POV Apolo

É difícil procurar alguém que pode estar em qualquer lugar do mundo, mas quando se passa milhares de anos com uma pessoa, prever seus passos não é assim tão desafiador. Afrodite poderia estar em qualquer lugar enquanto Zeus não lhe permitisse o Olimpo, mas de qualquer forma, acredito que Dite tenha acabado a se apegar aos mortais e a seu mundo demais para se lembrar que estava obrigada a ficar lá. Conhecendo bem a deusa do amor, meu primeiro palpite foi uma balada em Los Angeles, onde descobri meu erro ao não ver nenhum mortal aos prantos por um coração partido nem babando na deusa.

Meu segundo palpite foi Paris, França. Achar um deus em meio aos mortais geralmente é fácil, já que eles conseguem se destacar onde quer que estejam, mas Paris, por ser a cidade do amor, estava repleta de almas belas e cheias de amor, então Afrodite conseguiu se misturar bem com os casais de amantes turistas que se aventuravam por lá. Achar o amor em uma cidade cheia de casais apaixonados? Havia um grau de metáfora e dificuldade na situação.

Alem disso, mesmo que eu visse Afrodite de uma forma fixa, ao trabalhar com mortais, Afrodite se modificava para atendê-los em seus desejos. Era diferente com os mortais semideuses, que sempre a viam de acordo com seus próprios desejos, os deuses conseguiam vê-la através dos olhos alheios. Então ao vê-la, quase não a reconheci quando a vi com cabelos ruivos e olhos negros, flertando com um turista, que se sentava com ela em um banco na praça.

–Dite! –gritei para a deusa, acenando para que me visse na multidão que se erguia. Aproximei-me dos dois, enquanto via o mortal se assustar a me ver andando em sua direção. O sujeito tinha cabelo loiro escuro e olhos mel, não se parecia nem de longe com um Frances. Quando falou, felizmente, falava inglês, mas seu sotaque era britânico. O cara poderia até se dizer belo, mas seu físico era fraco. Era uma beleza delicada e angulosa, mas não forte, nem confiante.

–V-Voces são, vocês estão... –o homem apontava de mim para Afrodite, e recuava levemente para trás, acanhado com meu porte. Se não estivesse com tanta pressa, provavelmente teria ficado mais alguns centímetros mais alto para intimidar o rapaz, mas a situação não era das melhores.

–Não, claro que não. Apolo não faz meu tipo. –Afrodite respondeu. – Mas, infelizmente, querido, covardes também não.

Afrodite se levantou, deixando o pobre turista com olhos arregalados, babando por ela.

–Dite, é importante, vamos! –eu a peguei pelo pulso, a arrastando para longe da multidão e do turista, que ameaçava levantar para ir atrás de Afrodite e de mim. Não podia nos transportar, tendo em vista a multidão que nos cercava.

Quando já estávamos longe o suficiente, e os turistas e amantes haviam ficado para trás, me virei para Afrodite. A deusa já estava em seu corpo original, ou pelo menos aquele que era original para mim desde o começo dos séculos, a forma esguia, alta, de cabelos loiros claros e compridos e de olhos verde dourados. Ela se parecia comigo, mas isso seria um detalhe, mas aposto que com ou sem tal aparecia, Dite se parecia muito mais com minha irmã do que Artemis.

No entanto, Afrodite notou a preocupação e a urgência em meus olhos, assim como havia feito quando Rachel estava doente. Ela viu que, naquele momento, não cabiam brigas nem questionamentos, por que quer que seja o motivo, era importante.

–O que houve? –foi tudo que disse, seus olhos se preparavam para uma má noticia. –Não me diga que Zeus...

–Não tem nada a ver com Zeus. –disse duro, e Afrodite piscou algumas vezes, como se tentasse entender a dureza de minha voz para ela. –Você sabe de algo sobre Annabeth?

Mais uma vez, Afrodite demorou a responder, parecia processar o que estava acontecendo.

–Annabeth? A ultima noticia que tive dela foi na festa do acampamento quando ela foi lá com Artemis. –Afrodite respondeu, acanhada. –o que houve com Annabeth?

–Esperava que você me dissesse, talvez. – em tal ponto, o estresse ganhava espaço em mim. Afrodite poderia não saber de nada, e estaríamos apenas perdendo tempo com o que quer que esteja acontecendo. –Percy teve um sonho estranho essa noite.

–Sonhos ruins? Em deuses?

–Pois é.

–Isso nunca, nunca é bom. –Afrodite cruzou os braços e colocou uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha. –da ultima vez deu a guerra de troia.

–Eu sei, eu sei, nem me lembre. –disse. –Percy sonhou que Annabeth e Effy estavam em perigo, mas não sabemos nada que conecte Effy a Annabeth alem da caçada. Esperávamos que você pudesse nos dizer.

Afrodite deu de ombros.

–Por que eu saberia de algo?

–Por causa de Effy. –disse, me estressando com a perda de tempo. Afrodite enrugou a testa em preocupação.

–Quem é Effy?

–Sua filha, que está na caçada. –novamente, Afrodite não respondeu de imediato. –Ela é ruiva, dessa altura, odeia quase todo mundo. –bati o pé no chão. –Olhe, eu sei que vocês têm uma rixa e tal, mas isso é importante Dite, Annabeth pode estar em perigo. Se você não se importa com nenhuma das duas pense em Percy, ele se preocupa com Annie.

–Apolo... Eu não tenho nenhuma filha chamada Effy, muito menos uma filha na caçada desde o ultimo século. Desculpe, não sei quem é Effy.

Por um momento, a terra parecia ter parado de girar. A única coisa que sabíamos sobre Effy era Afrodite e sua rixa, e isso se foi. Teria Percy se enganado e tirado conclusões erradas? Não, seria impossível. Se Effy havia mentido, a situação comaçara a sair do controle, estávamos indo de mal a pior.

–Temos que achar essas garotas. –disse mais a mim mesmo que a Afrodite. –Precisamos de Artemis! Percy está indo até ela.

–Eu vou junto, claro. –Afrodite se prontificou. –se alguém esta se passando por minha filha eu quero saber!

–Ela está nas proximidades de Manhattan.

Afrodite concorda com a cabeça, e não demora muito para acharmos os rastros das caçadoras. As flechas cravadas em arvores denunciavam a sua passagem, o que seria invisível a olhos mortais, e a fumaça entrega a fogueira de seu acampamento.

Ao chegarmos, nossa recepção foi diferente da que recebi por Afrodite, Artemis parecia estar a nossa espera. O acampamento de barracas mágicas se estendia pela paisagem, caçadoras enfileiradas se postavam inseguras, e Artemis caminhava até mim em passos firmes e preocupados. Deduzi que Percy já a havia confrontado e discutido por sua postura abatida, mas decidida. Contanto, não via sinal algum de Percy pelo acampamento.

–Temos problemas. –Artemis anunciou.

–Ah, você jura mesmo? –ironizei, com a voz mais rude e mais preocupada, modificada pelo nervosismo, do que imaginava possuir. Artemis franziu as sobrancelhas, claramente confusa.

–Perdão?

–Annabeth está entre as caçadoras? –perguntei enquanto meus olhos varriam as garotas, mas nenhuma cabeleira loira conhecida foi encontrada.

Artemis mordeu os lábios antes de responder.

–Não, não está. Está desaparecida há algum tempo.

–O que? Você não pensou em nos comunicar? Percy está louco!

–Eu não sabia! Fiquei só sabendo apenas quando voltei para as caçadoras, há só uma semana! Desde então estamos tentando acha-las!

–Só uma semana? Há quanto tempo Annabeth esta desaparecida?

–Desde a festa no acampamento, há quase duas semanas. Minhas caçadoras dizem que elas não voltaram daquela noite, e eu também não apareci até uma semana, elas procuram sozinhas, mas não as encontraram! Estamos procurando, mas não temos nada!

–Elas?

–Annabeth Chase e Effy. –Artemis diz, como se o assunto fosse obvio. –ambas estão desaparecidas.

–Effy também? Mas... Isso não faz sentido, faz?

–Percy disse que ambas estavam em perigo não é? Mas, afinal, nada nisso faz sentido! –Artemis se virou para Artemis. -Por que diabos uma garota esta se passando por minha filha? –Afrodite entrou na conversa, tirando um olhar chocado de Artemis.

–Effy é sua filha?

–Não! Mas pelo visto tem dito que é!

Então vimos o primeiro rosto familiar surgindo entre as caçadoras. De cabelos negros pouco mais compridos que se costume e olhos azuis elétricos brilhando em preocupação, Thalia Grace corria até nos.

–Grace, você era amiga de Effy, certo? -Artemis questionou a filha de Zeus, que concordou com a cabeça. –que historia é essa de Afrodite ser a mão divina de Effy?

Reparei então que a garota lançava a Afrodite um olhar terrível, como se quisesse acertar a deusa com um relâmpago, mas se contivesse. Thalia foi pega de surpresa pela pergunta de Artemis.

–Ela é, contou a mim e Annabeth. –explicou ela. –ela disse que Afrodite a havia amaldiçoado por seu pai ter se apaixonado por uma mortal mesmo após conhecê-la, que havia recusado Afrodite.

–Isso é mentira! Eu nunca amaldiçoei nenhum de meus filhos! Alem disso, não dou a mínima aos mortais com que me relaciono, nunca tirei satisfações com nenhum deles! Eu sigo em frente e, muitas vezes, eles também! Mas posso garantir que sei o nome e reclamo todas as minhas filhas e filhos. Pode anotar o que estou dizendo, não tenho nenhuma filha chamada Effy!

O queixo de Thalia estava caído, assim como o de todos nos pela historia inventada.

–Artemis! Como pode não saber de quem uma de suas caçadoras e filha? –questiono a deusa, que me olha com raiva.

–Quando Effy chegou ela disse que não gostaria de falar sobre o assunto, e eu respeito minhas caçadoras! –ela parecia estar em um misto com raiva de minha pergunta, de si mesma e da menina. –Mas eu sempre suspeitei que fosse sua filha, Afrodite. A garota chegou à caçada de cabeça baixa, com uma beleza admirável que tentava manter sempre escondida, e não quis me contar quem era seu parentesco divino. Supus que fosse sua filha e não quisesse contar com medo de ser rejeitada na caçada.

–Por que ninguém disse a Percy que Annabeth estava desaparecida? –Questionei, e recebi de Artemis um olhar irritado.

–Por que quando da ultima vez que eu vi aquele garoto ele estava devastado, mergulhado em magoas se seus próprios problemas. Eu pensei que pudesse solucionar esse. As caçadoras procuraram sozinhas antes, é claro, mas com minha ajuda pensei que conseguisse respostas... –ela negou com certo pesar. –mas já se foram quase duas semanas de procura no total, e não temos nada. Elas parecem terem evaporado.

De longe, Thalia parecia ser a mais confusa da historia.

–Por que Effy mentiria desse jeito? –Thalia questionou. –Alem disso, Annabeth esta desaparecida ha quase duas semanas, onde está Percy? Ele sabe do que está acontecendo, não é?

–Sabe ele... Ele não está aqui?

Thalia e Artemis negaram juntas.

–Não vejo Percy desde que sai do acampamento meio sangue, Apolo.