Diálogos escrita por Bia Lobato


Capítulo 2
Capítulo 2 - Esclarecimento


Notas iniciais do capítulo

Obrigada às meninas que estão comentando! Vocês não sabem como me incentivaram. Por favor, continuem comentando, digam de que vocês gostaram e não gostaram. Tomara que gostem do segundo capítulo! Beijos!



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– Eu te amo, Teresa. - As palavras saíam de uma maneira tão natural. Por mais que sonhasse com isso, ela não imaginava realmente ouvir uma declaração dessas a esta altura, mas naquele momento tudo parecia tão simples.

– Eu... Eu também, mas...

– Não temos que inventar objeções depois de tudo o que se passou até aqui, Lisbon. Para mim está tudo muito claro. Nós sabemos o que queremos... o que sentimos. Eu observo a sua expressão, os seus olhos, e sei o que se passa aí dentro.

– Está certo, você é um mentalista. O que eu posso fazer a respeito disso? Nada.

– Você sabe que eu leria você mesmo se eu não fosse. Isso não significa que eu não possa usar minhas habilidades e minha inteligência a meu favor... ou melhor, a nosso favor. Mas não é disso que eu estava falando. Todos esses anos observando com toda a minha atenção, acompanhando, irritando... enfim, ajudando e atrapalhando a única pessoa com quem eu poderia reconstruir a minha vida me fizeram conhecê-la como ninguém, independente das minhas habilidades anteriores. Por exemplo, eu sei o quanto você se emocionou com o casamento de Grace e Wayne. Eu sei como você desejou que as coisas magicamente se tornassem simples para você como se tornaram para eles. Num belo dia, se eles ficassem juntos seria a ruína de suas carreiras. Mas o tempo passou e a proibição de relacionamentos entre colegas de equipe foi revogada e tudo se tornou mais fácil, simples. Eu sei como você desejou que fosse assim também para você, que os empecilhos simplesmente desaparecessem como desapareceram para seus pupilos.

– Não estamos aqui para falar de Grace e Wayne. Afinal, isto é uma declaração ou uma demonstração do seu poder sobre a minha cabeça?

– Você sabe exatamente o que está acontecendo aqui. - Ele diz rindo. - Seu medo de não estar no controle é que te impediu por tanto tempo de ver com clareza as coisas como elas são. Lisbon, eu não me importo com o poder. Se você quiser, ele é todo seu. Estou dizendo que posso ler e saber o que se passa com você apenas porque me dediquei durante muito tempo a te conhecer. Isso não é poder. Isso é amor. Você poderia ver tudo com essa mesma clareza se você não tivesse tanto medo.

– Medo de confundir tudo. De estragar um relacionamento que, até certo ponto, para mim está muito bom. Medo de que você vá embora depois de solucionar o caso Red John, ou de que você não me perdoe por eu não permitir que você o mate. Medo de me sentir patética após a sua ida. Nunca tive certeza sobre o que se passa com você. Você é, sim, controlador e misterioso.

– Você sabe o que eu sou. Eu minto muito bem, mas não para você, não é mesmo?

– É, eu sei quando você tenta me enganar. - Ela diz confusa.

– E é isso que eu estou fazendo agora? Estou tentando te enganar? Acha mesmo que você é uma ferramenta minha para chegar ao Red John?

– Não. - Ela diz quase sussurrando. - Agora você está sendo incrivelmente transparente e eu não sei o que pensar sobre isso.

– Olhe para mim, Teresa. Só eu sei quantas vezes eu quis chamá-la assim. - Ele diz colocando as duas mãos nos braços dela. - Eu também tenho os meus medos, mas não permito que eles me paralisem. Lembra da promessa do Red John de apagar minhas lembranças felizes? - Ela faz um gesto positivo. - Com exceção do dia em que tomei o chá alucinógeno e pude rever minha filha, toda e qualquer lembrança feliz que eu possa ter dos últimos dez anos envolve você. Eu odeio parecer melodramático, mas você não faz ideia de como pareceram uma eternidade os minutos após a ligação dele... do seu celular, dizendo que você não poderia atender. Tudo que eu queria era constatar que você estava viva e... e eu achava que você não estaria. Bom, mas você está aqui agora.

– É, eu estou aqui. Nós estamos aqui. - Ela olha ao seu redor e se dá conta de que estão à beira do mar, num dia um pouco nublado e que o sol se mostra timidamente. - Eu estou aqui, Jane. E, se o que você está tentando dizer é que você pode me ver, me ler, e que eu poderia fazer o mesmo com você se eu quisesse... bom, eu já saberia de tudo isso que você está dizendo. As coisas seriam simples e claras. Sendo assim, você acha que tantas palavras são realmente necessárias?

Jane sorri da maneira mais leve e espontânea possível. Ela faz o mesmo e os dois, que já estavam frente a frente, se aproximam ainda mais. Ela acaricia o rosto dele. Seus lábios estão quase se tocando.

Bertran entra na sala de Lisbon sem bater demostrando irritação. Ele fala num tom um pouco elevado:

– Lisbon, o agente Smith do FBI solicitou a sua participação num novo caso e...

Lisbon se levanta do sofá num sobressalto ao ouvir a voz do chefe. Seu coração está disparado, mas isto não se deve ao fato de estar literalmente dormindo em serviço e ter sido surpreendida pelo chefe. Seu susto foi por ter sido abruptamente retirada de um sonho tão bom e tão esclarecedor - depois dos tantos pesadelos que vinha tendo - pela voz alterada de um dos suspeitos de serem Red John. É como se o maldito assassino invadisse mais uma vez o seu sono para estragar a felicidade de um sonho que parecia tão real. Nos últimos dias, todas as menções ou a presença de qualquer um dos suspeitos a deixaram nervosa. Ela olha para Bertran à sua frente e tenta disfarçar tanto o fato de que estava dormindo quanto seu nervosismo diante de um possível Red John.

– Pois não, senhor. - Ela diz se colocando de pé e tentando ajeitar os cabelos.

– Você estava dormindo? Aqui? Com tanto serviço para ser feito? Com tantos assassinos pare serem pegos?

– Não, eu...

Neste momento a desconsertada agente Lisbon percebe mais uma presença em sua sala. Patrick Jane, que parecia ter estado ali durante todo o tempo em que ela dormia no sofá, estava sentado na cadeira dela diante de sua mesa. Ele demonstra muita tranquilidade, olha desafiadoramente para Bertran e dispara:

– Nós sabemos perfeitamente que existem por aí muitos assassinos desprezíveis que merecem e vão ser pegos. Mas, na verdade, Bertran, a Lisbon sentiu um pequeno mal estar e eu propus que ela se deitasse um pouco. Mas agora ela está melhor. Não é, Lisbon? E, certamente, ela vai agradecer pela sua preocupação, já que você é um chefe tão dedicado. - Ele diz com ironia enquanto Lisbon se esforça para se lembrar de como foi parar naquele sofá. Ela tenta diminuir o mal estar que se instaurou na sala mudando de assunto:

– Chefe, nós já estamos indo para a cena do crime. Eu mesma vou ligar para o agente Smith para saber o motivo do pedido de ajuda dele.

– Não foi um pedido de ajuda, foi uma solicitação, agente Lisbon. E eu espero que vocês dois estejam lá assim que possível. - Diz o chefe num tom de poucos amigos, antes de sair da sala.

Lisbon se certifica de que Bertran se afastou o suficiente e se volta para Jane ainda confusa:

– Acho que é você quem vai me explicar o que aconteceu aqui.

– Ah, sim, claro, Lisbon. Acontece que o Bertran está irritado pelo modo como o Smith tem agido. Você viu o que ele disse: foi uma solicitação, uma espécie de convocação, e não um pedido de ajuda. Por algum motivo, Bertran é obrigado a atender às "solicitações" do Smith e isso o faz se preocupar com a perda de seu poder. Sabe, tem pessoas que não abrem mão do poder ou de estar no controle... - Ele diz pensativo, olhando nos olhos dela. - Bom, é por isso que o seu chefe entrou aqui tão abruptamente e te tirou dos seus sonhos.

– Não era do Bertran que eu estava falando. Eu perguntei o que aconteceu para eu estar dormindo profundamente durante... - ela fica confusa - Oh, meu Deus, eu nem sei durante quanto tempo... Enfim, quero saber como eu, uma profissional responsável, simplesmente durmo no sofá da minha sala em plena hora do expediente.

– Bom, você não tem dormido bem à noite, tem tido pesadelos... Devia estar muito cansada e resolveu tirar uma soneca. - Ele diz num tom bem humorado se fazendo de desentendido.

– Jane, você me hipnotizou! - Ela diz irritada.

– Olha que situação interessante: trocamos de papel por um dia: eu aqui sentado diante da sua mesa, mexendo em seus relatórios chatos, e você ali no sofá, lugar que eu tanto aprecio, dormindo em serviço, como eu costumo fazer. Não é uma experiência no mínimo inquietante? Devíamos repetir isso.

– Ah, que ótimo, então devo dizer que eu também pretendo ler a sua mente. Já que estamos trocando de papel, é bom fazermos isso direito. - Ela diz irônica.

– Oh, boa sorte com isto. - Ele diz rindo.

– Por qual razão você fez isso, Jane?

– Você precisava de algum sonho depois de tantos pesadelos.

Ela o observa desconfiada por alguns segundos. Como ele sabia que ela iria sonhar?

– Vamos atrás do Smith para descobrir logo o que ele quer.

– É claro que vamos. - Ele diz abrindo a porta e fazendo um gesto para que ela passe. Lisbon passa pela porta e Jane a segue, observando, antes de sair, a mesa cheia de papeis e o sofá onde Lisbon dormia profundamente até poucos minutos atrás.


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Notas finais do capítulo

Bom, acho que deu para entender que o "diálogo esclarecedor" foi apenas um sonho... Por enquanto. A parte final, se passa antes do quarto episódio da sexta temporada, quando o Smith convoca Patrick e Teresa para uma cena de crime. E então? O que acharam?



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