Era ele novamente, Peter Pan. Não conseguia simplesmente imaginar como um menino simplesmente poderia chegar em uma ilha deserta e começar a aterrorizar todo mundo, isso era totalmente estranho, mas assim como todos na floresta encantada, sempre há uma história diferente por trás de tudo.

Hook estava a um passo a frente de David e eu, e Pan continuava ali, com aquele sorriso irônico como se soubesse que tudo já estava ganho, mas as vezes eu tinha dúvidas se realmente seriamos capazes de salvarmos Henry e sairmos daqui.

– O que você quer agora? – Disse Hook – Pan?

Pan deu uma leve risada e se aproximou.

– É uma ofensa pra mim toda essa desconfiança... – Disse ele – Eu apenas vim propor um... acordo.

– Um acordo como aquele da primeira vez que vim aqui? Acho que estamos bem.

– Você deveria me agradecer aliás, você saiu da ilha não saiu? Bem... O acordo que proponho agora ajudará ambas as partes.

– Pare com essas brincadeiras, queremos apenas o garoto.

– Apenas o garoto? Certo disso?

– O que você quer dizer com isso?

– Bem... – Disse Pan se dirigindo a mim – Não pensei que tivessem esquecido tão rápido.

Mary Margaret, pensei. Provavelmente Pan iria devolver a sombra de Mary Margaret em troca de algo, e eu tinha quase certeza de que essa “coisa” em troca não seria algo tão simples como uma barra de chocolate.

– Vejamos... Vocês querem o garoto, mas creio que alguém mais precise de ajuda não? – Continuou Pan – Eu posso trazer sua sombra novamente e ajuda-los a sair da ilha.

– Claro, simples assim – Eu disse – Com a condição de deixar Henry na ilha certamente.

Pan deu uma leve risada e foi se aproximando calmamente até mim.

– Veja bem... – Ele sussurrou – Henry, é um garoto especial, e ele tem um objetivo nessa ilha. Esse será um sacrifício para o bem de todos, pense nessa maneira. Terá sua mãe de volta a vida, posso trazer as memórias de seu pai e... bem, por que não outra criança? Poderia ter a família que sempre quis, com o pirata.

Isso realmente foi o que bastava para eu dar o primeiro soco na cara daquele pirralho. Pan deu um passo para trás com a mão em seu rosto e antes que eu pudesse dar outro soco, Hook me segurou pelos braços.

– Eu já tenho – Eu disse para Pan – A família que eu sempre quis. E não precisamos de sua ajuda, nós vamos trazer Mary Margaret de volta, vamos ajudar David a recuperar suas memórias e vamos salvar Henry.

– Bem... – Disse Pan, com um sorriso – Você sabe, o que a magia não faz não é? Eu posso estar em vários lugares ao mesmo tempo. E acredite, Henry não sairá de minha vista. E vocês não irão salva-lo.

Pan foi se afastando aos poucos, e então sumiu em meio a uma névoa roxa. Hook me soltou e a primeira coisa que tinha pensado em fazer era perguntar o porquê ele não me deixou simplesmente fazer Pan pagar por tudo que ele fez, mas certamente eu já sabia a resposta : “Não vale a pena”, mas não foi apenas por isso, foi porque antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, quando olhei pra ele não pude deixar de pensar no que Pan disse. Não que eu cogitasse em deixar Henry nessa ilha, nós iriamos salva-lo nem que fosse a ultima coisa que eu fizesse, mas... Eu não conseguia parar que com Hook, sim, poderíamos ser uma família.

– Emma? – Ele disse – Desculpa é só que... eu não podia deixa-la ataca-lo, não parece mas ele é muito poderoso, e eu não podia imaginar o que...

Antes que ele pudesse continuar eu o beijei. Eu simplesmente não sabia se o que eu estava fazendo era certo, se iria acontecer o mesmo de 11 anos atrás. Eu não sabia se Hook iria me deixar sozinha ou não, mas quando eu ficava ao seu lado era como se ele sempre esteve ao meu lado, era como se eu não conseguisse mais ficar sem ele.

Nós nos separamos, Hook me olhava confuso, mas ainda sim me deu um sorriso.

– Quem era esse menino? – Perguntou David – O que ele fez?

– Ele trouxe meu filho até essa ilha – Respondi – Henry.

– Meu... neto?

– Sim – Dei um leve sorriso – Por isso estamos aqui. Precisamos salva-lo antes que Pan o machuque.

– Bem, mas você falou sobre salvarmos a mulher no acampamento. Mary Margaret não é?

– Sim... E iremos fazer isso mas... Eu não faço ideia de como.

– Bem... provavelmente eu saiba onde Pan mantém as sombras capturadas – Disse Hook - Mas não tenho certeza se ainda é no mesmo lugar.

– Onde ele guardava? – Perguntei - Você sabe o caminho até lá?

–Sim, não é muito longe daqui mas... tem um problema.

– Qual problema?

– Para capturar a sombra precisamos de magia.

Eu não pensei que realmente precisaria usar magia em Neverland, aliás, eu nem sei como usa-la, mas se isso salvar Mary Margaret, não custa tentar. Bem, eu já usei magia algumas vezes, como quando tive que usar aquele feitiço de proteção na loja do Gold, e não pode ser tão diferente pode? Bem, Gold disse que tudo é que é tudo questão de sentimentos, que a magia precisa ser sentida, e não há melhor momento que agora.

Concordei em tentar usar magia para capturar a sombra, e fomos ao lado de Hook o seguindo até o local aonde Pan mantém as sombras capturadas.

– Swan – Disse Hook, que se aproximou de mim – O que Pan falou com você aquela hora? Você disse algo como... Eu já tenho a família que queria, mas... o que ele disse?

– Bem... Ele queria que eu deixasse Henry na ilha – Respondi – Disse que deixaria a sombra de Mary Margaret voltar e as memórias de David também, e disse que então eu poderia... começar uma nova família.

Hook deu uma leve risada.

– Meio cedo pra isso não acha Swan?

Hook colocou o braço em volta de meus ombros e continuamos andando por um tempo, até chegar em uma caverna escura.

– Bem... Nas profundezas dessa caverna há a fonte da magia de Neverland - Disse Hook - Que é onde Pan guarda as sombras capturadas e usa magia o suficiente para prende-las aqui.

– E como vamos prender a sombra de Mary Margaret? – Perguntei – E leva-la até ela?

Hook tirou do bolso um amuleto e o entregou a mim.

– Você precisa usar magia – Respondeu Hook – Para prender a sombra no amuleto.

– Bem – Disse David – Então o que estamos esperando?

Conseguimos acender uma tocha e entramos na caverna, parecia que a caminhada até a fonte da magia de Neverland duraria pra sempre, até vermos um pequeno rastro de luz alguns metros a frente. Seguimos até lá e nos deparamos com várias sombras vagando em meio a, literalmente, uma enorme fonte.

– Ótimo, como saberemos qual é a sombra de Mary Margaret? – Perguntei – Tem várias sombras por aqui.

– Bem... – Respondeu Hook – Provavelmente deve ser a única que não esta vindo em nossa direção.

E de fato, praticamente todas as sombras vinham rapidamente em nossa direção tentando nos atacar, mas apenas uma estava em um canto, apenas observando.

– Vá! – Gritou Hook, enquanto se esquivava de uma sombra – Eu cuido delas, tente capturar a sombra!

Mesmo relutante em deixar Hook e David lutando com aquelas várias sombras, eu corri até a sombra de Mary Margaret com o amuleto, e tentei com todas as minhas forças usar magia para captura-la, mas parecia impossível, eu não conseguia me concentrar. Então eu ouvi um grito, era Hook. Quando olhei em direção a ele, uma sombra o havia pego.

– Hook!

Gritei, eu estava apavorada, não sabia o que fazer.

– Emma! – Ele gritou olhando espantado – Você....

Mas antes que ele pudesse terminar, a sombra o havia levantado e ele estava bem afastado do chão, mas quando olhei para trás para tentar capturar a sombra o mais rápido possível, ela não estava lá, só então percebi o que Hook queria dizer.

– Eu... Eu consegui! – Eu disse – Eu capturei a sombra!

Então, a sombra de Pan que estava com Hook olhou para o amuleto, e creio que ele sabia exatamente sua função. A sombra de Pan largou Hook e o deixou cair dolorosamente até o chão, e então fugiu junto com as outras sombras. Corri até Hook para ajuda-lo, mas ele estava apagado.

– Hook! Hook! – Eu dizia desesperada – Acorde, por favor...

Eu estava quase a ponto de chorar, eu não entendia o porquê me preocupava tanto com ele, mas ele significava algo pra mim. Então, ele acordou lentamente e foi se levantando, e a única coisa que pensei em fazer foi abraça-lo, eu não conseguia pensar em mais nada.

– Emma... – Disse ele sorrindo – Eu estou bem, não se preocupe.

– Eu sei, é que... – Eu disse – Eu fiquei preocupada... sei lá.

Me levantei e guardei o amuleto no bolso. Saímos da caverna e fomos até o acampamento, e Mary Margaret continuava lá. “Ótimo” pensei, “Pelo menos não vamos ter que fazer outra busca”. Coloquei o amuleto próximo a Mary Margaret, mas nada mudou. Então, depois de alguns segundos ela acordou.

– Onde eu... – Disse ela lentamente – O que aconteceu?

– Longa história – Respondi- Explico tudo mais tarde.

– David?! – Disse Mary Margaret correndo em sua direção – Onde você esteve?

Ela o abraçou forte e tentou beija-lo, mas David recuou.

– David... o que... – Ela disse – O que foi?

– Mary Margaret... – Disse, me aproximando dela – Encontramos David no meio da floresta, sem memória.

Ficamos um tempo explicando o que aconteceu para Mary Margaret, ela chorou por um tempo e a ajudamos a se recuperar, então montamos as barracas novamente para dormirmos um pouco. David foi se deitar em uma barraca, depois de um tempo, Mary Margaret conseguiu dormir, e Hook se sentou ao meu lado.

– Não se preocupe – Ele disse – Eles vão se resolver.

– Sim... eu sei

– Pelo menos Mary Margaret recuperou sua sombra. Falta chegarmos ao acampamento de Pan e... voltaremos a Storybrooke.

Hook tirou a pequena garrafa de Rum de seu bolso e me ofereceu um gole.

– Swan... – Disse Hook – Me responda uma coisa...

– O que?

– Depois que isso tudo acabar... Como... ficaremos?

– Como assim... “ficaremos” ?

– Ah é que... Depois daquele beijo de quando eu ainda estava envenenado, pensei que tínhamos alguma coisa, e... tem?

Eu não sabia o que responder, nunca tinha parado pra pensar nisso na verdade. Depois de tudo que aconteceu parecia que um beijo não era nada, mas eu sabia que tinha algo mais por tudo aquilo, e eu sei muito bem o que é. Como as coisas vão ser quando voltarmos se isso realmente acontecer? Foi tudo muito rápido, a morte do Neal, o sequestro do Henry... Será que finalmente podemos ter algum sossego em Storybrooke?

– Bem... eu... – Disse – Eu nunca parei pra pensar nisso.

– Você não precisa – Disse ele – Amor não é algo que se pense.

Hook se aproximou.

– Você pode me dizer – Disse ele – Tem ou... não?

Eu não sabia o que dizer, não sabia se isso era certo ou não, mas era como se as palavras simplesmente saíssem da minha boca, então eu apenas consegui dizer :

– Sim.