Nada me incomoda tanto quanto ser observada, por mais que aparentemente eu esteja sozinha no quarto é como se alguém acompanhasse meus movimentos atento ao primeiro erro.

Sendo assim, decide que não estou disposta a permitir que isso aconteça.

Quando abri os olhos eu estava sozinha, e a luz já transparece entre as costinhas gigantes, James ficou a noite toda, ouvi sua saída quando a luz do dia aparecia mas fingi não perceber. Ele precisava descansar e ao que percebi ficaria mais tempo aqui.

Me assustei por me sentir mal sem ele aqui, mas tento me lembrar que ele falou sempre estar por perto. Na noite passada foi com se tivéssemos selado algum tipo de acordo.

Ele se manteria por perto e eu confiaria nele. E ponto.

Tomei coragem e levantei da cama, acendi o abajur que fica ao lado da minha cama. Tinha uma luz forte o suficiente para iluminar o ambiente que era enorme, bem maior que qualquer apartamento no centro de NY. Tinha focos de luz que saia dos cantos dando um ar refinado, a cortina era gigantesca, do alto a baixo. Perto da porta jarros de orquídeas roxas.

Me aproximei para sentir o aroma, inalei e senti chegar ao meu pulmões. Parecia que o meu ar tinha sido renovado.

Me dei conta e olhei as minhas roupas que tinham sido trocada, eu usava uma camisola azul-bebe , sem nada além da calcinha por baixo. Uma onde de vergonha percorreu meu corpo. Quem teria trocado?

Andei até a porta aberta que dava ao banheiro – gigante – todo em mármore branca, muito luxuoso. Uma grande banheira ocupava o outro lado além de um boxe. Se eu fosse usar ficaria com a segunda opção.

Em uma estante atrás da porta uma caixa me chamou atenção. Toda branca comum bilhete escrito Anjinho. Nick claro.

“Estou me esforçando para te dar um guarda-roupa descente – posso ver o sorriso nesse rostinho de anjo, a jaqueta da nova coleção da River Island, fora a caça de couro.

PS: e uma blusa da Armani, para não perder o costume. Beijos Anjinho”

Então é isso, depois de eu quase entrar em coma é tudo que ele tem a me dizer. Respirei para soltar a raiva que quase se transformou em lagrimas. Mas não vou dar ao luxo de chorar feito um bebe a essa altura.

Meu rosto estava fundo, com olheiras gigantes como se eu tivesse passado a noite em uma festa. Que beleza, imagino que James me viu com essa cara.

Fechei a porta com todas as voltas possíveis na fechadura e tive a certeza de estar bem fechada antes de tirar a roupa, ou o pouco que cobria o meu corpo.

A agua me lembrava das vezes em que me refugiei em um banho para dissipar a dor, a dor da saudade e de ter voltado ao lugar que eu pensei que nunca mais veria, a dor de ter saído de lá. Ouvir de novo o sorriso do Jeremy fez meu coração sangrar.

Sangue. Naquele lugar tinha sangue, muito sangue.

Sai as pressas do box sem pensar no chão molhado e tentei ver o que tinha causado aquilo, e nada estava lá. Foi tudo determinantemente real, mas voltei para o banho e terminei o trabalho. Vestindo – relutante- mas vestido as roupas que Nick havia me dado, embora eu não quisesse era isso ou abata azul, sem duvida não era uma opção.

As botas, a calça e todo resto caia como uma pluma em mim, sequei meus cabelo que estavam longe do seu melhor dia e arrumei o em uma trança, apenas queria minha touca. Ela resolvia tudo.

Dei a ultima olhada no espelho e a minha aparecia havia melhorado 50 %. Abri a porta do meu quarto e bem a frente um quadro me dava boas vindas. Era completamente escuro, um lago ao canto esquerdo refletia a luz da lua e o vento que envolvia o lugar era representado por fleches brancos mas antes que eu tivesse tempo de me arrepiar e pude perceber a presença de mais alguém além de mim no corredor.

Nick vinha ao meu encontro com um sorriso de orelha a orelha que em vez de me incomodar me deu vontade de rir, mas me segurei e mantive um semblante neutro.

Só agora percebi o poder de persuasão dele, conseguiu me convencer e me trazer de NY apenas dizendo conhecer as pessoas que me criaram, e agora é como se eu conhecesse seus truques.

– Essa roupa foi escolha minha, tenho bom faro com isso .- mantive minha visão na pintura .

– Você já foi lembrança invadisse a sua mente. Mas logo ele voltou ao que era antes.

– O que aconteceu l? ontem?

– Eu senti muita dor, e lembranças. Foi diferente das outras vezes. Mais forte.

Ele deu dois passos até chegar ao meu lado e olhar a pintura da mesma forma que eu, pude ouvir sua respiração e seu perfume forte.

– Não se preocupe, esta chegando ao fim.

lá? – o sorriso desapareceu ele assumiu uma postura rígida, como se uma