Os Filhos de Um Deus escrita por Ma Black


Capítulo 2
Albus


Notas iniciais do capítulo

Hey *-*
Obrigada pelos -poucos- comentários do capítulo passado. E pela chance dada a fic. Espero que gostem desse capítulo.
Cada capítulo vai ser contado na perspectiva de um dos irmãos, como em Heróis do Olimpo. Esse é do Albus, o próximo da Lily, e assim por diante. Só ficar de olho no título do capítulo ;)



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13 anos depois.

O cheiro de biscoitos de nozes com baunilha, aquela receita da, dois anos falecida, vovó Molly, impregnou no ar da sala. Vovô Arthur observava o nada com o olhar fixo. Tio Fred e Tio Rony contavam piadas para as meninas Roxy, Dominique e a mais nova, Lucy, de apenas seis anos. Hermione Granger conversava com Tia Angelina e a matriarca dos Potter, trocando receitas. James e Fred comparavam suas listas de metas. James conseguira ficar com doze meninas de dezoito daquela lista, até agora, enquanto Fred ficara com dez de vinte e cinco. Lily e Hugo, ambos de doze anos, conversavam sobre os monstros malignos. Victoire e Teddy estavam nos jardins, namorando.

Enquanto isso, Albus Severus Potter estava conversando com sua prima favorita, Rose Weasley. A garota lembrava muito tio Rony, mas seu jeito com certeza não era dele. Rose vivia com a cara nos livros e defendia Elfos e Sangue-Ruins com mesma ferocidade que sua mãe.

– Vamos tirar foto, Al! - convidou Rose. - Vamos ao antigo quarto da sua mãe. A bolsa da mamãe está lá com a máquina digital.

– Odeio objetos trouxas - murmurou Albus enquanto subia com Rose as escadas.

Ao entrarem no local, percebeu que continuava do mesmo jeito que antes, mas com certeza muito diferente da época de sua mãe. Ela tinha sorte. Por ser a única menina entre sete filhos, Gina tinha alguns privilégios, ainda mais sendo a caçula. Sofredor era Albus, que precisava dividir quarto com James, que passava grande parte de seu tempo admirando o próprio reflexo no espelho.

Havia pôsteres das Harpias de Holyhead, o time de Quadribol que sua mãe jogava, uma almofada com o brasão da grifinória bordado, embora o leão estivesse se descosturando. A cama não possuía lençol e em cima dela as bolsas de todas as mulheres daquela festa estavam ali.

Era Natal, porém o clima ficara bem mais tristonho depois que vovó Molly morreu, então, ficava para função dos menores animar a noite. Um vento frio entrou pela janela d’A Toca e neve derreteu ao tocar no chão de madeira. Rose riu fraquinho indo em direção à bolsinha preta da sua mãe.

– Sinceramente, não sei como a mamãe não perde a mão aqui - resmungou a ruiva. - É tanta coisa!

– Ela colocou feitiço de extensão? - perguntou o garoto de 14 anos.

– É claro - a menor revirou os olhos. - Achei. Vamos, Al, sorria para a foto.

Então, esticou o braço branco e cheio de sardas para frente e ambos os primos sorriram do tipo tenho-trinta-e-dois-dentes. Rose apertou alguns botões e logo Albus viu sua imagem reproduzida ali.

– Um minuto - mandou a garota e sacou sua própria varinha das vestes, conjurando um feitiço em seguida. A foto se materializou em papel na frente dos primos.

Albus focou os olhos verdes ali. Viu Rose roubando a atenção com seus chamativos ruivos cabelos e pedras azuis brilhantes como diamante no lugar dos olhos. Era a miniatura de Rony Weasley, embora a expressão de criança perversa e sorriso que esticava suas bochechas lembrassem até demais tia Hermione. Ao desviar os olhos para si próprio, Albus tomou um susto. Ele saíra bonito na foto!

Embora tivesse mesmos cabelos pretos e olhos verdes do pai, Harry Potter, sempre se achou mais parecido com Gina. Na verdade, tirando o cabelo e olhos, Albus não se parecia nada com o patriarca.

Com um sorriso sacana, Albus virou para a prima:

– Scorpius vai gostar dessa foto.

– Seu acéfalo! - Rose bateu nele com a foto. - Você é um idiota, Albus.

– Rose gosta de Socrpius, Rose gosta de Scorpius - cantarolou o moreno.

– Cale-se! - mandou. - Se papai escuta isso... Tem noção do surto que ele vai ter?

– Então quer dizer que o único motivo de querer minha boca fechada é pelo que o tio Rony vai pensar? Hm, Rose.

Uma característica dos Weasley: quando coram, não apenas suas bochechas querem disputar com os cabelos quem é mais vermelho, mas sua testa e orelhas também atingem tal tom. Foi assim que Rose ficou, disfarçando as sardas por alguns segundos.

– Vamos descer.

– Eu quero mais biscoitos! - confessou Albus, abrindo a porta do quarto. - Já se passou da meia noite?

– Acho que sim.

– Eu fico com essa foto.

– O que quer fazer com ela?

– Mandarei Zeus até a mansão Malfoy...

– Aquela coruja estúpida! - resmungou Rose e Albus riu.

– Sua orelha ainda está sangrando por causa da picada?

– Só quando estou no banho quente.

– Banho quente?

– Vantagens de morar com uma nascida trouxa - ela piscou.

– Mas minha mãe era jogadora profissional e agora é Correspondente Sênior de Quadribol no Profeta Diário... Isso trás muitas vantagens.

– Eu odeio aquele jornal... Slander Skeeter é...

– Eu sei, eu sei - suspirou o moreno. - As coisas que ele escreve também me tiram dos nervos.

– Melhor ele do que Rita, da época dos nossos pais. Ah, eu nem te falei!

– O que?

– Naquele dia que você estava doente, o professor Slughorn estava nos contando as notas do nosso trabalho. Eu tive a maior nota da grifinória, aliás.

– Vá direto ao ponto - Albus sentou no sofá da sala.

– O Malfoy pediu para o professor para ir ao banheiro. Aí o professor: “pode ir, senhor Malfoy, estou entregando as notas mais altas primeiro” - Rose gargalhou e Albus ficou com uma expressão interrogativa. - Toda a turma riu.

– Isso quer dizer que ele tirou nota baixa? - Rose revirou os olhos. - Não me olhe com essa cara, você sabe que sou um pouco lerdo.

– Um pouco?

– Crianças - chamou Gina. - Seu pai estava lhe procurando, Rose. Albus, despeça-se dos seus tios e primos, nós já vamos.

– Mas mãe...! - ele tentou protestar, mas bastou um olhar severo da matriarca que o moreno se calou.

Abraçou o vovô e tios. Bagunçou os cabelos de Lucy e acenou um tímido tchau para as primas mais velhas e Dominique, que mesmo tendo sua mesma idade, era bonita, o que o deixava nervoso. Ao chegar em Rose, deu um abraço e sugeriu:

– Pede para o tio Ron para você dormir lá em casa!

– Albus, eu preciso terminar de ler aquele romance trouxa, Helena de Tróia. Lembra-se que te falei sobre?

– Tem como esquecer? Você não para de tagarelar sobre micrologia!

– É mitologia, Severus. E é fantástica! Você deveria ler...

– Não, eu passo. Já não basta saber de quase tudo, graças a você. Até me influenciou a colocar o nome da minha coruja de Zeus!

– Zeus é deus do...? - ela o testou.

– Rei dos deuses, deus da tempestade, do céu, sei lá.

– É quase isso - a ruiva sorriu, orgulhosa. - Até mais, Al.

Albus deu a mão a Lily e ao pai e em seguida, sentiu um puxão no umbigo. Em questão de um segundo, estavam em Godric’s Hollow, na antiga casa de seus avós, que por acaso foi reformada pelos seus pais. Sinceramente, odiava aparatar. Seus ouvidos ficavam mudos por uns poucos segundos e sempre precisava ir vomitar depois.

– Quem vai tomar banho primeiro? - perguntou Harry, enquanto Gina já se dirigia para o banheiro do quarto para tomar o seu banho. - Vá, Lily.

Albus demorou um pouco para convencer seu pai a conjurar um porta-retratos, mas assim que Harry o fez, o garoto colocou sua foto com Rose ali, na cabeceira da cama. Foi o tempo que Lily terminava o banho, então foi ao banheiro e ao sair, vestiu uma cueca branca para dormir. Sentou-se na cama do quarto que dividia com James e começou a abrir os presentes. Ele sabia que tinha prometido a Lily e James que esperaria, mas não aguentava. Queria saber o que Dominique tinha lhe dado. Ele lhe comprara uma pulseira.

Ok, confissão, ele tinha uma queda pela prima.

A porta se abriu e uma cabecinha ruiva entrou ali.

– James! - berrou Lily. - Albus está abrindo os presentes sem a gente.

– Filho da mãe! - ele gritou do banheiro. - Não deixa, Luna!

A garota de doze anos se jogou no colo do irmão e prendeu seus braços. Albus ria e tentava se soltar do abraço da irmã. Então James chegou e se jogou em cima dos dois. Lily começou a rir e Albus já chorava entre as risadas.

– Vamos pra sala - convidou James. - Severus, se vista adequadamente, por favor.

– Você tá só de toalha, patetão - o do meio resmungou, mas mesmo assim, colocou uma bermuda havaiana e uma blusa.

Levaram todos os presentes para a sala e, com James também vestido adequadamente, sentaram ao chão. Fotos estavam espalhadas por toda a sala e uma prateleira com troféus de sua mãe estavam na parede verde claro. Harry dormia no sofá, que era vintage, e uma lareira estava apagada ao canto. Do lado de fora da casa, a neve parara e agora uma horrível tempestade era despejada pelos céus.

Zeus está com raiva, brincou Albus em pensamento, olhando para a coruja e lembrando-se de Rose.

– James, peça pro seu pai ir tomar banho! - gritou Gina, do andar de cima.

– Ele tá dormindo!

– Pois acorde.

Lily riu baixinho e sentou ao lado do pai. Começou a bagunçar seus cabelos, ainda completamente pretos, enquanto os ruivos do Rony já mostravam alguns fios brancos.

– Papai, acorde - chamou a pequena.

– Pai! - gritou James, dando um peteleco no ouvido do seu velho. - Voldemort fez implante de nariz!

Como em um filme de comédia, Harry acordou assustado e caiu do sofá, despertando risada dos seus três filhos. Olhou feio para James, mas depois sorriu bondoso.

– Seu avô teria orgulho de você - ele riu. - E o meu padrinho também! Você faz jus ao nome, Jay.

– Isso é injusto - resmungou Albus, mas Harry já subia as escadas. - Se Lily apronta, ela é a princesinha. Se James apronta, ele se parece com o vovô. Se eu apronto, apanho da mamãe! É injusto.

– O que é injusto? - perguntou Lily, confusa.

– Injusto é o que não é justo, Lils.

James olhou cético para os dois e depois sorriu de lado: - Vocês dois competem para ver quem é mais lerdo? Francamente... Albus, o que a Lily perguntou foi o motivo da injustiça e Lily, ele acabou de falar: ele sempre se ferra.

– Ah - os dois exclamaram e riram.

– Ei, esperem - pediu Lily. - Preciso fazer uma coisa antes! Fiquem jogando xadrez, por enquanto.

Os irmãos deram de ombro e se aproximaram do velho tabuleiro de xadrez, enquanto Lily subias as escadas.

Aproximadamente quinze minutos depois, alguém começou a bater na porta. Albus franziu o cenho; eram três e meia da manhã. Ignorando o acontecido, concentrou-se novamente no jogo.

Aquele barulho sinceramente o estava irritando. Ele tinha uma lista de coisas que o irritava, que era mais ou menos assim: 1) O James se olhando no espelho 2) A lerdeza da Lily 3) Filmes trouxas 4) Pessoas ou coisas que interrompem seu jogo de xadrez. E era exatamente o que o barulho estava fazendo: interrompendo seu xadrez de bruxo.

Albus lembrava-se bem de quando o tio Rony o ensinara a jogar xadrez. Estavam eles dois e Rose, n’A Toca numa manhã de domingo chuvosa. Tio Rony havia achado que a hora de ensinar aos pequenos uma coisa simples, porém divertida, tinha chegado. Então, naquela tarde Rose e Albus aprenderam o jogo e disputaram diversas partidas.

E o barulho continuava interrompendo sua linha de pensamento...

Era irritante demais. A madeira sendo batida por uma mão apressada, misturado com o som das grossas gotas de chuva batendo na grama e balançando as árvores.

A maior vontade do moreno era se levantar e mandar qualquer pessoa que estivesse ali pra casa, porém tinha ordens diretas da mãe – que sabia colocar medo em qualquer pessoa -, que não deveria nunca abrir a porta para estranhos e como a mesma estava lá em cima e ambos estavam com preguiça de se levantar, restava esperar que a pessoa desistisse.

Tentou se concentrar no tabuleiro. Sabia que daqui a duas rodadas, se fizesse a jogada certa, conseguiria encurralar o rei de James, porém, não sabia qual era a jogada certa. James parecia não ligar para o barulho e apenas estava concentrado no jogo e no calor que a lareira emanava.

– Sua vez – informou James.

– Eu desisto. Fique com a vitória – mandou Albus e foi em direção ao andar de cima, chamar sua mãe.

– Mamãe? - chamou, colocando a cabeça na brecha da porta. Gina estava deitada na cama e a porta do banheiro estava fechada; Harry ainda tomava banho.

– Vá dormir, Severus.

– Tem alguém batendo na porta - ele informou e desceu.

Alguns minutos depois e vestida com uma capa, Ginerva Molly Potter desceu as escadas e pareceu perceber a agitação em sua varanda. Com passos desconfiados, dirigiu-se à porta branca de madeira na parede verde e a abriu.

A mulher que se encontrava ali era tudo o que Albus jamais pensaria ser o responsável pelas batidas tão fortes. Seus cabelos eram cacheados e loiros. Seu corpo, escultural e bronzeado. Ela era linda e tinha olhos lindos, como o céu nos dias nublados, mas também intimidadores. Eram eles que arruinavam a semelhança entre ela e aquelas atrizes de filmes americanos que se passavam na Califórnia.

– Casa dos Potter?

– O que aconteceu? – indagou a ruiva curiosa. - Quem é você?

– Não sou uma bruxa - ela confessou e ergueu os olhos em busca dos de Gina. Uma onda de reconhecimento passou pelo seu rosto.

– Maxon - Gina murmurou.

– Não faço ideia de qual deus se passou por Maxon, mas esses dois semideuses precisam vir comigo agora.

– Como? Meus filhos não vão a lugar nenhum.

– É de extrema necessidade, Ginerva. Albus e Lily correm perigo - em seguida, inclinou-se para frente, como se contasse um segredo para a mais velha. - Há desaparecimentos acontecendo.

– Pra onde quer leva-los?

– Existe um acampamento... Feito de pessoas especiais... Como Albus e Lily.

– Pessoas especiais? – indagou Albus e Gina esperou que ele concluísse algo inteligente, mas o que saiu foi: - An?

Ao vê-lo, a loira pareceu estancar. Ela o observou com olhares marejados e cheios de saudade. Albus nada entendia, mas depois de alguns segundos, a expressão da loira foi substituída por puro espanto.

– Esse é o Albus? – perguntou a garota. – Como... Como é possível? São idênticos!

– Quem?

– Albus e... Santo Estige! - ela exclamou e começou a chorar, feito uma menininha. Albus deu um passo a frente. - Os mesmos traços...

A loira pegou-lhe o rosto. Albus olhava tudo sem entender. Para um garoto de 14 anos, era estranho ver uma mulher de quase dez anos a mais tocar seu rosto daquela maneira. A pele branca do garoto atingiu um tom escarlate rapidamente.

– Mãe...? – começou Albus, pedindo uma explicação.

– Oh, deuses, desculpe - a garota se recompôs. - A questão é que precisa confiar em mim. Meu nome é Annabeth Chase. Eu sou filha de Atena, deusa da sabedoria e da estratégia em guerra, e todos os semideuses fora do acampamento estão correndo perigo. Todos os semideuses do acampamento estão pelo mundo com os sátiros recrutando campistas. Rachel, nosso oráculo, nos mandou aqui. Ela não falou uma profecia, mas disse que via que eu tinha que resgatar dois semideuses abençoados por Hécate, deusa da magia. Ao falar com Quíron, diretor de atividades do acampamento, ele me explicou algumas coisas que fiquei muito irritada por não saber antes. Bruxos são fantásticos! A questão é que ele tinha quase certeza que se tratava de bruxos. Estudamos a família de vocês e sabemos que Lily e Albus são filhos de algum deus que, aparentemente, se passa por Maxon. Ah, e que são bruxos.

– Sátiro tipo... Metade homem metade vaca? - perguntou Albus e Annabeth arregalou ainda mais os olhos. - Você pode parar de me olhar assim?

– Desculpe - ela pediu. - Metade homem, metade bode.

– Conhece mitologia, Al? - espantou-se Gina.

– Rose me contou algumas histórias... - ele murmurou sem graça. - Mas isso tudo não faz sentido! Não se passa de livros.

– Os deuses do Olimpo são reais - confessou Annabeth.

– James, vá chamar Lily e certifique-se que Harry não desça - mandou Gina e o mais velho obedeceu, ainda assustado. - Por Merlin...

– Quer dizer que... Você é uma deusa? - perguntou Albus. - Oh, Merlin, você é Atena!

– Não... Eu sou filha dela - falou Annabeth, revirando os olhos. - Cada vez mais parecidos... Enfim, Ginerva, eles precisam vir comigo.

– Confio em Maxon, é para o bem deles - falou Gina e Annabeth assentiu.

Lily desceu com sua camisola rosa e tranças nos cabelos ruivos, acompanhada de James, que parecia bem mais velho que dezesseis anos, naquele momento.

– Seu pai ainda está no banho? - perguntou Gina.

– Peguei a varinha dele e lancei uma azaração no banheiro - James sorriu.

– Crianças, sentem - pediu Gina. - E não me interrompam.

– Posso sentar também? - perguntou Annabeth. - É sempre emocionante assistir semideuses descobrindo seu sangue divino.

– Claro, sente-se - permitiu Gina. - Eu não sei como falar isso! Bom, quando o James tinha um ano, viajamos para a Califórnia, Estados Unidos. Eu conheci um homem e me apaixonei.

– Quer dizer que traiu o papai? - disparou James, irritado.

– Quer dizer que ele é pai do Albus – ela esclareceu. – E ele me prometeu que se no ano seguinte eu voltasse ali, ele estaria me esperando.

– Você voltou – deduziu Albus, irritado.

– Voltei e a Lily... – ela deixou a frase morrer. – A questão é que ele também tem relação com a magia. Porém, não é bruxo.

– Isso eu já entendi! - resmungou Albus.

– Eu não entendi - confessou Lily. - Eu não sou bruxa?

– É, sim - confirmou Gina. - Você tem sangue bruxo, por minha causa.

– O que eles são? - perguntou James.

– Outra parte do sangue deles é divino. Filhos de um deus grego.

– Grego ou romano? - perguntou Annabeth.

– Tenho certeza que ele disse grego.

– Que deus? - perguntou Albus.

– Não sei, querido. Desculpem-me por esconder a verdade de vocês. Achei que não precisassem saber.

– Eu não estou entendendo nada - falou Lily, zangada.

– Precisamos ir para o acampamento rápido – advertiu Annabeth.

– Crianças, tenho certeza que a Annabeth poderá explicar tudo – a matriarca assegurou. – Vocês precisam ir.

– Pra onde? - perguntou Lily e Albus se irritou, a lerdeza dela estava passando dos limites.

– Vá, Albus! – Gina mandou, beijando sua cabeça e o empurrando de leve para o lado de fora. – Lily, meu amor, fique bem.

Então a empurrou de leve e fechou a porta. Albus olhou para a loira que estava ali, Annabeth, e observou seus traços. Ela também olhava para ele, intensamente, e ele teve que corar. Ela era bonita e estava na faixa dos 20 anos. Era loira, mas tinha uns fios brancos no cabelo. Muito bonita. E continuava encarando ele.

– Devemos ir agora – ela falou.

– Esqueci minha varinha - falou Albus.

– Eu também - disse Lily.

– E precisamos de roupas e... Objetos o qual não nos separamos.

– Posso levar minha coruja? - pediu Lily.

– Precisamos ir, queridos - falou a filha de Atena.

– Não saio sem minha varinha - insistiu Albus. - Um minuto.

Ele abriu a porta de novo e subiu as escadas correndo, com Lily atrás. Ouviu quando James falou que parecia com a história do pai deles quando descobriu que era bruxo. A diferença era que seu salvador era um gigante barbudo e o de Albus era uma loira bonita.

Entrando no seu quarto, Albus olhou uma última vez para a cama encostada na parede e a cama de James, que flutuava em cima da sua. Havia um mural de fotos na parede do irmão e na sua, uma lista de feitiços extras que Rose o ensinara. No criado mudo, cartas dos sapinhos de chocolate se amontoavam e o novo porta-retratos mostrava Albus e Rose sorrindo.

No mesmo instante, o moreno sentiu um aperto no coração. Rose. A sua prima favorita e melhor amiga. Ela voltaria sozinha para Hogwarts dali a sete dias, para terminar o quarto ano e ficaria sozinha no baile de ano novo, que a diretora McGonagall daria. Será que ficaria com Scorpius?

Albus sentiria falta dos dois. Ao lado do porta-retratos dele com Rose, uma deles dois e Scorpius mais novos, estava à mostra. Albus fazia uma careta enquanto Rose ria e empurrava o ombro de Scorpius, que tinha uma expressão dolorida.

Quando o jovem Potter entrou em Hogwarts, morria de medo da Sonserina, mas com a ajuda do Malfoy, ele aprendeu a amar a casa da cobra. Ele, Scorpius e Rose eram o trio, dois sonserinos e uma grifina.

Balançou a cabeça, espantando a saudade e pegou uma mochila. Colocou ambos os porta-retratos e um dele, James, Dominique e Rose. Outro, dele, Harry e Lily. Albus tinha muitas fotografias espalhadas pelo quarto. Pegou sua varinha, algumas cartas do sapo de chocolate - a de seus familiares, principalmente - e uma muda de roupa. Ao passar pela sala, abriu o presente de Rose, de Dominique e de seu pai. Rose lhe dera uma câmera profissional. Um meio termo entre um objeto trouxa e um objeto bruxo. Dominique lhe dera um álbum de fotografias ou uma espécie de diário. Na contra capa, com letra caprichada, dizia algo, mas Albus não tinha tempo de ver. Harry lhe dera a sua capa da invisibilidade, que por anos era cobiçada por Albus. O moreno colocou o pano dentro da mochila, com os olhos marejados.

Juntou-se a Annabeth sem olhar para o irmão e a mãe e esperou Lily do lado de fora, que também apareceu com uma mochila e uma nova roupa.

– Vamos - convidou Annabeth.

– Como nós vamos? - perguntou Lily. - E para onde?

– Vamos pelo mar, é claro - falou Annabeth. - Uma das vantagens de se namorar o único semideus nascido de Poseidon em anos.

– Deus dos mares? - chutou Albus.

– É.

– Você tem namorado? - perguntou Albus e depois revirou os olhos para a própria lerdeza.

– Vocês são semideuses, Lily - falou Annabeth para a ruivinha enquanto caminhavam e Albus percebeu que Annabeth fugira da pergunta.

– Como você pretende ir para Londres trouxa?

– Do mesmo jeito que vim - ela respondeu. - Voando.

***

Um rapaz loiro estava encostado no muro do cemitério de Godric’s Hollow. Ele estava vestindo uma camisa verde e jeans. Tinha uma cicatriz na boca e eletrizantes olhos azuis. A chuva o deixara parecendo um pinto molhado.

– Você demorou - ele ralhou com Annabeth.

– Desculpe, Jason, eles não sabiam muita coisa sobre mitologia. A mãe teve que explicar.

– Acha que são filhos de quem? - ele perguntou.

– Olhe para Albus e me diga o que acha.

O garoto, Jason, olhou para os irmãos e arregalou os olhos. Albus não sabia porque olhavam para ele daquela maneira.

Foi quando a ficha caiu: nunca se achou parecido com Harry, nem com Gina. Era parecido com o progenitor divino e outro semideus, provavelmente.

– Tem tido notícias dele? - perguntou Jason.

– Sei tanto quanto você - ela respondeu, desculpando-se.

– Com quem eu pareço? - Albus tinha medo de fazer essa pergunta, mas precisava fazer.

– Precisamos sair daqui - falou Jason. - É perigoso.

– Não! - ele gritou. - Precisam me dar respostas.

– Escuta aqui - Jason se aproximou. - Primeiro nos salvamos, depois as respostas. Não seja mimado.

Albus bufou. Mimado era algo que definitivamente não definia ele, mesmo sendo um sonserino.

– Também não irei sair daqui sem que alguém me explique que história de semideus é essa! - berrou Lily, atraindo atenção para si.

Jason se aproximou dela, mas dessa vez não para gritar, como fez com Albus. O garoto de vinte anos, provavelmente, enlaçou a cintura da ruiva e puxou Annabeth, que puxou Albus e logo eles sentiram os pés saírem do chão.

Eles estavam mesmo voando? Jason quem fazia aquilo? Albus estava assustado. Olhou para a Lily e viu que ela estava com vontade de vomitar. Nunca gostara de vassouras por conta da altura e agora estava sendo agarrada por um garoto e voando. Tentando acalmá-la, Albus segurou-lhe a mão e ela sorriu para o irmão.

Ao colocarem o pé no chão, Albus reconheceu estarem em Plymouth, na praia. No meio do mar, três animais que pareciam um cavalo, peixe, ou o filho dos dois, esperavam por alguém.

– É um hipocampo - explicou Annabeth.

– O que os trouxas pensam quando veem isso?

– Não os chamamos de trouxas, chamamos de mortais - respondeu a loira. -E há a névoa, é como uma poeira mágica que esconde tudo isso.

– Espere... - pediu Albus e apontou para Jason. - Ele é o seu namorado filho de Poseidon?

– Sou filho de Júpiter - respondeu Jason, procurando os olhos de Annabeth.

– Quem é Júpiter?

– Forma romana de Zeus - respondeu Annabeth.

Lily soltou um grito estridente. Albus virou-se alarmado para ver o que tinha acontecido, mas não se passava de birra de Lily. Ela sim era mimada.

– Lily, Lily, Lily! - chamou Albus. - Cala a boca!

– Eu quero que me expliquem o que está acontecendo - gritou a ruiva, chamando atenção. Então começou a chorar, a chuva ainda molhando seus cabelos.

– Lils, os trouxas têm crenças – começou Albus. – A questão, é que isso não é apenas uma crença. Os deuses dos olimpos são reais e às vezes tem filhos com os humanos.

– Deuses do olimpo?

– Sabe... Deuses. Cada um é responsável por uma coisa... Poseidon controla os mares, Afrodite o amor... Atena, Zeus, Hades...

– Quer dizer que o cara que mamãe... É um deus? – perguntou Lily. – Nosso pai?

– É – ele respondeu.

– Qual deus? – ela quis saber e Albus olhou para Annabeth, em um pedido silencioso.

– Eu tenho minhas suspeitas - falou Annabeth. - Mas não quero criar expectativas, por isso, esperem até serem reclamados. Seu pai olimpiano irá lhe reclamar em breve, provavelmente.

Seu pai olimpiano... Seu pai... Isso ficou na cabeça de Albus enquanto ele acompanhava Annabeth, Jason e Lily até os hipocampos e montava neles, dividindo o espaço com Lily. O seu era verde como seus olhos, porém possuía uma listra preta perto da calda. Quando Albus o montou, ele soltou um som, semelhante a um relincho, satisfeito.

De qualquer maneira, ele estava disperso demais para se concentrar no animal à sua frente. Seu pai olimpiano. Aquele que sempre chamara de pai não era seu pai. Seu herói, o que tirou seus medos, que enfrentou o lorde das trevas, não era seu pai. Aquele que o encorajou a ir para qualquer casa de Hogwarts, que sempre o apoiou, não passava de um chifrudo. Qualquer deus que fosse não era seu pai. Era Harry Potter e sempre seria.

– O que está pensando, Al? - perguntou Lily. - Tudo bem?

– Você sabe - ele murmurou. - É muita coisa para digerir...

– Eu sei - ela concordou. - Minha cabeça está um nó. Pode me contar algo sobre mitologia?

– Tenho certeza que nesse acampamento há livros que você possa ler. Tudo o que eu sei é culpa da Rose.

– Eu amei o presente que ela me deu - falou Lily. - Ela sempre acerta.

– Eu sei. Ela me deu uma câmera.

– Vai sentir falta dela?

– Não acho que estamos indo para sempre. É só manter em mente que voltarei a vê-la ficar vermelha toda vez que falo do Scorpius.

– É verdade que ela é afim do Malfoy?

– Mais verdade do que nunca. Ela só não sabe ainda.

Lily riu e continuou a puxar conversa:

– Fale-me desses deuses!

– Zeus, Poseidon e Hades. Céus, mares e terra.

– Certo.

– Afrodite e Atena. Amor e razão.

– Ok.

– Não me lembro de mais deuses... Hécate, deusa da magia. Hera, deusa do casamento e esposa de Zeus... Vênus é a forma romana de Afrodite. Com o tempo você aprende, Lils.

– Ok. Tem horas que eu odeio ser bruxa. E nem podemos usar nossa magia em casa.

– Ah, sim, podemos. Rose sabe um jeito de burlar o ministério.

– Mentira?

– Juro juradinho. Mas só podemos fazer isso em uma casa.

– Então pra que nós trouxemos nossas varinhas se não vamos usar?

Albus ia responder, mas o hipocampo parou de repente. Eles estavam numa praia. A areia era branca e a água era gelada demais para o gosto dos irmãos Potter. O Sol começava a aparecer, deixando o ambiente meio alaranjado. O lugar parecia deserto, a não ser pela presença dos quatro semideuses ali.

Lily e Albus desceram do hipocampo e se entreolharam, querendo saber onde estavam.

– Bem-vindos a Long Island - disse Annabeth e Albus sorriu.

– Estamos em New York, o estado?

– Estamos. Long Island é uma ilha de New York. Vamos para o acampamento meio-sangue em breve, mas devem estar cansados, são quase cinco da manhã e não dormiram nada. Vamos descansar um pouco.

– Onde?

– Apenas me sigam.

Albus assentiu e pegou a mão de Lily, querendo, de alguma forma, passar confiança para a irmã.

Lily era um caso engraçado. Tinha horas que conseguia ser tão inteligente quanto Rose, mas tinha horas que ficava pior que a tia Luna, falando sobre Narguilés. Diferente de Albus, que conseguia ser lunático e inteligente, tudo ao mesmo tempo.

Enquanto caminhava, lembrou-se das histórias que Rose lhe contara. Nenhum semideus conseguia viver mais do que 20 anos, lutando com tantos monstros. Albus se perguntou como aqueles dois conseguiram sobreviver a tanto tempo.

– Quantos anos vocês têm? - perguntou Albus, olhando para o chão.

– Eu tenho 25 - respondeu Annabeth. - E o Jason tem 22.

– 23. - Ele respondeu com tédio e Annabeth riu sem humor.

– E como chegaram a tanto? São poderosos, não são?

Albus percebeu que os dois semideuses trocaram um olhar um pouco nervoso, mas não comentou nada.

– Houve uma guerra contra Gaia, a mãe-terra, onde sete semideuses foram escolhidos para liderar a missão. Nós éramos dois dos sete.

– E os outros? - perguntou Lily.

– Percy, Piper, Frank...

– Hazel e Leo - suspirou Annabeth, com um olhar vazio. Albus imaginou que eles não tiveram um bom final.

–Filhos de quem? - Lily agora parecia bem mais antenada do que Albus, alguns minutos atrás. Ela estava interessada naquele assunto de mitologia.

– Percy, filho de Poseidon. Piper, filha de Afrodite. Frank, filho de Marte, a forma romana de Ares. Hazel, filha de Plutão, forma romana de Hades. Leo, filho de Hefesto.

– Percy é o seu namorado? - quis saber Albus e Annabeth virou o rosto pra ele.

– Ele é a sua cara.

– O que?

– Estávamos falando dele, naquela hora.

– Não o conheci aos catorze anos, mas com certeza você lembra vagamente ele - concordou Jason.

– Pois eu conheci - informou Annabeth. - Achamos que vocês podem ser filhos de Poseidon. É a única razão lógica para se parecerem tanto. E sim, ele é o meu namorado.

– Desapareceu?

– Chega de perguntas - pediu Jason.

– Mas você não respondeu a pergunta - observou Lily. - Como sobreviveram?

– Os acampamentos, tanto o Júpiter quanto o Meio-Sangue, romano e grego, possuem barreiras mágicas. Nenhum monstro pode passar por ela - ele explicou.

– Quer dizer que moram no acampamento? - deduziu Lily.

– Mas você é romano, cara - retrucou Albus. - Você e Annabeth não moram no mesmo acampamento, então.

– É complicado - Jason sorriu. Albus percebeu que era a primeira vez que ele sorria ali. - Mas eu moro no Acampamento Meio-Sangue.

– Por causa da Piper - cantarolou Annabeth.

– Não! - Jason negou, mas soltou uma risada. - Talvez. Mas eu me sinto mais relaxado assumindo o lado grego da vida.

– Eu sei o que te relaxa - ambos trocaram mais um olhar e começaram a rir. Pareciam Rose e Albus.

– Mas é verdade - continuou Annabeth. - Nós somos os campistas mais velhos ali. Sabe, não há uma idade certa para se deixar o acampamento. Quíron aceita a todos. E o Sr. D... Ah, ele é um velho legal.

Um trovão chicoteou os céus.

– Oh, ele é um deus muito importante - consertou Annabeth e gritou para os céus: - Tá melhor, Zeus?

– Sr. D é um deus? - perguntou Albus.

– Dionísio - respondeu Annabeth e olhou para Jason. - Ou Baco.

– De qualquer maneira, o problema são os monstros que enfrentamos até lá, as coisas que passamos. Annabeth passou pelo próprio tártaro.

– Chegamos - informou Annabeth. Albus percebeu que ela não queria tocar no assunto.

Ele se viu de frente a um chalé de paredes claras. Pequeno, mas bem bonitinho, para falar a verdade. As janelas estavam fechadas, mas Albus podia ter uma bela noção do que havia dentro: cortinas velhas e teias de aranha.

– Esse lugar tá acabado - falou Annabeth.

– Que lugar é esse?

– É um chalé que Percy costumava vim quando era menor.

– E você tem a chave?

– Estamos nos Estados Unidos.

– O que quer dizer?

Annabeth não respondeu. Apenas se abaixou e levantou o tapete. Ali havia uma chave prateada brilhando em um chaveiro com uma carinha feliz. Ela sorriu, balançando-o para Albus e abriu a porta. Ela foi a primeira a entrar e assim que o fez, deu um grito e correu de volta para abraçar Jason.

– O que foi? - perguntou Albus.

– Tem uma aranha ali - respondeu Annabeth, choramingando.

Albus e Lily trocaram um olhar e começaram a rir lembrando uma coisa. Tio Rony.

– Ei, crianças, parem de rir - mandou Jason. - É sério.

– Não estamos rindo disso - falou Lily entre as risadas. - Ai, meu Merlin.

E riram por mais um grande tempo. Albus entrou no chalé e sacou sua varinha, fazendo a aranha desaparecer com um simples aceno.

– Pode entrar, Annabeth - falou Lily, sentando-se no sofá. - Ei, você tava fazendo feitiço à Rose Weasley?

– Sim - respondeu o moreno. - Estamos dentro de uma casa. É bem fácil burlar o ministério.

– Porque estavam rindo? - quis saber Annabeth, irritada. - Todos os filhos de Atena têm medo de aranhas. Culpa de Aracne, a inimiga mortal de nossa mãe.

– É uma história? - perguntou Albus, com os olhos brilhando.

– Com mitologia? - completou Lily.

– É... - respondeu Annabeth, desconfiada, enquanto entrava na cozinha. Gritou de lá: - Porque?

– Adoraríamos ouvir - respondeu Lily.

Albus concordou, olhando para Jason, e se sentou ao lado da irmã. Tudo bem que era cansativo Rose tagarelando sobre mitologia, mas Annabeth Chase contando? Aí era outra história.


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Notas finais do capítulo

Eu não sei se a história está ficando legal... Uma coisa é misturar as sagas em um Universo Alternativo, como em minha outra fic (http://fanfiction.com.br/historia/384613/Aventuras_e_Desventuras_Do_Amor/), outra é juntar os mundos: bruxo e mitológico.
Por favor, comentem, sim? Beijão!