Fall For You escrita por Laura Weiller


Capítulo 4
Capítulo 4 - Laura POV Onn’s




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Era uma quarta – feira, as meninas já tinham saído e eu já me preparava para sair quando o telefone tocou. Vi no idenficador de chamadas quem era, senti meu corpo ferver de raiva, quantas vezes eu tinha dito que não era pra ligar em casa? Se quisesse falar comigo era pra ligar no meu celular! Mas era mais fácil uma mula me escutar e entender do que ele.

 

- Alô? – Atendi grosseiramente. – Was? Nicht nicht. Mehr… (O que? Não, não. Mais...) – Ouvi a risada de Bill do outro lado da linha o que me deixou mais nervosa ainda. – O.K., da ich nicht Wahl habe. (Ok, já que não tenho escolha.) – Respirei fundo e disse por fim. - Küsse, liebe ich auch Sie. (Beijos, também te amo.)

 

Tudo bem que ele é meu irmão e que eu o amo, mas eu já me conseguia ver estrangulando o seu lindo pescoçinho. Nossa, bem que o Charlie disse que eu era muito estressada. Pousei o telefone no gancho e respirei fundo. Quando olhei pro sofá, lá estava a Mel, deitada me encarando. No meu lindo sofá de couro branco. Eu não sou muito fã de cachorro, prefiro a minha gatinha linda. Mas tudo bem com o Harte, ele é pequeno, mas a Mel ai... Ela vai ficar enorme.

 

No primeiro dia que a Mel chegou, ela comeu minha sapatilha roxa. Minha linda sapatilha roxa, com caveirinhas. Tinha acabado de comprar. Ainda estava na caixa. Não sei onde eu tava com a cabeça de comprar esse monstro para a Kinha. Depois que ela se mudou, daqui a três meses seria o seu aniversário e nós três ficamos bem próximas. Acho que por cada uma estar em um país diferente do seu, nós aproximamos mais. E a loira sempre disse que o seu sonho era ter um Golden Retriever e as antas aqui compraram. Aquela assassina de sapatilhas lindas, perfeitas e caras. Mas depois eu dei meu troco, peguei uma sandália da Érica e dei para a nossa amada Mel se divertir.

 

Fui até a cozinha e depois segui pro quartinho dos fundos, onde deveria ser o de empregada que adaptamos para toda essa bicharada. Nina dormia tranquilamente e Harte brincava com um ossinho de plástico, quando me viu latiu e Mel que me seguia também latiu.

 

- Shiiuu, querem acordar o prédio inteiro? – Falei com eles e os tranquei no quartinho. Essa era a lei, sem ninguém em casa, bicho trancados! Ainda mais depois que os deixamos soltos e eles bagunçaram a casa toda, Nina estragou minhas almofadas, Harte e Mel fizeram a festa com as roupas sujas e para completar nossa amada mini poodle fez xixi na cama da Dré, acho que essa foi a cartada final.

 

Então segui para a escola, depois de lá fui para garagem de Charlie para ensaiarmos. Ahh... Não falei para vocês, mas estudo na mesma escola que as meninas. Elas teatro e eu música, a única diferença está nos nossos horários, os meus são meio bagunçados, pelo fato de meus professores serem esquisitos e alguns viverem fazendo show. Moro a dois anos em Paris, sim, moro aqui desde os meus dezesseis anos. Foi uma luta, uma briga com meus pais, e claro.... Meus irmãos.

 

- Wie, dass Sie gehen, in Paris alleine zu wohnen? (Como que você vai viver sozinha em Paris?) – Gritou Tom. Odeio quando ele grita, odeio quando gritam comigo.

- Auf eine ähnliche Art, dass Sie innerhalb eines Busses leben. (Do mesmo modo que você vive dentro de um ônibus!) – Revidei no mesmo tom de voz que ele usava. Tentava ao máximo controlar as lágrimas, mas estava sendo difícil, eu já conseguia sentir meu rosto molhado por elas. Não queria admitir, mas desde que eles começaram com as turnês, não aguentava mais ficar na Alemanha. Em parte por ser sempre comparada com a irmã dos gêmeos Kaulitz e em outra que sentia muita falta deles. Acho que isso era o que me torturava mais.

- Mehr ist es nicht die gleiche Sache. Es ist vollständig unterschiedlich. (Mais não é a mesma coisa. É completamente diferente.) – Bill entrou no meio da discussão. Estava nós três em seu quarto, como sempre contei primeiro a eles do que a nossos pais. – Laa, gehen Sie, ohne Leute alleine zu leben, Mutter? (Laa, você irá morar sozinha, sem a gente, sem mamãe?) – Sua voz falhará nesta hora, eu sabia o quanto ele sentia falta de casa. – Ich habe mindestens Tom und ich habe den Gs.(Eu pelo menos tenho Tom, e temos os Gs.) – Seus olhos já estavam vermelhos, eu me mantinha em pé, os olhando friamente. Tom tentou me abraçar mais eu desviei de seus braços, abri a porta e a fechei batendo com força. Deixei Bill sentado na cama chorando, junto com Tom.

 

Me joguei em minha cama e deixei meus soluços tomarem posse do meu quarto. Depois de um tempo, senti o colchão afundar e as mãos de Tom me puxar para um abraço. Eu sei que eles estavam tinham medo de que algo acontecesse comigo, que se sentiam culpados por me deixar sozinha. Antes pelo menos éramos nos seis enfrentando aqueles idiotas que mexiam com a gente, mas agora era só eu. Eu não tinha mais o Tom, o Georg e o Andreas para gritarem com os meninos enquanto Bill me abraçava e Gustav ria e tentava acalmar os garotos. Nós não iríamos mais sair correndo pela rua, não iríamos mais passar a madrugada na praça perto de casa e nem iríamos mais botar fogo nos laquês do Bill.

 

Depois de muito conversar com eles, aquelas cabeças duras e ocas aceitaram. Mamãe teve que mexer com um monte de papéis e papai a ajudou junto com Gordon. E aqui estou eu há dois anos, meus irmãos rodando o mundo e meus pais na Alemanha. Sempre que eles fazem show aqui eu ia com o meu lindo cartãozinho rosa fluorescente escrito em preto “All Access”, desculpa mas eu sou a única que tem um cartão assim, o dos outros são todos verde. Também era o mínimo que eles podiam fazer. Hun!

 

Nos cinco primeiros meses, foi muito solitário, mamãe e Gordon compraram um apartamento para mim; grande e espaçoso; eu disse que iria alugar uns quartos, mais não conseguia. Eu me isolei no meu casulo e deixei ser guiada e claro que meus pais me matricularam na École Nationale e eu achei isso muito ruim, odiei. Mentira. Foi lá que eu conheci meu Charlie, e os outros idiotas que são meus companheiros de banda Frank e Sam. Ou Sammy, mas só eu o chamo assim, ok? Sem intimidade pra cima dos meus garotos.

 

Eu teria um mês todinho para conhecer Paris, que eu já conhecia muito bem. Mas resolvi ficar em casa, mamãe deu uma mobiliada básica e perguntou se eu não queria que ela ficasse pra que me ajudasse a decorar. Respondi que não. Eu sai uma vez ou outra e comprava algumas coisinhas, um enfeite aqui, outro lá. Faltava uma semana para o ínicio das aulas Dré e Kinha já estavam morando comigo, eu ainda andava meio fechada, fazia três dias que elas haviam se mudado e resolvemos sair para terminarmos de mobilar a casa. As duas queriam comprar coisas para mobilar seus quartos, já que a única coisa que eu tinha posto lá era uma cama de casal e alguns cabides no closet.

 

Foi no finalzinho da tarde que resolvemos ir visitar a escola, passeávamos pelo corredor quando um garoto esbarrou em mim. Um pouco mais alto do que eu, os cabelos castanhos que caiam sobre seu rosto em um bagunçado moderno e ao mesmo tempo charmoso. Eu estava lá no chão, enquanto aquelas duas riam de mim, ele estendeu a mão com um lindo sorriso no rosto, o que fez minhas bochechas corarem imediatamente. Seus olhos azuis, quase verdes, me hipnotizaram.

 

Depois daquilo foi um pulo para a minha amizade com Charlie começar, não tínhamos combinado nada, mas nos encontramos no centro de Paris. Eu estava parada em frente ao uma loja de música observando os instrumentos, na verdade estava babando em um piano de cauda branco.

 

- Acho melhor você tomar cuidado, senão é capaz de esbarrar e quebrar toda a loja. – Ele falou rindo, olhei para o lado e senti vontade de batê-lo, apenas o ignorei e entrei na loja. Mas para minha sorte - ou não - ele era um dos vendedores de lá, quer dizer, o pai dele era o dono da loja.

 

Charlie foi meu anjo; meu salvador, meu melhor amigo e continua sendo; nasceu em Paris e conhecia toda a cidade. Charlie me ajudou a superar tudo o que eu estava vivendo, desde o começo não consegui mentir para ele. Ele me entendia e fazia de tudo para me animar, era o meu porto seguro. O único que eu confiava plenamente, com o tempo até me ajudou a socializar com as outras meninas, já que dentro de casa eu me trancava em meu casulo e só saia dele perto de Charlie.

 

Logo ele me apresentou a Frank e Sam. Eles formavam uma banda; Charlie voz e guitarra, Sam baixo e Frank bateria; os três são excelentes músicos, se eu já babava vendo o Tom tocando violão, ver o Charlie era melhor ainda; ainda mais por eu ter uma queda por ele, não uma queda não, um verdadeiro tombo. Isso sim. Ok, todos tentaram ensinar algo, mas depois que eu quebrei a 4º palheta de Sam eles desistiram e eu resolvi mostrar para eles que não sou tão inútil assim. Oras eu sei tocar piano. Eles ficaram de boca aberta ao me verem tocar, claro que eu me exibi pra caramba, ta achando o que, que eu não iria fazer isso? Há, ta fácil.

 

Então quando eu terminei de tocar e virei para eles com um sorriso enorme no rosto, Charlie pediu para que eu cantasse. Ele ta achando o que? Eu já tive minha cota de exibicionismo Kaulitz por mês. Tudo bem que eu faço faculdade de música, toco piano e até que canto mais ou menos, só que eu morro de vergonha de cantar na frente dos outros – tirando meus irmãos – até para cantar na frente dos meus pais eu tinha vergonha.

 

Depois de muita insistência deles, comecei com os primeiros acordes de Rette Mich foram tomando posse da loja de música, logo a voz saiu de minha garganta com facilidade. Cantar esta música sempre me trouxe recordações boas e ruins, ela retratava perfeitamente como eu estava me sentindo. Fechei os olhos e conseguia ver eu sentada ao piano, Bill do meu lado e Tom com seu violão. Um aperto no meu coração se formou e eu senti as lágrimas grossas caírem pelo meu rosto, terminei a música com um grande esforço. Apenas sequei as lágrimas e me retirei, sem dizer nada. Charlie não me acompanhou, ele tinha esse dom, sabia quando eu precisava ficar sozinha.

 

Charlie depois me ligou perguntando se eu queria ser a vocalista da banda, quando disse que sim, ouvi os gritos de Frank e Sam ao fundo.

 

- Uma inglesa, uma americana e uma alemã, morando juntas? Isso não vai prestar. – Charlie disse rindo, enquanto eu contava para ele de onde as meninas vieram.

- Você é muito engraçadinho. – Segurei o riso, a sua risada me fazia arrepiar.

- Vai e seu lado Hitler se aposse de você e resolva matá-las? – Ele franziu a testa me olhando nos olhos. Ahh... Como eu odiava quando ele fazia isso, me tirava o ar. Desviei o olhar, arrancando umas graminhas do chão.

- Elas sabem? – Ele falou baixo, como sempre Charlie conseguia me entender melhor do que qualquer outro, apenas acenei negativamente com a cabeça. – Pretende contar a elas? – Acenei negativamente de novo, ele me abraçou pela cintura, beijando o topo da minha cabeça. O seu perfume invadia minhas narinas, era como um veneno, que chegava arder e a única solução era pedir mais e mais. Como ele podia ter todo esse poder sobre mim? Chegava a ser ridículo, uma coisa dessas.

 

Ele se afastou um pouco me encarando nos olhos, passou seu nariz levemente pelo meu, me fazendo franzir o mesmo e sorrir, então ele levantou meu queixo e uniu seus lábios aos meus. Foi apenas um selinho, mas céus como aquilo era bom, me acalmava. Estar com ele tornava tudo tão perfeito.

 

Dois dias depois do telefonema, eles chegaram, eu disse que não era para virem atrás de mim, mas é mais fácil a vaca tossir do que eles me ouvirem. Por volta das sete da manhã, Tom me ligou informando que estava a dez minutos de minha casa. Maravilha, Érica já estava saindo mas Dré ainda dormia. Pensei em acordá-la, mas ela iria desconfiar. Mandei eles esperarem do outro lado da rua, pela janela do meu banheiro dava para ver a van preta. Mas porque diabos essas meninas tinham que ficar seguindo eles? Um grupinho com umas dez garotas rodeavam a van.

 

Cansados de esperar, Tom me ligou informando de que estariam subindo, eu pedi para que esperassem um pouco, então ele prendeu o elevador no terceiro andar. Foi com um imenso alívio que eu vi Andressa descendo as escadas correndo, em poucos minutos a porta do elevador se abriu e eu corri ao encontro deles. Bill me pegou no colo me abraçando e me girando pelo hall de entrada rindo. Estavam todos tão diferentes, meus irmãos só sabiam crescer, Georg com seu cabelo maior ainda e o que mais me espantou Gustav estava moreno.

 

- Ahh... Você ouviu o meu conselho de que fica hiper fofo de óculos. – Disse o abraçando e recebendo um sorriso do meu amigo. Até de David eu sentia falta, mesmo ele vivendo implicando comigo.

 

- Seus irmãos vivem crescendo e você só encolhe, Laura? Tem algo de errado nessa família. – Falou rindo e recebeu um pedala de Bill. Eles ficaram a tarde inteira lá em casa, quando as meninas estavam para chegar, os despachei. Depois passei o sábado, domingo e segunda de manhã com eles. Mostrei Paris inteira a eles; se bem que já conheciam; fizemos guerra de neve as duas da manhã em uma praça deserta, brincamos, brigamos e rimos muito.         

 

Como eu sentia falta deles. Mais foi quando aconteceu, Bill insistiu em ir para minha casa, disse que precisava ver como era, sendo que conhecia lá muito bem. Então concordei, os Gs preferiram ficar no hotel. Tom insistiu para eu fazer brigadeiro a ele, e fomos para cozinha, Bill ficou vendo desenho.

 

Tom saiu correndo da cozinha segurando a panela de brigadeiro, e eu fui atrás dele, ele contornou o sofá, e eu vi Bill suspirar entediado. Ele já imaginava o que iria acontecer, provavelmente eu emburraria com Tom, ele viria e me sujaria de chocolate, e acabariam os três em uma guerrinha.

 

Mais não foi isso o que aconteceu, quando me virei Dré estava parada na porta, Tom - estúpido com sempre foi - foi ao seu encontro, e em seus olhos eu vi que ela os reconhecerá. Quando disse seu nome, Bill a olhou e correu em meu encontro, acho que ele já suspeitava que minhas pernas estavam tremendo. Tom veio ao meu encontro, beijou minha bochecha e sussurrou em meu ouvido.

 

- Stunde, zum der Wahrheit zu sagen. (Hora de dizer a verdade.) – Ele me abraçou, apertei a cintura de Bill, como se ele de alguma forma fosse me salvar, senti Tom me abraçando e queria desesperadamente que tudo isso fosse um pesadelo, que eu iria acordar e ver, que era tudo apenas um sonho, um sonho horrível.

 

- Nicht, nicht. (Não, não.) – Disse baixinho, em meio às lágrimas. Bill me puxou para se sentar no sofá. Ele se sentou do meu lado, Dré permanecia em pé do lado da porta.

- Acho melhor vocês conversarem. – Bill ia se levantando quando eu puxei sua mão.

- Não... Fica. Eu preciso de vocês. – As lágrimas teimavam em cair, olhei mais uma vez para Dré, e seu rosto já estava manchado por lágrimas... Lágrimas negras.

 

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

OK, ok, só quero deixar uma coisa bem clara desde o começo. O Charlie é MEU e demais ninguém, ok!? *pega a faca e olha pros lados.* Bem, amados reviews sempre. =*