Finalmente havia conseguido me livrar daqueles obstáculos que eram os Charmings e Regina, finalmente estava só, com um foco maior do que eu esperava. Eu não estava mais preocupado em salvar o garoto, ele é meu neto claro, e eu o salvaria apenas em nome de Bae, mas além de tudo preciso salvar Belle.

Pan, dentre todos os vilões que eu já posso ter enfrentado foi o pior, porque era o mais próximo de uma família que eu já tive, porque era meu irmão. Meu pai nos abandonou faz muito tempo, pra ele nós éramos os culpados por todo o fracasso que ele teve em sua vida, sendo assim simplesmente nos deixou. Pan não suportou a ideia de que ele nos abandonou, ele o amava mesmo sendo um homem egoísta. Nós ficamos juntos por muito tempo, até ele ter enlouquecido, ter tido a ideia de querer voltar, voltar a ser jovem, voltar aos bons tempos em que todos éramos unidos.

Depois de muito tempo tentando achar um meio de ficar jovem para sempre, meu irmão conseguiu a coisa mais poderosa de todas : magia. Com ela ele queria finalmente nunca mais envelhecer, ser menino para a eternidade, mas eu já sabia o suficiente sobre magia para saber que ela sempre vem com um preço inesperado a pagar. Ele não me ouviu, a usou para tentar me matar, mas então eu fiz a única coisa que poderia, o deixei preso em Neverland para sempre, sem meio de saída.

Agora depois de muito tempo a batalha começa novamente, tenho que acabar com Pan definitivamente antes que ele acabe comigo, ou pior, com Belle. Uma duvida que restou em minha mente foi como que ele conseguiu chegar até Storybrooke, o feitiço de proteção deveria ter funcionado perfeitamente para que a sombra não pudesse passar. A única coisa que pode ter acontecido, seria que Belle não tivesse conseguido lançar o feitiço a tempo, ou que alguém pudesse tê-la impedido.

Milhões de duvidas passavam pela minha cabeça, mas todas as minhas perguntas seriam respondidas quando eu encontrasse Belle, e matasse Pan. Continuei caminhando em direção ao acampamento, eu me recordava levemente de sua localização devido ao tempo que passei aqui para aprisionar Peter Pan nessa ilha. Durante o caminho eu conseguia ver rastros, passos e um tipo de marca que se seguia por todo o caminho, de algo se arrastando por todo o trajeto, algo grande, e então marcas de sangue.

Isso realmente me assustou, e se fosse Belle? E se ele a tivesse ferido ou a matado? Creio que ele não seria capaz de uma brutalidade dessas, ele irá aproveitar cada chance que tiver para tirar vantagem de mim, usando Belle.

Continuei a trilha que se seguia com cada vez mais sangue, e então parei em uma área deserta, e ali havia uma gaiola de bambu, e alguém estava ali dentro. Me aproximei rapidamente, achando que era Belle, mas no fim era alguém que pensei nunca encontrar depois de muito tempo : Tinker Bell.

– Tinker Bell? – Disse abrindo a gaiola – Onde esta Pan?

– Não sei... ele... mudou o acampamento de lugar – Ela respondeu ofegante – O que faz aqui?

– Bem, creio que quem a feriu brutalmente não poderia mais ser seu aliado, estou certo disso?

– Sim... Pan fez isso por falta de lealdade, nada mais justo.

– Você é realmente assim tão estupida? Me escute, eu preciso de ajuda. Vou matar Pan, e salvar o garoto que ele pegou, e Belle. Se me ajudar eu posso ajuda-la a recuperar suas asas, ou o que queira.

– Você não pode... fazer isso. Não pode recuperar minhas asas.

– Eu não posso. Mas posso leva-la a quem pode.

– A... fada azul? Ela esta em seu reino?

– Exato, basta me ajudar a achar Pan, que você ganhará suas asas novamente.

Ela parecia hesitante, não entendia o que Pan fazia para que todos resolvessem ser leais a ele, mesmo ele sendo um completo monstro. Ele não sairia impune de tudo que fiz isso é certeza, e não seria uma fada sem asas que me afastar de meus objetivos.

– Como você pode me garantir isso? – Disse ela – Como você pode me garantir que me levará junto e não que me deixará aqui para Pan me matar?

– Bem queridinha... – Respondi – Vai ter que confiar em mim.

Imaginei que ela não cairia tão facilmente. Minhas intenções não eram leva-la até Storybrooke, eu nem pretendia estar ao menos vivo para chegar em Storybrooke, eu só precisava de uma entrada rápida até o acampamento de Pan, porém, aquela fada estupida em um movimento inesperado apenas lançou uma pedra em direção a minha cabeça e fugiu. Eu deveria tê-la deixado apodrecer naquela gaiola. Eu acabei caindo de joelhos no chão, minha testa sangrando, mas nada que eu pudesse fazer a respeito. Aliás, Belle poderia estar passando por uma situação pior, bem pior, por isso minha prioridade não era cuidar de mim mesmo, mas acima de tudo, salva-la.

Me levantei lentamente com a mão em minha testa, nada que um pouco de magia não resolva. Ao mesmo tempo que usei magia para me curar, pensei que talvez poderia usa-la para mais do que isso, quem sabe poderia usa-la para rastrear Peter Pan e salvar Belle ( e quem sabe Henry ), ainda não parava de pensar que o garoto poderia ser minha ruina, mas ainda tinha a possibilidade de Pan provavelmente ser, aliás, ele é parcialmente uma criança.

Lembrei da poção que dei para David usar no chapéu de Jefferson para rastreá-lo, para isso bastava eu ter algo pessoal de Pan, e então por acaso me lembrei de algo que sempre levava comigo, um pequeno boneco que tínhamos quando éramos pequenos, era dele, mas quando decidiu ficar em Neverland ele o abandonou e eu simplesmente quis ficar com ele.

Peguei o pequeno frasco que trouxe junto comigo em um pequeno bolso em meu casaco, coloquei um pouco da poção no boneco, que depois de poucos segundos começou a flutuar para leste. Comecei a seguir o boneco passando por vários caminhos e obstáculos, até que ouvi uma voz familiar:

– Rumple! – Era a voz de Belle – Socorro Rumple!

A voz vinha do lado contrário em que o boneco ia, e eu teria que me decidir, ir atrás de Belle ou seguir o boneco. Se eu fosse atrás do boneco eu chegaria até Pan e o mataria, acabando com tudo isso. Mas se eu fosse atrás de Belle, o boneco chegaria até Pan e isso seria um aviso de que eu estou próximo, e provavelmente ele mandaria os pirralhos perdidos atrás de nós, e eu não posso expor Belle ao perigo de ser atingida por uma flecha envenenada.

Eu decidi seguir a voz de Belle, eu não suportaria pensar que ela esperava que eu a salvasse e eu simplesmente ignorasse, então eu corri o mais rápido que pude em direção a sua voz, doce e suave. Continuei correndo e então a vi, ela estava desesperada e veio correndo em minha direção, e então eu a beijei depois de tanto tempo me preocupando que provavelmente não a veria de novo.

– Rumple... – Ela disse – Você veio...

– Você não imagina o que passei pensando em como você estava... – Disse – Pensei que não a veria novamente.

– E eu pensei... Que você não seria tão idiota.

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Belle pegou uma flecha envenenada e a atingiu em meu peito. Só então percebi, não era Belle. Eu tinha caído facilmente em uma armadilha tola de Pan e sua sombra, e agora, eu a tinha colocado em um perigo maior que o anterior.

Enquanto eu ainda estava no chão, agonizando pela dor do veneno do Sonho Sombrio, Pan apareceu em minha frente, apenas observando minha dor.

– Veja só quem veio fazer uma visitinha – Disse ele – Meu querido irmão. O pequeno Rumple.

Continuei em silêncio, não havia nada que eu pudesse falar naquele momento.

– Bem... Já que não vai falar nada – Ele continuou – Devo dizer, pensei que nunca veria esse boneco velho novamente também. E claro, boa tentativa para tentar resgatar os seus queridinhos.

Ele se aproximou.

– Que pena Rumple, que pena que eles ficarão pela eternidade aguardando que alguém os salve – Ele disse – Mas não se preocupe Rumple. Aliás espero que não se sinta mal por eles, aliás, você me aprisionou nessa ilha sem arrependimentos, certo?

Ele deu uma leve risada e se afastou, indo embora.

– Boa sorte com o veneno Rumple – Disse ele – Vai precisar.