Os Filhos de Um Deus escrita por Ma Black


Capítulo 3
Lily


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEEEEEEY
Cara, obrigada pelos reviews, sério. Eu vou responder *juro* todos, mas eu tô viajando e... Sabe aquela ferramenta de atualização automática de fanfic do Nyah? É, pois é, tô usando. Então, assim que voltar, vou responder todos os reviews.
Não é fácil ter cinco (e logo seis) fanfics em andamento.
Mas enfim, espero que gostem ^^ E obrigada todos aqueles, mais uma vez, que comentaram.
PS: Capítulo pela perspectiva da Lily.



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A ruiva dirigiu os olhinhos acastanhados em direção à loira que estava lhe oferecendo um pacote de salgadinhos Cheetos e uma Diet Coke, pelo menos era o que dizia na embalagem. Lily sorriu em agradecimento e pegou o pacote.

– Não é um jantar muito saudável, mas é a única coisa dentro do prazo de validade aqui - informou Annabeth.

– Tudo bem - disse Lily. - O que é isso?

– Bruxos não comem salgadinhos?

– Nem Diet Coke - respondeu Lily, olhando pra Albus rindo.

– Comida industrializada - explicou Annabeth e os irmãos fizeram que não com a cabeça. - Agora eu tenho pena de vocês.

– Ou não. - Discordou Jason, sentando-se no braço do sofá e roubando um salgadinho de Albus. - Eles são mais saudáveis do que nós.

– Prove e me diga o que achou! - mandou Annabeth para Lily.

Lily teve dificuldade para abrir o pacote e Annabeth, sorrindo amigavelmente, ajudou-a a abrir. Lily se perguntou se ela estava se sentindo a babá ou se só estava sendo educada. Logo um cheiro de vômito impregnou o ambiente e a pequena bruxa fez uma careta.

– O cheiro é horrível - concordou Jason. - Coma.

Lily pegou um salgadinho. Ele tinha uma cor amarelada meio alaranjada e lembrava uma minhoca. O gosto parecia... Queijo. Era estranho não poder comparar aquele sabor com nada, mas sim, parecia queijo. Um queijo diferente do que estava acostumada a comer, mas ainda assim lembrava o queijo. Lily sorriu aprovando.

– Está na vez da Diet Coke! - informou Annabeth e abriu a lata.

Os olhos castanhos de Lily se encheram de água quando aproximou aquela bebida perto dos olhos. Eles estavam formigando. Ignorando isto, bebeu apenas um golinho e sentiu língua e garganta formigarem também, mas a sensação era boa. O gosto era enjoativo, mas era viciante. Lily bebeu mais um gole e Jason riu divertido.

– Jason, saia daí para eles se deitarem - mandou Annabeth. Ao ouvir isso, Lily olhou para ela com uma expressão divertida e depois olhou para Albus.

– Burle o ministério, irmão.

– Com prazer - ele riu e conjurou dois colchões. - Ah, como eu amo a Rose.

– Colchões? Jura? Não podiam, sei lá, ser uma daquelas camas gigantes que o papai e a mamãe dormem?

– Claro, gênia, porque aqui tem muito espaço disponível.

Lily sentiu o rosto quente, mas sabia que não estava vermelha. Ela tinha raiva disso. Raramente ficava corada, enquanto Rose sempre lhe dera inveja com orelhas e testas vermelhas. O máximo que Lily atingia era um rosinha imperceptível.

A ruiva estirou língua para o irmão e se sentou no colchão, em seguida, para comer e escutar uma história sobre mitologia.

Tudo ainda estava bastante confuso na pequena cabecinha grifina dela. Isso de mitologia e tal. Tudo bem que agora estava começando a entender, mas continuava muito confuso.

O que sabia era que tanto Albus quanto James ficaram com raiva da mãe por ter traído o auror Harry Potter, o pai deles; Lily não a julgava. Era o amor, a ruiva entendia. Era dois anos mais nova que Dominique Weasley, sua prima, mas mesmo assim a via como uma inspiração. E ela sempre lhe contava histórias sobre o amor. Lily acreditava nele como ninguém. Acreditava em Afrodite.

Ela sorriu com esse pensamento; estava começando a entender a mitologia.

Annabeth esperou eles terminarem de comer e, por fim, falou:

– Fechem os olhos enquanto eu conto a história. Quero que durmam logo. Quanto mais tempo eu e o Jason passamos fora do acampamento, pior. Ainda mais ele sendo filho de Júpiter. E se forem mesmo filhos de Poseidon...

– Já entendemos - interrompeu Albus.

– Fechem os olhos! - ela mandou. - Vamos dormir todos na sala. Sabe, para fazer turnos de guarda.

Lily tirou o pacote de salgadinho do colchão e o colocou no chão. Em seguida, Albus conjurou um lençol para os dois e se deitou, segurando a mão de Lily.

Ela queria abraçá-lo, por estar sendo o melhor irmão do mundo. Lily estava com muito medo do final dessa aventura, mas pelo menos estava com seu irmão. Ele lhe passava confiança. Não tanto quanto James, que era a cara do pai, mas lhe passava. Era bom ter ele ali.

– Atena, além de deusa da sabedoria, é também deusa das artes - começou Annabeth e as palavras que ela falava se transformavam em imagens na imaginação da ruiva. - Havia uma mulher, Aracne, que se achava muito boa em tudo que fazia, até se deparar com Atena. Achando ser melhor que minha mãe, passou a espalhar certos boatos. E quando esses boatos chegaram a Atena, ela se enfureceu. Atena, então, desafiou Aracne. A mulher teceu cenas dos Olimpianos, onde acusava Zeus de traição a sua mulher, Hera. Atena era a filha favorita de Zeus e tinha um enorme carinho pelo rei dos deuses. Com isso, não gostou nada do que Aracne fez a seu pai. Desfiou suas artes e a induziu a se enforcar. Apiedando-se, a salvou, porém lhe lançou uma maldição. Ela virara um animal asqueroso, com pernas cabeludas e vários olhos e pernas. Aracne é a mãe das aranhas. Aracnofobia, é daí que vem o nome.

– Nosso tio tem isso - falou Lily, abrindo os olhos.

– Fecha o olho, ruiva! - mandou Annabeth, rindo. - Para se vingar, Aracne ordenou que todas as suas filhas infernizassem todos os filhos de Atena. Há alguns anos atrás, eu fiquei incumbida de seguir a Marca de Atena. Um desafio disposto aos melhores filhos de Atena, os mais inteligentes, porém até aquele momento ninguém tinha conseguido. Tínhamos que recuperar a antiga estátua da minha mãe, a Athena Parthenos. Estávamos em Roma, se não me engano, faz tanto tempo! Oito anos, eu acho. De qualquer maneira, enfrentei sozinha diversos obstáculos e até quebrei o tornozelo! Foi horrível e no fim, a Athena Parthenos estava no covil de Aracne. Eu tinha pavor de aranhas, é verdade, mas precisava dar orgulho a minha mãe! Então a fiz cair na própria presunção. Enganei-a, a fiz tecer a própria armadilha. Tínhamos conseguido jogá-la no tártaro, mas algo prendeu em meu pé e me arrastou, junto a Percy, até o próprio tártaro. Foi horrível. Enquanto isso, Nico, filho de Hades, levava os meus amigos para as Portas da Morte, a fim de nos resgatar.

– Ainda estamos acordados - falou Albus, depois de um tempo em silêncio. - Certo, Lily?

– Certo - a ruivinha riu.

– Mais histórias da sua mãe! - pediu Albus.

– Atena nasceu nas margens do rio Tritão, pela cabeça de Zeus, mas essa é outra história. A questão é que Poseidon e Anfirite tinham um filho chamado de Tritão. Este tinha uma filha chamada Palas. Atena, ao nascer ali, foi mandada por Zeus para treinar no reino de Poseidon, com Palas. Ambas foram criadas juntas, mas em certo momento da vida, Atena e Palas entraram em uma disputa. Atena estava perdendo quando Zeus veio com aegis, seu escudo, e a ajudou. Com o escudo do pai, Atena proferiu um golpe em Palas e a matou. Como espécie de recompensa por sua vitória, ela tomou o nome da adversária, virando assim Palas Atena. Outras versões dizem que ela se sentiu culpada por tê-la matado, então tomou o nome como homenagem.

– Ainda estamos acordados - disse Albus, mas sua voz estava arrastada.

– Posso contar a história da Medusa. Acho que qualquer pessoa tem que conhecer essa história. Mortal, semideus, bruxo ou... É trouxa, que chamam?

– É. E eu conheço a história da medusa - falou o Potter.

– Mas eu não. - Disse Lily.

– Irei contar algo que envolve isso!

– Não é aquela que Perseu, a mando de Atena... - começou Albus.

– É, mas não irei contar isso - disse Annabeth. - Durma, Albus. Contarei as guerras entre Poseidon e Atena. Primeiro, a história de Atenas. Depois, embalarei com a Medusa. E essa é a última, estou cansada!

Lily ficou zangada com aquele comentário. Parecia que eles eram criancinhas que precisavam de alguém contando historinhas para poder dormir.

– Poseidon e Atena sempre discutiram. Não se sabe exatamente quando tudo isso começou, mas o mais aceito é que eles estavam disputando o cargo de deus patrono da atual cidade de Atenas. Como tributo, Poseidon deu à cidade uma fonte de água salgada, enquanto Atena presenteou a primeira oliveira, bem ao lado da fonte. Atena, obviamente, ganhou. A partir disso, Poseidon, para se vingar, lançou uma maldição na cidade. Durante o verão, todos os rios iriam secar, exceto um. Até hoje Atenas sofre com a seca. Sempre tentando um meio de afetar Atena, Poseidon levou sua amante para o templo da deusa e lá fizeram amor. Essa amante era a Medusa. Enfurecida, Atena lançou uma maldição, transformando-a em um monstro, assim como suas irmãs. Todos dizem que ela fez isso por que foi uma falta de respeito, mas depois que eu comecei a namorar o Percy... - Lily entreabriu os olhos um pouco, para ver o rosto da loira. Ela e Jason trocavam um olhar cúmplice. - Bem, comecei a achar que era outra coisa. Mas não posso falar nada.

– Albus dormiu - sussurrou Jason.

– Mas eu não! - falou Lily, sorrindo. - Conte mais histórias, por favor, Annabeth.

– Você é uma peste, garotinha - falou Annabeth e Lily sentiu o colchão ao seu lado afundar. Ela abriu os olhos e encontrou a loira sorrindo para ela. Annabeth começou a desfazer as tranças ruivas. - Vou contar uma história sobre mim e ruivas. Bem, houve uma época que estive sequestrada. Percy, meu amigo, na época, veio me resgatar. Quer dizer, resgatar a deusa Ártemis, mas tudo fica mais heroico quando digo que ele foi meu príncipe do cavalo branco. Ou príncipe do Pégaso preto. Enfim, nesse meio tempo, ele conheceu uma ruiva, uma mortal que conseguia ver através da névoa. Rachel Elizabeth Dare. Depois do meu resgate, ela foi fundamental para concluirmos outra missão, e não preciso dizer que fiquei...

As palavras de Annabeth começaram a ficar nebulosas e as imagens na cabeça de Lily passaram a ter vontade própria. Logo, ela se viu em um ambiente escuro. A luz da Lua entrava por uma janela circular na parede esquerda, que era composta de tijolos negros. Havia um vaso de planta morta ao canto esquerdo e uma cadeira branca ao lado. Não conseguia distinguir muita coisa, mas logo viu seu irmão, Albus.

Não, espere, parecia mais velho que Albus e ele vestia uma blusa laranja, que com certeza Albus nunca usaria. Tinha profundas olheiras e seus cabelos eram mais longos. Com certeza não era Albus.

Ele estava sujo e suas mãos estavam amarradas. Parecia fraco.

– Ele não está planejando nada. Eles não estão. - dizia o garoto.

– Não minta para mim - disse uma voz feminina, que, com certeza, emanava divindade.

– Eu juro pelo Estige que não sei sobre o que ele poderia estar planejando - ele falou e pelo seu tom, Lily imaginou estar de dentes cerrados.

Não sabia explicar, mas ela se sentiu muito raivosa. Quem aquela mulher pensava que era? Porque não o soltava logo? De algum modo, ela sentiu uma onda de justiça e afeto por aquele garoto que se parecia com Albus no futuro. Ou talvez, fosse mesmo o seu irmão.

Passaram-se alguns minutos e depois a voz murmurou:

– Está falando a verdade.

– É claro que estou - ele disse, desafiador.

– Basta! Você está falando com uma deusa, rapaz. Tenha respeito.

– Meu pai não faria nada de ruim contra o mundo, por mais que você mereça.

– Acredita mesmo nele? Poseidon sempre mentiu para você. Ele disse que amava sua mãe? Pois disse o mesmo para Gina Weasley.

– Quem?

– Gina Weasley. Ou Ginerva Potter. Você tem dois irmãos, Percy. Ele não lhe contou?

– Você está mentindo!

– É claro que estou mentindo - vociferou a voz. - Tenho cara de quem mente? Tenho, Lily, cara de quem mente?

A deusa virou o rosto para ela e a única coisa que Lily conseguiu ver foi seu rosto virando em sua direção. Seus cabelos eram dourados, mas ela não conhecia muitos deuses para saber quem era. Mas tinha certeza de uma coisa, a deusa falara diretamente com ela.

A ruiva olhou para o lado. Annabeth dormia com a cabeça em seu colchão, parecia agitada. Albus ainda estava segurando sua mão e permanecia de boca aberta, babando. Lily olhou então para Jason, que olhava para as próprias mãos. Segurava uma moeda na mão esquerda e parecia sonhador. Ele virou os olhos azuis na direção dela e ela sentiu a face quente.

A garota olhou para a janela. O Sol havia saído, mas estava longe de seu ponto mais alto.

– Sonhos ruins? - perguntou Jason e Lily sentiu um arrepio. Ela se levantou do colchão e foi sentar no sofá, para ficar mais perto dele.

– Pode-se dizer que sim - ela respondeu. - Porque... Porque não está dormindo?

E porque ela não calava a boca? Não queria conversar com ele. Tinha vergonha! Mas a voz dele era tão sensacional... Ele sorriu e a luz do Sol refletiu sua cicatriz na boca. Antes que ele respondesse, ela perguntou:

– Como conseguiu a cicatriz?

– Acidentes infantis - ele riu e ela franziu a sobrancelha. - Um grampeador.

– Ah - ela esperava uma história completa, para poder escutar mais sua voz, mas não foi isso que teve. - E porque não está dormindo?

– Faz parte do turno - disse Jason. - Eu e Annabeth planejamos seis horas de sono, para acordarmos de onze da manhã. Ela dormiria três horas e eu dormiria três.

– Porque não podem dormir juntos? - sentiu a face vermelha quando ele abriu um sorriso malicioso. - Quero dizer... Ao mesmo tempo.

– A qualquer momento um monstro pode chegar - ele explicou. - Precisamos estar de guarda. Fiquei com o primeiro turno.

– E quantas horas se passaram?

– Duas e meia.

– Entendi.

– Porque não volta a dormir, Lily?

– O sonho meio que me assustou... Ela olhou na minha direção...

– Ela quem?

– Não quero falar agora.

– Tudo bem.

– Vou dormir.

– Tudo bem.

Ela se deitou novamente, tomando cuidado para não bater em Annabeth. Ela parecia estar tendo pesadelos também. Será que ela aguentaria ficar três horas no silêncio, pensando no que aqueles sonhos poderiam significar?

– Jason - chamou Lily. - Existe alguma deusa loira?

– Várias - ele respondeu, numa risada seca. - Sonhou com uma deusa?

– Sonhei. E com Percy.

– É melhor você dormir.

Lily fez que sim com a cabeça, embora ele não pudesse ver, e pulou para o colchão do irmão, abraçando-se a ele. Logo, sentindo a confiança que Albus emanava, pegou no sono novamente.

Dessa vez, ela teve um sonho utópico com Jason.

***

– Ei, Lils, acorde - chamava Albus. - Lily, o Hugo tá lendo seu diário.

Ela acordou, sobressaltada, esperando estar n’A Toca em mais uma daquelas festas do pijama dos primos. Era sempre divertido. James e Fred acordavam no meio da noite para pregar peças e Victoire, Molly, Lucy, Dominique e Lily ficavam até tarde fofocando. Louis e Hugo tentavam a todo modo descobrir os segredos das primas. Roxy, Rose e Albus sempre faziam algo diferente. Era muito divertido!

Porém, à medida que piscava os olhos, foi reconhecendo as teias de aranha do local e o sofá gasto verde. Eles não estavam em casa e muito longe para ser algo divertido.

– Idiota - a ruiva murmurou, deitando novamente. Olhou para o irmão e via que ele segurava um álbum de fotos. - O que é isso?

– O presente da Nick. Ela e Rose combinaram para me dar isto. Leia!

Lily pegou o álbum. Era bonito. Na frente, havia o símbolo da Sonserina e a capa era dura e verde, embora sua lateral tivesse um couro marrom costurado. Com letras prateadas e brilhantes, estava escrito Albus Potter e as Minhas Relíquias.

Lily, cuidadosa, abriu a primeira página e encontrou uma dedicatória escrita de caneta rosa e uma letra caprichada. Os I tinham corações no lugar de pontinhos. Logo reconheceu ter sido escrito por Dominique.

Oi, Al.

Então... Somos primos, mas não tão próximos quanto você e Rose ou Lily e Hugo. James e Fred... Já percebeu que todos têm um primo mais próximo? Haha. De qualquer maneira, esse ano eu queria te dar algo legal. Algo que você pudesse se lembrar de mim, entende? Então fui falar com sua melhor amiga, a Rose.

Ela me falou que você amava fotos, embora odiasse as máquinas digitais trouxa. Então pensamos... Se você gosta tanto de fotos... Porque não começa a tirar como um profissional e as guarda?

Albus, a Rose comprou uma máquina fotográfica bruxa, mas a enfeitiçou com algumas melhorias trouxas... Você pode ver a foto e apertando apenas um botão ela se materializa na sua mão.

As páginas desse álbum, eu mesmo enfeiticei. São auto coláveis. Basta colocar a foto aí que ela fica e enquanto cola, pense em uma legenda, ela vai aparecer magicamente embaixo da foto.

Tá na hora de marcar suas próprias lembranças, primo. Espero ter meu rosto nesse álbum algum dia.

PS: a Rose me ajudou a escrever isso, porque eu sou horrível com as palavras. Mas o sentimento é o mesmo.

Com amor,

Dominique Isabelle Weasley

– Caraca, a Rose é demais - exclamou Lily.

– A Nick também. Ela quem desenhou a capa desse álbum.

– Eu sei, mas... Qual vai ser a primeira foto?

– A da minha ruiva favorita! Vem aqui.

– Achei que sua ruiva favorita fosse a Rose.

– Ela nunca vai ser uma Potter - Albus piscou e Lily sorriu. Albus tirou uma foto de cima para baixo da irmã.

Apertou um botão e ela apareceu flutuando em sua frente. Colou no álbum e uma letra azul apareceu embaixo.

– Minha segunda ruiva favorita? - leu Lily. - Eu sabia!

Albus riu e falou:

– Vou tirar uma foto da praia lá fora.

– Ei - chamou Lily. - Cadê a Annabeth?

– Tá lá fora - ele respondeu. - Vou chamar ela aqui dentro.

– Não, não.

– Ela parecia preocupada com alguma coisa. Deve ter tido um pesadelo.

– Eu também tive...

– O que sonhou?

– Nada.

– Fale.

– Não demore lá fora, Al.

– Pode deixar - ele resmungou.

Lily observou o irmão ir para o lado de fora com a máquina e um sorriso no rosto. Até imaginava o que ele estava sentindo naquele momento. Ter algo da Rose ali, o trazia confiança. Assim como ter ele ali, trazia confiança a Lily.

Ela procurou um banheiro e foi ao espelho. Sua cara estava amassada. Ela lavou o rosto com um sabonete velho e focou no rosto que estava ali no espelho mofado. Seus cabelos, que não eram nem lisos nem cacheados, mas muito ruivos, estavam um ninho e os olhos castanhos como os da mãe pareciam um pouco vermelhos por conta do sono, mas tirando isso, ela continuava normal. Sua pele estava lisa e a espinha no canto do queixo que aparecera semana passada havia sumido e as sardas pareciam mais claras. Ela sorriu, exibindo os dentes brancos, e saiu do banheiro.

Pegou, na sua mochila, o seu diário, e começou a escrever.

Querido Timmy,

Eu sou uma semideusa. Talvez filha de Poseidon, segundo Annabeth. Olhe, não me peça explicações quanto a isso. Estávamos no Natal que te contei essa noite. Lembra-se que tive que parar de escrever para descer e ver o que mamãe queria? Quando desci, Annabeth estava lá. Ela nos levou a Jason e...

Ah, espere, preciso falar de Jason. Ok, eu gosto do Hugo, mas isso não me impede de dizer que o Jason é L-I-N-D-O. Loiro dos olhos azuis, como o Louis, mas tem o rosto mais fino e um sorriso incrível. Suspiros eternos.

Enfim, ele pegou na minha cintura e... Tem braços fortes. Acho que se colocasse um macacão azul e uma cueca vermelha em cima da roupa, seria o superman (aquele filme trouxa que assisti na casa da Rose férias passadas) perfeito, porque ele consegue voar.

Enfim, eu não estava entendendo nada e até o Albus perdeu a paciência comigo. Tudo bem que James sempre me disse que eu sou lerda e eu sei que sou, mas se sou assim, eles tinham que aceitar do jeito que nasci. Hã? Ok, não entendi nada que falei. Fez sentido, Timmy? Acho que não.

Depois me explicaram sobre os deuses e ainda não entendo muita coisa, mas com o tempo espero entender.

Meta para essa nova fase semideusa: deixar de ser lerda.

Eu vou me esforçar, vou tentar acompanhar o raciocínio. Nesse acampamento que Annabeth tanto fala, eu não vou ser conhecida como Lily, a lerda. Lily e lerda na mesma frase só quando for “O irmão da Lily é lerdo”. Ah, espera, aí é lerdo, não lerda. Eu me odeio.

Provavelmente estou esquecendo de alguma coisa, mas outro dia te digo, a Annabeth tá sentando do meu lado agora.

Tchau!

– O que é isso?

– Diário - respondeu Lily, sorrindo de lado.

– Nunca tive. Grande perda de tempo! Desculpe... - pediu Annabeth. - Albus me disse que teve um pesadelo. Pesadelos de semideuses sempre são um recado. Algo que está acontecendo ou o que vai acontecer. Com quem sonhou?

– Peter, Pernie, P...

– Percy? - tentou Annabeth.

– Isso! - exclamou Lily e Annabeth olhou atenta para ela. - De início achei que era o Albus, mas depois a deusa disse Percy.

– A deusa...? Oh, meus deuses - Annabeth precisou se sentar.

– O que foi?

– Fale sobre o sonho - pediu Annabeth.

– Bem, Percy estava em um lugar escuro e jurou por alguém aí que não sabia de nada - contou Lily, nervosa. - E a deusa disse que Poseidon era mentiroso. Falou sobre nós.

– Vocês são mesmo filhos deles? Ah, esqueça.

Annabeth revirou os olhos e Lily perguntou o que foi. Albus entrou correndo dentro do chalé e Lily arregalou os olhos para o irmão. Em cima de sua cabeça, havia um tridente brilhando.

– O que...? - os dois balbuciaram na mesma hora.

– Poseidon acabou de reclamar vocês - disse Annabeth. - São filhos dele.

– Também tem um desses na minha cabeça? - perguntou Lily.

– Escute, não perca a linha do raciocínio - pediu Annabeth e ela viu o que aquelas palavras queriam dizer, realmente.

Não pergunte “hã?”, por favor, use a lógica. Não seja lerda, não agora.

Lily tentou se concentrar... Quando falou do sonho, Annabeth estava querendo saber da deusa.

– Ela era loira - falou Lily.

– Então é quem estou pensando que é - respondeu Annabeth.

– Do que estão falando? - perguntou Albus.

– Acorde o Jason - ela pediu e o moreno foi obedecer. - É óbvio. O que ela tem na cabeça?

– Ela quem?

– Atena!

– Sua mãe?

– É.

– Como...?

– Espere Jason - ela pediu.

– Estou acordado - falou o loiro e Lily olhou pra trás. Teve que rir, ele estava todo descabelado.

– Desculpe te acordar antes da hora - falou Annabeth. - Mas preciso de alguém pensando comigo. A Lily teve um sonho e eu também.

– Obrigado por dizer que nós não conseguimos pensar - resmungou Albus.

– Desculpe - Annabeth riu-se. - É o seguinte, eu sonhei com Poseidon e Atena. Uma briga entre eles é normal, mas essa parecia diferente. Ela falava de Zeus.

– Não faz sentido - interveio Jason. - Atena o apoia em tudo!

– Exatamente por isso. O sonho dava a entender que ela estava irritada com Zeus, Poseidon e Hades. Ah, e Afrodite.

– O que Afrodite tem haver com isso?

– Não sei - respondeu Annabeth. - Mas a Lily sonhou com Atena interrogando Percy.

– E eu e Albus fomos reclamados - respondeu Lily. - Por Poseidon.

– Impressão minha ou você está menos lerda? - perguntou Albus e a ruiva sorriu por dentro.

– Hã? - só pra não perder o costume.

– Nada - respondeu Albus e riu.

– Vamos lá, filha de Atena - brincou Jason. - Conte-nos seu raciocínio.

– Atena está iniciando uma guerra no Olimpo.

– Mas se ela está contra Zeus, Poseidon e Hades... Como tem chances de ganhar?

– Não subestime minha mãe! - Annabeth vociferou.

– Vai ficar do lado dela? - ele se zangou.

– Não vamos discutir isso agora, Grace. A questão é que ela tem medo dos semideuses, não dos deuses em si. Como nas outras guerras. Ela está com medo dos filhos dos três grandes, que são os mais poderosos.

– Ela sequestrou Percy - deduziu Lily e todos olharam para ela, assustados. - O que foi? Eu não sou sempre lerda.

– É sim - discordou Albus.

– A questão é que eu e você corremos perigo - falou Lily e esperou Annabeth assentir. Quando a loira o fez, continuou: - E Jason também.

– Eu?

– Filho de Júpiter - Annabeth explicou e Lily sorriu.

– Mas eu sou romano.

– Acho que isso não interfere. Além de que você assumiu o lado grego - ponderou Annabeth.

– Isso quer dizer que estamos correndo mais perigo do que o normal - falou Jason. - Precisamos ir para o acampamento.

– Agora - concordou Annabeth.

– Esperem - pediu Lily. - Se... Calma, eu tô com um raciocínio lógico aqui, mas... Ah... Por favor, não agora.

– Calma, Lily, fale.

A ruivinha fez um pouco de esforço, mas, por fim, falou:

– O Sr. D é diretor do acampamento, isso quer dizer que deuses podem entrar. Se Atena é uma deusa... Isso quer dizer que...

– Eu entendi, se acalme - pediu Annabeth. - É verdade. Não adianta se esconder no acampamento. Se Atena quiser vocês, ela vai ter.

– Que bom que sabe disso, Annabeth - escutaram uma voz vinda da porta e Lily sentiu um arrepio, sabendo que era a mesma de seu sonho. - Três de uma vez.

– Lily! - gritou Albus no momento que aconteceu uma explosão.

Os irmãos Potter se abraçaram, de algum modo, Albus havia sacado a Capa da Invisibilidade e cobriu a si mesmo e a Lily, enquanto a ruiva sacava a varinha e conjurava um feitiço de proteção. Ambos irmãos, protegidos, passaram a observar em câmera lenta o que acontecera.

Pelo que parecia, Atena juntara os braços acima da cabeça e uma coruja aparecera ali e uma grande explosão amarelada tomou conta do ambiente. Annabeth se encolheu e quando tudo voltou ao normal, Annabeth era a única no cômodo.

Annabeth era a única visível no cômodo.

– Droga - ela praguejou e depois começou a falar em uma língua, que Lily imaginou ser grego.

– Ela levou o Jason? - perguntou Lily, saindo da capa.

– Mas o que...? - sobressaltou-se Annabeth.

– Capa da Invisibilidade - explicou Albus. - E a Lily...

Protego– completou a ruiva. - Só espero que o ministério não perceba.

– Não vão perceber - assegurou o irmão.

– Então ela levou Jason - disse Annabeth e pareceu pensar. - Precisamos ir para o acampamento. Talvez Zeus tenha melhorado as barreiras, não sei. Vamos logo.

Lily juntou suas coisas e viu Albus fazer o mesmo, porém­ conjurou uma tira de pano e a prendeu na máquina, murmurando que deveria ter tirado uma foto de Atena com ela. Colocou-a no pescoço e foi pro lado de fora do chalé. Ela observou tudo isso, sorrindo, e o seguiu.

Andaram em silêncio por alguns minutos, cada um perdido em pensamentos. Lily sentia-se satisfeita por ter acompanhado o raciocínio dos mais velhos. Tia Mione teria ficado feliz. Passou então a devanear uma conversa com Jason, onde ele era mais novo.

Ok, ela era uma garota e ele era um gatinho. Claro que iria devanear sobre ele.

“Somos filhos dos três grandes”

“Mas você tem namorada, Jason”

“Não importa. Sempre gostei mais de ruivas”

Era ridículo, mas ajudou a passar o tempo para Lily. Diversas situações. Na Floreios e Borrões, em Hogwarts, no Caldeirão Furado, ali em Long Island, na Londres trouxa... Com certeza estava sentido algo por Jason, embora ele tivesse dez anos a mais.

Chegaram então a um táxi mortal e entraram nele. Lily ouviu quando Annabeth pediu para irem até o lado norte da ilha e assim o taxista obedeceu. Lily observou a paisagem virar borrão e sorria sempre que o veículo parava em um sinal, pois ela poderia observar melhor a vista.

Em determinado momento, Albus abaixou a janela e tirou uma foto da paisagem.

– O que vai colocar na legenda? - perguntou Lily.

– Não sei, não faço ideia - ele confessou. - Vamos verdade ou desafio?

– Estamos em um táxi, Albus, que tipo de desafio poderíamos fazer aqui? - ela revirou os olhos.

– Mas eu quero confessar uma coisa!

– Pois confesse.

– Não vou confessar de graça.

– Tudo bem, também confesso uma coisa.

– Esse presente da Dominique está com o cheiro dela - falou Albus. - Queria ser da grifinória só para ser da mesma casa que ela.

Lily sorriu, dócil, e balançou a cabeça. É claro que ela sabia que Albus gostava de Dominique. E se ele soubesse o quanto ela também gostava dele...

A ruiva sorriu e sussurrou no ouvido do irmão:

– O cheiro do Jason está na minha roupa, depois que ele, sabe, voou com a gente - Lily soltou uma risadinha. - É bom.

– O que você está falando aí, dona Lily? - perguntou Annabeth. - O que eu não posso saber?

– Nada - a garota respondeu e olhou para Albus. Ele estava com uma expressão cética. - Para de olhar para mim assim, Albus Potter!

– Nossa - foi a única coisa que ele disse.

– Annabeth - chamou Lily, querendo continuar a conversa. - Semideuses têm poderes?

Ela arregalou os olhos e olhou para o taxista. Lily quis se bater por ter sido tão descuidada. Annabeth riu e falou:

– Você vai ter que terminar de ler o livro para descobrir! Teseu, filho de Poseidon, podia controlar os mares. Poseidon é deus dos mares e dos terremotos. É incomum achar um semideus... Quer dizer, um personagem, que tenha este poder, porém é possível.

– Legal - ela falou.

– Moço, aqui está bom - falou Annabeth para o motorista.

– 37 dólares - ele disse.

Annabeth pagou ao senhor e eles desceram do táxi. Começaram a caminhar floresta adentro, em direção ao... Nada. Lily não estava entendendo.

– Onde estamos indo? - perguntou a ruiva.

Foi quando ouviram um som, que se parecia muito com o de uma águia. Ambos irmãos e Annabeth olharam para o lado e encontraram um animal que lembrava muito um...

– Um hipogrifo! - ela se lembrava da história do bicuço. Abaixou-se numa reverência. - Eles são dóceis.

– Levante-se, Lily - mandou Annabeth. - Não é um hipogrifo, é um grifo. Eles obedecem as ordens de seus mestres. Fiquem atrás de mim e coloquem a Capa.

Lily ia obedecer quando viu, atrás de um pinheiro, uma grande placa de madeira com letras em grego antigo que logo ela compreendeu estar escrito “Acampamento Meio-Sangue”.

– É aqui?

– Bem-vindos ao lar - desejou Annabeth. - Crianças.

Então o grifo atacou.


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Notas finais do capítulo

UI ndjkvnjuhguit
Olhem, reviews, pfvr. Eu tô recebendo poucos reviews aqui ;-;
E, JURO, que vou responder. Vou até tentar responder pelo celular, durante a viagem. É, pois é.
Como sei que não verei vocês antes do Natal, feliz Natal ^^