Scar Tissue escrita por Duplicata
Notas iniciais do capítulo
Então, esse é o passado do Josh, contado por Apollo e espero que vocês gostem.
“E então, agora o passado retrocede
E eu não estarei envolvido
O esforço para ser livre
Parece inútil vindo de cima
Você está olhando com desdém para mim
Eu preferia estar embaixo
Do que ter você me encarando assim”
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O resto da viagem até o Empire States ocorreu sem mais atrasos. Vênus apenas tentara enganar Josh colocando miragens de belas garotas na beira da estrada, a procura de carona, mas em nenhuma dessas vezes Alice o deixou parar, pois ela via a verdade por trás da névoa de beleza que a deusa usara, eram Empousas. Monstros que parecem com vampiros, pois bebem o sangue de semideuses desavisados do perigo.
Em algumas rotas ocasionalmente eles encontravam mais pombos do mal, mas Josh aprendera controlar o poder da luz com a maior facilidade e não era difícil para ele torrar uns pássaros enquanto dirigia a moto.
Quando enfim eles chegaram ao Empire States ficaram estupefatos em como a vida fora da proteção do Acampamento Júpiter era difícil, mas não se entregaram em nenhum momento, juntos eles eram imbatíveis.
Deixaram a moto num canto escuro de um beco para evitar contratempos com a polícia e foram em direção ao Olimpo, mas no caminho deram de cara com um homem loiro, de óculos escuros de estilo aviador, de jeans apertado azul escuro e uma camiseta bem colada em tom azul céu com um corte “V”. O sorriso era de longe o que mais destacava o homem, brilhante e sedutor na medida certa. Alice não sabia como, mas aquele era Apollo em pessoa.
– Josh... – Ela começou, mas o garoto já havia reparado.
– Meu pai. Eu sei.
Os dois andaram mais rápido e o homem continuou parado, apenas sorrindo para os dois, ocasionalmente olhava para as mulheres que passavam a sua volta, todas abismadas com a beleza do homem que não sabiam que era o deus Apollo.
– Pai... – Josh disse chegando perto do deus.
– Filho! Olhe só para você! Parece tão... Plutão- Apollo fez uma careta ao ver as roupas escuras e meio largas de Josh e definitivamente desaprovou o cabelo, meio longo de um lado que ocasionalmente caia sobre o olho.
– Me dê um abraço!- Apollo abraçou o filho com gosto, não podia demonstrar favoritismo, mas aqui não tinham outros campistas para protestar.
– O que está fazendo aqui em baixo?- Alice perguntou, direta como sempre.
– Vejam só... Alice Taylor, a menina que causou toda essa confusão! Esperando vocês, é claro- Apollo piscou para a garota, força do habito.
– O problema aqui é minha mãe, ela que é a problemática da família- Alice bufou, subitamente irritada com tudo.
– Vamos discutir isso, é claro, vocês vieram aqui para isso, mas primeiro vamos a outro lugar. Já estou cansado de ficar em pé. Venham- Apollo disse e virou as costas para os garotos, sem se importar se os dois o seguiriam.
Em poucas quadras chegaram a um restaurante chinês, muito reservado que tinha cabines próprias para cada cliente, Apollo pediu a mais reservada de todas e deu uma boa quantidade de dinheiro, sendo assim, ficaram numa cabine mais longe da entrada, com paredes de cimento e não divisórias, como muitas.
Os três se sentaram, Josh e Alice ficaram de frente para o deus, mas ninguém falou nada até a comida ser depositada a frente, um barco cheio de comida, dos mais variados tipos. Apenas Alice teve um pouco de dificuldade com os hashis, mas nada que a risada e a ajuda do deus sol não resolvesse.
– Eu amo comida chinesa, é incrível- Apollo comentou.
– É boa- Josh ecoou.
– Prefiro hambúrguer e batata frita- Alice disse.
Apollo riu, estava amando aquela menina, era perfeita para o filho e ele soube que deveria ajudar os dois, eles se mereciam.
– Então... Por que tudo isso pai?- Josh perguntou, engatando o assunto principal.
– Vênus que começou toda a bagunça, quando tentou te raptar de mim e de sua mãe, então eu interpolei-a no meio do ato, tivemos uma pequena luta e a venci, digamos que você sofreu um pequeno trauma que é dispensável de dizer e então eu resolvi que a melhor opção seria apagar sua memória- Apollo pausou para comer.
– E me deixar na rua sozinho foi uma opção?- Josh perguntou incrédulo.
– Claro que não! Mas foi necessário! Eu sabia que os semideuses o encontrariam e eu também sabia que você ficaria mais forte sozinho! Aprendendo com a vida, mas eu sempre velei por você, sempre te ajudei.
– É inacreditável- Josh comentou.
– Filho, eu sempre te ajudei. Sempre estive ao seu lado.
– Josh, Apollo não está mentindo, ele é o deus da verdade também- Alice disse e Josh pareceu se acalmar.
– Olhe só Josh, você nasceu para ser um herói, não tão famoso quanto eu gostaria, mas um herói que salvou o acampamento da destruição no anonimato e mesmo assim não ficou ressentido, um herói que levou chibatadas e mesmo assim permaneceu em pé, um herói que levou a culpa de um assassinato pelo amor...
– Espere!- Alice interrompeu Apollo- Levou a culpa pelo amor??- A garota olhou para Josh e ele corou um pouco.
– Eu gostava da Julie, antes do elixir e depois... Só foi.
– Eu não acredito nisso Josh Percival Júnior!- Alice falou em tom mais alto, mas sem se exaltar.
– Alice...
– Tudo bem, a namore, vá atrás dela e faça o que quiser!
– Alice...
– Josh Percival Júnior, não fale mais comigo.
Alice foi para o mais longe possível de Josh que a mesa com o sushi permitiu e cruzou os braços, ficou olhando para o nada enquanto Josh a olhava com tristeza e Apollo quase ria de tanto que se divertia.
– Deixe ela filho, as mulheres são assim- Apollo o aconselhou.
– Tudo bem- Josh suspirou e começou a pensar em quando sua vida ficara tão confusa.
– O que mais quer saber?- Apollo perguntou saboreando a refeição.
– O nome da minha mãe.
– Alyson Lins- O deus ficou subitamente com uma expressão carregada de melancolia e saudade.
– Alyson Lins... – Josh repetiu, como para saborear o nome de sua mãe.
– Ela ainda mora na mesma casa e está avisada de que você pode voltar a qualquer momento, ela é medica e trabalha como voluntária no posto local atualmente e ela está ansiosa para te ver novamente filho.
– O que? Minha mãe sabe que eu estou procurando por ela?- Josh perguntou.
– Sim. E ela está avisada para te chamar de Josh agora, nada de nomes antigos- Apollo fez uma careta relembrando do nome de Josh, ele achava horrível.
– E qual era?
– É pior que Percival Junior, acredite em mim, fique com Josh mesmo.
– Fala pai.
– Joseph Ralph Lins.
Alice riu de cair no chão e logo se imaginou incomodando Josh para o resto da vida com esse nome. Era impossível imaginar Josh atendendo pelo nome de Joseph Ralph Lins.
– Joseph Ralph- Alice não se aguentava de tanto rir e Apollo caiu junto na risada, a gargalhada ecoando por todo o restaurante.
– Cale a boca Taylor- Josh ralhou com a amiga.
– Está bem, eu disse que não era o nome mais bonito do mundo- Apollo disse.
– Obrigado pelas informações pai, mas eu e Alice vamos atrás da minha mãe, quero muito vê-la- Josh disse e já ia se levantando, quando o deus do sol o fez sentar novamente.
– Primeiro, cuidado com Vênus. Segundo, sua mãe é uma morena de olhos castanhos, ela é muito parecida com você. Ninguém diria que você é meu filho... Mas ela mora aqui perto, para sua sorte, posso fazer vocês chegarem lá bem rápido, se quiserem e por favor, não dê esperanças pra ela de que você vai ficar, ela é bem sensível, mas é muito inteligente. Você vai amá-la Josh- Apollo disse e sorriu, totalmente melancólico.
– Vamos então?- O deus disse e Josh assentiu.
Os três saíram para a rua e foram até o local onde a moto ficara, Apollo olhou para os dois e se sentiu compadecido pelo amor dos dois, afinal, ele mesmo já vivera tantas vezes essa situação e nunca pudera fazer nada a respeito, apenas partir sem dizer quem era.
– Deem as mãos crianças, vamos brincar de roda- O deus sol disse e os dois garotos se entreolharam, desconfiados.
– Tá bem, me dê a mão Joseph Ralph Lins- Alice disse e Josh olhou feio para ela, mas fez o que ela disse.
– Até mais filho, eu te amo e tenho orgulho de você, mas não se machuque tanto, você tem o senso da justiça, como eu, mas não o usa em si mesmo. Deve aprender a lidar com isso e sobre o grego, não o procure, deixe que ele o encontre. Agora rodem!
O deus ficou olhando e sorrindo quando via os dois jovens rodarem como se estivessem brincando até que uma luz os tomou e eles sumiram, como névoa. Depois que Josh e Alice sumiram no ar Apollo riu com gosto, afinal, era engraçado ver dois jovens confiarem tão cegamente num deus a ponto de ficar girando de mãos dadas quando não era necessário nem as mãos dadas.
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