Não consigo me conter.Depois de o ver olhando para mim,nem o deixo reagir.Ponho o meu braço esquerdo à volta do pescoço do Draco,puxando-o para mim e beijo-o intensamente.

Ao início,penso que ele está um pouco confuso com tudo isso,mas logo ele corresponde ao beijo.Os nossos lábios movem-se em sintonia,e por momentos uma corrente elétrica parece percorrer todo o meu corpo.

Pude sentir novamente as suas mãos em minha cintura enquanto as minhas acabavam por encontrar o seu cabelo loiro.Pude sentir o quão frio os seus lábios eram,mas,ao mesmo tempo,macios.

–Alô!Estamos travando uma batalha!Isso não poderia esperar?-Harry grita,mas ele não olha só para mim e para o Draco.Parece estar olhando também para...o Ron e a Hermione.

Finalmente nos largamos,e quando isso acontece abraço-o intensamente.Eu tinha tantas saudades dele,tinha medo que algo lhe acontecesse.

–Isso tudo se deve a quê,Li?-Draco pergunta me abraçando também.Afundo a minha cabeça no seu peito,procurando segurança.

–Harry.-Hermione acaba por dizer.-Temos de saber onde ele está.

–Do que está falando?-questiono,virando-me de costas para o Draco.Os seus braços ainda estão agarrados à minha cintura,e por momentos penso no quanto ele é malicioso,se é que me entendem.

–A serpente.É o último deles.-Harry diz e logo Hermione e Ron lhe pedem para tentar,forçar a sua entrada na mente de Voldemort.
Sinto ser puxada e logo estou frente a frente com Draco.

–Porque você mudou tão drasticamente de ideias?-ele pergunta.Apoio minhas mãos nos seus ombros e suspiro,sorrindo.

–Eu pensei que você tinha me usado,Draco.Sua tia estava lá e disse isso,então...

–Você acreditou na Bellatrix?-interroga rindo-se-Má escolha.

–Isso não interessa agora-retruco revirando os olhos,num ato de brincadeira-Dumbledore me deixou uma mensagem.Sei que você estava numa missão para me atrair,mas que acabou por se apaixonar mesmo.Você protegeu-me dele.

–Parece que o diretor sabia mesmo tudo.-Draco fala e eu rio-me,abraçando-o novamente.

–Eu te amo tanto.-murmuro abraçada a ele.

–Eu também te amo,Li.

–Sei onde ele está-Harry diz,levantando-se e começando a dirigir-se para onde Voldemort se encontra.-Severo está com ele.

–Harry,há uma coisa que você devia saber.-digo separando-me de Draco por completo.Ele parece ignorar-me mas logo diz:

–Não é a melhor altura.

–Mas,Harry...-insisto e ele volta a fazer o mesmo.

–Mais logo eu...

–VOCÊ É MEU IRMÃO!-exclamo gritando o mais alto que posso,para assegurar-me que ele ouvia.

–O quê?-ele pergunta,como se não tivesse ouvido bem.Finalmente ele se vira para mim e esquece Voldemort.

–Você.É.Meu.Irmão.-digo pausadamente,para ele perceber todas as minhas palavras.

De súbito,ele corre para mim e me abraça,fazendo dom que meus pés saiam por momentos do chão.Ele rodopia-me uma vez e me pousa com delicadeza.

–A sério?-ele pergunta com um sorriso no rosto,enquanto eu anuo,feliz.Não estávamos sozinhos,nos tínhamos um ao outro.-Vamos travar Voldemort,assegure-se que os outros estão bem.

–Não,Harry.Se você diz que o Snape está lá...eu tenho de ir com vocês.-respondo e eles os quatro arqueiam as sobrancelhas.

–Porquê?-dizem todos em uníssono,e se não fosse esse o momento,eu ter-me-ia rido.

–Apenas...preciso.-respondo e torno a me virar para o Draco.-Nos vemos depois?

–Sim.-ele concorda e eu começo a andar rapidamente,atrás do Harry,do Ron e da Hermione.-E Li?

–Sim?-pergunto virando apenas a cabeça para trás.

–Mantenha-se segura.

Sorrio perante a frase dele.Ele põe as mãos nas suas calças pretas um pouco queimadas do fogo,mas eu não tardo a responder um:

–Assim farei.

(...)

–A varinha não me obedece totalmente,Severo.-Voldemort diz,do outro lado da parede.-Eu tenho que matar o dono da varinha,para que ela se entregue totalmente a mim.

Quase que consigo sentir o medo do Snape,o homem que,pelos vistos,mais cuidou de mim ao longo dos anos.

Mas eu sei o que lhe iria acontecer,mesmo querendo que isso não sucedesse.Voldemort não está num dia piedoso,sei disso.

Ouço alguém a se encostar à parede e logo algo a atacar o suposto Snape.Me assusto e me afasto rapidamente.Hermione me olha com um ar de "Faça pouco barulho" e então eu obedeço-lhe.

Por fim,conseguimos entender que Voldemort já não está do outro lado da parede fina,e entramos.A imagem é horripilante.

Snape está encostado num dos cantos daquele espaço,a sua mão esquerda agarrada ao pescoço.

Corro para ele e,pegando na sua mão livre começo a chorar.Não aguento vê-lo assim,depois de saber que foi um verdadeiro pai para mim.Eu o amo agora,neste preciso momento e isso é que importa.Harry,Ron e Hermione ficam atrás,olhando para a cena.

–Olhe para mim.-ele me ordena e eu obedeço,com uma lágrima a correr pelo meu rosto ensanguentado.-Você é tão linda.Espero que me ame como uma filha.

–Eu...eu amo.Você foi a pessoa que mais cuidou de mim...Obrigada...-digo por entre os soluços que teimam em aparecer e reaparecer.

Ele logo chama o Harry e pede que recolha duas lágrimas.Acredito que seja para ele as levar à Penseira e para ouvir toda a verdade escondida por tantos anos.

Em apenas um segundo,vejo os olhos de Snape se fecharem,e a respiração abranda até parar.Morreu.

Choro desalmadamente,agarrada com força à sua mão direita.Hermione insiste em me tirar dali,e consegue,com a ajuda de Ron.

Eu só sei que meu coração está partido em bocadinhos.Todos esses anos eu odiei o professor Snape,disse mal dele,o detestei com todas minhas forças.E agora,no final de tudo,descubro que ele me ama,ou amava,e que fazia tudo aquilo para me proteger.Difícil de acreditar,não é?Eu sei,eu sei.

–Têm lutado com grande coragem-a voz de Voldemort faz-se ouvir pela segunda vez naquela noite.Levo instintivamente as mãos aos ouvidos,mas em vão.A voz aguda e horripilante insiste em entrar dentro de minha cabeça.-Lord Voldemort sabe dar valor à coragem.No entanto,têm sofrido pesadas baixas.

Harry encostara-se à parede branca e fina,olhando para Hogwarts a ser destruída.Hermione caíra ao seu lado,assim como eu,ambas tentando que aquilo parasse.Ron parecia normal,apenas ficara ouvindo atentamente.

–Se continuarem resistindo-Voldemort continuou,com sua frieza na voz-morrerão todos,um por um.Não quero que isso aconteça.

"Nem eu",penso para mim própria conseguindo finalmente tirar as mãos dos ouvidos.Me levanto e me dirijo ao Harry,cruzando meu braço com o seu e encostando minha cabeça em eu ombro,esperando ouvir o que Voldemort tinha ainda para dizer.

–Lord Voldemort é misericordioso.Ordeno às minhas forças que se retirem imediatamente.Têm uma hora.Tratem dos vossos mortos com dignidade.Cuidem dos feridos.

Um arrepio percorre meu corpo inteiro.Mortos.Feridos.Quantos seriam?Muitos?Poucos?Sobreviveriam mais que os comensais da morte?

Draco.Ele podia estar morto.Esse pensamento quase me fez chorar,mas não.Eu tinha de ser forte.Pensar positivamente quando mais ninguém o fazia.

–Agora falo diretamente para você,Harry Potter.-pude sentir Harry estremecer,e agarrei seu braço ainda mais forte do que agarrava-Deixou que os seus amigos morressem por você em vez de me enfrentar pessoalmente.Vou esperar uma hora na Floresta Proibida.Se não vier ao meu encontro,se você não se render até ao fim desse tempo,a batalha irá recomeçar.Mas,dessa vez,eu próprio estarei entrando na luta,Harry Potter,encontrarei você e punirei todos os homens,mulheres e crianças que tenham tentado esconder você de mim.Uma hora.

Assim que a voz de Voldemort cessa,o silêncio paira no ar.Harry parece preocupado,então eu o abraço.

–Vai tudo correr bem,prometo.-anuncio e ele retribui o abraço,assentindo com a cabeça.

(...)

–Neville quem é aquele que Hagrid está trazendo?-pergunta Gina,aproximando-se do seu pai.

Voldemort vem na direção do castelo,com todos os seus homens.Hagrid vem preso,ao seu lado,com um corpo inerte nos seus grandes braços.Parece ter estado a...chorar?!

–NÃO,NÃO!-a ruiva grita assim que percebe quem é,correndo para o corpo.

–Calada!-exclama Voldemort,agitando sua varinha e lançando um feitiço para afastar a garota.

Duas lágrimas rolam pela minha face.É Harry,Harry é o corpo que vem juntamente com Hagrid.

–Harry Potter...está morto!-anuncia Lord Voldemort,rindo com sarcasmo enquanto seus comensais da morte também riem.-De hoje em diante,vocês depositam vossa fé em mim,e somente em mim.

Acabou.Sei disso.A cobra está viva.Harry está morto.É o fim.

–Draco...-ouço o pai do meu namorado a murmurar,pedindo que ele se junte a ele.Vejo o loiro a poucos metros de mim,indeciso com a escolha que tomar.O seu cabelo está desgrenhado e sujo,e suas vestes também.

–Draco...venha.-pede Narcissa,a mãe dele,estendendo a mão para o filho.

Vejo ele deslocando-se do sítio onde está e começa caminhando em direção a Voldemort.Se me sinto furiosa?Oh sim,sinto.Pensava que ele tinha mudado,ou que nunca chegara a ser do mal.Me enganei,me enganei tão bem!

Ele continua caminhando em direção ao Lorde das Trevas,sem parar.Quando seu corpo está a centímetros do de Voldemort,vejo ele a fixar seus olhos nos de serpente daquele horrível homem e respira fundo.Ele está com medo,e eu tenho a certeza disso.

–Não.Estou farto de estar fingindo ser quem não sou.Sabe?Eu amo a garota que você disse para a atrair,EU A AMO!Não me importa se irei morrer essa noite ou não,mas sabe?Eu irei lutar do lado certo hoje,e esse lado não é o seu.Não sou covarde,não tenho medo.-ele diz de uma assentada e eu me sinto orgulhosa dele.Ele mudou.Ele afinal mudou,e eu não posso estar mais contente.

–Olhem,Draco Malfoy apaixonado por uma grifinória!-exclama ele,e essa frase é motivo de risada para os comensais da morte.

–E quê?-interrogo,sem me conter.Não quero saber quem ele é nem o que tenciona fazer,preciso de dizer isso.-Que mal tem isso?Draco não se pode apaixonar por uma grifinória?O homem foi feito para amar.

Caminho até ao lado do meu namorado,entrelaçando minha mão com a sua.Voldemort me mete nojo.Sim,nojo.E eu estou farta dele,cansada disso tudo.

–E sabe porque você não ama?-pergunto,mas não lhe dou tempo para responder.-Porque você é um monstro.

–Chega!Eu vou matar você,Li Potter-Voldemort aponta para mim com o seu dedo pálido e esquelético.Consigo ouvir os alunos e professores atrás de mim sustendo a respiração,de surpresa.Draco me dá forças ao agarrar minha mão ainda com mais força.-E assim,a linhagem dos Potters vai acabar!

Só tenho tempo para ver Harry saltando do colo de Hagrid,tentando atacar Nagini,a cobra.Ele está vivo,o meu irmão,a minha única família,está vivo.

(...)

As minhas pálpebras estão pesadas.Sei que estou deitada e alguém parece estar vendo se eu acordo.

–Li!-exclama Draco,agarrando o meu rosto com suas mãos frias.-Está viva!

Ele me corta com um beijo profundo,nem tenho tempo para me levantar.

–O que aconteceu?-interrogo com uma dor acima da minha cintura.

–Longa história.Pensei que você tinha morrido,Li...

–Shh-o silencio,colocando meu dedo em frente aos seus lábios-Eu estou aqui.Espere...quem?...

Consigo ver um sorriso nascer-lhe no rosto.Seus olhos brilham de contentamento e suas mãos se entrelaçam nas minhas.Ele me ajuda a levantar e me abraça,me fazendo levantar do chão e me rodopia,no ar.

–Ganhamos,minha pequena.Podemos ser finalmente felizes!-ele exclama e eu dou uma risada.

Acabara.O sofrimento acabara.Podia ser feliz com o garoto que gostava,com Draco.Iria ter finalmente uma família.

Eu iria ser feliz.