Curvas do destino escrita por Alguém


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Quase nunca sei o que escrever aqui, mas vou começar agradecendo minhas leitoras mais lindas do mundo. O que acharam de Bruna?



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Minha mãe dizia que os primeiros dias seriam ruins, mas depois tudo ia melhorar. Não era verdade, cada dia piorava, havia duas semanas que ela tinha partido e não tinha mais conseguido falar com ela, nem por celular e nem via internet. Estava desesperado. Não tinha fome, não tinha sono, não tinha disposição para nada. A escola era um terror, ficar olhando o lugar que ela ocupava e mesmo tentando, não conseguia me concentrar nos professores, uma palavra, um cheiro, um gesto, tudo lembrava ela. Minha vida havia voltado a ser triste como antes, não era igual porque agora tinha o Nico e Jarvis, que sempre tentavam me animar em casa com chocolates, torta ou carinho. Jarvis conseguia fazer eu me sentir bem e mal ao mesmo tempo, pois ele me lembrava ela, mas também era meu amigão com quem sempre podia contar como fonte de carinho. Só agora vejo como ele foi companheiro comigo, ficava o tempo todo do meu lado, não fazia barulho, nem a coleira para passear ele pegava mais, queria apenas estar junto comigo ali sem fazer me sentir pior.

Achava que aquilo pelo que estava passando era o fim do mundo, que não ia me recuperar, que se não voltasse morreria ou coisa do tipo, bom, me mostraram que estava errado e dali em diante resolvi melhorar e que estava fazendo tudo errado, o motivo? Após um mês que ela havia partido por não me alimentar bem, não era por querer apenas não tinha fome, e desgaste emocional dei entrada no pronto socorro da cidade. Nico me achou caído no chão do meu quarto, ele disse que Jarvis latia e pulava no corredor e quando foi ver do que se tratava estava desacordado. Ele chamou minha mãe que acionou a ambulância. Durante uma bateria de exames foi constatado problemas em meu coração, não muito sérios, mas se não cuidasse poderiam ficar sérios. O médico me indicou a pratica de esportes e alimentação balanceada, obrigatoriamente.

Depois que havia voltado para casa, uma conversa minha e da minha mãe me fez começar a lutar outra vez.

–Filho? Temos que conversar. – Diz minha mãe entrando no quarto.

–Sobre o hospital mãe? Vou fazer o que o médico mandou.

–Não Miguel, não basta fazer o que ele mandou você tem que querer melhorar, você tem que ter atitude, você tem que decidir que vai ficar tudo bem e lutar até ficar. Luiza era uma menina especial, mas não vale a pena morrer por ninguém Miguel.

–Mesmo se doer muito?

–Principalmente se doer muito. A vida continua mesmo quando não queremos continuar vivendo desse jeito, temos que viver e lutar para deixar ela como a queremos, nada vem de graça e se vem de graça não dura.

–Acho que te entendo mãe, e o que faço com o amor que sinto por ela?

–Guarde, um dia vai poder dar todo ele para ela outra vez, coisa que não acontecerá se você estiver morto.

– Acho que decidi ficar bem então, obrigado.

–Pelo que Miguel?

–Por ser minha mãe.

Ela me abraça forte e sentia ali que tudo ia ficar bem, pela primeira vez em muito tempo fui assistir televisão com Nico na sala, que não me perguntou e nem falou nada , mas o sorriso no rosto dele que não conseguia esconder deixava explicito o quanto estava feliz simplesmente por eu estar ali. Jarvis como nos velhos tempos veio correndo e pulou no sofá deitando no meu colo, ele e minha mãe viviam em pé de guerra sobre ficar no sofá, enquanto ela brigava com ele, ele por sua vez fingia estar dormindo para não sair dali.

Como o prometido para o médico entrei no time de futebol da escola, tinha que correr, pular, correr mais, aquilo era chato, porém tudo mudou quando começamos a jogar futebol. Eu sendo criado por uma mulher, nunca fui muito ligado a esportes por ela nunca me incentivar a prática. Eu demostrava alguma habilidade em jogo, segundo o treinador era incomum para os novatos. Passei também a andar com Jarvis todos os dias na pracinha, coisa que ele adorava, Nico sempre ia comigo para tomar sorvete.

O futebol passou a ser uma coisa importante para mim, ele me fazia bem, me fazia esquecer o problemas por um tempo e comecei a ficar cada dia mais apaixonado por ele. Com duas semanas o treinador me subiu de nível, comecei a jogar junto com a equipe principal da escola, formada totalmente por alunos do segundo e terceiro ano, alunos do primeiro ano era uma grande novidade. Fui convocado para o primeiro jogo de verdade, não estava contente com aquilo já que gostava de jogar futebol, mas não na frente de todo mundo. Ganhei a camiseta numero 19 do time, no dia do grande jogo estava em pânico, minha mãe e Nico estavam animados, até demais para meu gosto. O time que enfrentaríamos era nosso maior rival, nossas escolas se odiavam desde que foram fundadas.

Aquele jogo fiquei no banco de reservas, estava dando graças por isso, até que o camisa 10 do time, ele era o cara mais importante da equipe se machuca, perdíamos de dois a um. Havia levado meus fones para o jogo e estava com eles quando sou surpreendido por uma toalha molhada no rosto. Quando olho meu treinador gritava furiosamente meu nome.

–MIGUEL! MIGUEL!

Me aproximo dele, e ele me da a grande notícia.

–Você vai entrar no lugar do Caio, mantenha a calma e faça igual nos treinos.

Não conseguia falar nada, mesmo querendo não podia, então a base de empurrões do técnico entrei no campo. Quando entrei todos me receberam com vaia, até a torcida da minha escola. Olhei para me treinador e ele disse “Força”, respirei fundo e fui para o jogo. Depois de alguns minutos já me lembrava mais da torcida ali, dei sorte em uma bola e consegui fazer um gol com um chute de longe, todos comemoraram mas ainda pareciam não gostar de mim. Já estávamos nos acréscimos quando conseguimos um escanteio, na cobrança a bola bate em mim e entra para o gol, todos começaram a pular e podia sentir o chão tremer abaixo dos meus pés. Quando o juiz apitou fim de jogo o campo foi tomado por nossa torcida que me jogaram para cima e saíram me carregando.

A partir desse dia comecei a participar mais dos jogos, os outros jogadores do time começaram a querer ser meus amigos e o pessoal da escola passou a me notar, pela primeira vez na vida eu era popular. O ano letivo terminou e a temporada de futebol também, por não nos classificarmos. Decidimos não viajar nas férias, Nico e eu jogamos muito games, lembro que li cerca de sete livros e ainda jogava futebol na pracinha para não perder o ritmo. Preenchia meu dia para não pensar em certa ruiva que nunca sequer ligou para falar pelo menos que estava bem ou não. Aquelas férias passaram voando de verdade. Uma semana antes de começar as aulas passei a receber sms de alguém que não tinha o numero, achei estranho, mas no liguei com aquilo. Eles começaram a ficar mais frequentes e minha curiosidade começou a despertar. Estávamos em uma quarta-feira quando após receber um sms resolvi ligar para ver quem era.

–Alô? – digo.

–Oi.

–Você que tem me mandado mensagens?

–Depende.

–De quê?

–Se você gostou.

–Bom, dependendo de quem for posso ter gostado ou não, vai depender de quem você me dizer que é.

–E se eu não quiser?

–Ai posso trocar de número.

–Eu consigo o numero novo.

–Como assim?

–Miguel, sei quem você é, onde mora, que caminha toda a tarde com seu cãozinho fofo, que tem um irmãozinho menor muito lindo e como deve estar com uma carinha linda de confusão agora.

–Você errou.

–Em que?

–Não estou com cara de confusão, estou com cara de medo. Vamos falar sério, quem é você?

–Vamos fazer assim, quando for à pracinha andar com seu cão eu me apresento para você.

– E como vou saber que é você?

–Vou estar de azul.

Ela diz isso desligando em minha cara, não sei se foi por querer ou não, mas aquela situação estava começando a me assustar. Estava ansioso para conhecer esse ser misterioso, na hora de sempre fui correr com Jarvis, após algumas voltas na praça vejo uma menina de azul sentada no banco. Fiquei um pouco receoso, mas tomei coragem e fui.

–Oi. –Digo.

–Oi. – ela responde se virando.

Gelei na hora que a vi, era a Bruna, ela estudava em meu colégio era o tipo rainha do baile e o que será que queria comigo? Ela namorava o Caio, eram o casal mais badalado da escola. Bruna era morena, seu cabelo era comprido e parecia ter brilho próprio, seus lábios vermelhos e grossos se destacavam de sua pele branca e tinha uns olhos verdes envolventes. Não era mais alta que eu, tinha tudo no lugar em questões de corpo, academicamente falando não era tão espetacular, mas não ficava abaixo da média.

–Então, vai me dizer o porquê de toda essa perseguição a mim? – pergunto.

– Qual lindinho?

–Saber onde moro que horas ando com meu cachorro, meu numero de celular, achei que nem me conhecia.

–Onde você mora é fácil, porque moro perto de lá, seu numero peguei na agenda do celular do Caio quando ainda estávamos juntos e sobre te conhecer, deixa eu ver... Notei quando você entrou, o bonitinho tímido que era super inteligente.

–Entendo. Agora o mais importante, porque me mandar mensagem?

–Que outro jeito ia te fazer me encontrar?

–Por ser namorada do caio não iria mesmo.

–Ex.- interrompe ela.

–Ex então, mesmo assim.

Conversamos por muito tempo, vários assuntos, nem vi o tempo passar. Ela era mais legal do que aparentava, confesso que fiquei balançado por ela, mas não demostrei. Nos despedimos e fui embora, no outro dia a encontrei de novo e no outro dia após esse também, na quarta vez que nos encontramos, enquanto conversávamos ela me roubou um beijo. Não sei se retribui, não da maneira certa, me sentia culpado por Luiza, parece bobeira eu sei, mas não temos culpa por sentir o que sentimos.

–O que foi? – perguntou ela.

–Nada, é que não esperava por essa.

–Desculpa, não queria te deixar sem jeito. - disse se levantando para ir embora.

–Espere, desculpa, não me deixou sem jeito, só me pegou de surpresa. – digo me levantando.

–Então não esta bravo?

–Não.

Ela sorri e me abraça, eu a abraço e olho para o Jarvis sentados no olhando, ele vira a cabeça e fica nos olhando com aquela cabeça torta parecendo se perguntar: “ei, porque ele esta abraçando ela? O que ele esta pensando? Será que tenho que atacá-la?” ele fica nos olhando e ela me solta, fica na minha frente e me rouba outro beijo. Fui para casa confuso, sabia que gostava de Luiza, mas não sabia o que sentia por Bruna, nem se poderia me permitir sentir algo por ela, ao chegar em casa me deparei com Nico sentado em uma cadeira me esperando, com aquela cara de pidão me pediu para fazer Brownie. Tomei um banho e fui fazer Brownie para ele. Minha mãe chegou do trabalho e saímos para comer, fomos ao shopping, pois ela tinha que comprar roupa de frio para o Nico, pois o inverno estava a meio caminho. No shopping me encontrei com a Bruna, que veio e me beijou na frente da minha mãe e Nico, eles fizeram uma cara tipo a do Jarvis, fiquei um pouco sem graça na hora, não sabia o que falar ou fazer.

–Oi, prazer sou a Bruna. –diz Bruna pegando em minha mão.

–éé... Sou a Jô, muito prazer. – diz minha mãe um pouco confusa.

–Oi Nico, como você esta? – pergunta Bruna.

–Acho que, ... Acho que bem.- responde ele.

–Que bom que te encontrei, vim comprar roupas para o inicio das aulas, quer me ajudar?

–Ele não pode, estamos indo embora já. Desculpe, mas foi um prazer conhece-la Bruna. – diz minha mãe.

Tento me despedir com um aperto de mãos, mas e ela me agarra e me beija outra vez de despedida, quando me solta digo que preciso ir mesmo e saio meio que rapidamente atrás de Nico e minha mãe. Consigo alcançar eles no carro já, entro e me deparo com a seguinte pergunta.

– O que você esta fazendo mocinho? – pergunta Nico.

–como assim?

–Você sabe muito bem Miguel, vamos falar sobre a menina que acabou de se pendurar em você em publico no shopping? – pergunta minha mãe.

–Ela é uma menina do colégio mãe, e fiquei tão surpreso quanto vocês com a atitude dela, ela me beijou hoje mais cedo apenas.

– Porque não contou para a gente? Sabe que odeio ser a última a saber das coisas. – pergunta ela.

–Porque não achei ser algo sério, Nico, para com esse bicão se não quando chegarmos em casa o Jarvis vai morder nele.

–Não se eu contar pra ele que você beijou a menina que não era a Luiza. – responde ele.

–Olha filho, acho ótimo você esta tentando ir em frente, mas não acho que seja hora para se envolver com outro alguém.

–Calma mãe, ela é legal e acho que seria bom para mim.

– Só não diga que não avisei então.

O clima no caminho de volta foi um pouco tenso, em casa também, os dois ficavam trocando olhares e fazendo cara feia para mim. Na véspera das aulas já tinha dois dias que estavam daquele jeito, e não aguentava mais.

–Mãe, por favor, vamos parar com isso né, coisa infantil, não acha que esta bom? – digo.

–Parar com isso oque Miguel? – diz ela irônica.

–Você sabe muito bem.

–Então você esta bravo? – pergunta ela.

–Sim estou.

–Ganhei mãe Jô, viu como conheço meu irmão. – Grita Nico pulando.

–Ganhou o que?

–Olha filho, tínhamos apostado quando tempo você levaria para ficar bravo com o tratamento que estávamos lhe dando. Nico apostou no máximo dois dias e eu disse no máximo três. – diz minha mãe sorrindo.

–Espere, então quer dizer que agora sou objeto de experiência de vocês?

–Não diria assim filho, mais foi divertido ver você com essa cara de cachorrinho que é esquecido em mudança enquanto brincávamos com você, acha mesmo que não íamos te apoiar em algo que você ache certo? Apoio você com a Bruna ou qualquer uma que possa lhe fazer feliz. – diz ela.

–Quer saber, obrigado mãe. Qual foi o prêmio?

–Nada, apenas vermos o quanto o conhecemos. – diz Nico.

– parece que gerar você e o criar não foram o bastante para te conhece melhor que esse ser minúsculo e fofo. – diz minha mãe fazendo cócegas em Nico.

Fique feliz em saber que aquilo não se passava apenas de mais uma esquisitice dos dois. Agora esta animado a ir para a escola no outro dia. A volta as aulas não foram tranquilas, na verdade um tsunami Bruna devastou a experiência. Quando cheguei ela estava me esperando, agarrou minha mãe e me fez entrar de mãos dadas com ela, todos me olhavam do pior jeito possível, até que me deparei com Marcos que me fez sentir pior balançando a cabeça em negação. No intervalo ela me fez sentar junto com as amigas dela, era tão chatas, sempre a mesma coisa, sapato, roupas, grifes, nem conseguia ler com tanto barulho. Na hora da saída ela quase não me deixa sair vivo, parecia que ia sugar toda minha alma, e para que me apertar tanto? Ela era um pouco estranha, mas sabia que era questão de me acostumar e dia após o outro fui me acostumando devagar com isso, até que aceitei mudar nosso status de relacionamento, agora estaríamos namorando. Não queria de verdade, mas querendo ou não ela me fazia bem e na situação em que estava não podia recusar carinho.

Passado algumas semanas começaram os jogos outra vez, passei a participar mais que antes, sempre jogando um tempo inteiro e fazendo boas participações. Em um dos raros momentos em que Bruna não estava colada em mim, durante uma aula vaga, Marcos me chamou para conversar, parecia sério, nunca havia me chamado para um bate papo antes.


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Notas finais do capítulo

O que será de tão serio que Marcos tem a falar?



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