Olhos de Sangue, série Bombas de Sangue escrita por scpereira


Capítulo 14
Sacrifícios


Notas iniciais do capítulo

Hoje o capítulo vem na hora certinha haha
Espero que gostem do capítulo ♡



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"O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete." Aristóteles

Demorou um pouco para Barbie sentir falta de Annabeth.

Passei o dia inteiro conversando com Lucas, trocando histórias e somente quando o silêncio pairou no ar percebi que não havia falado com Annabeth desde que acordei, me desesperei.

– Onde afinal está Annabeth? - pergunto para Lucas que não responde mergulhado em pensamentos. - Onde está Annabeth? - repito a pergunta mais ansiosa dessa vez.

– Ah - diz ele finalmente prestando atenção - Ela disse que estaria no terraço, se não me falha a memória.

– Vou atrás dela - digo levantando em um impulso e indo aos pulos em direção a porta.

– Vou com você. - diz ele saindo do quarto logo atrás de mim. - É por aqui - Lucas avança a minha frente e começa a me guiar pelos enormes corredores do Hotel/Templo.

Andamos por uma sequência de corredores virando a esquerda, direita até que perdi a conta, tinha certeza de que nenhum mortal que se hospedasse ali tivesse acesso aqueles lugares, tinha uma energia diferente ali, coisa de deuses.

Depois de rodar muito e eu concluir umas cinco vezes de que estávamos perdidos chegamos em frente a uma porta, não qualquer porta. Ela era inteiramente dourada, de bronze celestial, com uma altura enorme e desenhos gregos feitos a mão, fiquei sem palavras, tamanha era a beleza presenciada.

Lucas tentou abrir a porta, nada. Na verdade, assim que seus dedos tocaram a maçaneta da porta uma citação surgiu logo acima dessa.

" Para estarem diante dessas portas puros seus corações já provaram ser,

entretanto para continuar sua jornada e os mistérios que além existem descobrir devem se provar ser os mais puros que possam existir.

E que a caçada comece

e só termine quando somente o mais digno se mantiver em pé.

E se nenhum sair vitorioso que Zeus os proteja,

pois daqui não sairão nem que carregados por Hades."

Solto uma exclamação silenciosa. Como assim teríamos que nos matar? Eu não mataria Lucas, acabara de salvá-lo.

– Uma charada. - menciona Lucas em voz alta.

– Sim, mas como resolvemos? - pergunto - Você já veio aqui, não é mesmo, teria que ter vindo para saber aquele caminho todo.

– Já vim, mas somente até aqui, não sabia nem mesmo desse enigma.

– Droga. - digo indignada - Annabeth deve ter desvendado isso em um minuto, não vamos nos matar. Não mesmo.

– Aposto que desvendou, aquela ali é bem espertinha. Sugestões?

Repito a charada na minha cabeça. Se não fizermos nada vamos simplesmente ficar presos aqui? Não, passei por muita coisa não ai acabar assim.

– Para estarem diante dessas portas puros seus corações já provaram ser... - digo.

– Entretanto para continuar sua jornada e os mistérios que além existem descobrir devem se provar ser os mais puros que possam existir - continua Lucas.

– E que a caçada comece e só termine quando somente o mais digno se mantiver em pé. – meu coração aperta quando as palavras saem.

– E se nenhum sair vitorioso que Zeus os proteja, pois daqui não sairão nem que carregados por Hades. – encerra Lucas de modo sombrio.

– Fazemos o que agora? - digo na esperança de que ele tivesse tido alguma ideia.

– Pensamos, e pedimos para que Zeus nos ajude. - ele responde áspero.

Sem alternativa, presa e encurralada sento aos pés da porta e fico pensando no enigma procurando uma brecha que eu não tenha e e encontrado antes. Nada.

– Isso não faz sentido. - digo indignada - já provamos ser puros de coração. Se somos puros não faz sentido matarmos uns aos outros. Se fossemos esse tipo de pessoa nem no templo teríamos entrado.

– Eu sei. - diz Lucas sem esperança alguma.

Reflito um pouco sobre o assunto, somos puros, não vamos matar uns aos outros, não. Devemos nos sacrificar um pelo outro.

– É isso. - digo alarmada. Eu tinha descoberto.

– É isso o quê? - Lucas me ajuda a me levantar e olha fixamente para mim - o que você descobriu?

– Eu me rendo. - digo deixando-o confuso. - Alguém puro o suficiente jamais mataria um igual, então minha única alternativa se for para mostrar minha dignidade é abraçar a morte e que Zeus me acompanhe para o fim dessa jornada.

As portas se abriram e soltei uma exclamação de alegria e corri em direção ao outro lado.

★ ★ ★

Ela sumiu, quer dizer literalmente sumiu. Estávamos ambos sentados pensando em como escapar dessa cilada ridícula quando Barbie teve uma ideia brilhante e simplesmente falou que se rendia. As portas abriram, ela passou, mas eu não consegui atravessar, mas também não consegui voltar. Eu estava preso, o impuro estava exilado.

– Que trágico. - grito irritado. - Por Apolo, que merda vocês esperam que eu faça agora? - Me deixo cair no chão de frente para a porta que havia voltado a se fechar. Como provaria que eu era puro o suficiente? E se eu nem fosse tão puro assim?

Deixei a raiva sair, xinguei, amaldiçoei e por fim fico calado tentando pensar em algo, quando reparo que a charada na porta havia mudado.

“O menos puro, ou apenas o mais burro você já provou ser

e sua companhia se posicionou como qualquer cérebro sensato o faria.

Mas o abandonou, o quão impura essa alma é com uma atitude tão mesquinha?

Presos ficarão, ambos separados enquanto mais puro um se provar ser.

E que morram a apodreçam se dignos de Zeus não podem ser.”

Outra charada, que ótimo, era tudo o que eu precisava, não tinha conseguido desvendar nem a primeira o que eu faria com essa?

★ ★ ★

Eu havia passado da porta, graças a Zeus, mas Lucas não. Eu entrara em um local diferente, uma sala de paredes muito altas e inteiramente brancas sem nenhuma luz. Estava escuro, a porta havia sumido e mesmo que estivesse ali desconfiava que eu não poderia voltar. O que tinha acontecido? O que tinha dado errado?

Eu provei que era pura, eu me rendi eu passei, mas Lucas não o fez. Lucas não o fez, ele não o fez. Repeti essa frase incansavelmente na minha cabeça. Como pude ser tão burra?

– Lucas! - Gritei desesperada. Sem resposta. - LUCAS! - repeti de novo e de novo, mas a resposta nunca vinha, eu estava sozinha.

As lágrimas roçaram sobre meu rosto e me deixei chorar histérica, não bastava estar presa, eu tinha que estar sozinha. Apoiei as costas sobre a parede onde deveria estar a porta e tentei sentir os braços que me tiraram daquele lugar horrível dos monstros até o templo. Senti a mesma sensação que sentira no dia que agora parecia tão distante. Nada.

★ ★ ★

Eu já estava com dor de cabeça, só conseguia pensar no que Barbie estava passando agora, onde ela estava, não deveria ser um lugar muito melhor do que onde eu estava agora.

Fui repetindo a charada na minha cabeça, repetindo e repetindo esperando encontrar algum resultado útil.

Sabia de algumas coisas.

1. Barbie se salvou se rendendo.

2. A charada queria que só um de nós continuasse.

3. Barbie poderia estar morta agora.

4. Barbie poderia estar pensando que eu estivesse morto agora.

Nada, eu não sabia de mais nada, isso teria que ser o suficiente para nos dois escaparmos, mas como?

Retirei meu arco do suporte em que ficava preso as minhas costas e deixei minha pele tocar o bronze celestial para me acalmar um pouco. Foi realmente muita sorte eu conseguir achá-lo em meio aos destroços dos monstros, os monstros que Barbie destruiu. Se algum dia eu conseguir sair daqui e vê-la de novo vou me certificar de agradecê-la direito por me salvar daquele lugar horrendo. Lembro de minha irmã na porta do hall do hotel e me forço a guardar essa promessa de forma com que eu jamais fosse esquecê-la.

Se eu viver… Começo a raciocinar. Só um de nós deve ficar vivo certo? Enquanto os dois estiverem vivos ficaremos preso nessa espécie de prisão. Um tem que morrer, se não for proposital vai ser de fome. Barbie provou ser pura se rendendo, eu deveria provar pureza para que ela possa continuar. "O menos puro você já provou ser" repito na minha cabeça ela já tinha provado sua pureza, mas não bastava um ser puro. Somente Barbie iria continuar, mas para que o fizesse ambos deveríamos nos provar dignos.

Um tem que morrer. Repito isso na minha cabeça tentando assimilar a ideia. Eu já tinha completado meu objetivo que era achar minha irmã mesmo que não tivesse saído do jeito que eu queria, Barbie não tinha completado o dela ainda. Minha presença não faria diferença, eu era só mais um filho de Apolo, Barbie fazia diferença. Um aperto me veio ao peito, eu sabia exatamente o que tinha que fazer.

Retirei uma flecha da aljava e a posicionei contra o peito, esperava que fosse rápido. Me surpreendi ao imaginar um bando de deuses sentados em seus tronos com baldes de pipoca esperando para ver se eu hesitaria ou não. Não vou hesitar. Senti a flecha penetrando certeira no meu peito, depois não senti mais nada.


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Notas finais do capítulo

Lucas ♡
Me contem o que vocês acham que vai acontecer!!

Espero que gostem, e não esqueçam de deixar seu comentário, seja ele positivo ou negativo, o importante é deixar sua opinião!! :D