Acordei com os gritos de Érica, desci imediatamente e fiquei parada ao pé da escada. Laura e Bill se mantinham na varanda, Tom estava parado em frente ao sofá, enquanto Kinha andava de um lado para o outro gritando. Logo apareceu Laa, vi Bill a empurrar como se a incentivasse, depois puxou Tom e os dois subiram sem me olhar.

- Desculpa! – Sua voz saiu mais firme, mas as lágrimas ainda caiam de seu rosto.

- Você traiu minha confiança. – Eu disse a olhando.

- E ainda pede desculpas? – Érica foi andando em minha direção.

- Precisamos conversar. – Laura falou com a voz baixa.

- Depois. – Foi a última coisa que Kinha disse antes de subir as escadas correndo, eu desci lentamente os últimos degraus e fui caminhando em direção a cozinha. Laa permanecia parada no mesmo lugar e com pequenos passos foi indo em direção as escadas. Estávamos todas de cabeça quente, cansadas, tristes, magoadas e conversar agora não adiantaria nada. Abri a geladeira e ao sentir aquele vento gelado foi como um alívio.

Depositei o copo que antes estava cheio de água gelada sobre a pia, tentava assimilar tudo que estava acontecendo, mas não conseguia. Só conseguia me perguntar o porquê dela não ter acreditado em nos. Joguei o copo contra a parede como se algum modo fosse aliviar minha raiva, mas o que aconteceu foi ao contrário, só aumentou. Abri o armário e comecei a pegar o que via e tacar na parede, logo já estava exausta de tanto jogar panelas, vasilhas, copos contra a coitada da parede. Cai exausta no chão, estava ofegante, sentia o suor escorrer pela minha testa. Abracei meus joelhos e fechei os olhos, pedindo mentalmente para que tudo fosse um sonho, para que quando eu acordasse tudo não tivesse passado de um pesadelo. Não faço ideia de quanto tempo passei naquela posição, só sabia que minhas costas doíam, mas eu não queria me mexer.

- Porque você tem que fazer isso com ela? – Eu sabia muito bem quem era o dono daquela voz doce que agora me parecia estar com tanto ódio.

- Não fui eu que a enganei. – Levantei calmamente, tentando me acalmar, não precisava de ninguém me julgando.

- Ela agora está lá em cima, com Tom tentando acalmá-la, e você parece que nem liga. – O ódio era visível em seu rosto.

- Não ligo? Hahaha, essa e boa agora, não foi eu que menti. – Não era só ele que gritava.

- Você não sabe pelo o que ela passou e se soubesse não faria isso. – Eu passei por ele o ignorando, ele segurou em meu braço firmemente me fazendo se virar pra ele. – Se fosse amiga de verdade dela, teria a perdoado. – Ele apertou meu braço com mais força enquanto seus olhos me fuzilavam.

- Me solta. – Respondi trincando os dentes, e sai correndo indo pro meu quarto.

Continua...