Desde que a maldição foi quebrada, eu imaginava que finalmente descobriria como era estar dentro daquelas histórias, que teria aventuras de verdade, que montaria cavalos e aprenderia a usar uma espada, mas eu não esperava que as coisas acontecessem desse jeito.

Eu e Greg corríamos pela floresta, sem rumo. Ele estava ferido no braço por uma flecha, eu não sabia o que haviam nelas, mas certamente ele não estava passando bem.

– Vocês... Estavam trabalhando para Peter Pan? – Disse – Por que ele iria querer destruir a magia?

– Eu não sei garoto, precisamos sair daqui – Disse Greg – Eles mataram Tamara, e agora terei minha vingança, a magia já fez demais.

– Não tem outro jeito de fazer um portal, a não ser que você conheça um.

– Eu não vim aqui com garantias, eu achei que eles nos deixariam ir embora depois de completarmos nossa missão.

– Ir embora por um portal magico sem magia? Vocês podiam ter pensado melhor.

–Sim, podíamos, mas o que posso fazer agora? Nada. Eu acharei um jeito, mas precisamos nos esconder, formar acampamento.

Continuamos andando por um tempo até que Greg caiu no chão, desmaiado. Chamei por ele, mas ele não acordava, parecia estar morto. Olhei aonde a flecha o tinha atingido e seu braço estava inchado e roxo, era horrível de ver, mas certamente ele não respirava, as flechas continham veneno.

Agora eu estava sozinho, como iria me esconder de meninos perdidos sozinho? Eu não sou como ninguém da minha família, eles dariam um jeito, eles lutariam e sairiam da ilha. Eu mal conseguia pensar neles, eu não sabia aonde eles estavam, se eles conseguiriam chegar até aqui, tudo parecia estar perdido ( que irônico ).

Continuei andando, quanto mais tempo eu ficava parado, mais rápido os meninos perdidos poderiam me achar, eu ainda tinha uma chance tentando fugir, mas eu não sabia por quanto tempo isso duraria. Eu estava muito cansado, e não sabia pra onde ir, nenhum lugar parecia seguro, eu queria mais que tudo voltar pra casa.

Enquanto caminhava ouvi passos apressados em minha direção, eu não sabia como me defender então apenas continuei correndo na direção oposta o mais rápido possível. O som dos passos foi ficando mais alto e mais forte, e então eu cai no chão e alguém estava em cima de mim com a mão em meu pescoço.

– Se você veio pra me levar de volta, o que vai ser levado em troca é seu cadáver! – Disse o menino – Se você pensa que me pegará fácil esta enganado!

– Do que... Você esta falando? – Disse – Te levar pra onde?

O menino me olhou confuso e se levantou, eu fiz o mesmo. Ele parecia ser um menino perdido, mas ele não estava armado, e parecia apavorado.

– Você... Henry não é? – Disse ele – O verdadeiro crédulo.

– Verdadeiro crédulo? Do que você esta falando?

– Você não sabe? Pan esta a sua procura! Você é o garoto que irá salvar a magia.

– Eu já sabia que Pan esta a minha procura, estou fugindo dos meninos perdidos.

– Eu estou tentando fazer o mesmo, mas ficar aqui só nós deixará mais próximos do acampamento de Pan.

– Então aonde podemos ir?

– Bem, não tem lugar em Neverland aonde Pan não domine, a única maneira é partir.

– Você... tem um jeito de sair de Neverland?

– Provavelmente, mas não funciona. Mas como você é o verdadeiro crédulo quem sabe possa funcionar.

– Qual é sua solução?

Ele tirou um pequeno frasco do bolso cheio de um fino pó, eu conhecia aquilo, era pó de fada.

– Isso Henry – Disse ele – Nos levará para longe, se funcionar.

– Pó de fada nos fará voar? E podemos ir pra casa?

– Sim, mas como eu disse, provavelmente não funcione. Você se arrisca a tentar?

Pensei por um tempo, mas concordei. Era a única maneira de sair da ilha.

Ouvimos vários passos e gritos, os meninos perdidos se aproximavam, e o menino saiu correndo, fui atrás dele. Ele corria rapidamente desviando de obstáculos facilmente sem nem ao menos olhar, parecia que ele conhecia a ilha em cada detalhe.

Os passos pareceram diminuir, havíamos despistado os meninos perdidos.

– Como você veio parar aqui? – Perguntou ele enquanto andávamos – A sombra o trouxe?

– Não, como assim uma sombra?

– Ninguém sabe ao certo, mas é bom você não conhece-la...

Continuamos a andar, a fome estava ficando insuportável e eu não sabia o quanto tempo isso iria durar, eu queria sair dali logo. Eu desejava poder ter feito algo antes, ter me soltado de Greg enquanto ainda estava em Storybrooke e eu nem tenho certeza se esse plano de voltar pra casa irá funcionar.

Eu não conseguia parar de pensar neles, na minha família. Será que eles viriam me salvar? Eles estavam em Storybrooke e aquele era o ultimo feijão magico, como eles poderiam vir em Neverland? Eles nem ao menos sabem aonde estou. Será que eles teriam uma chance se Hook por acaso tivesse deixado o feijão em algum lugar? Ou provavelmente voltado, o que pra mim é improvável, mas se ele estava indo embora, será que não estaria vindo pra cá? Se eu o encontrasse ele poderia achar um jeito de voltar, ele já saiu da ilha antes. O que me restava era acreditar nele.

Chegamos na beirada de uma colina, estávamos bem acima da floresta e dava para ter uma boa visão de grande parte da ilha, e eu não via nenhum sinal dos meninos perdidos, onde eles poderiam estar eu não sei, mas tenho quase certeza de que não estão longe.

O menino se virou pra mim e pegou o frasco com o pó de fada.

– Henry, o pó de fada só funcionará se você realmente acreditar – Disse ele – Caso contrário...

Ele olhou lá para baixo.

– Espere, acreditar no que exatamente?

– Que ele funcionará, que nos fará voar.

– Voar? E se cairmos?

–É um risco que teremos que enfrentar.

–E se você só estiver fazendo isso porque me quer morto? E se você estiver trabalhando pro Pan e quer me ver morto?

–Henry, você tem que confiar em mim!

Então, vários outros meninos perdidos apareceram atrás de nós, um deles lançou uma flecha em direção ao garoto e ele caiu do penhasco antes que eu pudesse fazer algo, eu estava sozinho de novo.

– Parece que finalmente o encontramos – Disse o menino que atirou a flecha, apontando outra em minha direção – Temos um pequeno trabalho pra você.