Aquele lugar estava escuro. Com certeza muito escuro. Escuro demais para uma pessoa tão incrível quanto eu! Não gosto da escuridão, mas dessa vez era por uma boa causa. Assim que a porta da casa foi aberta e as luzes acesas, eu e mais algumas dezenas de pessoas saltaram de seus esconderijos gritando:

_Surpresa!

Arthur arregalou os olhos e deixou sua maleta debaixo do braço cair. Eu queria rir de sua expressão, mas no instante seguinte fui atropelado por milhares de pessoas que corriam até o aniversariante. O primeiro a falar, o mais perto da porta, foi Alfred, que lhe recebeu com um sorriso enorme na cara.

_Feliz aniversário, Artie! Por que está tão surpreso? Você faz 24 anos agora, não faz?

_Sim... _ Conseguiu falar ainda meio chocado _ Al... Você fez isso tudo por mim?

_Claro! O herói nunca iria se esquecer do seu aniversário! Olha, até o Francis está aqui! _ Disse, obviamente pensando que Arthur fosse gostar, mas não foi o que aconteceu.

_Bonjour, mon petit _ O francês apareceu com um imenso sorriso

Arthur fechou a cara.

_What are you doing here, you bastard pervert? Get lost or I'll kick your ass out of here!

_Calme, Arthur. Não consigo entender nada do que falas, oui?

_Se manda ou eu vou chutar a sua bunda pra fora daqui!

Todos ao redor olhavam para aquela cena cômica, tentando entender o que o inglês e o francês falavam, inclusive o incrível eu aqui. Mas é claro que, sendo mais incrível que todos os outros, eu entendia mais do que eles.

_Ei, calma, Artie. Desculpe, eu pensei que você iria gostar que ele viesse. Apenas o ignore se ele chatear.

_Fine, I don't even care! _ Ele disse e entrou na multidão que logo o parabenizou também, um por um.

Francis olhava para Alfred, aparentando estar esperando pela tradução. O americano suspirou.

_Ele não disse nada de importante. Só que concordava comigo e que não se importa mesmo.

_Bon, eu já esperava isso. Bien plus, Alfred _ Foi mais para dentro da festa acenando _ Irei estar por aqui flertando com as garotas, se precisar é só chamar _ Piscou galanteador e se foi.

_Oh my god, shut up, you idiot _ Alfred resmungou indo, provavelmente, procurar Arthur

Tudo bem, acabou a sessão de espiar a vida alhei das outras pessoas, hora de falar com o Arthur. Eu nem sou muito amigo dele, mas desde que virou amigo do meu irmão, ele vem várias vezes á nossa casa para almoçar, porque, aparentemente, a comida dele é horrível, ainda bem que nunca a comi.

_Hey, Gil! _ Ouvi uma voz muito familiar. Logo depois avistei Antônio correndo feliz até mim _ Hola, cheguei só agora, o Romanito estava fazendo birra porque não queria vir. Molestias, no?

_Ja. Eu estava indo cumprimentar o Artie, então...

_Ah, si. Irei contigo, importa-se?

_Nein

Quando chegamos ao inglês, ele estava sentado comendo o que parecia ser um brigadeiro, e ao seu lado estava Alfred, tomando refri.

_Ei, Arthur, vim só dar os parabéns, ok? Tenho que ir embora daqui a pouco _ Falei, direto ao ponto.

_Okay. Obrigado por vir... E onde está o seu irmão?

_Te mandou os parabéns. Ele está em casa. Doente.

_Ah, eu não sabia. Mande minhas melhoras para ele... _ Ele era a primeira pessoa que eu via parecer verdadeiramente triste com esse tipo de notícia, ele deve ser mesmo um bom amigo _ Não, espere um pouco. Eu vou com você.

_O que? _ Me sobressaltei, surpreso

_Eu tenho alguns remédios que podem ajudar e além disso...

_Não precisa, obrigado, ele vai ficar bem _ Eu disse meio apressado _ Obrigado por se preocupar, mas acho melhor você ficar aqui, é a sua própria festa, afinal.

_Isso mesmo, Artie! O que está pensando? Eu arrumei essa festa com tanto cuidado! _ Alfred fez bico

_Ok, ok, desculpa. Mas se ele piorar, me chame, Gilbert.

_Certo. Mas enfim, sinta-se honrado de receber os parabéns do incrível eu! Até mais _ Me virei

_Ah! Feliz aniversário, Arthur! _ Antônio falou apressado

_Thank you, Antonio.

Quando cheguei à saida, Antônio me alcançou. Por que diabos ele demorou tanto?

_Espera! Por que não me disse que o seu irmão estava doente?

_Kesesese! Este é um assunto irrelevante! Ele só está de gripe e Feliciano está cuidando dele.

_Então por que você...

_Eu não quero ficar nessa festa chata! O incrível eu precisa de mais ação! Vamos ir á um bar?

_Bem... Ok, ninguém vai sentir minha falta mes... Oh, o Romanito...

_Deixe ele aí, ele sabe se virar. Vamos logo!

_Tudo bem! _ Ele logo se animou também

Saímos correndo e rindo, como dois adolescentes normais fariam. Enquanto andávamos pelas ruas procurando um bar, senti que alguém nos seguia.

Parei.

_Gilbert? _ Antônio parou mais à frente e olhou para mim, confuso _ O que foi?

_É ele.

_O que??

_Já faz algumas semanas que tem um cara me seguindo. Pensei que ele estivesse apenas admirando o quão incrível eu sou, mas ele ainda não foi embora.

_Nossa, um stalker. É tão raro que achei que nunca encontraria um. Onde ele está? _ Olhou ao redor

_Atrás de mim. Escondido atrás de uma árvore. Mas não vá lá! Já encheu a minha paciência, vamos levar ele para um lugar mais vazio.

Antônio sorriu, animado.

_Certo. Tem um parque abandonado aqui perto, ninguém passa perto de lá, pois dizem ser amaldiçoado.

_É pra lá que estamos indo! Vamos.

_Sí, señor. Mas antes disso... Como sabe que é um homem?

_Vi ele dormindo no meu quintal.

_E como ele é? _ Perguntou se animando

_Grande. Pele bem branca. E com um cachecol. Isso é tudo o que eu me lembro.