Tom veio ao meu encontro, ele pegou em minha mão e me guiou até a poltrona. Pelo seu olhar eu pude ver remorso, será que ele estava se culpando por tudo isso?

- Por quê? – Perguntei novamente. – Pensei que fossemos amigas. – Limpei as lágrimas que teimavam em cair.

- Mais somos. – Sua voz saia em um sussurro.

- Então porque não me contou? – Perguntei sentindo a raiva tomar conta do meu corpo, Bill mantinha-se do lado dela e Tom havia se sentado em outra poltrona.

- Porque eu tive medo. – Ela ainda falava baixo, sem me olhar, sempre encarando os próprios pés.

- Medo? Medo de que? De que eu te raptasse e pedisse algo em troca? – Minha voz saiu mais irônica do que eu imaginei, seguida por uma gargalhada falsa. Senti o olhar de Bill sobre mim, um olhar fulminante de repulsa e ódio. Senti os pelos do meu braço se arrepiar, só com aquele olhar.

- Medo, medo... – Ela respirou fundo e me encarou com seus olhos vermelhos. – Medo de você ser apenas mais uma interesseira, como tantas que eu já conheci. Medo de que você quisesse apenas se aproveitar de mim por causa de um sobrenome. Medo de que você me usasse. Medo de que fingisse que gostava de mim, só para chegar até os meus irmãos. – Ela respirou fundo novamente, as lágrimas já molhavam sua camisa. – Como tantas outras fizeram. – Ela completou por fim, ainda me encarando. Eu fiquei sem reação. Em nenhum momento ela pensou que eu poderia ser diferente? Em nenhum momento passou pela a sua cabeçinha que poderia confiar em mim?

- Kinha ela sabe? – Perguntei por fim e a vi acenar negativamente com a cabeça. – Charlie?

- Ele é o único que sabe de tudo. – Ela respondeu desviando o olhar. – Depois que eu vi que vocês gostavam de Tokio Hotel disse para mim mesma que nunca lhes contaria nada, não até ter certeza absoluta de que poderia confiar em vocês. – Seus olhos que antes eram de um castanho claro intenso, agora estavam vermelhos, tinha vontade de correr até ela e abraçá-la dizendo que poderia confiar em mim, mais uma força maior me impedia de fazer isso. Orgulho.

- Mas então você não confia em mim? Nem na Kinha? – As palavras saíam de minha garganta rasgando. – Um ano de convivência não significa nada? Eu já contei coisas a você que nunca contei a ninguém. Que nunca imaginei contar. – Eu já estava em pé, as palavras saíam secamente pela minha garganta, às lágrimas rolavam pelo meu rosto involuntariamente. Elas rolavam pelo meu rosto e caíam em minha boca, sentia o seu gosto amargo descendo como fogo pelas minhas veias.

- Toda vez que vocês me diziam o tanto que os amava, meu corpo se arrepiava, só de pensar no que vocês poderiam fazer se descobrisse a verdade.

- Por favor, você acha que nos iríamos correndo até eles, feito umas loucas? Eu não te considero uma amiga, eu te considero uma irmã Laura Weiller. – Meu olhar era frio, minhas mãos estavam fechadas em punhos. – Ou devo dizer? Laura Kaulitz? – Mais uma vez minha voz saiu irônica me assustando, a raiva havia tomado posse do meu corpo, não conseguia ficar mais um minuto sequer a olhando, dei as costas e subi as escadas correndo, mais antes de terminar de subir as escadas, vi Bill me olhar, com os seus olhos brilhando, de tanta raiva.

Porque ela não confiará em mim? Ela achava que eu iria fazer o que? Fui até uma parede com várias fotos, havia uma de nos três - em frente a escola - tínhamos pedido pra um estrangeiro bater a foto. Pensei que éramos amigas de verdade, que não tínhamos segredos entre nos. Mais hoje descobri que nossa amizade não era forte o bastante. Ela deveria confiar na gente, convivemos a mais de um ano juntas. Compartilhamos tantas coisas juntas.

Peguei a foto e deitei na cama, ainda a olhando. Estávamos tão felizes.

- Porque mentiu para mim, Laa? – Murmurei baixinho, alisando a foto, abracei meus joelhos, já começando a sentir dor de cabeça por conta do choro. O fato de ela ser irmã deles não me afeta em nada, e sim o de ela ter mentido para mim, ter me enganado. Isso eu não poderia admitir!

Continua...