Curvas do destino escrita por Alguém


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, só queria agradecer muito por serem tão legais, lembra que disse que ia fazer vocês chorarem? bom, acho que é nesse e no próximo que vão fazer isso.
Ps. Lori, Hisui, Beatriz, Asasuka, Vik e draddie. Muito obrigado pelos comentários, são muito fofas. >.



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- O que aconteceu com o Nico mãe?

- O padrasto dele estava na delegacia e disse que ele ia voltar para a antiga casa.

- Mais ele vai embora?

-Bom, ele não tem a guarda e o Nico não quer voltar com ele.

-Então ele vai ficar certo?

-Vamos torcer para que sim meu filho. - diz ela meio triste. –Luiza está dormindo?

-Está sim.

-Tinha até esquecido que ela estava conosco, vou ir tomar um banho e me deitar um pouco, estou exausta.

-Antes troque os lençóis da sua cama, o Jarvis dormiu lá essa noite por conta da chuva.

-Tudo bem, estou muito cansada para brigar com você por conta disso. – disse ela indo para seu quarto.

Deixo Luiza dormindo na sala e vou ver como Nico estava, cheguei ao seu quarto e ele estava deitado na cama chorando baixinho, aquela cena me partia o coração.

- Como você está maninho? Posso te chamar assim?

-Claro que pode Miguel, eu quero ser seu maninho, não quero voltar para a casa daquele monstro.

-E quem disse que você vai voltar para lá?

-Ele me falou que vou ter que voltar que vocês vão enjoar de mim e me expulsar, mais eu disse que vocês são legais e que gostavam mais de mim que ele.

-Falou o certo então, nós te amamos e não vamos deixar você ir embora, muito menos enjoar de você.

O garoto me abraça forte e fica chorando abraçado a mim, fiquei pensando como existiam pessoas como o padrasto dele, ruins, sem piedade e completamente idiotas. Não queria pensar naquilo e nem deixar Nico naquele estado.

- Vamos ver um filme? – proponho.

-Qual?

- O que você escolher.

-Pode ser os em florestas? Gosto do Hammy.

-Lógico também gosto dele, porque não vai acordar a Luiza enquanto pego o filme para a gente?

-E se ela ficar brava?

- Ai você faz aquela carinha de pena e pede desculpa, não tem como ficar bravo com aquela carinha.

-Tudo bem. - diz o menino correndo para a sala.

Vou até meu quarto pegar o DVD com o filme enquanto procuro em minhas coisas sou abordado por Luiza toda descabelada entrando pela porta.

-Então era para ele pular em cima de mim? – pergunta ela.

-não, era para te acordar, pular foi invenção dele. – respondo rindo.

-Nem falo nada sobre isso. – risos.

-Vamos ver um filmão agora amorzão. – digo me aproximando dela.

-Qual?

- Os sem floresta.

- Amo esse filme, aquele esquilinho é muito lindo.

Fomos para a sala onde Nico já esperava sentado no sofá com Jarvis no colo, começamos a assistir o filme e assim passamos nosso sábado a noite. Domingo de manhã minha mãe acordou com uma cena um pouco engraçada, lógico que ela tirou uma foto de recordação, dormia eu, Luiza, Nico e Jarvis todos no mesmo colhão e um em cima do outro. Nosso domingo foi animado, fui com Jarvis comprar pão na padaria do senhor Toni enquanto eles ainda continuavam a dormir, encontrei minha mãe quando voltava para casa, ela se esqueceu de pedir para comprar manteiga também e havia deixado o celular em casa. Na volta ela me abordou com um assunto um tanto quanto estranho, não entendi muito bem o porquê da ideia, mas não gostei muito.

-Filho?

-Sim mãe.

-Estive pensando, e gostaria que você fosse estudar fora, não por agora, mais para frente sabe, ter uma formação acadêmica melhor.

-A escola é ótima mãe, além do mais, estudo em casa.

-Eu sei Miguel, mas é sempre bom frequentar boas escolas.

-Mãe, desculpe, mas não vou a lugar algum por enquanto, pela primeira vez em muito tempo estou sendo feliz.

-Eu sei filho, eu vejo isso e fico contente também.

-É como se fugíssemos da felicidade, sempre, não entendo a gente.

Minha mãe não disse mais nenhuma palavra pelo resto do trajeto, ficou apenas com uma expressão pensativa e distante. O restante do dia, passamos tentando jogar o jogo novo que a dona Jô tinha comprado era muito complicado, bom, para mim apenas porque Luiza batia todos os recordes, droga, ela era melhor que eu em games. Não me importava, até era bom saber disso, pois assim nunca jogaria apostado com ela. Seus tios foram a buscar eram umas 18horas, agradeceram muito, não estava com uma cara muito legal, parecia que algo tinha acontecido com eles.

No outro dia na escola Luiza estava estranha, distante e pensativa outra vez, mas dessa vez não tinha aniversário nem outra data, dessa vez era algo sério. Não perguntei sobre o que era já que ela não falaria mesmo, fingi que estava tudo bem e tentei animá-la o tanto quanto pudesse. Tentei de todos os modos possíveis, mas não conseguia arrancar os sorrisos que tanto amava, a coisa era séria. Na hora de ir embora ela me abraçou tão forte que quase me tirou o ar, quando ela me soltou e ficou na minha frente percebi que estava chorando.

-Me fala o que está acontecendo minha princesa, eu posso ajudar. - digo.

-Não, você não pode ajudar. –Disse limpando as lagrimas. – Pelo menos não dessa vez.

O tio dela chegou de carro para levá-la e ela entra no carro, fiquei sem entender, ali imóvel sem reação, meu cérebro tentava processar e formular hipóteses do que estava acontecendo. Ao longe ouvia uma voz chamando meu nome, que ia ficando mais forte até chutarem minha perna.

-Miguel! – Diz Nico me chutando.

- Para, oi, diz.

-É que você estava estranho e não me respondia.

-Precisa me chutar?

-Você não me respondia ué.

Tive que concordar com ele, nesse momento minha mãe chega para nos pegar, no caminho não disse nada para ela, aliás, nenhum de nós disse nada. Nico não falou sobre eu estar estranho, eu o admirava por isso, ele guardava as coisas para si, não via necessidade em sair contando para todo mundo. Minha mãe parecia distante, apenas cumprimentou com um oi e não disse mais nada o caminho inteiro.

Aquela tarde foi longa, mergulhei de cabeça nos livros enquanto era observado por Jarvis que estava deitado no chão do meu quarto. Tentava sair da realidade para não continuar pensando no que estaria acontecendo com Luiza e ficando louco. Quando eram 16 horas Jarvis começa a chorar com a coleira toda babada caída na sua frente, decidi que seria bom levar ele para passear. Fomos para a pracinha, levei Nico também, ele queria tomar sorvete, ficamos um bom tempo sentados no banco, ele havia devorado dois sorvetes grande, ele era igual a mim na idade dele, não sabia para onde ia a comida, pois comia muito pelo tamanho que tínhamos.

-Miguel?

- Oi Nico.

- Estou feliz sabe.

-Que bom Nico, o que te faz tão feliz?

-Olha, você, a Mãe Jô, a Luiza o Jarvis, até a escola. Ficava aqui no banco vendo as pessoas e imaginando o quanto elas eram felizes e o que eu fiz de tão errado para não poder ser feliz.

-Para falar a verdade Nico, há muito tempo eu e sua mãe Jô não éramos felizes como estamos sendo esses dias, você tem boa parcela de culpa.

-Já tinha esquecido o que era isso.

-Felicidade?

-Não Miguel, se sentir amado.

Fiquei totalmente sem palavras, a única coisa que poderia fazer era abraçar o garoto bem forte, enquanto o abraçava Jarvis viu o momento família e resolveu participar pulando em cima do banco nos lambendo. Voltamos para a casa naquela tarde com algo de diferente entre a gente, não sei explicar mais parecia que conhecia Nico há anos, e que éramos mesmo irmãos de sangue. Resolvemos fazer o jantar para, como ele dizia, mãe Jô dele. Como ele era muito pequeno ainda apenas o coloquei sentado sobre o balcão e fui ensinando os passos da omelete secreto que nada mais era que ovos, bacon, calabresa e frango. Por incrível que pareça ficava muito bom.

-Sinto cheiro de omelete! – diz minha mãe chegando do trabalho.

-Estamos quase terminando. – digo.

- Então vai ensinar a receita secreta para o Nico e para mim não? – pergunta ela brincando.

-Você não sabe a receita não mãe Jô? – pergunta o Nico.

-Não Nico, vai me contar? – responde ela o abraçando.

-Não posso mãe, meu irmão me fez jurar que não contaria para você.

Era verdade, tinha o feito jurar que não contaria o segredo da omelete, que nada mais era que nada. Como assim? Bom, era simplesmente um efeito placebo, fale que tem um tempero especial e secreto que vai parecer mais gostoso, Nico era muito esperto, precisei explicar apenas uma vez o que era o efeito placebo.

Estava sem querer moldando Nico a ser meio como eu, tínhamos quase a mesma personalidade, a diferença é que ele tinha amigos na escola, incentivava ele assistir os mesmos filmes e séries que gostava e ler os mesmos livros que lia. Ele amava Supernatural, algumas cenas ele fechava os olhos mais tudo bem, ele entendia quase todas as piadas de The Big Bang Theory, muitas das vezes ele acertava o culpado pelo crime em CSI, ele havia se encantado por Icarly e Naruto. Ele já estava decorando as falas de Harry Potter de tanto ver os filmes. Nos livros ele havia pedido meu Box dos Jogos Vorazes para ler, em pouco tempo ele já estava no segundo livro. Estava apresentando algumas bandas de Rock para ele, mesmo aprendendo sobre elas sozinho após ver no Supernatural, ele passou a amar Oasis por minha causa e Pearl Jam por causa de minha mãe.

Tudo tem um fim, sabia disso, apenas não queria acreditar que poderia ser tão rápido. De tantas coisas que me lembro até hoje sobre Luiza, esse dia está inquestionavelmente como a pior. Ela continuava estranha e eu continuava tentando a fazer se sentir bem, passamos o intervalo todo na sala, com ela me abraçando e chorando sem falar nada, me sentia um inútil por não poder fazer algo queria muito que ela parasse de chorar e voltasse com o sorriso lindo que ela tinha. Na hora da saída, ela disse que tínhamos que conversar antes que seu tio chegasse.

- Miguel, eu amo você.

-Eu te amo mais meu bem.

-Não quero sair de perto de você, nunca.

-Não quero que saia de perto de mim jamais.

- Meus tios, bom, aquele dia que viajaram, quando chegamos em casa me disseram uma coisa que está me matando por dentro.

-O que eles disseram minha princesa?

-Meu tio foi promovido na empresa, o mandaram para a Filial do Nordeste e aquele dia haviam ido procurar casa, estamos partindo hoje.

-É brincadeira né? – digo com um nó na garganta.

-Não, é verdade. – diz me abraçando. – Não quero ir, quero ficar aqui, quero ficar com você.

-Por que não me disse antes.

-Porque não queria lhe fazer sofrer antes do necessário.

Não poderia acreditar, estava torcendo para ser um sonho ou pegadinha qualquer coisa menos ser verdade. Luiza chorava me abraçando forte, vi que seu tio havia chegado e estava sentado no capô do carro sem coragem para nos interromper. O abraço só foi interrompido por Nico.

-Miguel, Luiza, porque estão chorando?

-Eu vou embora Nico.

-Para a sua casa? Você vai para lá todo dia ué.

-Não Nico, ela vai embora mesmo, para longe.

-Mais porque Luiza? – pergunta ele com lágrimas nos olhos.

-Meus tios vão e tenho que ir com eles Nico.

Nico abaixa a cabeça e começa a chorar, eu o pego no colo e ele fica no meio de nós dois, Luiza o abraça e ele abraça ela. Augusto se aproxima, acho que ficou comovido pela cena.

-Olha crianças, me corta o coração fazer isso, mas é o cargo que sempre sonhei, sem dizer que vou poder pagar a faculdade dos sonhos de Luiza. Podem nos visitar quando quiserem.

-Obrigado Augusto. –digo.

-Não leva ela não tio Augusto, deixa ela com a gente, ai a gente visita o senhor sempre que da e leva ela. – propõe Nico.

-Bem que queria Nico, mas não posso. – responde augusto secando os olhos com pano.

Augusto pega Nico no colo e Luiza me abraça mais forte que da ultima vez, minha mãe chega e desce do carro para saber o que estava acontecendo. Augusto vai conversar com ela levando Nico no colo.

- Meu príncipe, não fique assim. – disse Luiza.

-Como não ficar assim? Não tem jeito. – respondo.

-Olha, por isso não te falei, preferi ter você sorrindo e me fazendo palhaçada até o ultimo momento do que ficar triste como eu fiquei.

- Olha, quero que fique com isso. – digo tirando minha corrente.

-Não posso, você ama ela.

-Mas amo mais você. – Digo colocando nela.

Havia ganhado a corrente de minha avó quando tinha sete anos, antes dela falecer, como meu avô era militar ela mandou fazer uma corrente, daquelas de identificação que eles usam, com meu nome e data de nascimento. Ela era de metal com uma borrachinha laranja em volta com as Inscrições: Miguel P.S. 15/10/1995. Augusto chama ela para irem se não se atrasariam para o voo deles, ela me da mais um abraço forte.

- Eu te amo nunca se esqueça disso. – diz ela.

Ela anda em direção ao carro, abraça minha mãe, diz algo para ela e abraça Nico mais uma vez, entra no carro e seu tio acena para mim com uma expressão triste. Eles vão embora, não podia acreditar naquilo, fiquei outra vez parado sem reação, imóvel que só voltei para o mundo real com o abraço de minha mãe. O caminho de volta para casa foi bem chato, Nico chorando quietinho como sempre, minha mãe não conseguia segurar o choro e eu com um nó gigantesco na garganta.

Acho incrível o dom que animais tem para perceber nossa tristeza, ao chegar em casa fui direto para meu quarto, nem comi nada, apenas deitei em minha cama e fiquei quietinho. Jarvis veio e pulou em cima da cama e se deitou comigo, eu o abracei e ele ficou ali comigo a tarde toda, parecia entender o que estava sentindo sem nenhum de nós dizermos nada.


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