Elo Perdido escrita por CaahOShea, Bellah102


Capítulo 1
Elo Perdido - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá amores da nossa vida! Que saudades de vocês e de escrever algo tão especial sobre A Hospedeira!Há muito tempo começamos essa One e finalmente chegou o grande momento de postá-la! Ela foi a nossa grande vencedora em um concurso de One-Shot Originais de The Host # orgulhosa. Portanto, esperamos que gostem tanto quanto nós. Foi um grande prazer escrevê-la. Não deixem de comentar ein! *-*
Afinal, reviews são nossos combustíveis. Boa leitura!Beijos!



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Dale M. Porter

A noite estava aberta, e as estrelas eram a única fonte de luz além dos meus faróis projetando-se pela estrada de terra à frente. A Lua estava nova, não havia sinal dela em lugar algum no imenso céu acima de mim. O velho carro deslizava pela estrada esburacada como uma cobra do deserto, levantando poeira atrás dele. O conversível vermelho deu um leve salto quando o asfalto começou o que me fez rir baixinho. Sabia que o meu pai jamais faria isso com seu bebê, e que se estivesse comigo, me daria uma bronca. Suspirei baixinho. Se estivesse comigo eu jamais teria pegado nesse volante.

Uma placa se aproximava rápido, então eu desacelerei para lê-la. Você está entrando em Wibaux – População: 485.

–Eles pintam uma placa nova a cada novo censo ou quando alguém nasce ou morre?

Perguntei-me, puxando a pesada marcha do carro e fazendo-o alcançar maior velocidade novamente. Como o vento não me deu nenhuma resposta – aliás, ele nunca dava – resolvi pensar em assuntos mais urgentes.

Cidades pequenas eram as mais perigosas. Todos se conheciam, e passar despercebida era difícil. Roubar comida despercebidamente era ainda mais difícil. É claro que as Almas, como perfeitas “cavalheiras”, jamais desconfiariam que a garota nova era uma humana selvagem. Mas seria a primeira pessoa em quem eles pensariam quando se dessem conta do que estava faltando. Ainda assim, precisava parar ali. Meu estoque estava quase acabando, e precisava reabastecer antes de voltar para a Dakota do Norte.

A vontade me pegara de surpresa, enquanto passava por Nevada. Aonde ir agora? Já havia rodado todo o Norte do país e para que? Não havia ninguém me perseguindo. Nenhum dos estúpidos Buscadores tinha tanto interesse assim em mim. E se eu voltasse para casa? Meus pais e irmãos zumbificados estariam lá, é claro, o que tornava tudo mais perigoso, mas talvez fosse o melhor a fazer. A fazenda era grande, e não era aproveitada por inteiro. Eu podia me arranjar em qualquer um dos barracões abandonados que havia espalhados pelos palanques. Quem sabe arranjaria outro cachorro para vigiar a casa, só em caso de alguém aparecer. Respirei fundo, balançando a cabeça, certa. Em casa era onde eu queria estar agora.

Levantei a mão levemente do volante, encarando a cicatriz no meio da minha palma.

Ganhara em um dos meus primeiros dias como resistente. Arranhara ao sair de uma casa, na maçaneta da porta. Fora pura sorte que a ferida não infeccionara. Ainda assim, aquela pequena linha branca me fazia pensar... Será que estar em casa significava a mesma coisa que significava antes? Será que eu mudara demais para aquela vida?

De repente, vindo do nada, um raio de luz cegou meus olhos. Levantei-os, assustada, de minha mão, e tudo o que encontrei, foi à luz chegando mais e mais forte. Pisei forte no freio até que os pneus cantassem, mas percebi que o carro não desaceleraria à tempo, antes mesmo do impacto. Soltei o volante para proteger o rosto com os braços. “Meu pai vai me matar”, pensei por um segundo. E quando comecei a me repreender, e me lembrar que meu pai não existia mais, senti uma dor incapacitante nos braços, e uma náusea paralisante enquanto meu corpo era projetado para frente.

Trevor Norris

Saltador pulou do banco do carona para o meu ombro e grasnou, bicando minha orelha de leve, reclamando.

–Eu sei, eu sei, colega. Nós já vamos chegar, está bem? Não se preocupe.

Ele deu um assobio longo, quase como um suspiro. Então começou a assobiar o hino dos Estados Unidos, olhando em volta e balançando a cabeça amarela de penas macias. Olhei para ele de lado, sorrindo de leve. Saltador era uma boa companhia. E boas companhias para mim eram raras desde Rosas do Deserto. Suspirei, fechando os olhos e balançando a cabeça. Não ia pensar nisso.

Uma luz muito forte me faz abrir os olhos, deixando-me cego por um instante. No segundo que eu pisquei, senti um forte baque empurrando-me para frente seguido de um estrondo ensurdecedor, e então fui arremessado contra o volante. O airbag estourou, imprensando-me contra o meu banco. Atordoado, pisquei algumas vezes, tentando fazer os pontos pretos a minha frente sumirem da minha visão.

–Saltador? Saltador? – Chamei. Ele saltou do chão do carro para o banco do carona e balançou a cabeça, irritado, grasnando. – Desculpe, amigo. Você está bem?
Ele pulou para a mão que eu lhe estendi, gemendo baixinho, do mesmo jeito que vinha fazendo antes. Era impossível ver qualquer coisa pelo retrovisor, mas tive a impressão de ver algo ou alguém lá fora. Só esperava que, o que ou quem quer que fosse estivesse bem.

–Venha, Saltador.

Ele foi até meu ombro, arrastando-se pelo braço, enquanto eu abria a porta e me esforçava para sair do carro. Minhas pernas doíam terrivelmente, mas ainda assim consegui pôr-me de pé.

Dale M. Porter

Pisquei atordoada. Sentia-me em um sonho, completamente envolvida em gelatina. Abri a porta do carro, cambaleando para fora. Sentia meus braços pesados, molhados e quentes. Não conseguia erguê-los de forma satisfatória, como se fossem feitos de borracha. Cambaleei para longe do carro, com as lágrimas escorrendo pelo rosto. “O que eu fiz?! O que eu fiz?!”, perguntava-me pensando em meu pai. Aquele carro era o tesouro dele. A última parte da alma dele que não tinha se perdido naquela loucura alienígena, e eu tinha destruído ele.

–Olá? – Ouvi uma voz chamar. Oh não! – Com licença, você está bem?

Droga! Tropecei para fora da estrada, na direção das árvores. Caí de frente para um abeto, segurando-me para não cair sentada. Olhei para baixo, e gemi ao ver meus braços vermelhos de sangue e cheios de cacos de vidro. Ouvi passos atrás de mim.

–Não se aproxime!

Gritei, virando-me de costas para a árvore, para encarar o homem a minha frente. Seus cabelos eram louro-dourados, e os olhos, cinza escuros e prateados. Comecei a tatear ao redor para procurar por uma arma quando algo me chamou a atenção. Uma pequena ave amarela, branca e cinzenta estava pousada no ombro do homem. Aquilo, por alguma razão, chamou minha atenção.

–Uma calopsita... Não vejo dessas há algum tempo. Murmurei surpresa demais para ter qualquer reação apesar do perigo iminente que estava correndo.

Fazia mesmo muito tempo, sim, mas eu podia me lembrar como se fosse ontem, aquele pequeno pássaro inundou minha mente com lembranças felizes onde eu não precisava fugir de Buscadores em seus carros cromados e ter minha mente apagada.

Bem antes de a Invasão iniciar, eu brincava inocentemente no pequeno jardim da minha mãe, enquanto ela estendia lençóis recém-lavados e cheirando a amaciante no varal e cantarolava feliz. Enquanto em vestia minha boneca de pano para seu importante baile com seu príncipe encantado, meus olhos captaram um pequeno e indefeso calopsita de cor chumbo e topete branquinho como a neve e um tom alaranjado nas bochechinhas caído na grama, tentando voar de forma engraçada, para longe dali, mas ele não obteve muito sucesso.

Ele estava ferido e silvava como se sentisse uma dor aguda. Sua asinha estava quebrada. Aquela tinha sido a primeira vez que meu poder de convencimento surtiu efeito e consegui convencer meus pais a ficar com ele e a tratá-lo até que ele ficasse bom. Tinha sido meu melhor amigo por muitos anos, até morrer de velhice.
Balancei a cabeça em negação tirando-me dos meus devaneios, mas percebi que isso não foi uma escolha sábia. A cabeça doeu em resposta.

–Senhorita, você está bem?

O homem perguntou de novo e eu me encolhi amedrontada, sentindo minhas pernas tremerem. Seus olhos cinzentos me encaravam preocupação quando encontraram meus ferimentos frescos e cheios de cacos de vidro.

– Isso parece bem feio. Deixe-me ajudar.

Ele disse e sua mão se estendeu em minha direção em auxilio.

Eu neguei, me encolhendo contra a árvore atrás de minhas costas. Eu tentava manter meu rosto baixo, escondendo meus olhos do desconhecido, que continuava me fitando sem entender minha reação.

Gemi, virando-me num átimo de segundo, tentando correr para longe dele. A mudança brusca de posição fez com que tudo girasse em minha volta, pontos coloridos piscando sobre minhas pálpebras, acabando com meu precário equilíbrio. Mas antes que eu pudesse cair como uma fruta podre no chão, mãos fortes me seguraram pela cintura, me mantendo em pé.

–Tem que ir com calma, moça.

O desconhecido disse, cordial, apesar das mãos quentes na minha cintura.

–Me solte, eu preciso ir. – Murmurei empurrando-o pelos ombros. Tire as mãos de mim, criatura. – Eu estou bem, posso continuar sozinha, obrigada.

Minha respiração começava a me denunciar, errática e fora de tom. Eu sabia que não demoraria a ser descoberta e precisava sair dali rapidamente antes que ele decidisse checar meus olhos.

Antes mesmo que eu pudesse pensar em sair correndo novamente, um brilho iluminou meus olhos amedrontados. Há milhares e milhares de quilômetros da Terra uma estrela cadente cortava o céu cheio de estrelas, e ali – naquela pequena cidade – o brilho daquela estrela refletiu meus olhos sem brilho de prata. Mas refletiu algo além dos meus, refletiu o brilho dos olhos do homem a minha frente, que tingiu meu rosto pálido com uma luz prata brilhante por dois curtos segundos.

–Os seus olhos... Eles não... Brilham. – Ele semicerrou os olhos e então os arregalou – Você ainda é humana.

Ele murmurou, soltando as mãos da minha cintura e dando um passo para trás, surpreso. Sua reação era diferente do que eu esperava. Ele não parecia estar com medo, mas sim um misto de admiração e curiosidade.

–Por favor, não me entregue – Murmurei com voz estrangulada, dando um passo atrás, por segurança, sentindo meus machucados arderem. Aquele desconhecido, uma alma, era minha única salvação. Se ele chamasse os Buscadores, meu fim estaria decretado – Não chame os Buscadores, por favor. Por favor, eu não fiz nada de errado...

–Eu não vou te machucar.

Disse com voz firme.

–Por favor, não os chame.

–Não vou. Eu prometo.

Durante muito tempo, no inicio da invasão dos alienígenas – alienígenas! Que papo de maluco! – ninguém percebeu a diferença, nem mesmo meu pai, um homem esperto e vivido. Mas agora, anos depois, eu havia aprendido, como as linhas das minhas mãos, sua forma de agir.

Eles eram sempre amistosos e bondosos, prontos para ajudar. Porém, eu ainda era uma humana. Selvagem, de acordo com as Almas. Seu principal objetivo era me tornar um deles e erradicar qualquer tipo de resistência que abalasse sua forma de vida artificial e doentia. Fazer meus olhos reluzirem o tom prateado como os deles. Mas aquele homem desconhecido não parecia querer nada disso. Parecia estar falando a verdade. Mas será que eu deveria confiar nele? No inimigo?!

Com aqueles ferimentos, supunha que não poderia chegar muito longe se não o fizesse.

Não confie em ninguém. Era o que meu pai me ensinara desde que a invasão começou. Eu estava sozinha num mundo dominado pelas almas e a cada dia viva era uma pequena vitória. Mas os olhos daquele homem desconhecido pareciam um mar de dor e perda irreparáveis, um vazio que eu jamais havia visto. É como se me dissessem que eu podia confiar nele.

–Como posso confiar em você?

Perguntei, encarando-o. Ele pareceu confuso, como se não pudesse conceber a ideia de que eu não confiasse nele.

–Eu acho que... Você precisa. Está ferida.

Eu devo estar mesmo louca, pensei, Conversando com o inimigo, onde está meu instinto de sobrevivência?

–O que há de errado com ele?

Perguntei, mudando de assunto, incomodada o comportamento do pequeno pássaro, que reclamava a todo o momento. Algo estava errado com aquele pequenino, eu tinha certeza.

O homem suspirou, acariciando a ave.

–Ele está estranho há algumas semanas. – Confessou – Reclama boa parte do tempo, e quase não canta mais pela manhã. É um sacrifício fazê-lo se alimentar.

Eu fiz que sim, virando a cabeça de lado, examinando-o à distância. O coração acelerado começava a desacelerar, como se o perigo tivesse passado. Mas meus punhos ainda estavam rígidos e meus olhos secretamente ainda procuravam uma arma.

–Acalme-se pequeno, seria falta de cavalheirismo deixar uma senhorita machucada aqui. – Murmurou ele conversando com o pássaro que ficava cada vez mais impaciente. Voltou a olhar para mim e estendeu sua mão. – Eu me chamo Trevor. Trevor Norris.

Que mal poderia fazer?

Dale. – Disse -Dale Porter.

Ele sorriu, assentindo.

–E esse é meu amigo e companheiro, Saltador – Apresentou o pequeno pássaro. Como se tivesse compreendido o dono, Saltador assobiou para mim, em cumprimento. Eu sorri involuntariamente – Ele é meu companheiro e amigo desde que ainda era um filhotinho.

–Olá amiguinho – Estiquei o dedo para acariciá-lo, mas hesitei, olhando para a Alma, Trevor. Ele assentiu, me incentivando a continuar. Tensa, acariciei com carinho suas plumas macias – Eu sou a Dale. Acho que você precisa de ajuda, não é? Eu posso te ajudar, pequeno.

Trevor, cuja extrema beleza eu não havia notado até aquele momento, quando as estrelas fizeram brilhar um halo ao redor dos cabelos claros, me fitava com uma expressão assombrada. Era quase como se eu fosse a alienígena. O que, nas circunstâncias atuais, eu era. Suspirei e me afastei, mantendo uma distância segura.

–Você pode mesmo ajudá-lo?

Ele indagou curioso. Assenti. Isso chamou a atenção dele. Preciso usar isso.

Dei de ombros, sentindo uma pitada de amargo por ele não acreditar em mim.

–Não, eu... Eu acredito em você. -Balançou a cabeça. -Como sabe disso?

–Eu sou... Quer dizer... Eu era... Antes de Invasão... Eu era estudante de Veterinária – Atrapalhei-me para explicar, e mordi o lábio – Eu sempre amei os animais.

Ele virou a cabeça de lado, como se examinasse uma imagem que não soubesse ao certo dizer o que é.

–Você é tão diferente do que eu imaginava... Quero dizer, para uma humana selvagem.

–Você esperava o quê? Que eu comesse criancinhas e me limpasse com folhas? Ou que colocasse uma faca o seu pescoço?

A última é uma ideia tentadora, não nego. Ele balançou a cabeça, sem entender minha piada.

– Eu jamais pensei em encontrar alguém como você. – Sussurrou como se temesse me assustar se falasse alto demais. – Não acho que você machucaria ninguém... -Teste-me. -Porque dizem que machucaria?

–Alguns humanos... Eram violentos. – Dei de ombros – Mas nem todos eram assim. Eu não sou assim, jamais machucaria ninguém a menos que seja forçada a isso. -Ele piscou, surpreso por eu ter falado tanto. -Isso parece muito surreal, não é?

Disse, em voz baixa, nossos olhos se cruzando pela primeira vez desde a estrela cadente. Ele fez que sim. Um vento frio cortou a noite, me fazendo estremecer, passando as mãos pelos braços na tentativa se aquecer-me, mas não adiantou muito. Esqueci-me dos ferimentos e quase piorei tudo com o vidro ainda grudado ali.

Trevor Norris

Surreal. Essa era a palavra certa, que Dale tinha usado para descrever o que estava acontecendo e eu concordava com ela. Tudo aquilo parecia obra de um daqueles sonhos impossíveis, dos quais você acordava de repente sem entender porque sonharia uma coisa daquelas.

Ela tentou esfregar os braços, provavelmente na tentativa vã de se esquentar. A noite estava bastante fria, e a blusa fina que ela usava úmida com o próprio sangue com certeza não era seria o suficiente para aquecê-la. Bondosamente, tirei meu casaco, estendo-o para ela.

Ela hesitou, olhando de mim para o casaco, como se eu lhe oferecesse sua própria morte. E voltamos ao estágio zero, pensei.

–Você deve estar congelando aqui fora, e com certeza seus machucados devem estar ardendo bastante.

Tentei convencê-la.

Ela fez que sim, uma pequena careta tomando seu rosto antes que ela pegasse o casaco. Ela pegou-o nas mãos, acariciando o tecido macio como se acolhesse uma criança nos braços. Imaginei, pelo que usava, que não devia ver roupas novas há algum tempo. Ela pousou a peça em volta dos ombros, parecendo mais confortável e com certeza mais aquecida.

Suspirei. O que eu faria agora? Entregá-la era o que eu devia fazer, afinal esse era o meu dever, como Alma. Era meu dever para com a minha espécie, e para com o mundo melhor que tentávamos construir. Porém, por um motivo forte e desconhecido por mim, sabia que não seria capaz. Deixá-la sozinha novamente estava fora de cogitação também. Aqueles ferimentos poderiam facilmente dar origem à uma infecção, e certamente seriam notados.

Fitei-a novamente em silêncio, tentando resolver o meu dilema. Ela parecia tão doce, delicada e feminina. Apenas uma criança. Mas seu rosto sujo de terra vermelha e as pequenas bolsas em baixo de seus olhos denunciavam que apesar de jovem, ela havia passado por muita coisa em sua vida de resistente.

–Dale, você tem para onde ir?

Indaguei, enquanto Saltador pulava no ombro dela, desbravando seu novo território. Ele não era dado a confiar em outra pessoa que não fosse eu.
Ela deu ombros.

–Você pode ficar na minha casa, por essa noite. – Propus casualmente – Eu tenho um amigo, que trabalha com carros, posso pedir a ele que cuide do seu, e você cuida de Saltador enquanto isso.

Ela suspirou, pensando por alguns instantes.

–Tudo bem, eu aceito a sua proposta. – Concordou, mas a intensidade dos seus olhos diminuiu – Mas se o seu amigo estragar os bancos de couro do meu pai, ele vai descobrir o gosto de terra e minhocas.

Horrorizado, não entendi o que queria dizer. Mas então ela sorriu e eu sorri de canto de lábios, de forma discreta, em resposta. Aquilo devia ser algum tipo de tentativa de contato. Ela era graciosa para alguém que vivam longe da civilização. Seu sorriso às vezes me lembrava-me o de Rosas do Deserto. Tão vívido... Sua vontade de viver era evidente e seu comportamento humano, embora às vezes parecesse um tanto inadequado, tornava-a tão singular. Única, eu diria.

–Não confia ainda em mim, não é?

Ela estalou a língua, novamente a postura desafiadora.

–Não é nada pessoal. Mas precaução é tudo para uma boa menina.

Caminhamos em silencio até o carro, o som dos nossos passos ecoando sobre as pedrinhas na estrada. Percebi que Dale não me seguia e virei-me para ela ao ouvir o som de vidro. Olhei para ela, mas ela se endireitou do que quer que estivesse fazendo, e colocou as mãos nos bolsos da calça. Dei de ombros e abri a porta do passageiro primeiro, para que ela entrasse, e contornei o carro, assumindo o volante.

Dale fitou o conversível vermelho, estacionado de qualquer jeito no meio fio.

–Prometo que venho buscá-lo depois.

Prometi ligando o aquecedor para aquecer-nos.

Dale fez que sim, indo até o carro e entrando, fechando a porta com um pouco mais de força do que o necessário.

–Obrigada, de verdade. -Encarei-a, surpreso. Sua gratidão era estranha, já que ela não parecia aprovar nada do que eu estava fazendo. -Ninguém nunca cuidou de mim, assim. Depois dos meus pais.

Completou. Vi os olhos brilharem, mais úmidos, mas ela desviou os olhos rapidamente.

Eu fiz que sim, compreendendo. Eu podia ter uma vaga ideia de como ela se sentia. Sozinha. Desamparada. Há algum tempo, esses sentimentos também eram meus companheiros, no minuto em que eu abria meus olhos para um novo dia.

–Vamos, vou te levar para casa.

Dale M. Porter:

Suspirei, me ajeitando na poltrona macia do carro. Trevor dirigia com cuidado pelas ruas vazias e sombrias, mantendo-se no limite de velocidade. Rolei os olhos. Almas eram tão certinhas, tiravam a emoção de qualquer coisa, pensei. Eu ainda me sentia um pouco desconfortável, um silêncio mortal pairando no ar.

Arrisquei-me a enfiar a mão dentro do bolso. Senti o pedaço de vidro lá, cortante. Uma garantia, nada mais. Não achava que Trevor fosse querer me machucar, mas nunca se sabia... Saltador descansava em meu colo, parecendo confortável, soltando alguns assobios baixinhos, arrepiando as penas.

Uma coisa me chamou a atenção enquanto passávamos pela cidade – que não passava de um amontoado de casas e prédios baixos - até chegarmos até a casa de Trevor. No banco de trás de seu carro, um jaleco perfeitamente passado, e branquíssimo, quase cândido, se mantinha sozinho, ao seu lado, uma maleta de cor mogno, de tamanho médio. Cerrei os olhos, tentando enxergar melhor as letras bordadas no tecido. Centro de Cura Salt Fork In, dizia parte dos dizeres. Meus olhos se arregalaram quando eu li o resto das palavras, Curandeiro Trevor Norris.

Minha boca se abriu, surpresa, nenhum som saindo de meus lábios.

Trevor quebrou o silencio por nós, percebendo minha inquietação.

–Eu sou Curandeiro, num centro de Cura no centro. – Explicou soltando um suspiro alto. – Desde que eu cheguei a Terra, ajudar nas Curas sempre me pareceu o meu chamado, sempre me pareceu certo.

Eu respirei fundo, tentando me acalmar.

–Você parece assustada com a descoberta, eu sinto muito. – Ele comentou, vendo meu peito subir e descer à medida que o ar enchia meus pulmões. – Não precisa se preocupar. Eu dei minha palavra que não a machucaria, não é?
Eu tentei sorrir, em vão, mas minha mão voltou a deslizar pelo bolso.

–Nesse momento você deveria estar colocando um de vocês na minha cabeça – Murmurei assombrada – No entanto, estamos dividindo o mesmo carro, e você está me protegendo. Isso é realmente muito mais surreal do que eu jamais imaginaria.

Ele fez que sim, concordando plenamente.

–Nós estamos chegando. – Ele anunciou e notei que íamos para uma parte afastada. Minhas mãos começaram a tremer de ansiedade ou nervosismo, eu não sei. Subitamente senti uma mão pegar a minha no banco. Olhei para o banco e vi a mão de Trevor segurando a minha com firmeza.

–Chegamos

Murmurou e o vi estacionar diante de um grande portão negro, onde uma pequena, porém chamativa placa de Boas Vindas nos recepcionava. Todas as Almas não são bem vindas em qualquer lugar? Qual a intenção dessa placa, então? Do outro lado do imenso portão, eu observei pequenas, porém aconchegantes casas em estilo colonial, roseiras floridas decoravam a fachadas das casas coloridas.

Soltei a mão de Trevor, colocando Saltador sobre o seu colo e deslizando do banco para baixo do painel, quando vi que nos aproximávamos da portaria.

–O que está fazendo?!

–Me escondendo. A ideia é eu não ser encontrada, não é?

Ele me olhou por um segundo, como se não entendesse e o carro voltando a se movimentar. Eu me abaixei, me encolhendo no assoalho de carro, tentando me tornar invisível.

Trevor dirigiu pela entrada do condomínio, me dirigindo olhares curiosos. Saltador pulou para o ombro de Trevor, batendo as asinhas pequenas. Trevor levou o carro para a lateral de uma casa, a última do quarteirão, havia uma garagem lá. Entrou lentamente na garagem, puxando o freio que mão, que rangeu. Como um perfeito cavalheiro, ele tirou o cinto, saindo do carro e dando a volta para abrir a porta para mim.

Eu segurei a mão que ele me oferecia, saindo do carro com um solavanco. Eu mantive a cabeça baixa, evitando que meus olhos ficassem a mostra para alguém do lado de fora da porta da garagem aberta. Em sua maioria, as luzes nas janelas estavam apagadas. As famílias deviam estar dormindo, já era bem tarde. Ainda sim, eu não queria correr o risco. Apenas uma das casas mantinha as luzes acessas.

Eu me sentia ansiosa, como se estivesse entrando em um ninho de cobras ou um covil de lobos. Trevor apenas deu de ombros, como se aquele não fosse um assunto relevante naquele momento.

–Nós vamos dar um jeito, Dale. Ninguém vai te ver.

Disse, e eu me senti estranha ao ouvir seu nome saindo de seus lábios de uma forma calorosa, preocupada. Ele fechou a porta da garagem e acendeu a luz, que me cegou por alguns segundos. Quanto tempo fazia que não havia uma lâmpada sobre a minha cabeça? Trevor tirou o molho de chaves dos bolsos, abrindo a porta de entrada, ligando o interruptor de luz lá dentro em seguida.

Era uma casa aconchegante. Um lar. Um belíssimo jogo de sofá num tom vermelho no centro da sala, se destacava, notei também um home theater repleto de aparelhos de última geração que eu nem sequer conhecia. A mesa de centro estava perfeitamente alinhada e abaixo dela um tapete felpudo num tom creme, deixava o ambiente mais aconchegante. Eu olhava tudo boquiaberta, completamente entusiasmada.

Eu podia ter tido uma casa assim, depois da faculdade, pensei amargurada.

–É muito bonita.

Elogiei e ele sorriu de canto.

–Eu vou pegar algumas coisas para você se instalar confortavelmente – Falou me analisando enquanto eu entrava na casa, como se eu fosse um animal em um habitat artificial. – E um kit de primeiro socorros, para limpar esses ferimentos, antes que infeccionem.

–Trevor, você não precis... – Comecei, mas me calei quando ele claramente ignorou o meu protesto, dando as costas e subindo por uma escada que provavelmente levaria ao segundo andar. Saltador desceu as escadas voando e pousou em meu ombro, bicando minha orelha carinhosamente. Ri baixinho e, sem saber o que fazer, eu sentei-me no sofá, acariciando Saltador que parecia mais animado em ter chegado em casa. Meus pés balançavam freneticamente, para frente e para trás, um habito que eu havia adquirido quando criança, quando estava extremamente ansiosa. Isso somado ao fato de que meus pés raramente tocavam o chão quando eu sentava em cadeira até hoje. -Depois vamos cuidar de você, não é amorzinho?

Perguntei a Saltador, acariciando-o sob o bico. Ele me bicou carinhosamente e voou até um viveiro sem grades no canto da sala, com uma árvore artificial, argolas penduradas e bolas de madeira para afiar o bico. Havia até um ninho de palha perto da arvore.

Soltei um suspiro me levantando e avaliando pela segunda vez o local. Parei ao notar a quantidade de fotografias que havia ali, principalmente um grande quadro que ficava debaixo da lareira, que aquecia o ambiente. Uma mulher jovem, um sorriso alegre marcava o seu rosto de porcelana, em todas as fotos. Numa delas, estava sentada abaixo da sombra de uma árvore, sobre a grama, provavelmente num piquenique. Eu me arrepiei ao notar o anel prateado brilhante em seus olhos, que eram como duas esmeraldas derretidas. Seus logos cabelos vermelhos presos num coque frouxo, enquanto fitava com admiração a pessoa por trás da maquina fotográfica.

Sorri ao olhar a outra foto. Ela estava diferente, seus cabelos agora mais curtos e repicados nas pontas, pintados num tom loiro claríssimo. Um homem estava com o braço em volta dela, sorridente. Trevor.

–Linda, não é?

A voz de Trevor soou dolorosa, me assustando por estar tão perto. Ele fitava as fotos com devoção, e soltou um suspiro, colocando um pequeno monte de cobertas e travesseiros sobre o sofá.

–Quem é ela?

Indaguei, curiosa. Ele fechou os olhos, soltando um longo suspiro. Não parecia ser um assunto fácil.

–Eu... Eu... Me... Desculpe. Sei que não tenho direito de me meter na sua vida, não queria chateá-lo. – Me desculpei imediatamente, com remorso de sua expressão dolorosa – Não precisa falar, esqueça minha pergunta, por favor.

–Não, não, tudo bem. Sente-se

Disse apontando para o sofá, ao lado de onde ele havia acabado de sentar, colocando sobre o colo uma pequena maleta branca. Eu apertei os olhos.

–Eu sei como se sente.

Balbuciei.

Trevor ficou em silêncio, abriu a maleta com um ‘’Click’’ e tirou de lá uma lata de aerossol fina e branca e em seguida, outra lata com pequenas tirinhas compridas. Eu acompanhei o movimento de suas mãos, quando ele tirou da lata uma das tiras, e olhou para mim entregando o quadradinho. Sem Dor, era o que dizia o rotulo.

–Coloque debaixo da língua.

Ele instruiu. Eu hesitei, a mão pairando sobre o bolso.

–O que isso vai fazer?

Perguntei, desconfiada.

–Vai ajudar, eu preciso limpar seus ferimentos. – Ele disse pacientemente. Eu suspirei, levando o remédio à boca, que se dissolveu quase que instantemente. Em alguns segundos, todo o ardor dos meus ferimentos havia desaparecido, como mágica.

–Uau, isso é... Incrível.

Murmurei, espantada e ele sorriu.

–Eu amo vê-los agirem. – Disse amigável, abrindo a outra lata fina. Limpar era o nome descrito no rótulo. Alguns cilindros depois, Limpar, Curar e Fechar, eu olhava espantada para o lugar onde os meus ferimentos estavam antes, não havia nada, nem mesmo um linha que evidenciasse que eu havia me machucado anteriormente. -Eu só não consegui apagar essa aqui, uma pena. – Disse tocando a cicatriz no meio da minha palma – Talvez um pouco mais de Suavizar conserte isso.

Fechei a mão, puxando-a para perto, como se protegesse a cicatriz dentro dela.

–Não, está tudo bem, eu gosto dela. Obrigada.

Ele me encarou, sorrindo de lado.

–Você é uma garota durona.

Brincou, me fazendo rir.

–O nome dela... Era Rosas do Deserto. – Começou a contar, fitando as fotos na parede. Eu me ajeitei no sofá, surpresa por ele falar sobre aquilo – Nos conhecemos quando éramos Morcegos.

–Morcegos? Tipo, literalmente?

Ele riu de leve balançando a cabeça.

–Não. Era em outro planeta. Bem longe daqui.

–Outro planeta? Vocês também invadiram outros planetas? – Ele assentiu, embora a palavra “invadir” o tivesse feito se encolher. - Quão longe?

Trevor deu de ombros.

–Uns 200 anos, algo assim. De qualquer forma, seu nome era algo como Canção Noturna lá. - Fez uma careta infeliz – Ela era o ser mais amável e adorável do universo. Não havia lugar em que não estivéssemos juntos. Onde eu estava, lá estava ela. Nós nos amávamos. Ela era minha vida. – Sua voz diminuiu – Foi quando decidimos nos aventurar e começar uma nova vida, a minha terceira, e a sétima, para Rosas.

Pausou, pensativo.

–E vocês decidiram viver aqui, na Terra.

Conclui.

–A ideia de morar num planeta tão bonito e tão versátil nos deixou excitados, e logo estávamos nas naves, rumo a nossa nova vida. – Sorriu – De inicio, foi tudo extremamente perfeito, compramos essa casa, eu comecei o meu novo chamado como Curandeiro, Rosas parecia muito feliz. Em nossa primeira semana aqui, fomos apresentados à forma de vida dos humanos. Ainda me lembro, quando cheguei a Estação de Cura que iria trabalhar, e os olhos de Rosas brilhavam ao parar na ala da maternidade. Pequenas miniaturas humanas, tão frágeis e dependentes e ao mesmo tempo tão lindas, estavam do outro lado do vidro e a partir dali a Maternidade se tornou o seu sonho. Na verdade, ambos sonhávamos em ter uma pequena miniatura nossa, com cabelos castanhos como os meus e olhos esmeralda, como os dela, mas infelizmente isso nunca aconteceu.

Ele pausou por alguns segundos, o encarei, seus olhos distantes e cheios de lágrimas. Eu apertei suavemente sua mão, encorajando-o.

–Os meses foram passando, e lentamente nós fomos perdendo a esperança de um dia ter uma criança. Ficamos preocupados. Descobrimos então que o corpo de Rosas no Deserto era estéril. Seu corpo não poderia abrigar uma nova vida, como ela sempre sonhara.

–Oh!

Disse, surpresa. Ele se recostou no sofá, com um suspiro cansado.

–Então nós decidimos que... Se nós não podíamos criar novas vidas humanas... Iríamos criar novas Almas. – Virei a cabeça para escutar melhor, mordendo o lábio para evitar perguntar como as Almas se reproduziam. – Marcamos a data para o procedimento. Ela iria um dia antes. Ela queria que eu mesmo fizesse, para que eu tivesse tempo de ter certeza de que tudo correria bem com nossos pequenos filhos, já que nunca mais iríamos vê-los.

–Nunca mais? – Não consegui me segurar – Então vocês não...

–Não criamos nossos filhos. Nos dividimos para criá-los. Morremos. Quando nascem, se acharem um corpo hospedeiro logo, nossos filhos não precisam de nós. Nos carregam dentro deles.

Assenti, pensativa. Era um modo interessante de reprodução. Imaginei a evolução que teria levado à isso e como se assemelhava ao enxame de abelhas, em que as rainhas davam tudo de si para dar à luz à milhares de larvar. Imaginei o que o professor Jordan teria a dizer sobre isso.

–Continue...

Ele suspirou, levando as mãos aos cabelos e passando os dedos por eles.

–Ela estava tão feliz... E os bebês... Eles eram perfeitos. Cada um deles. Peguei-os nas minhas mãos e ninei-os enquanto iam para os criotanques. Nunca tinha me sentido tão perto dela...

Sorri.

–Eu gosto dessa história.

Mas porque você parece tão triste?, Completei, mentalmente.

–Eu também gostava. Até o dia seguinte, quando foi a minha vez. Acontece que... Eu não tinha o potencial, como Rosas tinha. Que irônico não é? Eu ser capaz apenas de fazer filhos humanos, e ela, Almas...

–Então quer dizer que...

–Que eu estou sozinho desde então. Já faz um tempo.

–Eu realmente sinto muito.

Murmurei, sentindo um aperto no peito.

–Tudo bem, você não tem culpa de nada. O único culpado sou eu mesmo, por não ter sabido disso antes. Eu me deixei perdê-la e de bom grado.

Nossos olhos se encontraram, e eu abaixei o rosto, envergonhada. Era tão surreal... A dor nos olhos de Trevor me fazia estremecer, como se fosse minha própria. Era como se eu tivesse em frente a um espelho, sua dor refletindo a própria dor no meu peito. Eu poderia parecer forte, a garota que quase nunca chorava, como papai dizia, mas no fundo eu era mais como uma boneca de porcelana quebrada, sem conserto. Meus olhos se abriram um pouco mais, surpresos, quando notei que nossas mãos ainda estavam unidas.

Como se ganhassem vida própria, meus braços circundaram sua cintura num abraço desajeitado. A respiração de Trevor acelerou, surpresa, fazendo-me me afastar abruptamente, temendo ter passado dos limites.

–Você não está mais sozinho. Pelos menos não esta noite.

Murmurei baixinho. Ele sorriu de leve.

–E você mocinha, o que faz numa cidade tão pequena como Wibaux?

Eu abri a boca para responder, mas nesse momento, fui interrompida pela campainha que soou alto, ecoando pela casa silenciosa como um alarme indicando minha presença. Trocamos um olhar preocupado. Ele se levantou, caminhando até a porta. Trevor levou o dedo até os lábios, num pedido mudo para que eu não fizesse nenhum barulho – Como se eu fosse começar a gritar, Alma boba.

–Trevor, sou eu, Folhas Ocultas.

Chamou uma voz desconhecida para mim, e os olhos de Trevor se apertaram.

–Eu preciso me esconder Trevor. – Sussurrei – Agora.

Ele assentiu, apontando para a porta debaixo das escadas.

–O armário. Vai.

Senti o coração acelerar.

–O armário?

Ele assentiu e uniu as sobrancelhas.

–Qual o problema?

Balancei a cabeça. Era hora de me livrar daquele medo bobo.

–Nenhum.

Decidida, andei até o armário e me enfiei lá, sentando-me entre os casacos. Puxei os joelhos para perto, sentindo o ar me faltar. Pedi que o amigo de Trevor fosse logo embora, apertando as unhas na pele frágil do joelho.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? Comentem para sabermos o que acharmos. E fantasminhas, apareçam ein (: Nem que seja um ''Curti'' ou um '' Não gostei, vocês são péssimas'' Rsrs. Mas no deixem saber o que acharam.
Nós, é claro, amamos o nosso Curandeiro Trevor e nossa destemida Dale *-* Será que amor será suficiente para curar seus corações e suas perdas? Será? Será?
Bem, em breve terão a resposta. Logo voltamos com a parte dois! E se comentarem bastante, quem sabe um bônus!
Beijos! Até breve!



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