Capitulo 40 - Não!

Narrado por Lukas:

Domingo eu passei a tarde toda na casa do Pedro, a Gio também estava lá. Ficamos conversando e tomando tererê.

– Eu não sei mais o que fazer gente. - falei.

– Ela precisa descobrir a verdade sobre o Vini, mas ela não acredita na gente, esses dias nós discutimos e vocês acreditam que ela defendeu ele? O Vini pode ser meu irmão, mas eu sei como ele é, eu conheço ele muito bem. - Gio disse.

– Esse não é o pior, eu nem cheguei a falar para vocês, mas quarta de tarde quando o Vini estava lá em casa com a Isa... ele tentou forçar ela a...

– O que?! eu vou matar o Vinícius ! – Gio falou irritada antes que eu terminasse a frase.

– Eu só não bati no Vini por que a Isa precisava de mim. Gio, desculpa, mas eu não aguento mais... Não sei quanto tempo consigo me segurar se ele aparecer na minha frente.

– Então é por isso que ele não quis ir para a escola? Ele está com medo de ti Lukas. - Gio disse.

– É bom mesmo, porque ele está avisado, se eu ver ela chorando de novo... – fechei minhas mãos com força.

– Ele merece mesmo tomar uns bons tapas na cara! Mau caráter! Eu sabia, ele é igual ao papai! Passa por cima de todo mundo e nem liga! – ela ficou com lagrimas nos olhos, Pedro a abraçou.

– Amor... tudo bem, ele não está mais na sua vida agora... - Pedro confortou ela.

– É. - Gio concordou.

Passamos a tarde toda conversando sobre a Isa e o Vini e outras coisas, quando vi já eram nove da noite, voltei para casa, subi para o meu quarto, a Isa estava no dela, vi a luz ligada, abri a mão para bater na porta e perguntar onde ela estava a tarde toda, mas desisti, entrei no meu quarto, tomei um banho e liguei o PC, depois de um tempo fui dormir.

Acordei. Primeira semana de dezembro, mais quatro semanas de aula e formatura... e agora eu estou com vontade de ir ao baile, a Isa não está mais com o Vini.

Meu Deus, o Vini! Eu tenho que acabar com a aposta!

Desci tomei café e saí sem esperar a Isa, encontrei o Vini na esquina e eu estava com muita raiva dele, mas prometi me controlar para acabar com a aposta.

– Vini, quero falar contigo.

– Fala.

– A aposta. Acabou. Eu perdi, fica com a droga do título, se é isso que você quer. Acabou entendeu? Não tem mais aposta nenhuma!

– Você quem sabe. - Vini deu de ombros.

– Para de enrolar a Isa agora ouviu? - falei.

– Por quê? E se eu quiser continuar com ela? - ele desafiou.

– Eu e você sabemos que você não gosta dela, então, deixa ela em paz. A aposta ACABOU, entendeu?

– Entendi... Está encerrada sim, mas não sei se eu quero deixar a Isa... E eu que sei o que faço com a minha vida. - ele disse.

Eu ia começar a discutir com ele mas a Isa chegou bem na hora.

– Oi, amor. – ele sorriu para ela e deu um selinho.

Ela correspondeu o selinho.

O que? Como assim? Por quê ela está aceitando o selinho dele? Por quê ela aceitou? Como assim? Mas o que...? Por quê eles estão se abraçando? O que é isso? Não!

– Vamos amor. - Vini disse para ela.

– Vamos. - ela sorriu.

– Espe... espera ai... - gaguejei.

– Que? - Vini sorriu falso.

– Vocês estão juntos? - consegui perguntar.

– Sim, Lukas... aquilo foi... um equivoco. - Isa disse insegura.

– Ele tentar tirar sua virgindade a força é um ''equivoco''? – eu perguntei sarcástico.

– Lukas, por favor né. - Isa disse.

Eu não estava acreditando naquilo.

– Quer saber, fica com ele. Foda-se. Fica com ele! – eu falei muito irritado. – E quando ele te machucar... eu não sei se... - não consegui completar a frase, senti meu olho começar a arder e eu não queria chorar na frente do Vini, ele nunca ia parar de me zoar, balancei a cabeça fazendo um ‘não’ e deixei ela lá parada ao lado dele me vendo sair.

Eu precisava pensar, precisava colocar a cabeça no lugar. Fui para a praia. Aquela hora não tinha muita gente por lá, um e outro fazendo uma corrida ou caminhada na areia. Sentei e coloquei a cabeça entre os joelhos, eu não queria chorar, afinal, homem não chora, mas eu não consegui segurar.

Não queria que ninguém me visse chorando, então deixei minhas coisas na areia e entrei no mar. Deixei a água apagar minhas lagrimas e meus pensamentos, depois voltei para casa, não tinha a mínima chance de eu ir para a escola.

Tomei banho, troquei a roupa e fiquei deitado na cama olhando a foto dela a manha inteira e me perguntando por que ela mexia tanto comigo, porque eu simplesmente não conseguia esquecer, eu já tinha acabado com a aposta, por que eu não parava de me preocupar? E a frase que eu não continuei... eu iria dizer que não sabia se estaria ali para ampará-la quando ele a machuca-se, não completei a frase porque sabia que era só raiva no momento. Eu sempre estaria ali. Sempre. Pronto para erguê-la a cada tombo, pronto para acolhê-la em meus braços, para cuidar dela, sempre que ela precisasse.

Dormi. Acordei com a Isa me chamando, sentada ao meu lado na cama.

– Lukas... acorda... – ela falou baixinho.

– Que. – murmurei.

– Eu preciso falar contigo.

– Fala. – disse abrindo os olhos.

– Você estava chorando?

– Não. – menti.

– Lukas... Por quê você disse aquilo?

– Porque eu cansei. – falei me escorando na cabeceira da cama.

– Cansou de que?

– Você não percebe? Não percebe que eu, a Gio, o Pedro, nós só queremos o seu bem? Você não viu o que eu vi... não sabe o que eu sei.

– Como assim?

– O Vini não te merece. Mas eu cansei de falar isso. Agora chega, vou deixar você fazer o que bem quiser da sua vida. Eu não me importo mais. – Minhas palavras doíam em mim, eu me importava sim, muito, mas cansei, cansei de lutar por ela, como ela não vê?

– Não importa mais?

– Não. – menti de novo. – Me deixa dormir? Eu quero ficar sozinho.

Ela levantou e parou na porta eu vi que o olho dela estava enchendo de água, mas o meu coração estava pior. Ele estava aberto, como uma ferida que não sara. Não queria ver ela chorar, aquilo doía demais, mas eu cansei. Só espero que ela não perceba tarde de mais o quão idiota ele é.