou. Montparnasse deu de ombros.

"Cuidando da dama. Monsieur e Madame Thenardier foram ao que restou das barricadas recolher objetos de valor dos revolucionários caídos. Tem sorte de não ser um deles"

Enjolras se levantou furioso porém Esme pôs a mão em seu braço, tentando acalmá-lo e se virou para Eponine.

"Ele cuidou bem de você?" Sussurrou. Ponine sorriu.

"Por incrível que pareça sim. Ele não estava sendo tão desagradável até vocês chegarem. Posso até dizer que ele estava sendo educado, pode acreditar?" Riu, antes de começar a ter um ataque de tosse, atraindo a atenção de Montparnasse que prontamente estava ao seu lado, a ajudando a se sentar, a menina retribuiu a ajuda segurando a mão do rapaz.

Enjolras e Esme trocaram um olhar desconfiados e abriram um pequeno sorriso cúmplice.

"Tudo bem, vamos deixar os dois sozinhos mas primeiro queremos sua ajuda, Eponine"

"Pode falar, eu acho que devo algo a vocês, salvaram a minha vida" Respondeu.

"Queremos fazer uma surpresa a Marius. Sabe onde a menina Cosette mora?" Perguntou.

Eponine explicou que Cosette e seu pai haviam saído da mansão onde moravam mas que tinha o endereço de onde estavam hospedados até sairem do país.

"Obrigada 'Ponine, você é um anjo" Esme beijou a bochecha da amiga e se despediu, puxando Enjolras consigo.

Os dois atravessaram Paris quase inteira a pé, chegaram em frente ao endereço que Eponine havia dado e estavam com falta de ar.

"Ao voltarmos à mansão, vamos de carruagem. Por favor" Pediu Enjolras tentando recuperar o ar. Esme que também estava bem cansada apenas concordou com a cabeça, secando o suor da testa com a manga do vestido.

Dessa vez foi Enjolras quem bateu na porta. Esme estava nervosa e com medo de já terem partido e terem andado tanto por nada. Não demorou muito e ouviram alguém se aproximar da porta.

"Quem é?" Perguntou uma voz masculina que soava terrivelmente familiar.

"Er...Julien Enjolras senhor, e Esme Pontmercy. Gostaríamos de falar com a senhorita Cosette" Disse. O homem por detrás da porta bufou.

"Não há ninguém aqui com esse nome, vão embora" Respondeu. Esme abaixou a cabeça, achando que era isso, vieram ao lugar errado.

Quando já estavam quase indo embora, ouviram o que parecia uma discussão dentro do apartamento entre o homem e uma voz feminina. A porta então foi destrancada e aberta. Uma menina que não parecia ser mais jovem que Esme saiu, uma expressão de curiosidade em seu rosto.

"Eu sou Cosette. Vocês disseram...Pontmercy? Conhecem Marius?" Perguntou. Esme sorriu.

"É meu irmão."

"E como ele está? Fiquei sabendo que ele lutou nas barricadas! Ele está bem? Está machucado??" Perguntou preocupada. Esme segurou suas mãos para acalmá-la.

"Ele está bem, foi ferido porém está se recuperando"

"Oh, graças a deus! Achei que nunca mais fosse vê-lo" Disse com lágrimas nos olhos.

"É sobre isso que queríamos falar com a senhorita, queríamos saber se não gostaria de lhe fazer uma visita. Tenho certeza de que ele se recuperará bem mais rápido com a sua presença" Disse Enjolras, que até o dado momento havia permanecido calado.

"Ela não vai a lugar algum" Veio uma voz do lado de dentro do apartamento. Um homem se dirigiu em direção a porta. Devia ser o pai de Cosette.

Esme o analisou bem e reconheceu seus cabelos grisalhos e grande porte. Ela já havia visto aquele homem antes.

"O senhor...de onde o conheço?" Perguntou Enjolras franzindo as sobrancelhas.

Logo algo estalou no cérebro de Esme.

"O senhor é o voluntário. Estava nas barricadas quando fomos atacados!" Gritou. Cosette se virou para o pai espantada.

"É verdade? Papa, por isso desapareceu há algumas noites?" Perguntou. O senhor suspirou.

"Sim, é verdade. Descobri que o menino Pontmercy e minha filha haviam trocado juras de amor e ao saber que ele iria lutar...eu precisava vê-lo. Então me juntei aos revolucionários" Explicou.

Cosette enlaçou seus braços na cintura do pai e o abraçou com força.

"Papa, Marius está ferido, por favor deixe-me vê-lo!" Pediu, lágrimas escorrendo pelo seu rosto. O homem estava pensativo.

"Não posso querida, é perigoso" Tentou explicar, mas Cosette se afastou, com raiva.

"Por favor! Ele acha que nunca mais nos veremos, deve estar sofrendo tanto. Por favor, papa, por favor!" Implorou.

Enjolras e Esme se sentiram extremamente mal pela menina. O senhor respirou fundo e balançou a cabeça.

"Tudo bem! Eu deixo você vê-lo. Mas quero ela de volta antes do anoitecer" Disse para o casal, que apenas assentiram. Cosette deu pulinhos de alegria e beijou a bochecha do pai.

Os três então chamaram uma carruagem na rua e foram em direção a mansão Pontmercy. Cosette passou o caminho inteiro com um sorriso de orelha a orelha. Esme olhou para a menina e deu uma risadinha.

Chegaram na mansão e os dois levaram Cosette até a porta do quarto de Marius. Esme bateu.

"Marius? Está sozinho?" Perguntou.

"Estou sim." Respondeu lá de dentro.

"Está apresentável?"

"Hm...acho que sim? Por que quer saber? Vamos receber visitas?" Perguntou. Esme abriu a porta e empurrou Cosette em direção ao quarto.

"Temos uma surpresa para você" Disse fechando a porta atrás de Cosette.

Enjolras e Esme resolveram deixar o casal a sós.

Os dois foram para o jardim para uma caminhada, na tentativa de fugir da tia de Esme e dos preparativos para o casamento.

"Será que estamos fazendo a coisa certa?" Perguntou a menina ao se sentarem em um banco. Enjolras segurou suas mãos.

"A que se refere exatamente?"

"Tudo. E se vovô descobrir a gravidez? E que o filho não é seu?" Perguntou preocupada. Enjolras beijou sua bochecha.

"Vai dar tudo certo. O bebê terá que nascer com uma garrafa de licor na mão para provarem que é de Grantaire" disse, fazendo a menina rir.

"Deve estar de muito bom humor para estar fazendo piadas"

Ele sorriu, olhando para o horizonte.

"Estou. A revolução falhou mas...ao menos estamos vivos, um tanto danificados, mas vivos"

Esme sorriu.

"Então...seu nome é Julien?" Perguntou.

"Não achava que meu nome era apenas Enjolras não é?" Respondeu com um sorriso brincalhão no rosto.

"Engraçado, tive uma conversa parecida com Grantaire"

Enjolras soltou uma gargalhada. Era um som contagiante que fazia Esme querer rir também.

"Então descobriu o segredo de Camille?"

Esme assentiu.

"Ele sugeriu este nome para o bebê." Disse. A expressão de Enjolras mudou.

"Nem pensar" Ficou sério por um minuto porém se pôs a rir novamente.

Os dois foram interrompidos por uma voz os chamando por uma das janelas do primeiro andar da mansão. Era a tia de Esme.

"Esme querida, venha escolher os convidados para o casamento, precisamos enviar logo os convites"

A menina bufou e puxou Enjolras junto com ela.

"Preciso de apoio moral"

Chegaram na sala de estar sendo recebidos pela senhora, que estava sentada com um caderno e um lápis.

"Sentem-se queridos, isto vai demorar."

Realmente demorou. A tia de Esme citou os nomes de todas as famílias influentes na França, que em sua grande maioria, Esme se recusou a convidar. Sua tia com muito desgosto colocou os nomes dos Amis de l'ABC na lista.

"Acho que é isto então" Disse, fechando o caderno. Esme então se recordou de algo.

"Espere, faltam alguns nomes" Disse. Sua tia abriu o caderno novamente e esperou a menina falar.

"Cosette Fauchelevant e seu pai"

"Não os conheço. Quem são? Tem dinheiro?" Esme revirou os olhos

"Eles moram em uma mansão na Rue Plumet, Marius está cortejando a moça. Na verdade, ela está aqui hoje, conversando com ele"

Isso atraiu a atenção da senhora Pontmercy que sorriu.

"Muito bem. Isso é tudo..."

"Espere! Falta mais gente" Completou Esme. Enjolras a olhou curioso.

"E quem seriam?"

"Eponine, Azelma e Gavroche Thenardier. Ah, e...Montparnasse, não sei seu primeiro nome." Disse nervosa.

"Também nunca houvi falar, esses nomes me soam bem estranhos." Esme respirou fundo.

"É porque não são ricos" Respondeu. Sua tia a olhou desconfiada.

"Não são ricos...qual o nível de renda que estamos falando?"

"Nenhuma. Eles não tem dinheiro algum"

"De jeito nenhum!" Exclamou.

"Mas tia..."

"Eu aceito seus amigos deserdados, mas mendigos? Ratos de rua? Não entram nessa casa jamais! Não creio que se misturou com essa ralé"

Esme se irritou.

"Fala como se fosse melhor que eles! Você não faz ideia do que eles passam"

"Não me importa, você não irá convidá-los"

Os olhos da menina se encheram de lágrimas de ódio. Enjolras resolveu intervir.

"Se Esme não puder convidar todos que quiser, então pode cancelar o casamento. Me recuso a me casar se minha noiva não tiver a presença de todos os seus amigos"

Esme pode ver uma pulsando na testa de sua tia.

"Façam o que quiserem, mas vocês ficam responsáveis por eles aqui. Se eu encontrar uma coisinha fora do lugar, mando prendê-los"

Esme concordou e Enjolras apertou a mão da Senhora Pontmercy.

"Perfeito"


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