Olhos de Sangue, série Bombas de Sangue escrita por scpereira


Capítulo 4
Outro meio-sangue


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos os comentários, continuem comentando, espero que gostem do capítulo ♡



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"Ah, se o céu vier caindo em você

Não há nada neste mundo que eu não faria" AVICII

Eu estava completamente perdida.

Estava analisando as possibilidades, com certeza não ficaria na casa de Poseidon por motivos bem óbvios. Não sabia se iria para a casa de Zeus ou Hades, porque ambas já foram habitadas e ambas tinham moradores vivos, embora Thalia Grace fosse uma caçadora e não vivesse no acampamento e Nico Di Angelo vivesse praticamente no mundo inferior a serviço do pai. Eu tinha três casas, mas sentia que não podia chamar nenhuma de casa.

Eu estava cogitando dormir no lago ou na floresta quando percebi uma figura mais ou menos da minha idade parado em frente à porta, Percy Jackson, esperando para me intimidar a ficar longe de seu chalé, provavelmente. Estava tentando me desviar para longe dele, fingir que ele não estava ali, como se fosse acontecer.

– Você é uma novidade e tanto. – Era um deboche certo? Soou sério, mas eu andava desconfiada de tudo recentemente.

– E no que isso te interessa? Não se preocupe, não colocarei os pés em seu precioso chalé, embora, é claro, eu tenha tanto direito sobre ele como você - cerro os olhos em sinal de desafio, não ia deixar aquele semideus convencido achar que pode fazer o que quiser.

– Uou, calma aí leoa, não ande tanto na defensiva certo? – Ele pegou a mala da minha mão e começou a puxa-la em frente. Ele se vira de novo na minha direção e lança um sorriso brincalhão – Ou seria monstro do lago Nés?

– Ilário sr. Jackson. Pode devolver minhas malas, por favor? Não sei para onde você está as levando, mas não quero ter que buscar minhas roupas de baixo no mundo inferior. – Ele riu sincero, como se a pergunta soasse ridícula e a resposta fosse mais do que obvia, não sei se sinceramente Percy seria um amigo ou inimigo para mim, mas se ele quisesse me irritar estava conseguindo.

– Estou levando minha irmã caçula para casa, para onde mais você iria?

Parei bruscamente e avaliei a situação. Senti-me extremamente desconfiada como se dentro do chalé três houvesse uma armadilha mortal para mim, mas se ele estava me convidando para seu lar, talvez, apenas talvez alguém me compreenderia e eu seria encaixada em algum lugar no mundo. Agarrei-me a essa fina corda de esperança, então dou de ombros e finalmente digo:

– Por que alguém ia me querer por perto? – Soou como uma pergunta de uma criança magoada, desolada e com medo, medo do mundo, foi como se descarregasse tudo o que estava sentindo naquela simples frase, me censurei por demonstrar tanta emoção.

– Porque eu sei o que é se sentir sem ninguém no mundo, sozinho, eu já passei por isso. Quando nosso pai me assumiu todos olhavam para mim, apontavam me sentia em outro universo, um monstro. A questão é que sei o que você está passando, mesmo que tudo o que acontece com você seja triplamente maior. Talvez eu devesse te ignorar e deixar você ir para outro chalé, mas eu não consigo, porque gostaria muito de ter dito uma irmã pra me apoiar quando precisei, serei seu apoio, pode ter certeza, irmãzinha. – Já estávamos lado a lado a essa altura e eu não conseguia mais conter as lágrimas, que desciam desobedientes em grande quantidade. Então Percy me abraçou de forma protetora e começamos a andar assim, como se sempre tivéssemos feito isso, como se sempre tivéssemos sido irmãos, a única coisa que consegui dizer foi “você sabe que sou um mês só mais nova do que você, não sabe?”, ele riu e continuamos andando, em silencio somente com o som das rodas da mala se arrastando pelo chão e conforme chegávamos ao chalé três, de Poseidon, o primeiro chalé que eu descartara, eu pude percebi: Eu tenho uma família.

O chalé não era tão chamativo como o de Zeus ou tão sombrio como o de Hades, na verdade era bem aconchegante. Tinha o teto um tanto quanto baixo, como o de uma casa de pescador, cheirava a mar e tudo o que o envolvia e era incrivelmente úmido. Continha seis beliches, porém somente duas que aparentavam já terem sido usadas, claro Tyson morara aqui, o ciclope meio irmão de Percy, meu irmão, enfim isso não importa, pois ele fora trabalhar para Poseidon e eu sinceramente não sabia se estava pronta para lidar com um irmão de um olho só. Escolhi um beliche intacto, o colchão era macio e quando eu me mexia ele fazia um barulho estranhamente agradável, algo semelhante à algas marinhas sendo comprimidas. Eu era um tanto fraca e baixa, então Percy me ajudou a colocar minha mala na cama de baixo, que era incrivelmente alta. Eu queria na verdade dormir na cama de cima, gostava de meios altos tanto quanto baixos e aquilo parecia um meio termo. Quando terminei de me acomodar sentei no chão e respirei com calma o doce cheiro do mar, poderia ficar assim o dia inteiro.

– Acho que você acaba acostumando, com o cheiro quero dizer, desculpe pela bagunça, meninas raramente entram aqui - diz Percy envergonhado.

– Raramente você quer dizer Annabeth? – Ele meio que ficou vermelho igual ã um pimentão -. Você sabe que é extremamente proibido que os campistas visitem casas que não sejam de seus pais, não sabe, Sr. Jackson? – Ele estava assumindo um tom arroxeado, então eu ri e ele se acalmou. – Relaxe, estou sentindo o cheiro da casa em si, parece o mar, é gostoso, eu gosto. – Ele se acalmou e sorriu comigo.

– Você é incrivelmente baixa sabia? Parece que tem uns quatorze anos - diz em tom de deboche.

– Eu não brincaria comigo se fosse você! – E pela primeira vez eu consegui fazer uma brincadeira com meu estado atual, eu sentia o controle de tudo. Sentia o lago levemente agitado, sentia os passos no chão e as batidas de asas das aves no céu, sentia até mesmo o coração de meu irmão bater de forma ritmada -. Posso ser muito perigosa -, jogo o cabelo para trás dos ombros me gabando. Nunca imaginei que fosse fazer piadas com isso.

– Acho que dou conta do recado... – Sem pensar muito imaginei água, muita água e essa começou a brotar do chão aos meus pés, sem me molhar, é claro. Ela foi se juntando e juntando ate assumir a forma do tridente do dia em que meus pais me reconheceram. Sem hesitar lancei a lança acima da cabeça dele, contudo antes de passar e atingir a cama o tridente se desfez e toda a água jorrou sobre Percy.

– Acho que sei alguns truques irmãozinho. – Mas ele estava seco, e a água havia voltado para seja lá de onde ela veio.

– Bem, todos têm certo? – Ele sorriu para mim e eu sorri de volta, então começamos a conversar sobre o que eu era o que estava acontecendo e aconteceria, eu chorei, chorei muito e Percy me consolou e falou que tudo ficaria bem, era assim ter um irmão? Porque confesso que nunca me senti tão segura, tão protegida, em toda a minha vida, a sensação era boa.

– Obrigada. Obrigada por me aceitar e me escutar, de coração. – Estava deitada em minha cama e ele na dele. Já havíamos parado de falar a um tempo, mas ambos ainda estávamos acordados, esperando o sono vir e com ele os pesadelos.

– Não há de que.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, e não esqueçam de deixar seu comentário, seja ele positivo ou negativo, o importante é deixar sua opinião!! :D
XoXo,
Sarah ♡