Olhos de Sangue, série Bombas de Sangue escrita por scpereira


Capítulo 12
Radioativa


Notas iniciais do capítulo

Desculpem postar hoje, mas não consegui postar ontem!
Esse capítulo é um dos meus favoritos, espero que gostem ♡
OBS: Ingrid e Júlia, bem vindas de volta sumidas!! ♡



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"Estou acordando

Sinto isso em meus ossos

O suficiente para fazer meu sistema explodir

Bem-vindo à nova era

Sou radioativo, radioativo” Imagine Dragons

Barbie se via como outra pessoa.

Dia dez.

A noite fora boa, sem pesadelos ou nada do gênero, na verdade todas as duas noites a mais que passei dentro do trem aguardando a chegada em Nova Orleans foram fantásticas. Dentro daquela cabine tive muito tempo para pensar, pensar e pensar e desde que decidira que aguentaria o que quer que viesse me atacar e aceitei quem sou, os pesadelos sumiram. De fato, eu estava achando um tanto quanto estranho essa sensação de paz e calmaria, não sei se é loucura ou instinto semideus, mas eu queria encontrar qualquer monstro que eu fosse enfrentar de uma vez, acabar com isso tudo logo.

Peguei a espada que estava usando desde o começo da missão e passei os dedos com cuidado sobre sua lâmina afiada de bronze celestial. Ela era linda, com detalhes bem traçados, digna de um ótimo semideus, mas não o suficiente para mim, afinal eu era muito pequena de forma que seu tamanho não se encaixava a meu corpo, então eu sentia que ela era muito pesada e grande o que só me proporcionava uma enorme desvantagem em combates diretos, os quais eu provavelmente perderia.

Estabeleci um plano de metas na minha cabeça.

1. Eu encontrarei uma espada que me permita ser uma semideusa decente.

2 . Eu encontrarei e salvarei Percy.

3. Eu cumprirei a profecia que o Oráculo recitou para mim.

4. Eu encontrarei Peter.

5. Eu descobrirei minha história.

6. Eu cumprirei a profecia dos três.

7. Eu me vingarei de Gaia.

Um plano, sete na verdade, sete tópicos. Sempre gostei do número sete, não só na mitologia, mas no senso popular sete era o número perfeito. Na antiga Grécia o número era caracterizado principalmente por serem sete o número dos tubos da flauta de Pã, sete cordas da lira de Apolo, sete são os véus de Íris…. Sete objetivos, gostei de como isso soou.

O trem finalmente parou e uma voz aleatória nos avisou que estávamos em Nova Orleans. Eu estava confiante demais, mas agora que eu estou aqui… O que vai acontecer comigo? Olhei para Annabeth que me transmitia forças com seu olhar firme. Sete objetivos. Sete. Respirei fundo, levantei do acento e me dirigi até a porta, estava na hora de caçar alguns monstros.

Eu percebi o que Quíron quis dizer sobre a cidade assim que coloquei os pés na estação de trem. O local era uma mina de monstros de todos os tipos e tamanhos que transitavam normalmente por mortais, alguns até usavam roupas. Começamos a andar normalmente pela estação esperando ser ignoradas até encontrarmos uma porta, e por sorte fomos, bem, quase. Éramos observadas, alvo de cochichos fazendo um frio descer pela minha espinha. Por que simplesmente não atacavam?

Olhei no relógio, eram duas da tarde quando finalmente alcançamos a saída da estação. O lugar era de tirar o fôlego, quero dizer, embora não tivéssemos caído em uma área de extremo luxo as casas eram ordenadas e bem pintadas, a modelo do famoso “simples e aconchegante”, e não para por aí, o local era infestado de humanos. Como era possível humanos viverem em sociedade com vários monstros? Eu sinceramente não fazia ideia, mas funcionava porque eu via aquele irritante caos humano para todo lugar que eu olhava. Quando parei de querer ser um deles, quer dizer, humana? Também não sei responder, tudo em mim estava confuso e antiquado, mas eu gostava.

Não fomos atacadas por monstro algum no percurso pela cidade. Não fazia sentido, Quíron contou com a estratégia surpresa, mas estava tudo muito calmo, calmo demais, o que só fazia meu coração bater mais rápido.

– Você também está reparando? - Perguntei à Annabeth que parecia olhar de um lado para o outro alarmada a procura de monstros.

– Sim, mas não importa. - Respondeu ríspida -, vamos só achar o Templo, ok? Se a sorte está do nosso lado quem somos nós para criticar? - diz ela porém menos grossa dessa vez.

– Ok. - disse sem prolongar o assunto.

Ouvi um barulho ao longe, não qualquer som, na verdade era algo como um grito, um grito de desespero.

– Barbie! - Gritou Annabeth que tentou me conter inutilmente, afinal eu já estava longe.

Eu corri, corri e corri. Corri em direção ao som com Annabeth logo atrás, não sei ao certo porque fiz isso, pode ter parecido a ação mais estúpida considerando as circunstâncias, mas algo no grito me fez lembrar de quando um gigante matou minha irmã, me fez lembrar do choro dela.

É claro que era uma emboscada.

Acho que nunca corri tanto em toda minha vida, mas quando cheguei ao local de onde vinham os gritos não encontrei um humano sendo torturado por alguns poucos monstros. Eu estava cercada por todos os monstros de Nova Orleans, ao fundo um garoto gritava desesperadamente enquanto uma besta que não reconheci o torturava de formas que não tenho coragem de descrever.

– Mais algum plano brilhante? - Cuspiu Annabeth.

– Eu espero que você seja tão brilhante com essa sua adaga como é intelectualmente. - digo em resposta.

Os monstros iam se juntando cada vez mais, nos comprimindo, cercando, nos distanciando do garoto. Quem ele era? Eu precisava salvá-lo, eu precisava.

– Não achei que a filha dos caras lá do Olimpo fosse tão burra - comentou um monstro do fundo.

– Os semideuses sempre são burros, inclusive as filhas de Atena - soltou um que usava roupas humanas apertadas e todas aquelas criaturas repugnantes riram em coro, se continuasse assim eu iria vomitar.

– O que vocês querem? - Perguntei mais séria e confiante do que eu achava possível enquanto escalava um oitavo objetivo na minha cabeça: Eu ia salvar aquele garoto e eu ia fazer o que fosse preciso para isso.

– Você nos queremos viva, mas sua amiga aqui não terá tanta sorte. - Solta outro que eu nunca havia visto, ele parecia o líder do bando. Era um pouco maior que a maioria, mas não o suficiente para ser um gigante, pele esverdeada e cabelos em chamas, literalmente, o cabelo era formado apenas de chamas.

– Façam sopa dela! - Soltou uma criatura estranhamente pequena.

– Não façam sopa de ninguém - ordenei. - Por que eu vivo e ela morre?

– Porque é assim que Gaia quer! - diz o líder, mas logo se contém -, mas de que isso importa semideusa? Está tentando nos enrolar? É inútil, na verdade acho que nossa agradável conversa já encerrou. Peguem-nas!

A ordem foi alta e clara o suficiente para a maioria dos monstros no local se dirigir para mim e Annabeth. Eu tentei lutar, realmente tentei, mas a espada não me caía nada bem e eu nunca sentira tão firmemente as consequências de uma espada ruim até o momento. Já Annabeth era certeira e com sua lâmina de bronze celestial transformou vários monstros em pó, entretanto não era o suficiente, eles eram muitos, por fim ela começou a perder. A vi ser erguida por uma espécie que parecia uma mistura uma fúria com um miniaturo e eu pirei. Quero dizer, literalmente pirei. Não desmaiei, não desisti de tudo, não agi como criança, nem nada disso eu realmente enlouqueci. Eles agora vinham todos para cima de mim, por fim eu não aguentava mais, as lágrimas ardiam em meu rosto e molhavam minha boca com um gosto que eu tanto sentia em meus pesadelos: Sangue.

Sem pensar, raciocinar ou qualquer outra coisa eu agachei no chão, coloquei as mãos nos ouvidos e gritei, gritei como uma louca enquanto o sangue escorria dos meus olhos e narinas em direção a minha boca. Uma hora eu fiquei sem voz, não que eu quisesse parar, mas eu não conseguia continuar. Minha visão se embaçou assim que olhei para minhas mãos que vazavam sangue, afinal, de onde vinha tanto sangue? Minhas orelhas e, enfim, todo o resto também escorriam o líquido pegajoso. Cerrei meus olhos novamente para evitar que mais lágrimas escorressem até que percebi: Nenhum monstro havia tocado em mim, meu escândalo deve ter sido realmente grande. Decidi, portanto abrir os olhos para encarar meus predadores.

Os monstros haviam sumido, a minha frente só havia muito pó e uma Annabeth assustada ao lado daquele menino, que por sorte não era mais torturado.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, e não esqueçam de deixar seu comentário, seja ele positivo ou negativo, o importante é deixar sua opinião!! :D