Potterlock - A Pedra Filosofal escrita por Hamiko-san


Capítulo 2
O corredor proibido




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 John sabia que estava com grandes chances de chegar atrasado para a aula de poções nas masmorras, tudo porque aquela escola era um verdadeiro labirinto. E pra piorar, a escada pela qual ele subia às pressas resolveu mudar de lugar justamente naquele minuto.

— Mas que droga!

Dane-se. Precisava chegar logo à aula de poções. Ouvira os veteranos comentarem que o professor Severo Snape não tolerava atrasos e quando resolvia eleger um aluno para infernizar, fazia isso até o dia da formatura, isso se a vítima não resolvesse pedir expulsão antes. John ajeitou a capa com forro interno vermelho e brasão da Grifinória e continuou correndo. Estava tão apressado que acabou se esbarrando com alguém que andava apressadamente pelo corredor perpendicular. Por pouco não caíram no chão, embora a colisão tivesse machucado ambos.

— Ops! Desculpe. - Ergueu as sobrancelhas ao perceber quem era - Holmes!

— Sherlock. E acho que você ficou tão maravilhado com a escola que se esqueceu de olhar por onde anda.

— Desculpe, é que preciso ir pra aula de poções.

— Hn. Estou indo pra lá também.

— Está atrasado?

— Bom saber que deduziu isso sozinho. Vamos.

Seguiram o caminho apressadamente e até tentaram ser discretos ao abrirem a porta de madeira, mas o ranger das dobradiças fez o professor parar a explicação e lançar um olhar mortífero a eles. Severo Snape tinha cabelos pretos oleosos, um nariz adunco e uma expressão de quem queria se deliciar torturando calouros.

Ele cruzou os braços e mirou os recém-chegados com desprezo:

— Atrasados.

— Desculpe. – Pediu John – Foi a escada.

— O senhor Watson não teria problemas com a escada se tivesse saído mais cedo. E qual é a sua desculpa, senhor Holmes?

— Digamos que aquela geringonça que os trouxas chamam de despertador é frágil demais. Quem diria que um exemplar de "Hogwarts, uma história" foi o suficiente para silenciar aquilo?

Snape crispou os lábios:

— Parece que estamos diante de alguém que se dá ao luxo de não sair da cama. Vejamos, Holmes, o que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó a uma infusão de losna?

— A poção do morto-vivo. - Rebateu.

Silêncio sepulcral.

John mirou Sherlock com os olhos arregalados. Não só ele. Todos da classe estavam abismado. Até o próprio Snape se viu desarmado.

— Sentem-se agora. - Ordenou entredentes.

Os dois rapazes se sentaram na primeira mesa com dois lugares que encontraram. Quando o professor virou-se de costas para continuar explicando sobre a poção Wiggenweld, John sussurrou para Sherlock:

— Isso foi incrível!

— Deixe pra me elogiar depois ou a próxima pergunta será pra você e duvido que conseguirá respondê-la.

— Ok, ok...

John voltou sua atenção para frente e não pôde deixar de notar um rapaz de olhos pequenos, um pouco juntos, e cabelos escuros, penteados pra trás, mirar Sherlock por cima do ombro. Era da Sonserina e sussurrava alguma coisa para uma colega da mesma casa.

Em outra mesa, Sally olhava para John discretamente e depois sacudia a cabeça, comentando alguma coisa com Henry. O jovem Watson quase podia ouvi-la dizer "ele vai se dar mal andando com aquele esquisito".

Depois da explicação, todos pegaram seus respectivos caldeirões para tentar fazer a poção.

"Adicionar cinco espinhas de peixe-leão. Aquecer até a poção ficar amarela. Adicionar mais cinco espinhas de peixe-leão..."

Talvez John não fosse muito bom em cores, pois deixou para adicionar mais espinhas quando julgou que tinha atingido essa coloração, e, no fim, não obteve o resultado esperado. Colocou o muco de verme-cego e mexeu a poção esperando que ela fosse ficar vermelha, conforme dizia o livro. Depois era só adicionar mais muco de verme cego e o sangue de salamandra.

No final a poção deveria ficar verde.

A de John estava rosa berrante.

— Eu deveria mandá-los beber o que acabaram de fazer pra ver o que acontece. - Disse Snape e boa parte dos alunos ganharam um tom esverdeado na face.

O rapaz olhou para o caldeirão de Sherlock ao seu lado. A poção estava claramente verde. O professor também reparou isso ao passear de caldeirão em caldeirão para ver os resultados, mas ignorou e foi para perto de outras mesas.

No final fez o anúncio:

— Moriaty se saiu bem. Vinte pontos pra Sonserina. Estão dispensados e quero que todos façam um trabalho acerca dos efeitos da poção Wiggenweld em contato com a poção do morto vivo. Um metro e meio de pergaminho sobre isso.

 ~O~

 

— Isso foi injusto! - Bradou John indignado, já fora da sala - Você também conseguiu! Eu vi!

— O mundo não é justo. Não acho que vou ganhar um único ponto do professor Snape depois do dia de hoje, então tudo o que me resta a fazer é colaborar pra não perder os que eu puder ganhar nas outras disciplinas. - Sherlock sorriu travessamente para o nada - Isso deixa as coisas mais interessantes, não?

— Só na sua cabeça.

Pararam de andar quando viram, no meio do caminho, o sonserino que outrora mirava Sherlock. Junto dele estava uma garota ruiva, de olhos claros e com os cabelos presos em duas tranças. Ela olhava para o aluno da Corvinal como quem observa um espécime raro.

John não foi com a cara de nenhum deles.

— Bem que estavam falando sobre você. - O desconhecido sorriu arrogante - O irmão do Mycroft.

Sherlock revirou os olhos:

— O Ministro da Magia andou esbanjando sua fama para os calouros?

— Tudo bem. Ele não parece tão interessante quanto você. Jamais desafiaria um professor.

— Eu não desafiei. Só respondi uma pergunta.

— E perdeu todas as chances que tinha de ser o melhor aluno de poções só pra mostrar que sabia a resposta.

Jim colocou as mãos nos bolsos do casaco e se aproximou de Sherlock. Olhou o aluno da Corvinal da cabeça aos pés, com certo interesse.

Mesmo tão próximo, o garoto Holmes parecia impassível.

— Meu nome é Jim Moriaty. Aquela é Kitty Riley. E sabe... Gostei de você. Podemos ser amigos.

— Eu não sou muito amigável.

— Eu sou paciente. - Jim sorriu e deu meia volta.

John viu os sonserinos indo embora pelo corredor e carregava uma expressão nada amigável no rosto.

— Ele é irritante. – Resmungou. – É verdade que aquele-que-não-deve-ser-nomeado pertencia a casa deles?

— Então você também não fala o nome de Voldemort?

— Ah. O nome dele é Voldemort. – Riu – E eu que achei que o nome não devia ser pronunciado.

— Por que ter medo de um nome? Se é que isso é um. Não acho que alguém daria um nome desses ao filho, a menos que tivesse tomado três garrafas de hidromel. Acho que é um anagrama. Enfim, Voldemort estudou na Sonserina.

— E esse cara é alguma espécie de herói pra eles?

— Pra alguns sim. Pra outros ele é só uma mancha ruim.

Dois alunos da Lufa Lufa que saíram da sala de poções se aproximaram da dupla. Um deles era um rapaz sorridente, com cabelos loiros acinzentados, bem penteados. A outra era uma moça de cabelos loiros, presos numa única trança, e um sorriso tímido.

— Hei, Sherlock! Ganhou um novo inimigo? – O garoto cumprimentou.

— Vocês se conhecem? - Perguntou John.

— Sim, nossos pais são amigos dos pais dele e dos da Sally. Eu sou Greg Lestrade. Essa é Moly Hooper.

— Prazer. – Cumprimentou ela, sorrindo nervosa.

— O prazer é meu. Meu nome é John.

— Sally disse que você se atrasou por causa do Sherlock. - Lestrade falava entretido.

— Na verdade foi a escada...

Molly cobriu a boca ao soltar uma risada:

— Acho que você logo se acostuma. - Em seguida olhou para Sherlock - Foi muito interessante a sua resposta ao professor Snape. Como sabia os ingredientes?

— Gosto de poções.

— Ah. Eu mal espero para ter aulas de herbologia. Mesmo que muita gente não veja graça nisso.

— Eu gosto de herbologia. Alguns tópicos são interessantes, como o óleo das mandrágoras contra petrificação.

Molly sorriu para ele deslumbrada:

— Sim... Isso mesmo...

John começou a seguir em frente.

— É melhor eu ir andando antes que me atrase pra aula de Transfiguração também.

 

~O~

 

A professora Minerva McGonagall fazia o tipo severa, mas de alguma forma John via a gentileza em seus olhos (bem diferente de Snape). Começaram com um feitiço simples, chromos, que coloria o alvo apontado. Os alunos testavam o feitiço em seus bichinho e é claro que Sentinela, a coruja de John, não parecia de bom humor depois de ser pintada de azul, amarelo, violeta, verde, vermelho... Todas as cores que John conseguiu aprender, recebendo alguns olhares entretidos de algumas garotas da sala, como Sarah Sawyear, uma caloura da Corvinal.

A próxima aula foi a de feitiços. O professor Flitwick ensinara o feitiço de levitação, a ser treinado com uma pena, e os primeiros que conseguiram mostrar resultado foram Sherlock e Jim, quase ao mesmo tempo, recebendo vinte pontos cada um para as suas respectivas casas.

Nesse momento John percebeu que Moriaty lançara um olhar de extremo interesse ao aparente rival. Quase um flerte.

— Parece que Sherlock ganhou um amigo. - Comentou Sally para o Watson.

— Ele disse que não era muito amigável.

— Isso não é novidade. Mas nunca se sabe quando um esquisito vai encontrar o outro esquisito. Quem sabe até a formatura esses dois já estejam bem próximos.

John olhou para os dois novamente.

— Ah, sim. Falando em ser próximo - mudou de assunto, voltando-se para a colega - você conhece Greg e Sherlock há muito tempo?

— Nossas famílias tem uma história juntas.

— Hm...

No dia seguinte os alunos tiveram a primeira aula de voo, que logo seria a favorita de John. A professora era a senhora Rolanda Hooch, com porte altivo, olhos claro e penetrantes e cabelos prateados. John foi rápido em fazer sua vassoura obedecê-lo. Idem com Moriaty, que pareceu falar com a sua como quem fala com um capacho. Sherlock também não apresentou dificuldades, mesmo que a vassoura dele quase acertasse sua cara na subida.

A lição seguinte foi uma corrida. Para alguns, como Molly, era um desafio se manter no ar. Mas para John não era problema. Treinara com a vassoura abandonada de Harry durante as últimas semanas das férias de verão e até conseguia fazer algumas piruetas no ar.

No final das contas, Sally e John ganharam a corrida e mais dez pontos para a Grifinória cada um.

O resto do mês se passou de forma estressante e com uma avalanche de trabalhos jogada pelos professores. Isso resumiu as opções de John a apenas dois lugares durante o intervalo: O salão comunal e a biblioteca. Tinha que confessar que fazer um relatório com um metro de pergaminho sobre a guerra dos duendes só não era pior que dissertar sobre todas as teorias acerca de que espécie pertencem as múmias e as esfinges.

Era nas suas idas à biblioteca que encontrava Sherlock de vez enquanto, com uma pena na mão e rodeado por uma pilha de livros. Durante o café da manhã, sempre o via lendo as edições do Profeta Diário. Em todas essas ocasiões, evitava falar com ele para não atrapalhá-lo.

Um dia o encontrou numa situação bastante peculiar. Perambulava pelos corredores com os cabelos bagunçados e o rosto sujo de fuligem.

— O que houve com você!?

— Fui expulso do dormitório até a hora de dormir só porque causei uma explosão enquanto testava algumas dicas de poções.

— Mas... Isso fazia parte de algum trabalho de poções?

— Claro que não.

— Então por que fez isso?

— Tédio! Esses professores deveriam ter passado mais trabalhos! Minha mente quase não está se exercitando!

John estava incrédulo:

— Você é louco? Eu nem sei como fazer os meus deveres!

— Não? Ah, que bom, eu lhe ajudo. Vou induzir você a usar o seu cérebro e quem sabe assim disperso as energias do meu.

E no fim das contas, John conseguiu terminar todos os trabalho passados pelos professores.

 

~O~

 

Finalmente outubro chegou.

John terminou de devolver o último livro. Estava satisfeito por não haver nenhum trabalho e agora tinha tempo para passear pelo castelo e quem sabe conhecer algumas salas novas, ou pessoas novas.

O dia estava frio. A brisa invadia as janelas e deixava os corredores com um clima agradável.

Foi num desses corredores do quarto andar que viu as costas de um Sherlock distraído. Notou que o jovem olhava para o nada, e andava como se estivesse perdido e desmemoriado.

Preocupado, John imediatamente o alcançou, pousando a mão em seu ombro.

— Sherlock?

— Hn? Oi.

— Estava andando de uma forma estranha... Tá tudo bem?

— Ah, sim. Eu só estava pensando na invasão do Gringotes.

— E por que está pensando nisso?

— Porque eu estava começando a ficar entediado.

Sally não estava errada. Aquele rapaz era mesmo estranho.

— E... Hm... Chegou a alguma conclusão?

— Talvez. E se os invasores tentaram roubar algo, mas esse algo não estava lá?

— Disse que o Ministério da Magia pode ter movido os pauzinhos.

— Essa é outra hipótese.

John começou a descer as escadas, sendo seguido pelo rapaz.

— Acha que pode descobrir o que aconteceu? - Perguntou ao corvino.

— Eu não estou perto do local dos fatos. Seria mais fácil se os aurores me consultassem.

— Modesto você, heim?

De repente a escada se deslocou de forma brusca e Sherlock deu um solavanco para frente, agarrando-se instintivamente aos ombros de John para não cair, enquanto ele se segurava no corrimão.

Quando a escada finalmente encontrou um lugar pra parar, John fez uma careta.

— Mas que droga! Por que essas escadas ficam se movendo? Digo, quem teve essa ideia de gerico?!

— Desconfio do senso de humor dos fundadores desse colégio. - Respondeu o outro coçando a cabeça depois de se soltar e continuar descendo - Vamos procurar um modo de voltar a... O que ia fazer?

— Nada. Eu só estava conhecendo a escola.

— Sério?! Como consegue manter sua mente tão improdutiva?

— Acho que você me ofendeu.

Os dois começaram a caminhar pelo corredor.

De repente um mal pressentimento, e depois disso, um fantasma. Ou quase. Ele era relativamente jovem, tinha rosto malandro e os olhos maníacos: Pirraça, o poltergeist. Quando viu os dois jovens, abriu o maior berreiro:

"ALUNOS NO ANDAR PROIBIDO! ALUNOS NO ANDAR PROIBIDO!"

John ficou instantaneamente pálido:

— Sherlock, não devíamos estar aqui!!

— Ele vai avisar ao Filch! - Puxou John pelo pulso para correrem dali.

"O que está acontecendo, Pirraça? Onde estão os alunos?" Ouviram a voz do zelador ao longe, e Sherlock só teve a reação de sacar a varinha e apontar para a fechadura mais próxima:

 Alohomora!

Ouviu-se um clique e a porta foi aberta. Os dois entraram e a fecharam sem pensar duas vezes.

— Ufa... Essa foi por pouco. - John acabou rindo aliviado.

— Oh-ou...

— O que foi?

A resposta foram rosnados.

Acorrentado no meio da sala vazia, um cão de três cabeça começou a latir e a avançar neles. O grito dos dois alunos saiu de forma involuntária e o sangue de ambos gelou. John, instintivamente, colocou-se na frente de Sherlock e o esperou abrir a porta para os dois finalmente saírem. Em seguida correram gritando até descerem aos trancos e barrancos pela escada mais próxima.

Quando chegaram ao andar de baixo, encostaram-se na parede e deslizaram até o chão, ofegantes e suando frio.

— Esses caras querem nos matar!! - John bradava nervoso - É a única explicação pra isso!

— Você não viu o que estava abaixo das patas dele?

— Patas!? Tinha três cabeças, Sherlock!

John permaneceu ofegante, e num ato quase involuntário, deslizou o corpo para o lado e descansou a cabeça no ombro do rapaz. Não percebeu que isso fez o companheiro desistir de continuar debatendo e fechar a boca, abraçando os próprios joelhos.

Sherlock olhou para cima e permaneceu mergulhado em seus pensamentos. Agora entendia claramente o aviso de Dumbledore, sobretudo a parte da "morte dolorosa". É por isso que detestava agir sem pensar.

— O que tinha abaixo das patas do cão afinal? - John finalmente perguntou.

— Um alçapão. Tem alguma coisa escondida lá.

Continua


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Notas finais do capítulo

Prontinho.

Como eu disse antes, não esperem que apareça alguns alunos do elenco de HP. Como eu disse, o universo foi adaptado pro povo de SH, tendo somente o elenco adulto fazendo parte.

Espero que tenham gostado. Abraços!