A cada dia que eu passava naquela ilha, era mais um dia que eu achava que ninguém voltaria. Já haviam se passado 3 dias desde que Tamara e Greg me trouxeram para Neverland, e nenhum sinal deles, nenhum sinal da minha família.

Quando vi o acampamento de Pan, me deparei com vários meninos perdidos brincando de atirar flechas em alvos feitos com tinta em árvores, ou conversando em volta da fogueira. Realmente algumas coisas me assustavam por ali, como quando alguns meninos começavam a dançar ao redor da fogueira, mesmo sem música alguma. Bem, Pan parecia estar tocando uma flauta, mas eu só escutava um pouco da música, nada alto o suficiente para que fosse divertido dançar.

Todos os dias eram um tédio, e eu me sentia em um verdadeiro pesadelo. Depois de realmente conhecer Pan e ver quem ele realmente é, eu vejo o quanto enganado eu estava em relação a ele. O meu livro não o mencionava muito, eu não sabia de como ele era, e no momento eu desejaria nunca ter chego perto. Ele me observa de longe, eu ainda não sei o que ele quer comigo, mas a cada dia ele tenta me convencer de que ninguém virá, de que ninguém nunca realmente se importou comigo, e que me deixar nessa ilha não passou de um grande alivio para todos eles, e eu estava começando a acreditar nele.

Enquanto os meninos treinavam com arco e flecha, eu fiquei sentado em uma rocha, observando apenas. Até que Pan se aproximou.

– Henry – Disse ele – Algo de errado?

– Sim, claro que sim – Respondi – Você me afastou da minha família, esta me deixando preso aqui, nesse acampamento, e esperava que eu ficasse o que? Feliz?

– Henry... Você sabe que eles não virão não é? Não há portais, é impossível.

Fiquei em silêncio, apenas o escutando.

– Sabe Henry, não são garotos comuns que eu trago até Neverland – Pan continuou – São garotos que precisavam de ajuda, e eu os trouxe para o lugar onde não existem regras, o lugar onde ninguém fica decepcionado, onde ninguém precisa lidar com castigos, brigas, horas de dormir... Neverland.

– Você só esta tentando me convencer a ficar, a desistir de tentar fugir.

– Eu não preciso te convencer de nada Henry, não sou como os adultos, como sua família. Eu estou tentando lhe ajudar, mostrar a você a realidade.

– A realidade é que você me trouxe até aqui por um motivo. Resta você me dizer qual é, e não era me ajudar, eu não precisava de ajuda.

– Você estava feliz Henry? Todos estavam obcecados com magia, todos só queriam saber de uma forma para destruir o outro. Você estava feliz com isso Henry?

Fiquei em silêncio, sem saber o que responder. Realmente, eu estava infeliz. Um lado da família contra o outro, todos obcecados por poder, por magia, e tudo o que eu queria era... destruí-la.

– É isso – Respondi – É por isso que você me quis aqui.

– Isso... o que?

– Você me quis aqui... para ajuda-lo a destruir a magia.

Pan deu um leve sorriso.

– Bom ver que você aprende rápido Henry – Disse ele – O bom é que assim poupamos um ótimo tempo.

– Mas por que você quer destruir a magia? Pensei que você gostasse de magia, por isso veio para Neverland.

– Se essa é a história que lhe contaram, estão bem enganados... Bem, eu não vim para Neverland por vontade própria garoto. Me prenderam aqui covardemente, para me impedir de fazer o que devia ser feito a muito tempo atrás.

– E quem seria essa pessoa que te trouxe aqui?

– Alguém muito poderoso Henry... De muito tempo atrás.

– E, o que você espera que eu faça?

Pan deu um sorriso e se levantou. Ele mostrou sua mão, e nela surgiu um pergaminho.

– Isso é... – Comecei – É...

– Sim Henry – Disse ele – Uma maldição.

– E que maldição é essa? – Disse me afastando – Você vai me amaldiçoar?

– Não Henry... Essa maldição é especial, e ela é que irá acabar com a magia. Essa maldição irá acabar com toda a magia de Neverland.

– Mas então... quando você a lançar eu não poderei ir pra casa? Voltar pro meu reino?

– Não Henry, você voltará. Ainda restará um pouco de magia comigo, o suficiente para voltarmos.

Eu não entendia a lógica disso tudo. Me tirar de Storybrooke para eu ajudar a lançar uma maldição tirando toda a magia de Neverland para simplesmente voltar aonde estava? Por que Pan não podia simplesmente voltar se tinha magia suficiente pra isso?

– Eu ainda não entendi uma coisa – Disse – O menino que me ajudou a fugir. Ele disse que você precisava do coração do verdadeiro crédulo. Por que?

– Eu não realmente precisava do verdadeiro crédulo... – Disse ele – Mas sim de quem mais quer destruir a magia. E ela já causou muitos estragos em sua vida, não Henry?

– Sim... Então você precisa de mim... Porque eu também quis destruir a magia?

– Exato. Eu só contei a história do... “Verdadeiro crédulo”, porque se contasse aos meninos sobre destruir a magia, eles não entenderiam como você Henry.

Me levantei junto com Pan, e me juntei com os outros no acampamento. Eu esperava que realmente ele estivesse fazendo isso por uma boa causa, mas Peter Pan não poderia ser realmente mal poderia? Todas as histórias de contos de fadas na verdade são diferentes da maneira que conhecemos, pode ser diferente com Pan não pode? Bem, pelo menos eu estaria me ajudando ao mesmo tempo. Trazer a magia foi uma das piores coisas que Mr. Gold poderia ter feito na cidade.

Ficamos um tempo no acampamento, e Pan e Felix seguiram para uma parte silenciosa da floresta. Pensei que provavelmente eles iriam conversar sobe essa maldição. Felix parecia ser um dos meninos mais próximos de Pan, pensei que ao menos ele poderia saber sobre seus planos.

Me escondi atrás de uma moita e escutei a conversa dos dois :

– Bem... – Disse Felix – Falou com o garoto?

– Sim... – Disse Pan – O convenci fácil, basta simplesmente dizer o que eles querem ouvir.

– Então... Qual é seu verdadeiro plano?

– Neverland não terá magia alguma. Fugirei para a tal... Storybrooke? E lá vou mata-lo definitivamente como pretendia antes de meu “querido” irmão me prender aqui. Rumplestiltskin vai pagar por tudo que me fez.

– E o garoto?

– Ficará aqui. Junto com toda a família. Eu sei que ele esta aqui, em Neverland. Mas ele é covarde, quando ver que a maldição foi lançada vai fugir para Storybrooke, e lá vou mata-lo.