Circus escrita por LyaraCR
Notas iniciais do capítulo
Deixando mais um capitulo antes que amanheça e eu tenha que voltar pra faculdade... Prometo que respondo as reviews ainda hoje! Beijos à todos que passam por aqui e marcam presença!
(Sério, era pra ter feito isso de madrugada, mas meu modem esquentou demais e... nada da net funcionar...)
Dean não agüentava mais andar em vão. Estava procurando por Sam nos arredores. Lugares onde ele sabia que o mais novo freqüentava quando não se sentia bem, quando precisava colocar a cabeça no lugar. Ninguém na face da terra tinha noção do quão arrependido e destroçado Dean estava se sentindo agora... Aquilo estava acabando com sua alma, ceifando-lhe a vida aos pouquinhos, tomando-lhe o ar. Tinha que ligar para John. Ao menos tentar achar ajuda. Não podia contar pra ninguém sobre o sumiço do mais novo. Todos iriam querer saber o motivo, e isso, se contasse, seria preso, apedrejado, morto.
Discou o número do pai e praguejou alto. Caixa postal. Ao menos podia tentar mandar uma mensagem de voz. Na hora do desespero vale tudo, não é mesmo?
— Pai, por favor, preciso da sua ajuda... Aconteceu uma coisa e... Não posso contar o que foi, mas o Sammy desapareceu. De vez... E-eu.. Não queria parecer fraco, ou até mesmo incompetente, mas estou desesperado, e sei que posso contar com você. Liga pra mim assim que der, por favor...
Desligou. Bastava. Agora era hora de ir pra casa e pensar numa solução que decerto não existia até que alguém o ajudasse. Até mesmo no circo havia ido! Chegou a ver os gêmeos malabaristas, perguntou para eles sobre Sam... Nada...
Tinha que esfriar a cabeça. Acabaria surtando de pavor... Não queria nem pensar na possibilidade de Sam ter feito alguma besteira por causa de sua atitude, de sua falta de respeito.
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Pararam em frente à casa de Sam. Aidan havia pedido a um de seus amigos um quadriciclo emprestado.
— Bom, acho que não é uma boa idéia eu entrar aí, não é mesmo?
— Verdade... Então eu... Vou lá...
E antes que Sam se afastasse, Aidan tomou-lhe o pulso e beijou seus lábios daquela maneira que só ele fazia, aquela maneira que deixava Sam sem fôlego, querendo ir até seus limites, querendo... Enfim: Afastou-se sorrindo feito bobo e adentrou a própria casa pela janela. Escura, vazia. Pensou em seu pai, Pensou em Dean... Dean... Como poderia lidar com ele quando o havia feito usar seu corpo? Sim, porque a culpa havia sido sua! Dean jamais disse que o amava. Talvez tenha feito tudo aquilo só porque estava bêbado demais pra entender as coisas...
Pegou um papel e uma caneta e foi até o quarto do pai. Começou a chorar novamente. Precisava de uma carta ao menos apresentável, então, tratou de caprichar, tanto no carinho quanto nas explicações. Jamais o culparia pelo ocorrido. Aquele era um problema entre ele, sua consciência e Dean.
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— Mãe... — um sussurro — Mãe...
Mais um. Um baque surdo no chão. Poucos segundos e do banheiro de um dos trailers mais chiques, surgiu uma fada tão bela quanto a filha. Ruiva como o irmão, progenitor dos gêmeos, olhos amarelos como os do marido e da filha.
— Oh meu Deus! Emy!!
Abaixou-se. Ela estava quente, muito quente. Seu pijama estava completamente encharcado, seus cabelos e pele sem quaisquer sinais de brilho ou vida. Ao menos respirava. Gritou, gritou muito pelo marido, quem logo apareceu.
— Freya! O que ela...
— Não sei!! Não sei, Ulrich... Não faço idéia! Ela... Simplesmente..
Começou a chorar. O homem foi até a filha e a pegou no colo, levando para o quarto e deitando-a. Abraçou a esposa em seguida...
— Seja forte... Só precisamos saber o que ela tem e tudo ficará bem...
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Sam adentrou sua própria casa como um ladrão. Isto era fato, mas precisava de suas coisas para sair da cidade sem necessidade de voltar. Depois de muitas lágrimas e muitas palavras um pouco confusas, finalmente terminou a carta ao pai. Estava ofegante, os olhos ardendo, a boca seca. Estava com sede. Precisava arrumar suas coisas, mas antes, precisava de água.
Desceu até a cozinha em passos dolorosamente lentos, arrastados, como se estivesse indo ao corredor da morte. Pela última vez, foi até a geladeira e encheu um grande copo com água, gelada, como queria. Afastou-se andando de fasto e depois voltou ao normal,subindo até seu quarto, separando uma mochila, deixando o copo pela metade sobre a mesa de cabeceira e juntando algumas roupas, perfumes, objetos pessoais e documentos... Pegou a foto que havia tirado há alguns dias com Dean, abraçados e perdeu-se no tempo observando-a. Levaria consigo. Era fato.
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Dean andava em passos largos. Uma fina garoa começava a cair, e seu coração estava disparado demais para ignorar. Era muito difícil para ele lidar com o sumiço do mais novo. Estava apavorado, não sabia o que fazer, só sentia seus instintos mandando que corresse o quanto mais rápido. Afastou-se do meio da rua e correu pela calçada, adentrando sal própria casa em questão de segundos. Algumas luzes estavam acesas, dando um ar promissoramente sombrio ao ambiente... Tudo aquilo deixava Dean ainda mais preocupado com o que sabia que iria encontrar lá em cima.
Seus passos pela escada foram grandes, largos, rápidos. Quando chegou em frente ao quarto que sempre dividira com o irmão, viu o mesmo com uma mochila na mão e um papel na outra, o qual deixou sobre sua cama.
Dean respirou fundo e adentrou o quarto. Sam o olhou pálido e com os olhos arregalados. Fez menção de correr, mas Dean o segurou.
— O que pensa que está fazendo?
Indagou, tom de voz nítido, alto e forte.
— Me solte!
Sam ordenou com a voz baixa, ameaçadora.
— Nem ferrando! Onde pensa que vai?
Agarrou-lhe o braço com força, contendo-o.
— Não é da sua conta! Me solte!
O tom de voz do mais novo alterou-se, agora alto, sombrio e decidido. Tentou desvencilhar-se. Inútil.
— Eu sou seu irmão mais velho e tenho todo o direito de saber!
— Não pareceu ser meu irmão mais velho ontem, quando usou meu corpo para se satisfazer, Dean...
Sam cuspiu-lhe as palavras decoradas em ódio, pavor. Queria sair dalí, sumir da frente de Dean o mais rápido possível.
Aquelas palavras acertaram Dean como um punhal bem no meio de seu coração. Doeu. Doeu tanto que o fez soltar Sam sem relutar ou tentar mudar seus ideais.
— E sabe o que é mais interessante Dean? É que até mesmo um estranho sabe como lidar comigo sem querer me ferrar na primeira oportunidade que aparece, ou quando estou um pouco fora de mim!
— Sam.. E-eu..
Tentou.
— E sabe o que dói mais? É o fato de eu infelizmente te amar Dean, mesmo sabendo que isso poderia destruir nossa família, mesmo sabendo que você, infelizmente, é meu irmão!
— Sam! Eu também te amo!!
Nesse momento, Sam pegou o copo de água que estava em algum lugar e olhou dentro dos olhos do irmão, como se quisesse afugentá-lo para sempre.
— Jamais, jamais, Dean, diga novamente que me ama. Jamais!!! Mesmo se me ver algum dia. Jamais!
Gritou. Aquele copo estilhaçou-se frente a seus pés. Seus olhos arregalaram-se, lacrimejantes. E então, ele saiu por aquela porta, dando a certeza de nunca mais voltar. Seus olhos se fecharam...
— Droga...
Sabia que seria assim, e sabia que teria que contar para alguém em busca de soluções... Era o fim. E, realmente, não pensou, nunca, que seria assim.
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— Vamos embora!
Disse Sam, chorando. Aidan deu partida no quadriciclo e seguiram para longe, para o circo, que seria por um bom tempo a nova casa de Sam. Ou ao menos pensava assim.
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Os olhinhos amarelos se abriram, sem brilho, aparentemente sem vida. Emily parecia um corpo vazio, sem alma, sem motivação alguma. Sentiu seu corpo fraco e um amargo horrível na boca. Provavelmente haviam dado alguns dos remédios caseiros do curandeiro do circo.
Levantou-se, ficando levemente recostada sobre os grandes travesseiros brancos. Sentiu um perfume familiar, adocicado. Antes que pudesse olhar para o lado, sentiu braços ao seu redor e viu uma cabeleira negra cair-lhe sobre o colo.
— D...
Disse, sem forças.
— Eu sabia que ia terminar assim... Porque deixou que as palavras dele te afetassem desse modo, bonequinha?
— E-eu...
Ela começou a chorar. O ódio, misturado ao arrependimento e à fraqueza espiritual a estavam deixando mais triste que qualquer um na face da terra.
— Pshhh... Não chore... Ele não merece...
A acolheu em seu colo e assentou-se na cama, acolhendo-a como um bebê. E então, pôde vê-la chorar até dormir novamente. Sabia, quando estivesse pronta, seria pior que o próprio demônio com aqueles que foram motivo de todas estas sensações ruins.
Aquela era ela. Podia sofrer horrores, mas ficaria bem, como todas as outras vezes. E quando tivesse chance, o faria sentir dez vezes pior tudo o que ela sentiu, passar por tudo o que ela passou.
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Continua...