Scar Tissue escrita por Duplicata
Notas iniciais do capítulo
Hei, então, não tem a recomendação que eu pedi, mas eu sou muito legal, então cap novo com a garota maluca, nossa amada Julie.
“A mais maluca, a garota
A mais triste, a canção
Esse é um destino perverso, mas o doente se fortalece
Garota maluca
Canção triste
Um destino perverso, mas o doente se fortalece
Ninguém está certo e todos estão errados
Garota maluca
Canção triste
Um destino perverso, mas o doente fica”
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Julie estava inquieta, ficar fora do acampamento nunca fora uma opção para ela, mas agora era a realidade e ela adiava isso. A garota nem contava mais os dias que passava fora do seu estimado acampamento, já preferia passar o tempo pensando em como voltar.
Julie e Paul estavam numa casa de campo, mais no interior de San Francisco para evitar problemas com monstros e até então estavam conseguindo. Julie conseguira proteção ao redor da casa e no terreno com uma filha de Trívia, a deusa da magia, e nenhum monstro conseguia farejar o cheiro deles enquanto estivessem ali. Apesar de tudo, estavam terrivelmente bem.
Nesse dia em especial Julie estava inquieta. Era a falta da movimentação do acampamento, das brigas, do treinamento, do refeitório agitado, dos lar, das beliches da primeira coorte e de tudo. O acampamento sempre fora sua casa e estar longe dele era como andar sem uma parte do corpo.
– Que foi Julie?- Paul perguntou depois que a garota jogou o segundo prato na parede.
– Nada- Mais um prato foi lançado.
– É sério, você anda muito inquieta e não há como fazê-la parar, me diga, o que há?- Paul chegou por trás da garota e a abraçou.
– Para Paul- Julie tentou se libertar, mas o garoto tinha braços fortes e não a deixou sair.
– Julie, você quer voltar?
Paul virou a menina para olhar nos olhos dela e com delicadeza acariciou o rosto sério da garota, por mais que tentasse, não conseguia sair de perto dela, desde o dia em que a ajudara no teste para entrar no acampamento. Era um amor irracional.
– Eu quero Paul. Desde o instante em que coloquei os pés para fora do acampamento, eu quero, mas não posso. Você sabe.
– Podemos dar um jeito... Você pode mudar, pintar o cabelo e se passar por uma nova campista! Eu te ajudo!
– Não!- Julie ficou ultrajada, jamais faria algo assim, ela sempre tentara ser aceita e depois que conseguira, não queria mais mudar. Não mais.
– Desculpe... É só que eu não consegui te ver assim Ju, dói demais- Paul abraçou a garota mais forte contra si e beijou-a demoradamente. Com amor, com ardor.
Depois de todos os cacos dos pratos quebrados devidamente limpos, os dois sentaram em frente à casa e ouviram uma canção triste, não por estarem tristes, mas porque fora a primeira canção que encontraram no rádio. Juntos, os dois olharam para frente e imaginaram como estaria a vida no acampamento.
– Paul?
– Sim Ju?
– Você conseguiu pensar num plano?
– Não.
– Eu tenho um.
– Fale.
Julie virou para olhar para o garoto e na espreguiçadeira em que estavam os rostos ficaram praticamente colados, separados por centímetros que não faziam muita diferença. A garota sorriu, sabia que ele faria o que ela dissesse, independente de o quê.
– Vamos caçar o Josh- Ela disse simplesmente com um riso de mofa.
– Como assim?- Paul se alertou com as entrelinhas, “matar” era o que ela dizia.
– Apenas ele sabe a verdade, e aquela vaca da Alice, é claro, mas se pegarmos ele, não vai ter ninguém para me acusar e eu posso voltar e pegar meu lugar na pretoria.
– Mas Henry está no cargo agora junto com Scott!
– Acho que Denise está se sentindo sozinha no Mundo Inferior...
Julie não esperou pela resposta do garoto, selou o acordo com um beijo e ela sentiu que ele havia cedido quando correspondeu o beijo, pegando-a mais forte contra si, aprofundando o beijo. Ela sentia. O amor.
– Lembra-se de quando eu te salvei no teste com Lupa?- Paul falou após mais algumas músicas e beijos.
– Sim- Foi a resposta fria e seca da garota, ela odiava com todas as suas forças se lembrar do passado, era doloroso demais.
– Eu não sei onde eu estava com a cabeça sabe? Lupa estava pronta para dizer não para você, mas então eu fui lá e matei todas aquelas bestas. Nunca me senti tão poderoso quanto naquele momento. E lembra o que você me disse? “Não precisava me ajudar seu idiota”- Paul riu, adorava se lembrar do passado dos dois.
– Sim.
Paul continuou falando, mais para o vento, pois a garota se recusava a absorver qualquer palavra dele, era doloroso demais. Secreto demais.
Lembra... Continuou ele.
Julie chegara ao acampamento com a ajuda de um lar, não se sabia como. Era pequena, tinha o cabelo cortado com irregularidade e o ruivo era desbotado, como se tivesse cansado de ser natural. Os olhos eram cansados, apenas de ter apenas dez anos. As roupas eram largas demais e velhas de mais. Ela era uma renegada, uma desgarrada. Desde a sua admissão com a ajuda de Paul que ela ficara marcada como “ninguém” e era tratada como tal. Ela odiava isso, odiava cada fio de cabelo de quem fazia chacota com ela, de quem a desprezava e a criança doce e feliz foi se tornando felina, amargurada e rancorosa, não na aparência, mas no seu interior.
Enquanto ela crescia, sua beleza aumentava e aos poucos os que antes jogavam lama nela, agora queriam beijá-la, as que a ignoravam, agora a queria no grupo da mesa do jantar. Era uma questão de aparência e Julie mudara muito, seu ruivo se tornou vívido e brilhante, depois de alguns produtos especiais, com uma lente ela conseguiu tornar o olho verde brilhante, com alguns denários conseguiu comprar as mais finas roupas e com alguns sorrisos e bajulações, tornou-se popular.
O munda virara e Julie estava no topo.
Ela fora do inferno ao céu em poucos anos e disso ela se orgulhava, de mostrar que tudo no mundo é apenas aparência, o resto é o resto.
– Paul! Fique quieto! Está me dando dor de cabeça!- A garota reclamou depois que Paul começou a falar sobre como ela fora humilhada numa luta quando tinha onze anos por um filho de Somno, de como ele colou a espada na garganta dela e riu da desgraça da garota e depois de como cuspiu no rosto dela.
– Desculpe Ju! Vou ficar quieto- O garoto depositou um beijo na testa da garota, sem imaginar o que se passava dentro dela.
– Acho bom.
Julie acabou dormindo e sonhou que estava matando Denise, de como segurou a adaga com a mão direita, de como olhou nos olhos dela e sorriu de prazer e de ouviu o clamo dela, pedindo para parar, que ela renunciaria o cargo em favor de Julie, mas ela não parou, ela queria sentir como era, o êxtase de matar e ela o sentiu. Era doce. Ela sentiu o prazer em ver a adaga cortar a pele e então ver o sangue escorrendo pela ferida aberta, de ver os olhos marejados de Denise, do grito que não surgiu e de como o sangue era doce como mel, ela o provara, para ter certeza. Depois imaginou Henry no lugar de Denise e o ritual se refez, em cada passo, em cada sensação e o mesmo o prazer a tomou, era melhor que a vingança, decidiu.
– Julie! Acorde! Ju!- Paul sacudia a menina, ela estivera rindo loucamente durando o sono e ele ficara com medo do surto psicótico da garota.
– Que foi?- Ela perguntou já se levantando.
– Você...
Ela não o deixou concluir.
– Arrume suas coisas, temos uma pessoa para caçar, ou melhor, duas- Julie riu baixinho, ela estava com o desejo de provar aquele gosto de mel novamente, de sentir tudo aquilo novamente e esse desejo era mais forte, pois não era qualquer um, ela desejava provar Josh.
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Então gostaram? E estamos na reta final e eu quero no mínimo 100 reviews, me ajudeeem então eu posto "Jornal Aberto, Café, Leite e Sangue: Guerra de Perto" bjs bjs