Potterlock - A Pedra Filosofal escrita por Hamiko-san


Capítulo 1
A seleção das casas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/433901/chapter/1

O jovem John Watson acabava de chegar à plataforma 9 1/2 se sentindo um pouco tonto após atravessar a parede. Era a primeira vez que acompanhava sua irmã até o expresso Hogwarts, como também era a primeira vez que entrava nele. Harry e John Watson tinham olhos claros e cabelos loiros. Os dela eram amarrados num rabo de cavalo e os dele bem cortados num estilo militar.

Uma coruja bufo real piava dentro da gaiola cilíndrica e preta enquanto um gato rajado roçava nas pernas do menino e olhava cobiçosamente para a ave.

— Parece que Tadeu quer lanchar algo especial hoje. - Harry provocou.

— Pelo visto ele quer virar um tamborim também.

— Você não sabe nem levitar uma pena, quanto mais transfigurar.

— Como se eu precisasse de mágica pra isso.

De repente a garota tirou a varinha do bolso da calça e apontou para o irmão:

— Faça mal ao Tadeu e eu o transformo num sapo.

— Então torça pra eu não voltar ao normal ou transformarei sua varinha em hashis.

— Ui... Está metido a valentão?

John riu:

— Cresça, Harry.

Ela guardou a varinha e seguiu em frente, com o gato no colo. Os irmãos colocaram as coisas no bagageiro e entraram no expresso. John não estava satisfeito com a ideia de ter que dividir uma cabine com a irmã, mas considerando que não conhecia ninguém e era um perfeito novato no mundo da magia, não tinha outra escolha.

A garota olhou para uma cabine em particular e viu outra menina, bem delicada, com cabelos negros, lisos e cortados em chanel.

— É Clara. - Harry empurrou John - Vá procurar outro vagão, perdedor.

— Como se eu estivesse afim de passar horas do seu lado e da sua namorada.

— Cala a boca. Ela não é nada disso.

Harry entrou na cabine e deixou o irmão para trás. Não que isso tivesse incomodado o garoto de onze anos. Ele passeou pelo corredor procurando um vagão vazio e teve certo trabalho. O local estava uma bagunça e todos pareciam se conhecer. Foi procurar um local mais no fundo e então constatou que não havia nenhuma cabine vazia.

Teria que dividir com alguém.

Olhou pela janela de uma em particular. Havia somente uma pessoa dentro. Um rapaz pálido, de cabelos pretos cacheados, olhos muito claros e porte magro. Lia um exemplar do Profeta Diário e parecia concentrado demais nisso.

Os dedos finos folhearam uma página, mas algo o fez parar de ler. Talvez tivesse uma intuição muito boa, pois voltou o olhar para a porta, encontrando John. Em seguida se voltou para a leitura.

John resolveu arriscar.

— Oi. Posso ficar aqui?

— Eu costumo falar comigo mesmo enquanto leio o jornal. Se isso não incomodar você, pode ficar.

— Obrigado.

Ele se sentou no banco oposto.

— Pais trouxas? – Perguntou o desconhecido.

— Como sabe?

— Suas roupas. Calça jeans, bainhas dobradas, camisa com o brasão de uma rede de lojas trouxas famosa...

— Bruxos não deixam os filhos dobrarem as bainhas?

— Sequer usamos esse tipo de calça.

— Oh. Bem, eu sou John Watson.

— Sherlock Holmes. Quer o artigo sobre quadribol? Acho que apesar de ser de família trouxa, você sabe jogar porque seu irmão lhe contou sobre as regras, mesmo que você não se dê bem com ele.

John franziu o cenho impressionado:

— Viu isso nas minhas roupas também?

— Não. Seu cabelo está muito despenteado, mas seu rosto não apresenta sinais de cansaço. Não acordou agora e andou pegando muito vento. Mora com trouxas, então não andou de carro voador. Estava numa vassoura. Além disso você está cheio de calos nas mãos. Andou muito de vassoura durante as férias. Calouro, filho de família trouxa que aprendeu a voar recentemente numa vassoura? Aprendeu com alguém que estuda aqui. Um irmão, provavelmente. E mesmo tendo um resolveu dividir o vagão com um completo estranho. Não se dá bem com seu irmão.

John piscou várias vezes, talvez tonto com tanta informação:

— Isso... Foi incrível!

Sherlock desviou os olhos do jornal para o garoto:

— Você acha?

— Claro! E você nem usou magia!

O rapaz do rosto pálido voltou seu olhar para o Profeta Diário e mordeu o lábio inferior ao fazê-lo:

— É a primeira vez que alguém me diz isso.

— O que costumam dizer?

— ..."Se manda".

Dessa vez John abafou uma risada que escapou pelo nariz.

Distraidamente, o olhar do Watson recaiu na matéria de capa do jornal. Na foto principal havia um cofre aberto com vários duendes fazendo uma investigação. Acima, o título "GRINGOTES INVADIDO" e uma notinha abaixo: "Leia mais na página 4".

Provavelmente era a página que o tal garoto estava lendo.

— "O que pode ter acontecido?", você deve estar se perguntando. - Disse o menino Holmes, levantando o jornal e acabando por esconder o rosto.

— Harry me disse que Gringotes era impenetrável.

— Então o nome do seu irmão é Harry?

— Irmã. Harry é o diminutivo de Harriet.

Sherlock baixou o jornal rapidamente.

— Harry é uma menina?

— O que será que aconteceu lá?

— Menina! Tsc! Sempre tem alguma coisa! - Dobrou o jornal no colo e cruzou os braços - Gringotes não é tão impenetrável assim. Dizem que não roubaram nada, mas devem ter roubado. Ninguém se arriscaria a enfrentar a segurança dos duendes só pra dar uma volta.

— E falam sobre isso no jornal?

— Não. O Ministério da Magia deve ter movido os pauzinhos. Isso não vai acabar bem. Não acabou bem no passado.

— Passado?

Sherlock encostou-se mais no assento:

— Sua irmã nunca lhe contou a história?

— Quase não conversamos... De uma forma civilizada.

— Hm... Todo mundo diz que há muito tempo um bruxo poderoso matava trouxas, mestiços e todo mundo que não concordava com ele. Muito espalhafatoso, né? Já li alguns jornais da época. Acho que mais gente teria sobrevivido se o Ministro da Magia não tivesse disposto a acobertar tudo com medo perder o cargo.

— Entendo... E o Ministro da Magia é eleito pelo povo?

Ele percebeu que Sherlock o mirou com certo interesse quando encostou a cabeça no vidro da janela.

— Realmente não conversa muito com sua irmã, não é? Você não conhece quase nada. Como sabe sobre quadribol?

— Harry é do segundo ano agora. Nessas férias ela comprou uma vassoura e falou sobre quadribol, mas desistiu. Não leva o menor jeito pra coisa. - Riu.

— Você, por outro lado, parece levar.

John aprumou-se todo:

— Tem alguma coisa em mim que mostre isso?

Sherlock balançou a cabeça e passou a contemplar a paisagem:

— Isso foi só um chute.

 

~O~

 

O expresso Hogwarts passou por mais duas colinas e logo foi anunciado no trem que era hora de colocarem os uniformes. As capas de Sherlock e John eram genéricas, totalmente pretas, já que não pertenciam a nenhuma casa.

O garoto loiro não conseguia disfarçar a sua tensão. Lembrou-se que durante as férias a irmã, empolgada com o mundo mágico, chamava-o de "trouxa" sempre que podia. No fim das contas ela explicou o que a palavra significava, mas John sabia que ela usava o termo para provocá-lo. Então, após duas semanas, uma coruja trouxe sua carta de Hogwarts.

Esperava não parecer realmente um trouxa no seu primeiro ano.

O expresso alcançou seu ponto de chegada e os veteranos puderam logo usar as carruagens para entrar no colégio. Os calouros, por sua vez, tiveram que esperar. Entraram em barcas que flutuaram até o portão e lá encontraram uma professora de idade avançada, porte severo, usando um grande chapéu preto pontudo e uma capa verde-esmeralda.

— Bem vindos, novos alunos. É um prazer recebê-los. Eu me chamo Minerva McGonagall e serei a professora de Transfiguração de vocês. Assim que entrarem, participarão da cerimônia de seleção para ingressar em uma de nossas quatro casas. Grifinória, Corvinal, Lufa Lufa e Sonserina. Todas estão dispostas a recebê-los.

Alguns calouros trocaram olhares e risadinhas empolgados.

Os portões se abriram e os alunos entraram no salão principal. Um lugar amplo, com velas flutuando perto das paredes brancas e um teto com efeito de céu estrelado. Havia quatro mesas retangulares grandes e estandartes de cada casa acima delas.

Pararam antes de uma enorme clareira que separava as mesas dos alunos da grande mesa dos professores. No centro da clareira estava um banco e, em cima dele, um chapéu surrado, remendado e muito desgastado pelo tempo. John teve a leve impressão de ver olhos nas dobras, e até uma boca.

Impressão que logo foi confirmada quando ouviu o chapéu cantar.

Podem guardar seus chapéus-coco bem pretos,

suas cartolas altas de cetim brilhoso

porque eu sou o Chapéu Seletor de Hogwarts

E dou de dez a zero em qualquer outro

Não há nada escondido em sua cabeça

que o Chapéu Seletor aqui não possa ver

por isso é só me porem na cabeça que vou dizer

em qual casa de Hogwarts deverão viver

Quem sabe sua morada seja a Grifinórnia,

casa onde habitam os corações leais

Ousadia, sangue frio e nobreza

destacam esses alunos dos demais

Quem sabe é na Lufa-Lufa que você vai morar

onde seus moradores são justos e amigos

pacientes, sinceros, sem medo da dor

Sempre dispostos a dar abrigo

Ou então será a velha e sábia Corvinal

A casa dos que tem a mente alerta,

Onde os homens de grande espírito e saber

sempre encontrarão companheiros pra vencer

Ou quem sabe a Sonserina será a sua casa

E ali fará seus verdadeiros amigos,

Homens de astúcia que usam quaisquer meios

para atingir os fins que tanto almeijam

Vamos, me experimentem! Não deverão temer!

Nem se atrapalhar! Estarão em boas mãos!

Mesmo que os chapéus não tenham pés nem mãos

Porque sou o único, sou um Chapéu de seleção

Alunos e professores aplaudiram, mas John não conseguiu fazer o mesmo. Estava impressionado demais e, se tivesse entendido direito, quem decidiria para que casa ele deveria ir era um chapéu com poder pra vasculhar toda a sua cabeça.

— Donovan, Sally. - A professora Minerva chamou o primeiro nome.

Uma garota de pele negra e cabelos crespos, agora amarrados num rabo de cavalo, deu um passo a frente, olhou para todos e, em seguida, andou até o banco. O Chapéu Seletor ficou alguns segundos meditando e em seguida anunciou:

— Grifinória!

Ouviu-se aplausos da mesa da Grifinória, o que deixou John mais nervoso.

— Holmes, Sherlock.

John olhou para o rapaz que conhecera no trem. Sherlock parecia uma pessoa apática, ao contrário dos outros calouros. Sentou-se no banco e teve o chapéu seletor colocado na sua cabeça. John conseguiu ver uma expressão naquele pedaço de trapo. E uma expressão que combina com uma grande exclamação.

— Corvinal!!

A mesa dos corvinos aplaudiu a chegada de seu novo membro. John ouvira Harry falar dessa casa. Dizia que as pessoas de lá eram inteligentes, mas também podiam existir alguns lunáticos, já que a linha entre um tipo e outro era muito tênue.

— Hooper, Molly. - Chamou a professora Minerva.

Dessa vez quem se destacou foi uma menina tímida, com seus cabelos loiros bem penteados numa trança. Foi para o centro da clareira e teve o chapéu colocado sobre sua cabeça, que, após pouco tempo, anunciou:

— Lufa Lufa!

Os lufanos aplaudiram ao recebê-lo, inclusive um fantasma gorducho e de aparência amigável.

Outros calouros foram chamados. Knight, Lestrade, Moriaty, Riley, Sawyer e uma lista aparentemente interminável de nomes que só deixavam John cada vez mais nervoso.

— Watson, John.

Finalmente chegou sua vez.

John foi para o banco e pôde ver Harry de longe rindo para Clara, provavelmente fazendo alguma piadinha do irmão. Quando o Chapéu Seletor foi colocado em sua cabeça, ele ouviu a voz do pedaço de trapo ecoar dentro de sua mente.

"Há muita nobreza no seu coração."

"Um sentimento de lealdade muito forte."

"Muita coragem... Algum gosto pelo perigo..."

"Hm..."

E em seguida anunciou:

— Grifinória!

A mesa da Grifinória aplaudiu e, surpreendentemente, Harry parecia satisfeita com isso. John correu para perto do novo grupo e como o seu nome era o último da lista, a cerimônia estava prestes a ser encerrada.

Todos pareciam empolgados com seus novos membros e o falatório encheu o ambiente. Ao menos até o diretor da escola, Alvo Dumbledore, levantar-se e bater delicadamente na taça de vidro com uma colher.

— Sejam bem vindos, alunos. Antes de começarmos com as refeições, tenho alguns avisos pra vocês. Em primeiro lugar, cumprimentem o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Quirrel.

Um homem com turbante cinza azulado levantou-se e fez uma pequena reverência, de um jeito bem desengonçado. Depois voltou a se sentar.

— Agora alguns avisos. A Floresta Negra é área proibida aos alunos. Eu os aconselho a não irem ou o senhor Filch estará autorizado a aplicar-lhes um castigo. - Apontou para o zelador. Um homem maltrapilho e com cara de poucos amigos. - E, por último, é preciso avisar que, este ano, o corredor do terceiro andar, do lado direito, está proibido a todos que não quiserem ter uma morte muito dolorosa.

John engoliu em seco.

— Agora podem comer. – O diretor ergueu os braços e logo as mesas foram cobertas por uma variedade de refeições que fez os olhos dos calouros brilharem.

John não foi a exceção.

— Escola macabra, heim? - Sally puxou conversa com o rapaz antes de comer tortinhas de abóbora.

— Ele não deve estar falando sério.

— Só me dá mais vontade de ir pra esse andar, se querem saber. – Harry se intrometeu na conversa – Mas precisamos nos conter se quisermos que a Grifinória vença a copa das casas esse ano.

— É. Já não basta a surra que levamos da Sonserina ano passado – Lamentou Clara. – Podia ser qualquer casa, menos essa.

— Qual o problema da Sonserina? - Perguntou John.

— Foi dali que saiu... - E logo Clara diminuiu a intensidade da voz - Aquele-que-não-deve-ser-nomeado.

O rapaz sacudiu a cabeça confuso.

— Quem?

— Um bruxo que matou muita gente no passado. - Explicou Harry - Ninguém fala o nome dele.

— Mas por que?

— Porque é uma maldição. – Murmurou um rapaz chamado Henry Knight, de uma forma tão sombria que despertou a atenção dos demais e os fez se calarem – Aquele-que-não-deve-ser-nomeado espalhou as trevas por anos. Não só ele como seus seguidores... Os Comensais da Morte. Pessoas foram torturadas até chegarem à loucura, famílias foram destruídas... Você nunca sabia se estaria vivo no dia seguinte.

Sally fez uma careta:

— Eu era uma criança, mas meus pais também me contavam algumas coisas. Foi um período de caos. Até hoje a mera suposição de que você-sabe-quem pode estar vivo faz as pessoas tremerem de medo.

— Então ele desapareceu? – John começou a se servir de uma boa fatia de carne.

— Ninguém sabe o que aconteceu com ele. Tem gente que diz que ele fez um feitiço mal executado e morreu.

O jovem Watson deu uma olhada na mesa da Sonserina. Por causa do que acabara de ouvir, teve a impressão de que todos daquela casa tinham feições assustadoras.

Então, sem nenhum motivo em particular, seu olhar recaiu nos alunos da Corvinal, em especial Sherlock. O calouro estava conversando com dois ou três alunos. Ou melhor, estava num monólogo. Discorria sobre alguma coisa que fazia uns ficarem com expressão cansada e outros com uma expressão furiosa.

— Deve ser o tal bruxo que o Holmes me falou.

Sally arregalou os olhos:

— Holmes? Andou falando com o esquisito? Acho melhor você não ficar fazendo isso. – E quando viu John formar uma ruga de dúvida, acrescentou - Ele pode ter entrado na Corvinal, mas é o tipo de gente que ficaria muito bem na Sonserina.

— Ele? Mas... Ele não parece...

— É porque você não o conhece. Sherlock não é um garoto como a gente. Você vai vê-lo lendo toda hora o Profeta Diário tentando achar alguma desgraça. E ele se diverte com isso. Tenho quase certeza que se você-sabe-quem estivesse vivo, o esquisito passaria pro lado dele e você seria um dos cadáveres.

— Não pode acusar uma pessoa desse jeito!

— Eu conheço ele há mais tempo. Acredite em mim, ele é um psicopata. Torça pra ele não se entediar. É capaz de matar você só pra sair do tédio.

John olhou mais uma vez para o calouro da Corvinal, que agora estava sozinho, mexendo na comida e com uma cara de quem preferia realmente estar invadindo o banco Gringotes do que tendo que comer qualquer coisa da mesa farta. Agora, era quase um pouco difícil não associar aquela pessoa às palavras de Sally.

Quando a refeição acabou, os alunos caminharam para o dormitório.

Continua


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vejamos, algumas notas:

1 - A fanfic será light. Eu simplesmente vi sobre Potterlock e fiquei com vontade de escrever. Não é necessariamente um crossover porque não terá NENHUM aluno do livro de Harry Potter na história. Apenas o elenco dos professores, diretores, vilões e talz serão os do livro.

2 - Algumas características são do livro. Outras do filme

3 - Sim, a música do Chapéu Seletor não está igual. Alterei porque fica mais fácil ler com a rima

É isso. Se gostarem, comentem