Eu ainda não havia entendido o que aconteceu. Eu só me lembrava de quando os meninos perdidos chegaram, essa parte estava clara pra mim, o que eu não entendia era a parte em que Hook se aproximava aos poucos, e então me feria de alguma forma, tudo foi tão rápido que mal deu tempo de ver o que estava acontecendo ao meu redor.

Mary Margareth havia me contado que Hook tinha sido afetado pelo veneno do Sonho Sombrio, mas eu ainda não entedia que tipo de efeitos ele podia causar, certamente pensava que causaria algum tipo de dor, mas no final o que ele fez no final foi ME causar algum tipo de dor, eu só não entendia o porquê eu, sendo que eu nem estava próxima a ele. Era como se do nada a primeira coisa que veio em sua cabeça foi me matar.

Ele estava preso sentado a uma árvore, amarrado com algumas cordas. Eu me sentei em frente a ele o observando por um momento, eu sabia que ele era um pirata, e não duvidava que ele já tivesse feito pior antes, mas eu ainda tinha outra visão sobre como ele era, uma visão diferente, não imaginei que ele machucaria algum de nós, principalmente eu.

Todos estavam em suas barracas improvisadas feitas pro acampamento. Mary Margareth estava ainda esperando David voltar de seja lá onde ele estava, Regina acabou dormindo e Gold estava em algum lugar pela floresta. Éramos só eu e ele, levando em conta que ele estava dormindo, eu não sabia o porquê ainda estava ali, mas eu precisava saber outro lado da história, precisava saber o que realmente aconteceu, e por outro lado, eu não conseguiria ficar em paz sem saber que ele esta bem.

Se passou algum tempo, e eu pensei que era melhor voltar próximo ao acampamento e tentar dormir um pouco, mas então, Hook começou a acordar lentamente, e então quando definitivamente ele se deu conta de que eu estava realmente ali, ele parecia surpreso, mas continuava sem dizer uma palavra.

– Hook... – Comecei - Eu... precisava falar com você.

Ele continuou quieto por um tempo, até falar algo.

– Emma... Você... É você mesma? Você... Você esta viva.

– Bem... sim, por enquanto. Aparentemente Regina, Gold e David conseguiram esse... manto mágico pra mim.

–Então eles seguiram meu conselho... Eles conseguiram.

– Seu conselho? Do que você esta falando?

– Eu falei a eles sobre o manto, você realmente acha que eu te deixaria para morrer?

Ele deu um de seus sorrisos irônicos, mas logo ele se foi, deixando uma agoniante expressão de dor.

– Você esta bem? – Perguntei – O veneno, como você irá se curar.

– Não há nenhuma cura conhecida Emma. Não tem jeito.

– Uma coisa que aprendi desde que essa maldição foi quebrada, é de que sempre há um jeito de resolver tudo.

– Temo que lhe ensinaram errado, “Milady”.

Hook se contorceu de dor novamente. Era difícil vê-lo desse jeito.

– E eu temo que essas cordas também não estejam ajudando.

– De fato... Mas não posso arriscar ferir mais ninguém. Principalmente você Emma.

Eu não sabia o que dizer, simplesmente seu olhar era sincero, porém eu não sabia se ele queria me usar para que eu o tirasse dali, ou se ele realmente dizia a verdade.

– Por que eu Hook? – Disse eu – Por que toda essa preocupação comigo?

Ele deu uma curta risada sarcástica.

– Pensei que já tivesse notado bem antes Swan. – Disse ele em resposta – Acredite... Que um pirata pode amar também.

Definitivamente eu fiquei sem palavras. O que eu poderia dizer em relação a isso? Nada. Eu não sabia se deveria confiar nele, mas eu não via o porquê fazer o contrário. Ele nos trouxe a Neverland, voltou para nos ajudar a salvar Henry. Talvez aquela seria a hora de confiar um pouco mais nas pessoas.

– Emma, não se preocupe comigo por ora – Disse ele – Eu vou achar uma maneira, mas agora, se preocupe em cuidar desse manto.

Ele deu um leve sorriso, e completou :

– Sério, a única preocupação que você precisa é em como você vai matar Pan.

– Acredito que você esteja certo, mas se você morrer, certamente saber quem vai cuidar do navio se tornará uma preocupação.

– Acho que se eu morrer, você morre junto sem poder olhar para mim todos os dias...

– Sonhar ainda não mata Hook....

– Era pra ser uma piada?

E então ele apontou aonde o veneno do Sonho Sombrio o havia ferido, e eu acabei rindo sem notar a ironia.

Me afastei e voltei próximo ao acampamento, e me sentei na minha barraca, não consegui deixar de olhar para Hook que estava ainda lá na árvore observando de longe, e dei um ultimo sorriso antes de acabar dormindo.

No dia seguinte, fui acordada por Mary Margareth, ela parecia muito nervosa e estava tremendo um pouco.

– Mary Margareth o que... – Disse ainda sonolenta – O que houve?

– David – Disse ela falando baixo – Ele ainda não voltou, quem demora tanto pra ir buscar lenha? Eu fiquei esperando ele mas ele não chegou e... e acabei dormindo, Emma, eu não sei o que pode ter acontecido com ele, estou desconfiada dos dois.

– Calma, pode ter milhões de explicações pra ele não ter voltado ainda. Quem sabe ele esta com Henry ou se perdeu, não se preocupe, nós vamos acha-los.

– Você não acha que a Regina ou o Gold podem ter algo com isso?

– Não vejo motivos pra eles terem feito isso Mary Margareth, mas iremos acha-lo, e ele estará bem.

Eu a abracei e ela começou a chorar, eu não sabia o que fazer, mas não poderia descartar a possibilidade de que realmente Regina e Gold tivessem algo com o sumiço de David, eles tinham que saber de algo, por que ele iria simplesmente ir buscar lenha antes mesmo de saber que o manto tinha funcionado?

Mary Margareth continuava olhando para todos os lados, vendo se havia algum sinal de David, mas sem resultados. Decidi falar com Regina, já que Gold continuava a espreita na floresta.

– Regina, posso falar com você um minuto? – Disse – Acho que você sabe do que se trata.

– Ah claro – Disse ela – Quais as novas acusações?

– Não estou falando de acusações, mas sei que você deve ter uma noção de onde David esta.

– Bem, isso realmente é mentira, eu não sei onde David esta.

– A questão é, desde quando?

– Espera um segundo, você esta insinuando que..

– Não estou insinuando nada, mas é estranho você e Gold simplesmente não saberem nada sobre ele, por que ele simplesmente sairia para buscar lenha?

– Bem, pra fazer uma fogueira?

– Claro, muito engraçado, só acho que não precisamos de mais desaparecidos por aqui.

– Bem, então seria uma ótima ideia você parar de ficar namorando o Hook enquanto seu querido pai esta vagando pela floresta não é?

– O que... Espera, namorando o... Hook? Olha, você pode tentar mudar de assunto como quiser, mas eu realmente espero que esteja dizendo a verdade, porque não podemos simplesmente deixa-lo na floresta vagando sozinho, precisando de ajuda, e isso certamente nos atrasará na busca pelo Henry.

Ela estava a ponto de falar alguma coisa, mas então Mary Margareth a interrompeu.

– David? – Disse ela – É você?

Ninguém respondeu, mas ainda podia-se ouvir sons vindos da floresta. Me levantei e peguei minha espada, mas ninguém chegava, apenas se ouvia sons de passos rápidos e as folhas batendo.

Gold chegou da floresta por causa dos barulhos, mas também não tinha visto nada, e todos ficamos a espreita. Olhei para Hook que estava amarrado na árvore, se estivéssemos durante um ataque não poderíamos deixa-lo ali, preso, quem sabe o que poderia acontecer?

Me aproximei de Hook e o desamarrei.

– Swan? – Disse ele – O que... o que você pensa que esta fazendo?

– Podemos estar durante um ataque, não vou deixa-lo aqui.

– Será pior se você me soltar, nem eu sei do que sou capaz quando as... as alucinações começam Emma.

– Esta na hora de eu confiar mais nas pessoas, e eu estou confiando em você, mesmo que você tenha me ferido antes, eu sei que não foi o que você esperava.

– Ainda é perigoso Emma.

– Eu já disse, confio em você.

Eu o soltei e ele se levantou lentamente, e antes que pudesse fazer qualquer coisa, tirou o seu gancho e o entregou pra mim.

– O que você esta fazendo? – Perguntei – Por que você tirou seu gancho?

– Eu não confio em mim mesmo nesse momento Emma, mas eu confio em você o suficiente. Eu não posso arriscar ferir mais ninguém.

Peguei o gancho ainda relutante, e enfim o guardei. Hook continuou ali junto a árvore, disse que se algo acontecesse, iria lá ajudar. Me juntei aos outros e esperamos algo acontecer, e de fato, vários meninos perdidos atacaram.

Eles foram chegando lentamente, todos estavam prontos para uma luta, e então Felix ( O “líder” dos meninos perdidos ) se aproximou.

– Vamos lá, se acalmem – Disse ele – Não viemos aqui para lutar... A não ser que não sejam obedientes...

– O que vocês querem? – Perguntou Regina – Novos brinquedos?

Felix deu uma risada sarcástica.

– Bem, algo um pouco diferente – Disse ele, olhando para mim – Pan quer um de vocês... Emma.

Mary Margaret entrou na minha frente com uma flecha apontada para Felix.

– Vocês podem nos ameaçar o quanto quiserem... – Disse ela – Mas nunca sairão daqui com Emma.

– Bem... creio que seu “nunca” não é do jeito que esperava.

Logo, uma sombra chegou e antes que alguém pudesse fazer algo, arrancou a sombra de Mary Margareth. Tentei impedir mas ela caiu imediatamente desmaiada no chão, e não respirava. Gold e Regina lutavam com os meninos perdidos, mas um ainda vinha em minha direção, e então alguém me puxou pelo braço. Era Hook.

Hook me levou até a floresta e continuamos correndo até lá, fugindo. Eu não pude deixar de chorar quando Mary Margareth caiu ali, eu não queria deixa-la sem saber se ela estava morta ou não.

Paramos em uma parte da floresta quando tínhamos despistado os meninos perdidos. Eu não conseguia parar de pensar que devia ter ficado lá e lutado, mas agora seria loucura voltar, mas eu não conseguia parar de chorar.

– Emma... – Disse Hook – Ela vai ficar bem, eu prometo.

Ele se aproximou e me deu um abraço reconfortante, todas as minhas esperanças pareciam estar destruídas, mas estar em seus braços fez tudo parecer que ia mudar. Ele se afastou por um momento, mas ainda estávamos juntos, próximos. Ele foi se aproximando cada vez mais, eu tinha quase certeza de que ele me beijaria naquele exato momento, mas então um barulho vindo da floresta chamou nossa atenção. Hook pegou minha espada e se colocou em minha frente, mas quem saiu de lá era a ultima pessoa que pensei que veria naquele momento. David estava ali, parado a nossa frente, sangrando.