Diálogos escrita por Bia Lobato


Capítulo 3
Capítulo 3 - Melancolia


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo se passa no momento em que Jane se prepara para se reunir com os suspeitos de serem Red John (episódio 6 da sexta temporada). É um trecho um pouco triste porque Jane e Lisbon não estão juntos :(. São reflexões dos dois, neste momento que parece de despedida. Mas não se preocupem, isso é só por enquanto. Vou dar um jeito de juntar esses dois nos próximos capítulos rsrs! Me desculpem pela demora em postar este capítulo. Tive alguns imprevistos. Mas os próximos serão publicados mais rápido, se Deus quiser. Enfim, espero que gostem. Beijos!



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Patrick Jane estava mais uma vez em seu antigo quarto, na casa de Malibu, olhando para aquele rosto sorridente desenhado na parede. Os anos desbotaram o desenho feito com sangue, mas a dor e a revolta que ele sentia eram as mesmas de dez anos atrás. O sofrimento era visível em seu olhar, assim como o desejo de que tudo aquilo acabasse logo. Dez anos se passaram desde que ele iniciou sua caminhada em busca de vingança e ele estava emocionalmente esgotado, embora não demonstrasse. Tinha vontade de viver outras situações, ter outros objetivos, construir novas motivações, mas nada disso poderia acontecer enquanto Red John não estivesse morto. Ele suspirou, desceu as escadas e caminhou até o cômodo onde havia planejado o encontro com os suspeitos. Jane preparava suas armas quando o que ele já tinha previsto aconteceu: o telefone tocou e, é claro, era ela:

– Jane...

– Alô, Lisbon - Ele tenta demostrar calma, sua voz sai aveludada.

– Jane, não faça isso. Não sem mim. - Ela, ao contrário, está muito tensa e deixa transparecer.

– Ouça, eu sinto muito - Ele diz soando sincero.

– Jane, eu estou te implorando! Você está em perigo!

– Vai ficar tudo bem. Eu ficarei bem.

– Não, você não vai. Faça isso, e jogará sua vida fora.

– Tchau, Lisbon.

– Jane, não...

Ele desliga o telefone ainda pesaroso por ter enganado Lisbon e por tê-la deixado tão preocupada. Era uma mulher tão admirável... Ele sabia que ela o amava, mas também conhecia bem a Teresa Lisbon durona, chefe de uma equipe de polícia, a Teresa Lisbon irritada, revoltada, e é assim que ela deveria estar. Ele a enganara, a deixara sozinha à beira de uma estrada sem carro e sem celular. Ela tinha todos os motivos para estar com raiva e no entanto seus protestos eram apenas de preocupação com a segurança dele. Ela deixara seus sentimentos, seu orgulho e sua raiva de lado, porque, naquele momento, tudo o que importava era que ele estivesse seguro. "Que mulher surpreendente!", ele pensava. Mas não havia tempo para pensar nisso agora. Estava tudo pronto para o momento que ele esperou por dez anos.

Dirigindo o carro que pegara "emprestado" daquele homem na estrada, Lisbon se culpava por não ter percebido os planos de Jane desde o começo. É claro que ele não queria a presença dela quando estivesse cara a cara com Red John. É claro que ela não tinha sido suficientemente convicente ao dizer que havia mudado de ideia e que permitiria que ele matasse o assassino de sua família. Na verdade, ela mesma não sabia exatamente como agiria se estivesse presente nesse encontro. Ela sabia que, se fosse preso, o maldito assassino teria seus contatos e fugiria antes de um julgamento com uma possível pena de morte. No fundo, ela também desejava a morte dele, como Jane. Sentia que seu parceiro merecia sua vingança depois de tanta espera. Mas ela era uma policial, honesta, correta e não podia permitir que ele matasse Red John sem pelo menos tentar impedir. Esta dualidade a deixava confusa, não podia ser cúmplice de um assassinato, mas, no fundo, torcia para que Jane conseguisse atingir seu objetivo. Agora, tudo o que ela queria era que aquilo acabasse e Jane saísse são e salvo daquele encontro em Malibu. Pouco importava se ele iria matar mesmo Red John. Tudo bem, se isso acontecesse, ela faria o que pudesse para protegê-lo, para impedir que ele fosse preso e condenado. Ela ajudaria no que fosse preciso, mas jamais admitiria isso para ele previamente. Tinha que acelerar. Tinha que chegar logo para impedir que algo ruim acontecesse. Ela recordou dos últimos dias, como tinham sido suas conversas com Patrick Jane e como ela tinha sido ingênua ao acreditar que ele a incluiria em seu plano.

– Droga! É claro que ele mentia quando disse que concordava 100% com minha presença. Ele percebeu que eu não acreditei e armou tudo isso para me enganar... Jane é mesmo um sujeito dominador. Isso me assusta. Caramba, eu sou a chefe! Eu estou no comando da busca pelo Red John. Droga! Odeio ser tão transparente para ele. Não sei mentir... E ele sabe de coisas sobre mim que nem eu mesma me atrevo a admitir. Ok, eu me apaixonei, pronto. Qual é o problema? Ele é lindo, inteligente, sabe como envolver as pessoas... Eu não tenho vida social, vivo enfiada no trabalho e o vejo todos os dias... É natural uma espécie de amor platônico por um colega de trabalho nessas condições. Mas isso não significa que eu deveria me deixar ser enganada. Deus, o pôr do sol... Eu tenho sido mesmo uma garotinha idiota! Mas sei que ele não mentiu. O modo como me olhou, o constrangimento ao tentar evitar o olhar direto, os olhos brilhando... O agradecimento e a afirmação de que eu não tenho ideia do quanto significo para ele... Não tenho mesmo... Nunca vi uma pessoa tão cheia de mistérios! Mas o que ele disse não foi mentira. Foi uma despedida. Oh, meu Deus! Ele não planeja mais me ver! Por isso disse que precisava dizer aquilo naquele momento quando eu afirmei que ele poderia agradecer depois... Eu devia tê-lo segurado! Por que fiquei sem palavras? Por que acreditei na droga da surpresa? Ele não planeja um depois! Ou planeja matar Red John e fugir ou pensa na possibilidade de morrer durante este encontro. Eu tenho que chegar logo!

Jane esperava a chegada de seus convidados enquanto refletia sobre os últimos dez anos de sua vida. Estava ansioso para fechar esta etapa. Não sabia exatamente o que iria fazer depois, mas tinha certeza de que deveria ir para bem longe, caso tivesse sucesso em seus planos de matar Red John. Seu passado como consultor de uma agência de investigação deveria ser esquecido, afinal, era só um recurso para encontrar Red John. Não se permitira refletir sobre o que sentia por Lisbon, sua atenção estava totalmente concentrada na vingança contra o assassino de sua família, mas devia admitir que ela era uma grande parceira.

– Eu não queria te magoar, Lisbon. Aliás, se eu pudesse... Se eu pudesse, eu a faria feliz. Queria que nossa despedida fosse diferente. Preferia tê-la deixado sonhando com algo bom, como fiz há alguns dias. Se houvesse como começar tudo de novo... Bom, o que eu tinha que dizer foi dito. Ela sabe que significa muito para mim. Depois de tanto tempo evitando falar ou demonstrar qualquer fraqueza, qualquer sentimento, eu fui sincero. Ela sabe disso. Apesar de tudo ela sabe... Isso basta. Fomos bons parceiros, mas tudo acaba. E é bom que seja assim, porque, se ficasse mais tempo ao lado dela, eu poderia tomar alguma atitude insensata, como aconteceu quando simulamos a morte dela, para levar sua cabeça para o Red Jonh... Oh céus, eu disse que a amava! Ainda bem que consegui disfarçar quando ela me questionou depois. Ela acreditou... Logo eu, com meu incrível palácio das memórias, tinha esquecido algo que disse... E algo tão significativo. Ela me desconcentra... Hoje, olhando o pôr do sol, com aquele abraço tão carinhoso, com o sorriso sem graça dela.... Eu desejei esquecer de tudo e ir embora com ela naquele momento. Esquecer o passado, a polícia, o Red John... Só queria estar com ela. Tenho mesmo que me afastar. Isso é muito perigoso. Na verdade, os amores platônicos são os melhores. Teresa Lisbon é a mulher dos meus sonhos e continuará sendo. Muitas coisas aconteceram e acontecerão em minha imaginação, mas, se fôssemos concretizar isso, nada acabaria bem. Ficamos bem com o amor platônico. É bom saber que ela também sonha comigo. Isso me envaidece, mas sempre me preocupei... Bom, acho que agora não há mais motivos para preocupação. Minha fase de parceiro de Teresa Lisbon já passou... Ela será uma boa lembrança. A melhor lembrança. Cada olhar de reprovação, cada bronca, cada vez que eu a deixei nervosa, cada vez que ela mentiu para me ajudar, cada vez que saímos juntos em busca de um assassino, cada vez que eu a surpreendi, cada sorriso, cada vez que vi seus olhos brilharem... Tudo isso permanecerá no palácio das memórias. Sempre.

Ele achava estranho estar pensando sobre sua relação com Lisbon num momento tão primordial: o momento de resolver o caso Red John. Faltava pouco para concretizar sua vingança e ele estava confiante. Olhou para a arma. Seria a última vez que ele utilizaria uma. Detestava armas. Escondeu a espingarda atrás de um móvel e ajeitou a outra arma em sua cintura. Ouviu o barulho de um carro chegando e, em seguida, um assobio. Era chegado o momento.


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Notas finais do capítulo

O que acharam gente? Fiquei triste escrevendo esta parte... Mas eu queria retratar o que os dois sentiram naquele momento de separação e acho que não tinha como ser diferente... Enfim, me digam o que acharam. Beijos!



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