A melhor parte de toda essa viagem é que finalmente posso tentar me reaproximar de Emma. Depois de tudo que aconteceu entendo que ela ainda não se acostume com a ideia de eu e Charming sermos seus pais, e saber que a deixei sozinha por 28 anos é algo que me incomoda todos os dias, e o que mais quero é tentar recompensar todo esse tempo perdido.

Tudo tem sido complicado para todos nós. Imaginar que o bebê que segurei em meus braços por apenas uma vez agora já tinha 28 anos, e nesse tempo todo eu me sentia sozinha, nós nos sentíamos sozinhas.

É difícil ter que passar a maior parte do tempo com as pessoas que de uma forma contribuíram pra isso tudo, mas no momento todos temos que trabalhar em equipe, o que será um novo desafio. Estávamos todos juntos mas uma parte minha ainda estava com aquele sentimento da maldição, aquela sentimento de solidão, e eu sentia que Emma passava pela mesma coisa.

Estávamos todos cansados, e a tempestade foi um ótimo contratempo. Eu e Charming deixamos Emma na cabine e subimos ao convés, era uma noite cheia de estrelas e finalmente parecia que a maré havia sido controlada. Charming colocou o braço envolta de meus ombros, ficar ao lado dele me confortava, me fazia lembrar nossos tempos na Floresta Encantada juntos, quando falávamos sobre nossos planos para o futuro.

- Snow? – Disse Charming – Esta tudo bem?

Fiquei em silencio por um tempo, era incrível como ouvir a voz dele fazia tudo valer a pena.

- Só estou preocupada – Respondi – Com tudo.

- “Com tudo”, você quer dizer Emma e Henry?

-Sim – Suspirei – Eu não queria que a Emma passasse por uma situação dessas, essa... aflição.

- Não se preocupe Snow – Disse ele com um leve sorriso – Tudo vai ficar bem, vamos salvar Henry, e vamos ficar juntos de novo.

-Eu sei que vamos salva-lo mas... Não sei se tudo vai ficar tão bem assim.

- O que quer dizer com isso?

- É que... a Emma. Ela não se sente a vontade ainda com tudo isso...

Charming deu uma leve risada.

- Não se preocupe com isso Snow – Disse ele – Estamos nos juntando aos poucos, logo tudo vai ficar bem, ela só precisa de tempo. A única coisa que me preocupa é...

Vi que Charming olhava para Hook no mastro. Não pude deixar de dar um sorriso.

- Hook?

- Bem... Eu não queria minha filha tão próxima a um cara como ele, só isso.

- Charming – Falei – Seu lado paternal é realmente adorável.

Ele deu uma risada.

- Deveríamos estar acostumados, somos avós.

Ele me deu um abraço forte, eu precisava começar a ser tão positiva quanto ele, mas tudo era tão difícil. São duas personalidades diferentes na minha cabeça que não faço ideia de como controlar, e isso acaba me levando a loucura as vezes, o que eu mais queria era poder saber como lidar com todas as situações, poder ajudar Emma, ter conseguido salvar Rumplestiltskin sem matar Cora... Mas agora eu teria que arcar com as consequências. Não consigo parar de pensar se as coisas tivessem sido diferentes, se eu não tivesse contado o segredo da Regina para Cora eu teria evitado muitos problemas. Emma não se separaria de mim e a maldição não seria lançada, poderíamos estar no nosso palácio na Floresta Encantada vivendo como uma família de verdade.

- Creio que já esteja tarde – Disse Hook, do mastro – Melhor dormirmos um pouco, quem sabe daqui a algumas horas estaremos em Neverland.

- Você quer dormir enquanto meu filho esta em algum lugar naquela ilha? – Disse Regina – Prefiro ficar aqui.

- Como quiser, mas acho que não irá conseguir salva-lo enquanto esta morrendo de sono queridinha.

Regina ficou sem argumentos, Hook estava certo. Todos descemos para as cabines e dormimos por um tempo, enquanto ele controlava o navio.

Sonhei que estávamos novamente na Floresta Encantada. Eu estava sentada em uma poltrona lendo um livro, quando Charming chega com um bebê em seus braços : Emma. Guardei o livro e me levantei, Charming a colocou em meus braços e fiquei olhando pra ela. Ela estava sorrindo, estava conosco, estava em família. De repente o cenário mudou, uma fumaça roxa invadiu a sala, eu tentei proteger Emma mas não deu tempo. Eu estava em Storybrooke, na escola.

Eu me via falando com Emma durante a maldição, quando ela chegou na cidade. Eu dizia que era engraçado como Henry acreditava que contos de fadas poderiam ser reais, e que tudo não passava de uma grande loucura.

Acordei assustada, olhei e Charming estava ao meu lado. Fiquei aliviada ao saber que tudo era um sonho, pelo menos uma parte dele. Vi que ainda estava escuro do lado de fora mas eu não conseguia dormir de jeito algum. Charming ainda estava dormindo, dei um beijo em sua testa e me levantei.

Sai da cabine e vi a porta da cabine de Emma entreaberta, imaginei que ela estivesse acordada e que seria uma oportunidade de conversar com ela a sós um pouco, um momento “mãe e filha”. Olhei entre a fresta da porta e Emma ainda estava dormindo, mas Hook estava ao lado dela com a mão em sua testa. Hook pegou um cobertor e colocou sobre Emma, ele estava cuidando dela, era algo que eu não imaginava que ele fizesse. Certamente que ele era um conquistador barato, mas ali ele estava demonstrando se importar com ela, e foi algo que realmente me surpreendeu.

Me afastei da porta com um sorriso no rosto, pelo menos Hook poderia fazer Emma se sentir mais confortável em relação a Neal, mesmo que Emma não sinta nada por Hook comparado a Neal, certamente ele a seu lado será uma grande ajuda, um grande conforto.

Voltei para a cabine com Charming, ele já estava acordado, se levantando.

-Dormi por muito tempo? – Perguntou ele – Parece que dormi por séculos e ainda é noite.

Dei uma leve risada.

- Concordo, mas não se sabe como é o tempo em Neverland

- Será complicado lidar com isso, mas nada que não possa ser resolvido.

Charming me beijou e subimos ao convés.

Rumplestiltskin e Regina estavam lá conversando, provavelmente estavam falando sobre como iriam salvar Henry, bolando um plano, ou algo do tipo.

- Ué, Hook não estava no mastro? – Perguntou Charming – Aonde ele foi?

Fiquei em silencio por um tempo, não poderia responder que ele estava com Emma, provavelmente ele iria lá manda-lo ir embora, e eu queria deixa-los a sós por um tempo.

- Bem... Ele deve ter ido pegar algo lá embaixo e já volta – Respondi – Nada com que devamos nos preocupar.

Dei um sorriso e o beijei.