Wake Me Up escrita por Camila Rebeca


Capítulo 26
Angel




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Eu sinto uma tensão percorrer por todo o meu corpo, em cada musculo. Agora que eu estou deitada em uma superfície macia diferente do chão do meu quarto. A luz forte me impede de abrir os olhos e me força a colocar as costas da mão sobre eles, eu preciso fazer um pouco de força para conseguir levantar os braços.

As dores no meu corpo me fazem acreditar que o que eu tive na noite passada foi bem mais que um pesadelo. Mesmo não sabendo ao certo o que aconteceu tenho a noção que foi mais real que isso.

Deixei a mão direita protegendo meus olhos fechados do clarão e com a esquerda apalpei o lugar onde eu estou deitada. O barulho do ambiente fica cada vez mais audível. Os sussurros e passos ficam ecoando na minha cabeça. Precisei tirar a mão dos olhos e cuidar de proteger meus ouvidos.

– ...não aplique isso agora! – abri os olhos e pisquei rápido para espantar o embaçado formado na minha visão, era Nick parado na frente de alguém vestido de um jaleco branco. O homem bem mais baixo que ele assentiu com a cabeça e deu um passo para trás. Ele estava parado em frente a um pedal que segurava o que eu acreditaria ser soro se não tivesse uma coloração rosada.

–Venho em quinze minutos, é necessário.

– Ok César. – Nick concordou e apontou o dedo em direção à saída. O tal César tinha os olhos puxados e uma aparência oriental, mas um calafrio subiu pelo meu corpo depois que ele me encarou exibindo uma cicatriz na bochecha esquerda. Ela é em forma de Z.

Ele saiu obedecendo Nick.

– Ah. Orientais, sempre sabem demais – Nick usou as não e fez aspas para enfatizar os “sabe demais”. Eu riria se todo meu corpo não estivesse dolorido.

– O que aconteceu... – precisei pegar folego para terminar a frase, e me concentrar para não me perder nela – ...dessa vez?

Minha voz soou mais ofegante do que eu gostaria. Mas a cada palavra que eu soltei a minha garganta sofria um arranhão.

– Aconteceu... – foi tudo o que ele falou, sua feição mudou. Ficou carregada como se as próximas palavras fossem pesadas demais para serem pronunciadas. – A noite passada era a que nós esperávamos a mais de um século.

Ele parou de falar a arrastou uma cadeira a aproximando da minha maca. Ela estava com uma roupa bem simples perto do seu habitual, calça jeans e um moletom sobreposto azul escuro. Percebi que quanto mais eu me concentrava em outras coisas que não fosse a dor do meu corpo mais leve eu ficava. Como na cor da roupa do Nick e na coloração do meu possível soro. Nick massageava as mãos , uma contra a outra me deixando ansiosa também.

– Ontem uma legião de Fênix sofreram um ataque, jovens já transformados que estavam espalhado por todo o território americano foram abordados e alguns até .. – ele tomou folego - ... a maioria se foi.

Meu coração foi à boca e voltou batendo a mil. As palavras da Lorenza ecoavam na minha cabeça como um sino.

– Trouxemos alguns para cá – ele rodou o dedo indicador pela sala – você não esta mais sozinha aqui.

“Eles também correm perigo lá fora” , meu coração apertou com a lembrança.

Um grito nos deixou em silencio, Nick me olhou com seus olhos azuis querendo saltar. Alguém passou correndo em direção a saída e voltou empurrando uma maca com alguém coberto em cima, varias pessoas passaram na direção em que a maca foi levada mas só pude reconhecer o César.

Nick só colocou a cabeça para fora e viu a movimentação, depois voltou e sentou no mesmo lugar. Dessa vez me encarando. Respirei fundo mais uma vez equilibrando para falar:

– O que aconteceu comigo? Exatamente Nick.- ele voltou a se sentar e cruzou as mãos entre as pernas. Levantando o olhar para mim

Mas antes que ele começasse a falar eu senti uma pontada nas costas, a mesma dor da noite passada dessa vez sem corvos, arquei as costas automaticamente e a dor se intensificava. Se espalhando pela minha clavícula. Meus olhos ficaram embaçados com as lagrimas. E eu chorei de dor queria arrancar aquilo que me feria, matar os corvos ou rasgar minha pele. Tudo o que me aliviasse seria bem vindo no momento.

De repente pessoas entraram no nosso pequeno espaço dividido pelas cortinas,

– Vou aplicar antes que ela tenha outra convulsão – o que ele quis dizer com outra? O que ele aplicaria?

Reconheci em meio a movimentação a voz de César, mas além dele devem ter mais umas cinco pessoas aglomeradas em volta da minha maca, seja lá o que for que ele injetou no meu corpo ajudou muito, senti uma onda fria percorrer e relaxante descer na espinha bem no centro dor, o meu mundo foi ficando mais leve e a visão escurecendo.

A silhueta da Natalie estava esguia bem na frente do foco de luz da luminária atrás da sua cabeça me permitindo abrir os olhos sem dificuldade tirando o tempo em que eles permaneceram fechados que eu não faço a mínima ideia.

– Anjinho, bem vinda de volta.- ela saiu da frente da luz e eu cobri os olhos, meu braço agora estava mais leve e sem o dolorido que dificultava os movimentos.

– Meu nome é Angelina. – era como se o Nick falasse e eu senti a necessidade de responder .

– Eu sei Anjinho. – espera um momento, os cabelos soltos a postura imponente...essa não é a Natalie. Claro, Scarlet.

– Vai me matar? – a minha voz soou como um sussurro cheia de medo, não era o que eu planejava.

– Adoraria sinceramente, mas por hora vou só te esclarecer os fatos já que resolvera fazer uma reunião e me deixaram aqui de babá.

– E você vai me “esclarecer” os fatos porque você não poderia me contar o que esta acontecendo certo? – não seria pelo amor que ela sente por mim.

– Muito bem garota. Bingo.

– Então pode começar a sua vingança. –ela saiu e voltou com uma cadeira de rodas

– Fica em pé. – Eu continuei deitada. – Rápido, eu não tenho a noite inteira. – a voz dela de calma e afiada se tornou impaciente.

Usando uma bata azul escura, mas do mesmo modelo que usei quando fiquei internada pela primeira vez. Eu senti que a única roupa em baixo da bata é a calcinha Não vi alternativa se não obedecer, me sentei. Me arrepiei pensando em quem tirou a minha roupa mas Scarlet chamou a minha atenção novamente.

– Eu pedi pra ficar em pé, não sentada na beira da maca, assim você não vê nada. merda, eu precisei me apoiar na maca e coloquei primeiro o pé direito no chão frio, depois o esquerdo. Me acomodei na cadeira de rodas. Ela começou a me guiar para o lado de fora de onde estávamos, eu tive que tirar dois fios que estavam no meu pulso. E ela mexeu no equipamento que soltava os bipes, então ele não fez nenhum barulho estranho quando eu me soltei deles.

Passamos pelas outras macas e como eu imaginei estavam ocupadas, já era noite e a luz é fraca, todos estão dormindo e a única movimentação é da nossa parte. Ela me deixou na entrada da enfermaria deu dois passos e abriu outra porta bem na frente. A maçaneta da porta era ocultada pelo quadro que ela tirou sem esforço, entrou mas voltou para me pegar, a sala estava completamente escura. Ela fechou a porta atrás de nós a acendeu a luz do ambiente sem dificuldade.

O lugar era como aqueles quartos de dança. Cheio de espelhos com uma pequena janela no canto direito que ficava na direção exata da lua, ao menos essa noite.

– Agora tira isso. – isso no caso seria uma das únicas duas peças de roupa que me cobriam. – não podemos demorar Angelina, e se quer saber eu to te ajudando tá! - Ela deve ter visto a minha cara de espantada, então eu fechei os olhos e obedeci novamente. Precisei ficar em pé para isso.

Tirei a bata e a deixei em cima da cadeira de rodas, cobri o peito com as mão e ouvi o sorrisinho dela extremante irritante no momento.

Um sorriso de superioridade voltou ao seu rosto com a verdade dita, meu corpo é totalmente inferior as curvas volumosas e perfeitas dela. Ela me posicionou na frente do espelho e com a mão levantou a minha cabeça que estava abaixada de vergonha. Estremeci com a visão do meu corpo.

Ele não é mais meu.

O reflexo da minha costa apresentam marcas em formas de um grande V. descendo na espinha. Scarlet resolveu me explicar:

– Suas asas chegaram Anjinho.


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