The Fallen Angel escrita por Beta23


Capítulo 6
A Promessa


Notas iniciais do capítulo

Oie meus amores, graças aos deuses do Olimpo o site voltou á funcionar. Eu não tava aguentando mais a vontade de postar, espero que vocês gostem.
Deixem comentário ae, por favor, fiquei um tempão desesperada para postar logo para vcs, seria ótimo saber que eu não escrevi o capítulo para as paredes.
Até as notas finais....



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/432227/chapter/6

Soltei um suspiro, ainda não tinha coragem de sair dali, não podia, não queria sair. Olhei em volta do quarto do hospital, os aparelhos mostravam que Jensen estava bem, embora, desacordado. Passei dois dias nessa mesma posição, sai algumas vezes para recolher almas, mas não saia do hospital, até Samuel achava esquisito, mas eu dizia que era por causa de uma mudança de hábitos. Eu geralmente preferia sair nas ruas, procurando almas para salvar, odiava ficar vagando em hospitais, ver gente doente, isso era repulsivo.
Uma enfermeira entrou, checou os aparelhos conectados á Jensen, e saiu. Suspirei outra vez, não via a hora de vê-lo acordar, de falar com ele. Mas não tinha ideia do que fazer, eu não podia revelar minha posição celestial, ele não podia saber quem eu era.
Mas, será que eu conseguiria mentir?
Cheguei mais perto da cama em que ele estava, observei sua respiração tranquila e calma, Jensen era muito bonito, mesmo para mim, que não sentia nada.
– Jensen - sussurrei, em uma tentativa falha de fazê-lo acordar.
Toquei seu rosto, acariciei suas pálpebras com as pontas dos meus dedos, sentindo seus globos oculares por dentro deles.
– Jensen, acorde - sussurrei - venha para mim.
Ele continuou na mesma, abaixei-me e encostei delicadamente meus lábios em sua testa, uma saudação.
– posso senti-lo - falei - sei que está aqui.
Olhei para trás, Thales me observava. Thales era um anjo salvador, um amigo, por assim dizer, ainda que nossos trabalhos fossem rivais.
– olá Thales - cumprimentei
– Blair - respondeu - eu soube o que você fez.
Congelei, como ele soubera?
– como? - perguntei - eu fui discreta, nem voltei aos salões nesses dias para não encarar o Samuel.
Ele sacudiu a cabeça, fazendo seus cabelos loiros e curtos balançarem.
– é meu trabalho salvar humanos lembrou é claro que eu fico sabendo de certas coisas.
Encarei seus olhos azuis, voltei meu olhar ao rosto de Jensen por um segundo.
– não vai contar á ninguém - falei - vai?
Ele se aproximou de mim e tocou meu braço direito, segurando minha mão.
– não vou dizer nada - falou - eu prometo. Mas, deixe-me com meu trabalho, só o seu já exige muito de você. Eu me preocupo, Blair.
Sorri, ele beijou minha testa.
– tenho umas coisas aqui no prédio - falou - volto para te ver.
Assenti, ele sorriu e saiu pela porta, deixando cair algo. Abaixei-me para pegar, era um crucifixo de mármore, algo muito bento por anjos, pude sentir o poder. Coloquei-o no pescoço, devolveria á Thales em outra oportunidade.
Fiquei de pé novamente e encarei Jensen, ele vestia apenas aquelas roupas de hospital, destacando seu peito forte e definido, seus braços musculosos chamaram minha atenção, tudo nele parecia me atrair, de forma, que eu fiquei hipnotizada, apenas fitando a perfeição do humano.
– estou tendo pensamentos mundanos com você - confessei - acho, que estar aqui, não está me fazendo nada bem.
Acabei não resistindo, pus a mão no peito dele, espalhei meus dedos na carne quente e macia, senti minha respiração mudar, eu arfava de leve. Tirei a mão, reparei que a cor do meu vestido estava se alterando, de branco, para um rosado bem claro. Sacudi a cabeça, minhas roupas voltaram á ser o que eram. Nosso humor reflete em nosso corpo, se choramos, as lagrimas são brancas, dependendo do tipo de tristeza. Tudo em nossa aparência era relativo, minhas asas e roupas eram brancas porque eu sou pura de espírito, não sabia o motivo de minhas roupas ficarem rosadas.
Estava tão distraída que nem percebi quando Jensen abriu os olhos, piscando, um pouco confuso, como todos ao acordar. Fiquei nervosa, meu estomago agitou-se como se milhares de borboletas tivesse resolvido alçar voo dentro de mim, pisquei os olhos uma vez, e me vi encarando a escuridão daqueles olhos.
Jensen estava surpreso, levemente pasmo ao me ver, mas, ainda assim, não o suficiente para me causar medo. Recuei dois passos, Jensen sentou na cama e continuou me encarando, com intensidade suficiente para me fazer sentir estranha. Não estava acostumada com pessoas me obsevando, ainda mais daquela forma tão intensa.
– olá Jensen - falei com calma, seu olhar me passou essa sensação.
Ele continuou me encarando, como se não conseguisse assimilar tudo que acontecera. Dei um pequeno sorriso, meus cabelos estavam soltos em volta do meu rosto, gerando um calor agradável.
– você passou muito tempo desacordado - falei, ainda com aquela calma inexplicável - eu não saí do seu lado, é claro.
– quem é você? - perguntou.
Aquela voz me rendeu um arrepio leve, era agradável ouvi-la.
– eu? - falei - eu sou Blair.
– Blair? - repetiu
Assenti, dando um meio sorriso de canto de lábios.
– como está se sentindo? - perguntei
Ele hesitou, olhei em seus olhos.
– estou bem - respondeu - obrigado.
Assenti, me senti bem falando com ele, diferente de antes, quando eu só tinha medo.
– deve estar se perguntando o motivo por você estar aqui - deduzi
Ele assentiu, gaguejei antes de começar á explicar.
– bom, você levou... Um... - hesitei, algo em seu olhar me impediu de continuar - um tiro.
Ele engoliu em seco, respire fundo e dei um passo hesitante em sua direção.
– isso mesmo - falei - você levou um tiro, e foi trazido para cá.
Ele ainda estava muito chocado, mas assentiu. Relaxei um pouco, dei outro passo em sua direção.
– eu queria te ver - falei- fiquei aqui durante todo esse tempo.
– posso perguntar o motivo? - perguntou
Essa me acertou como um balde de água fria, fiquei com a boca entreaberta.
– bem, eu queria saber se você estava bem - respondi - espero que não tenha problema.
– não - falou - não tem problema.
Soltei minha respiração, dei um pequeno sorriso.
– que bom - falei - fico feliz por isso.
Ele me encarou, com aqueles olhos escuros, rendendo-me um calafrio agradável, uma sensação diferente.
– quem é você? - perguntou
– já disse, me chamo Blair - respondi pacientemente.
Ele me encarou com ainda mais força, prendendo-me em seu olhar.
– quem você é de verdade? - perguntou - porque sempre que eu te vejo, você está ao lado de um morto?
Congelei, minha respiração parou, aquela era a pergunta que eu não poderia responder, mesmo se quisesse. Jensen estreitou os olhos e chegou mais para frente, ficando mais perto de mim.
– o que você é? - perguntou
Afastei-me mais, encostei-me na porta do quarto.
– eu não deveria estar aqui - falei - me perdoe.
Abri a porta e saí, ouvi seu grito, mandando-me esperar, mas não pude obedecer. Segui pelo corredor, desviando de pacientes e médicos, contendo uma lagrima de desespero. Não podia mentir, era contra as leis, mas não podia dizer a verdade, não podia falar mais com Jensen. Ele estava bem, estava vivo, eu já sabia disso, devia ir embora e nunca mais chegar perto dele outra vez. Ao menos, tentar seguir minha vida sem saber dele.
Um abalo percorreu meu corpo, uma morte estava para acontecer. Respirei fundo, levemente aliviada por ter um motivo para não voltar correndo para o quarto de Jensen. Subi as escadas com rapidez e entrei em um quarto aleatório, um garoto estava deitado na maca, seus olhos fechavam-se devagar, a morte chegava mais perto. Aproximei-me dele, sua alma despregou-se do físico e tremulou contra a luz, peguei-a nas mãos.
– mais uma alma se esvai - sussurrei - vá em paz, viva livre nos campos do paraíso.
Soltei a alma, ela saiu voando pela janela e desapareceu no céu azul da manhã. Algumas enfermeiras entraram no quarto, observei-as anotando a hora da morte do garoto que eu acabara de lançar aos céus. Dei um pequeno sorriso, aquele humano não iria mais sofrer em vida, teria paz e ganharia a vida eterna no paraíso.
Eu devia ter deixado Jensen fazer o mesmo, talvez agora ele fosse um anjo, eu garantiria isso para ele. Não tive coragem , eu sempre tenho, sempre consigo, por que com esse humano é diferente? O que ele tem que me faz ficar tão mudada?
Blair– disse
Olhei em volta, não tinha ninguém ali, eu ouvira a voz na minha cabeça. Era como se me chamasse, e o pior, eu reconheci a voz.
Blair– repetiu
Fechei os olhos, ele me chamava, mais de uma vez.
– que tipo de conexão é essa? - perguntei á mim mesma - por que posso ouvi-lo?
Abri os olhos, massageei as têmporas. Sai da sala e desci as escadas com rapidez, parei na porta do quarto de Jensen, hesitei ao entrar, mas o fiz assim mesmo. Ele ficou um pouco surpreso ao me ver, tentei não sair voando á jato dali, tinha que ser forte.
– voltou? - falou - já tem a minha resposta?
Pisquei, ele me encarou.
– eu ouvi você me chamar - falei - você disse o meu nome, e eu atendi.
Ele ficou me encarando, seus olhos escuros me davam arrepios.
– eu não queria ter te chamado- falou
– mas chamou - minha voz saiu fraquinha por ter sido rejeitada.
– não foi intencional - falou - só estava tentando lembrar o seu nome.
Assenti, não sabia o que pensar disso, tomei como algo bom.
– bem, se não sou necessária, vou me retirar - falei, encarando o chão.
Ele assentiu, respirei fundo, tomando coragem para fazer o que queria muito. Dei um passo em sua direção, ele não reagiu de forma alguma, continuei. Estendi meu braço em sua direção, ele ficou curioso, tentando entender o que eu estava tentando fazer. Cheguei mais perto dele, segurei seu rosto com as duas mãos, levantando-o para eu poder vê-lo melhor.
– você vai ficar bem Jensen - falei- vou olhar por você, eu prometo.
Dei um pequeno sorriso e aproximei-me para beijar sua testa, uma benção angelical. Jensen pigarreou e me afastou com o braço, não pude protegê-lo.
– desculpe, eu não conheço você - falou.
Arquejei baixo, engoli em seco e forcei um sorriso.
– é claro - falei - desculpe.
Eu não via nada de errado em concede-lhe minha benção, não era defeituosa, era uma boa ação, algo gentil, que os anjos concedem á poucos. Não entendi o que ele tinha dito, eu precisava conhecê-lo para fazer isso por ele? Humanos são tão confusos, eu só iria beijar sua testa, que mal á nisso? Ele via maldade em um gesto tão puro que até as mães fazem com seus filhos?
– até mais - falei
Virei para ir embora, estava com a cabeça baixa.
– Blair? - chamou
Virei rapidamente, ele me encarava.
– não volte aqui até ter minhas respostas - pediu - não quero ser grosso, mas, eu não confio em você.
Isso me abalou, eu salvara a sua vida.
– claro Jensen - falei - sendo assim, adeus.
Virei, mas ele segurou-me pelo pulso.
– adeus? - perguntou - não pretende voltar?
Neguei com a cabeça, ele ficou chocado.
– não posso contar nada á você - falei - eu sinto muito.
Ele apertou mais meu pulso, começando á machucar-me.
– está me machucando Jensen - falei - me solte, por favor.
– não até ter minhas respostas - falou
Soltei um rosnado, como uma ave amedrontada. Encostei meus dedos nos seus, dando-lhe um pequeno choque, fazendo com que ele me largasse.
– o que você é? - repetiu, tocando o lugar onde eu o machucara - que tipo de demônio?
Minha respiração parou, alguns humanos sabiam dos demônios, Jensen devia ser um desses, mesmo assim, era muita coincidência ele soltar isso assim.
– não sou um demônio - falei, secando uma lagrima branca que soltara ao ser insultada - não me julgue, você não é Deus!
Mais alguém entrou no quarto, olhei para trás, era Thales. Parecia confuso ao ver que o humano conseguia nos ver, não liguei para isso, corri em sua direção, atirando-me em seus braços.
– o humano me julga - falei - ele acusa-me de servir ás forças demoníacas.
Thales me abraçou, sempre fazíamos isso, eu e ele. Éramos muito amigos, desde sempre, e eu gostava muito dele.
– humano cruel, não repita isso á minha Blair outra vez - falou, encarando Jensen com seus olhos cheios de poder- não ouse toca-la outra vez, ou serás condenado.
Jensen piscou, ligeiramente ultrajado e irritado.
– não vou mais tocar sua namorada - acusou - saiam da minha frente, eu não quero mais vê-la, á não ser que tenha minhas respostas.
– não namoramos - falei, referi-me á anjos em geral.
– dane-se, eu não quero saber - disse Jensen- mas, minha ordem fica presente.
Thales me soltou e avançou na direção de Jensen, fiquei parada, lagrimas ligeiramente amareladas saiam, medo.
– quem és para mandar-nos? - perguntou Thales - cale-se e meça bem as palavras que solta para Blair, ou pagaras caro. Ela pode não querer machucar-te, mas eu quero.
– Thales, vamos embora - ofeguei - por favor.
Thales virou para mim, depois lançou um olhar diferente á Jensen, foi quase raiva.
– Thales - repeti.
Ele veio até mim e beijou minha testa, olhei na escuridão dos olhos de Jensen uma ultima vez, Thales segurou meu rosto, fazendo-me encara-lo. Abri minhas asas, fazendo Jensen arregalar os olhos, segurei a mão de Thales, ambos corremos juntos e atiramos-nos contra a janela. Ela não quebrou, mas foi nossa liberdade. Voamos pelo céu juntos, parando apenas quando a tarde caíra. Pousamos no alto de um prédio alto, soltei-me de Thales e sequei minhas lagrimas.
– Blair, olhe para mim - falou.
Olhei-o, Thales segurou meu rosto e me estudou com os olhos.
– não volte mais á ver aquele humano - pediu - faça isso, eu te peço.
Assenti, ele se aproximou ainda mais, deixando nossos rostos á centímetros de distancia. Estranhei, anjos não querem tanta proximidade, nem mesmo nós dois, que éramos tão próximos, ficávamos assim.
– eu quero que você prometa para mim - falou - faça uma promessa sagrada.
– eu prometo, que enquanto nós dois servimos aos céus, eu nunca mais vou falar com aquele humano - falei.
Uma claridade iniciou-se em volta de nós dois, envolvendo-nos nela, selando a promessa.
Eu nunca mais falaria com Jensen, mesmo que quisesse, o juramento implicava nisso. Se trocasse palavras com ele outra vez, ambos, Thales e eu, morreríamos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ai está, beijos e até a próxima.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Fallen Angel" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.