Clínica de Reabilitação para Super-Vilões escrita por The Mother


Capítulo 5
Terapia em Grupo: Parte II


Notas iniciais do capítulo

Eu adorei escrever esse. Se eu pudesse escrever um capítulo inteiro só de Loki e Lex batendo papo eu faria, sou louca por esses dois.



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A conversa não andou muito depois disso. Loki havia declarado não ter conhecido ninguém de novo ou interessante durante a última semana, para espanto de todos (apesar de dar uma explicação muito longa sobre isso), e mais ninguém se manifestou sobre o assunto ou sobre qualquer outra coisa. Estavam todos tensos e a falta de pessoas na sala não ajudava em nada.

Acabaram por encerrar a reunião mais cedo.

Lex, Loki e Kat saíram, combinando com Lisa para encontrarem-se na Grays & Sons, não muito longe dali. Lisa iria ficar para lidar com Coringa e fechar a sala e seu escritório.

− Ok, se vocês não se importam – disse Kat, levantando o capacete que tinha em mãos e o ajeitando na cabeça – eu vou de moto mesmo. Encontro vocês lá.

Lex assentiu e observou enquanto Kat andava em direção ao estacionamento.

Bela moto, pensou, quando Kat subia nela. E eram aquilo metralhadoras na parte da frente?

Kat certamente seria de utilidade um dia.

Lex olhou em volta em busca de Loki, sem sucesso, depois pegou o celular. Ligou para seu motorista buscá-lo, pedindo claramente para que não tivesse pressa. Com sorte, Lisa seria rápida e sairia antes que ele chegasse, assim não precisaria encarar uma outra conversa cansativa com Loki.

Pensando nele, Lex olhou em volta novamente para ver se o achava. O encontrou parado no meio do jardim, olhando fixamente para o céu. Como se estivesse esperando por algo.

Naquele momento, abaixo da lua que subia cheia pelo céu, ele parecia calmo. Tão calmo, tão inocente.

Lex teve que piscar algumas vezes antes de voltar a si. Ele estava olhando para um deus, por mais impressionante que isso fosse, e frequentemente se esquecia disso.

Lembrou-se do que Coringa havia dito na reunião. Sobre o pai adotivo, sobre ser abandonado. Percebeu então que sabia muito pouco sobre ele.

Além do fato de ser irritante.

Lex pensou melhor e decidiu caminhar até lá, tentar conseguir ter uma conversa decente, descobrir alguma coisa a seu respeito. A essa altura a cafeína provavelmente não estava mais no seu sangue.

Além disso, Lex sempre fora curioso demais para o seu próprio bem.

− Você está bem? – perguntou. Não houve resposta – Loki?

Loki virou-se para ele. Por um momento pareceu não perceber sua presença,então sorriu.

− Lex.

− Só quis saber como você estava. – disse, esfregando o pescoço e tentando não olhar diretamente para ele. Loki tinha um sorriso tão largo que parecia rasgar seu rosto de um canto ao outro. Para a maioria das pessoas, era como encarar o sorriso de um tubarão, mas Lex não era a maioria. Para ele aquele sorriso ameaçador era tão fascinante quanto qualquer coisa que vinda do espaço, mas ele não deixaria isso transparecer. – Sobre aquilo que aconteceu na reunião... É verdade?

O sorriso diminuiu. Loki pensou em algo para dizer.

− Hum... Ah, você quis dizer os livros! Sim, eu estava aprendendo alguns segredinhos de Asgard, atalhos, e treinando um pouco de magia. A biblioteca de Odin é fascinante, talvez eu traga algo pra você um dia-

Loki. – Lex olhou duramente para ele.

Seu sorriso havia sumido. Decidiu olhar para o céu.

Nuvens negras se aproximavam, cobrindo as estrelas.

− Sim, é verdade. – disse secamente – Eu estou oficialmente fora da família.

− Bom. Alguma coisa você deve ter feito. – Lex deu de ombros. Loki o olhou com frieza. – Tem algo haver com Nova York?

− Talvez. – disse, dando-lhe as costas. Não queria mais humanos o xingando por aquilo, estava começando a ficar entediante. – Não é da sua conta.

− Não, espere! – Lex correu a sua frente, estava tentando ser o mais amigável possível, mas sua capacidade de se socializar havia enferrujado faz muito tempo – Desculpe. Eu só... queria saber porque isso o incomodou tanto.

Loki que estava olhando preocupado para o céu de novo, voltou-os para Lex, surpreso. Lex nunca havia mostrado interesse por ele antes, muito menos preocupação. Fingiu não ter ficado empolgado com isso.

− Meu pai é um mentiroso, Lex. E meu irmão é um brutamontes amado por todos que é favorecido em tudo, o que você acha?

Lex olhou para ele, para seu olhar perdido e cheio de rancor e, por um momento, pareceu ver um reflexo de si mesmo. Não importava se os dois fossem mentirosos. Certas mentiras são intoleráveis entre pai e filho. Certas pessoas incomodam só de existir.

− Acho que te entendo. – disse num suspiro. Sentiu pena dele. Sentiu pena de si mesmo também e de suas vidas miseráveis.

E Loki sentiu como se o Mjolnir tivesse caído em seu peito. Entender? Não. Ninguém o podia entender... Ou poderia?

Seus olhos se encontraram. Loki abriu a boca algumas vezes, mas não soube o que dizer.

Um flash iluminou o mundo a sua volta e um trovão ressoou nos céus.

Por instinto, Loki agarrou-se em Lex, sentindo o pânico tomar conta, e enterrou o rosto em seu pescoço. Seu coração estava mais rápido do que um ser humano consideraria normal e Lex percebeu que ele tremia.

− Loki, o que foi? – mas ele não respondia, apenas tremia e ofegava mais a medida de que os trovões pareciam ficar mais altos. Uma chuva começou a cair. Lex quis se mexer e puxá-los para um abrigo, pois detestava ter que molhar suas roupas caras, mas Loki não se movia. – Qual é o problema?

Por um tempo Loki não respondeu.

Então, tremendo disse:

Thor.

Outro trovão ressoou.

Uma luz forte e mais grossa que um raio desceu dos céus.

Por coincidência, seu motorista acabava de chegar. No momento certo para que o raio descesse e desintegrasse a parte de trás da limusine.

− Droga. – disse Lex.

A luz cessou, e da fumaça, Lex conseguiu distinguir um homem grande e loiro que só conseguiu identificar como sendo Thor.

− Por favor, Lex, não deixe ele me levar! – Lex olhou para Loki. Seus olhos estavam úmidos e sua voz abalada por desespero – Por favor, eles irão fazer algo terrível comigo, não o deixe me levar, Lex.

Lex engoliu em seco. Havia recém encontrado alguém com quem poderia se entender e não queria que ele fosse embora, mas também não sabia exatamente o que fazer para impedi-lo. Aquele era Thor, o que Lex poderia fazer? Jogar dinheiro nele? Era a única coisa que tinha no momento. E duvidava que ele estivesse disposto a negociações.

− Lisa bem que poderia aparecer agora. – falou pra si mesmo. Thor começava a vir em sua direção.

− Loki! – gritou aquela parede loira; uma expressão nada amigável no rosto.

Então, em algum lugar atrás de Lex, uma porta de vidro se fechou.

Ufa! – ouviu Lisa dizer – Consegui fazê-lo sair pelos fundos. Estava muito nervosinho e... Ei. – Lisa olhou para Lex e Loki e depois para Thor – Oh, meu deus, THOR!

O rosto carrancudo de Thor suavizou e ele abriu um sorriso. Lisa correu em sua direção e deu um pulo de derrubar qualquer um que não tivesse uma força descomunal.

‒ Elisabeth Gray! É um prazer revê-la. – disse Thor ao abraçá-la. Ele simpatizava muito com a pequena midgardiana, apesar de não vê-la muito frequentemente como Loki.

Havia alguma coisa sobre ela que seu pai não gostava, chegou até mesmo a proibir ele e Loki de se aproximarem dela.

Thor considerava isso desnecessário e sem sentido e frequentemente associava o pai a um velho caduco.

‒ Mas o que te trás aqui? – perguntou Lisa sorrindo. Apesar de confiar em Thor, duvidava que tivesse vindo apenas para visitá-la.

Thor a soltou e olhou para onde Loki e Lex se encontravam. Loki havia virado seu rosto a tempo de ver Lisa abraçá-lo, e não parecia ter gostado.

‒ Vim buscar Loki. – disse duramente, com uma postura ameaçadora que Lisa não gostou, e depois começou a andar na direção dos dois. – Ele deve voltar para Asgard imediatamente.

Mas antes que ele pudesse chegar até Loki, Lisa se colocou entre eles.

‒ Hey, espere aí um pouquinho, mocinho. Que história é essa de buscar, o que você quer dizer com isso?

‒ Você já deve estar ciente dos últimos atos de Loki. – disse Thor. Lisa assentiu – Pois bem, Loki deve voltar para Asgard para ser julgado.

Lisa colocou as mãos na cintura e olhou de Loki para Thor. Confusa.

‒ Espera um pouco, mas se ele não foi julgado ainda o que ele está fazendo aqui? – apontou com o polegar para Loki. Pelo que Lisa sabia, quando pessoas estão pra ser julgadas, elas não ficam passeando por aí.

A expressão de Thor ficou sombria e ele olhou duramente para o outro deus.

‒ Ele fugiu.

‒ Oh. ‒ Lisa coçou a cabeça. Não precisava de seus poderes para ver esse problema.

Loki virou-se para eles, sem soltar totalmente Lex, e sorriu tímida e falsamente.

‒ Bom, hehe, eu ia voltar. Eu juro. – disse no tom mais convincente possível – Eu só queria, ahn... dar um último adeus para os meus colegas. – disse essa ultima parte numa voz triste e deu uns tapinhas no ombro de Lex, mesmo ainda estando agarrado em suas roupas.

‒ Já teve tempo suficiente. – encerrou Thor, avançando para Loki. – Agora solte o humano.

Loki apertou-se novamente contra Lex, que até agora apenas observava e absorvia as informações. Concluiu, por fim, que não gostava do sujeito e que ele lembrava de mais seu arqui-inimigo.

‒ E se ele não quiser? – desafiou Lex, colocando um braço protetoramente ao redor de Loki e surpreendendo Thor.

Lisa não se surpreendeu nem um pouco. Lex sempre se mostrara absurdamente destemido quando se tratavam de pessoas mais poderosas que ele, em especial pessoas mais poderosas que ele. Além de mostrar um certo gosto em proteger outras pessoas, mesmo que desmedidamente.

Mesmo assim, achou que seria melhor não meter Lex nisso.

‒ Você não vai levá-lo a lugar nenhum. – Lisa colocou uma mão no peito de Thor e o empurrou lentamente – Ele está sobre a minha proteção. E eu que decidirei o que fazer com ele.

Você? Lisa, não faça isso. Não quero ter que discutir com você. – disse Thor num tom autoritário que Lisa detestou.

‒ Ele é meu. – disse asperamente e mais possessiva do que queria parecer ‒ E não sairá daqui sem a minha permissão.

Loki estava quase vibrando de excitação. Pelo menos duas pessoas estavam o defendendo contra Thor, e isso era inédito. Enquanto isso, Lex absorvia a tensão da conversa e reparava atentamente em Lisa.

Os trovões se intensificaram. Thor segurou o martelo firmemente.

‒ Quem você acha que-

Eu sou a psicanalista dele. – disse ela antes que Thor pudesse completar. Seus olhos possuíam uma expressão ameaçadora e sua voz era dura e afiada como uma faca – E posso ir muito longe para proteger meus pacientes.

‒ Ah, é? E o que pretende fazer? – disse Thor tão ameaçador quanto Lisa, mas não mais tão confiante. Agora estava desafiando-a por puro orgulho de guerreiro.

Lisa aproximou-se mais de Thor e o encarou profundamente. Seus olhos negros adquiriram uma profundidade espantosa e, por um momento, Thor estremeceu.

Nunca realmente se dera conta de quem ela era – do que ela era – até aquele exato momento. Todo o medo incomum de seu pai, de repente começou a fazer sentido.

‒ Não tente me desafiar, Thor, ou eu juro que meu avô terá uma pequena conversa com seu pai. – ameaçou Lisa com um sorriso torto no rosto – Quer mesmo correr este risco? Com um estalar de dedos ninguém jamais suspeitará que Asgard sequer existiu.

Desta vez, foi a vez de Lex encolher-se. Sempre acostumado com os modos amáveis de Lisa, não podia deixar de se sentir perturbado quando ela agia assim. Não gostava de ter a impressão de que não conhecia tudo sobre uma pessoa. Loki, por sua vez, além de empolgado, olhava curioso para trás. A última vez que vira Thor tão aterrorizado foi quando eram crianças e Frigga lhes contava lendas assustadoras para dormir.

Ele certamente vira algo nos olhos de Lisa, algo que ninguém jamais deveria ver. Loki não poderia imaginar o quão sombrio aquilo poderia ser. E isso atiçou toda a sua curiosidade.

O silêncio que se seguiu era apenas quebrado pelo som da chuva e de poucos carros passando. Lisa esperou.

‒ Muito bem. – disse Thor, por fim desistindo – Acho que não tenho mais nada a fazer aqui, então.

Lisa respirou fundo, aliviada. Qualquer que fosse a expressão que possuía a poucos segundos, ela havia agora desaparecido e Lisa sacudia a cabeça, como que acordando de um sonho.

– Oh, Thor. Me desculpe. Me desculpe mesmo, mas eu apenas não posso deixar que o leve. – ela disse, num tom de voz suave completamente diferente do que ela havia usado antes.

Lex não podia deixar de estranhar essas atitudes. De doce para ameaçadora e para doce de novo. Era tão cômico quanto assustador. Lembrava-se muito bem do que Lisa havia dito na reunião e se a identidade de Coringa era mesmo aquela, ele começava a ver a semelhança.

– Posso apenas garantir que ficarei de olho nele para que não apronte nada de terrível. – disse Lisa, com sinceridade. Se Loki pensava que a atitude dela era carta branca para aprontar na Terra, ele estava muito enganado.

Thor assentiu, compreensivo e ainda um pouco atônito, e começou a se afastar dos três. Antes de partir olhou severamente para Loki, que sorria vitorioso e provocador para ele enquanto soltava Lex. Chegou até mesmo a colocar a língua de fora.

Um estrondo foi ouvido. Antes que Lisa soubesse o que havia acontecido, Loki havia sido jogado contra a parede da clínica, destruindo-a e fazendo Loki ir parar no chão de um dos escritórios. Por pouco não levou Lex com ele.

Lisa virou-se furiosamente para onde Thor deveria estar, mas ele já havia ido embora.

– Argh! Eu não acredito! – Lisa esperneou furiosa e correu junto a Lex para onde Loki estava, enquanto isso praguejando e gesticulando com as mãos – Outra reforma, outra!

Ajudou Loki, que ria e não parecia ter sofrido nenhum arranhão, a se levantar. Suspirou pesadamente. Já não bastava ter certeza que Richard iria lhe dar um sermão pelo que ela tinha feito hoje, ainda teria que lidar com mais reformas. Ficar do lado dos vilões realmente não era fácil e dava muito prejuízo.

‒ Não se preocupe, Lisa. – assegurou Lex – Farei algumas ligações e até amanhã à noite garanto que sua parede estará em pé.

‒ Obrigada, Lex. – Lisa sorriu e lhe acariciou o rosto. Depois olhou para Loki – Vocês são uns estúpidos, sabia?! – deu lhe um soco no braço – Você e seu irmão.

‒ Ei! A culpa foi dele!

– Você o provocou.

Loki rolou os olhos. ‒ Que seja.

‒ Agora vamos para a Grays’, pobre Kat já deve ter ido embora... – Lisa pensou preocupada. Se bem que Gabrielle estava lá e Kat era hipnotizada por ela – E você – apontou para Loki – vai ficar na mansão de Lex por enquanto. Vai ficar seguro lá, Lex tem mais armas e escudos naquela mansão do que eu consigo imaginar. E nada de arranjar encrenca ou por algum motivo tentar voltar para Asgard, entendeu? Porque eu não vou buscar você.

Loki esperou o momento maternal de Lisa passar.

‒ Eu não vou voltar para Asgard. – disse ele, astuto. – Só no comando de um grande exército.

‒ Você e seus exércitos. – Lisa suspirou, caminhando em direção à limusine de Lex. – Ei, espera um pouco. O que aconteceu com seu carro?!

Lex balançou a cabeça em desolação e colocou as mãos no bolso.

‒ Aquele raio destruiu metade dele. Acho que teremos que ir a pé... Isso me lembra que você precisa de um carro... – disse ele, um pouco esperançoso, e sugestivo. Ele tinha uma certa paixão em dar presentes pra quem gostava já que não sabia demonstrar carinho de outra forma, e ele gostava muito de Lisa.

– Ah, querido, não precisa. De qualquer jeito, acho que posso arrumar nossa carona... Apesar de não gostar muito de fazer isso... – Lisa aproximou-se do carro destruído.

No assento da frente, sorriu ao ver Johnny, o motorista de Lex, com a testa apoiada no volante. Ele não parecia muito feliz.

Johnny, devido a seu papel de motorista, já tinha visto e presenciado muitas coisas malucas ao longo de sua carreira com os Luthor. Ele frequentemente perdia a paciência e simplesmente desistia de tentar entender o que acontecia a seu redor. Sua falta de paciência era muito apreciada por Lex, que gostava de chegar ao seu destino o mais rápido possível.

Lisa respirou fundo, fechou os olhos, e ergueu as mãos.

Lentamente, a parte de trás destruída pelo raio começou a ser reconstituída. Pedaço por pedaço, molécula por molécula, a destruição começou a se reverter. Era como se Lisa estivesse rebobinando uma fita, neste caso, a realidade. Lex ficou maravilhado e Loki, extremamente interessado.

Ao terminar, bateu as palmas em sinal de satisfação. A parte traseira estava novinha em folha, era como se absolutamente nada a tivesse atingido.

‒ Prontinho. – declarou ela, sentindo-se muito útil.

Uma pausa se seguiu antes que Lex perguntasse:

‒ Por que não fez isso com a parede?

‒ Que graça teria fazer isso o tempo todo? – Lisa franziu para ele. ‒ E eu estou com fome.

Lex parou para pensar nisso enquanto Lisa abria a porta do carro. Ele ainda não conseguia entender como pessoas poderosas como Lisa, simplesmente não faziam tudo aquilo que queriam, na hora que quisessem. Estavam sempre se poupando ou se escondendo.

Loki foi o primeiro a entrar, não parecia tão confuso ou frustrado quanto Lex. Simplesmente sentou-se confortavelmente ao lado da janela e procurou algo para beber. Lex sempre tinha bebidas no carro.

‒ Ah, e Lisa – disse Loki ao se voltar para ela – Você tem que me ensinar esse truque.

Lisa sorriu.

‒ Talvez outro dia, querido.

Novamente, Lex sentiu-se um pouco deslocado diante aquilo. Percebeu de repente que estava dentro de um carro com dois deuses. Não era degradante, claro, mas ainda sim, não deixava de se sentir diminuído.

‒ Ahn... Lex! – chamou Lisa, e começou a abrir sua bolsa – Eu queria te deixar com uma coisinha. Já que ninguém ganhou o desafio hoje...

Lisa demorou-se um pouco remexendo a bolsa. De dentro dela, que pelo jeito devia ser maior por dentro, ela tirou um ovo.

Não era um ovo normal como o ovo de galinha. Era um ovo enorme, um pouco menor que o de um avestruz e de cor roxa, mas se o colocasse na luz, ele refletiria numa cor verde metálica.

‒ Uau. – Loki aproximou-se do ovo e tentou tocá-lo. Mas Lex foi mais rápido, pegando o ovo e colocando-o no colo. Loki fingiu um olhar magoado.

‒ Nossa, Lisa. – disse Lex, acariciando o ovo – O que é isso?

‒ Eh... Bom, pra falar a verdade, eu não tenho certeza. – sorriu sem jeito – Eu achei no depósito de um bazar que eu costumo ir às vezes... Achei bonitinho e decidi levar. – deu de ombros.

Os três admiraram o ovo em silêncio.

Ao se dar conta de alguma coisa, Loki virou-se para Lisa, indignado.

‒ Ei. Porque deu isso para Lex e não pra mim?! – perguntou ele.

‒ Porque Lex é responsável, Loki. Se eu te desse esse ovo, você quebraria no mesmo dia. – justificou ela, já se arrependendo de ter dado o ovo na frente dele. Certas coisas não dá pra se fazer com ele por perto.

‒ Não, eu não quebraria! – reclamou Loki – Eu quero um ovo também, não é justo!

Lisa olhou para ele e suspirou. Ele não tinha culpa de ter perdido o ovo. Com as coisas que haviam acontecido recentemente era claro que ele não iria se preocupar com o prêmio de sexta.

Além disso, ele não ia parar de reclamar até que Lisa cedesse.

‒ Tá, tá certo, Loki. Assim que eu achar um, eu te dou.

Loki sorriu vitorioso e encostou-se de volta no sofá.

Enquanto isso, Lex continuava a admirar seu novo brinquedo, quase hipnotizado. Sua coloração era linda e ele percebeu também que havia certas saliências na casca. Como escamas.

Aninhou o ovo nos braços como se ele fosse uma criança e prometeu a si mesmo que conheceria mais pessoas de agora em diante.


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Notas finais do capítulo

Fiquei com pena de assustar o Thor, gosto dele.
Próximo capítulo: Genética dos Deuses. Hora de esclarecer algumas coisas importantes sobre alguns personagens.