Wake Me Up escrita por Camila Rebeca


Capítulo 25
Corvos


Notas iniciais do capítulo

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Voltamos pelo mesmo caminho, corredor por corredor. Antes de sairmos da cozinha Lorenza me deu um longo abraço e me permitiu apoiar minha cabeça em seu ombro. Foi como voltar para casa. ela tinha um cheiro doce e acolhedor. Eu quase perguntei a respeito de quem ela estava falando mas antes que eu pudesse falar ela me deu um olhar repreendedor e no meio do abraço cochichou ”vou no seu quarto mais tarde levar um lanche querida” entendi o por que. Os Lillows sempre estavam atentos os a cada passo que nós déssemos. Não como se quisessem saber de algum segredo que venhamos a conversar mais eu sentia um extinto de proteção vindo deles. Uma vez Nick havia falado sobre não me contar às verdades que me fariam correr mais riscos de vida. Me contentei com o silencio dela e acompanhei os Lillows.

Na volta percebi algo que por leseira não tinha prestado atenção. Em cada ambiente tinha um quadro equivalente à situação.

Na sala de jantar tinham uns quatro divididos na parede direita, neles tinham animais se mordendo como se estivessem esfomeados, outra pessoa sem volta da mesa de jantar. No corredor eram pinturas que eu reconheço como futuristas, lembram velocidades. Eu queria rir lembrando que tinham visto a maioria deles nos livros de arte que Dora me abrigava a estudar, sempre achei a arte uma perda de tempo. Historia me chamava mais atenção.

Um dos quadros me paralisou era um quadro de O Grito, das series do Edvard Munch. Eu odiava vê-lo. Tinha um ar pesado de pesadelo, sonhei com ele na primeira vez que o vi. Eu não consigo não o odiar. Ele ficava logo depois de um corredor, perto da escada que nos levou a um porão onde eu estive com Nick, um arrepio subiu pela minha espinha.

Eu diminui a velocidade da nossa caminhada de volta a apreciei cada corredor. Passamos novamente pela porta da enfermaria, estava aberta e sem nenhum paciente, a duvida de onde o James pode estar me deixou com a garganta seca. Ele definitivamente não tinha condições de sair dali e não faz meia hora que eu fui a cozinha e ele dormiu como uma pedra.

Só me dei conta que passei uns cinco minutos parada ali quando olhei os Lillows cantavam alguma coisa, ele pararam quando me viram olhando. Os quadros daquele corredor eram arrepiantes, pessoas sangrando e anjos com as asas quebradas.

Subimos as escadas e no primeiro corredor tinham os quadros de van Gogh, todo o corredor pelo que eu vi. Elas tinham cor e emoção. Empolgante é apalavra. Eu queria estar dentro de um dos seus quadros principalmente de A Noite Estrelada, eu adoraria ficar perdida dentro dele. Ele era o ultimo perto do meu quarto, já sei qual vai ser meu pedido quando ver o Nick.

Entrei no meu quarto e vi a janela entre aberta. Vinha uma luz azulada do lado de fora – embora casa seja grande não tem muitas janelas e eu não tenho muito a noção das horas – mas um relógio foi colocado na parede próxima a janela. Já é inicio de noite.

As luzes do quarto estão apagadas deixando-o ser iluminado apenas pelas luminárias nos cantos do lugar, o único barulho vinha das batidas dor elogio e dos pés de Scarlet que pulsavam a cada vez que ela mudava uma pagina da revista que folheava. Ela levantou me dando visão do Jeremy que respirava calmo dormindo, suas feições era leves como a do James, fiquei aliviada. Olhando mais uma vez para a figura da Scarlet lembrei do quanto os olho dela são cortantes. Mas ela não parecia se incomodar com a minha cara de boba olhando-a, muito pelo o contrario, eu vi uma pontinha de diversão nos cantos do seus lábios.

Em menos de alguns segundos ela se levantou fechando a revista e me encarando com uma cara de tedio, fechou a revista e fez um sinal com a cabeça para que eu desse caminho para a sua passagem. Eu o fiz.

Os Lillows ficaram me encarando como quem espera alguma ordem.

– Ah, podem ir. Eu fico bem.

– Sim Angelina, qualquer coisa é só chamar nosso nome – lembrei que existem centenas deles por pero, mas assenti. Lorenza me alertou que eles estariam por perto sempre que eu precisasse.

Sentei na poltrona em que Scarlet estava assentada e tirei as botas, tentei ser silenciosa para não incomodar Jeremy, peguei uma calça de moletom que e uma camiseta que Natalie tinha deixado para mim e tomei um banho, me troquei no banheiro e deixei os cabelos soltos cerrando meus ombros.

O relógio apontava as nove da noite e a minha cabeça latejava, meu corpo pedia uma folga mas eu não consigo deitar, não com as duvidas que eu estou sentido. Tirei o meu cordão e coloquei no pulso dando duas voltas para usa-lo como uma pulseira. Lembrei da minha festa de aniversario e do dia em que ganhei o presente. O sorriso tímido do senhor John tomou conta da minha memoria. Meus joelhos não aguentavam mais então sentei no chão perto da porta do banheiro já fechada. Fechei os olhos e deixei as lagrimas quentes descerem livres na minha bochecha queimando.

Agora percebo que antes eu não me importava, era só eu lutando para acordar viva no outro dia se tivesse sorte, mas agora escutando a respiração calma de Jeremy o peso do futuro é maior, eu tenho um motivo real para lutar, permanecer viva não é uma escolha. É uma obrigação!.

Escutei um barulho vindo do corredor e limpei as lagrimas automaticamente. Me pus de pé e fechei os punhos para qualquer coisa que aparecesse. Caminhei até a porta nas pontas dos pés e girei a chave na maçaneta até ter certeza que ela estava trancada. O barulho eram passos. Tentei manter a respiração tranquila e fechei a janela por completo.

Sem barulhos, sentei novamente agora atrás da porta do quarto. E adormeci.

“Eu estou estirada no chão frio, meu rosto virado impede que eu coma a terra perto do meu corpo. O som que vem de longe faz meu ouvido tremer. Não tenho forças suficientes para levantar meu corpo, meus braços estão imóveis. O máximo que eu consigo é levantar meu pescoço e esforçar meus olhos e ver através do laranja do fim de tarde muito corvos, eles gritam e invadem a minha cabeça. Eu ainda uso a regata branca. Os corvos se aproximam mais e mais assustadoramente. Eles estão a menos de dois metros perto de mim, alguns se chocam e caem mortos, até que o primeiro me ataca, escondo meu rosto na terra a sinto minhas costas sendo estraçalhadas. Eles me mordem e alguns voltam avoar com os bicos sujos de sangue, meu sangue. Foram muitos e a dor era demais. Mas eu não tenho forças nem para gemer. Aguento calada. Meus braços, pernas costa. Todo meu corpo está sendo perfurado. Não tenho noção do tempo em que passei por isso. Só os vejo voltar a voar.

“Até que um deles deixa uma grande asa preta cair do lado do meu rosto, algo me diz que o sangue nela é meu.”


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