Redenção escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 29
Permaneça em meus braços


Notas iniciais do capítulo

Não é por nada, mas acho que irão surtar com esse capitulo, pelo menos com o final eu garanto kkkkkk
espero que gostem e comentem bastante para o proximo sair mais rapido xD
Bjs



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O semblante carrancudo e enfezado de Nikko fez com que todos em sua empresa se retraíssem de medo ao passar por ele. Desde que acordara tentara localizar Melanie sem sucesso. Ele iria acha-la nem que tivesse que caçá-la por toda a cidade. Seu sangue fervilhava ao pensar em Melanie com seu irmão ou outro homem consolando-a.

–Ela acha que conseguirá escapar de mim – murmurou ao passar por sua secretaria e fechar a porta de seu escritório com força. Olhou em volta e antes de resmungar mais alguma coisa, se viu sentando em sua cadeira e começando a trabalhar.

***
Melanie não sabia para onde ir. Já fazia algumas horas em que permanecia sentada naquela pequena lanchonete com apenas um copo de suco em sua frente. Entrelaçou as suas mãos em cima da mesa ao perceber que não havia nenhuma opção. Ela enfim encontrava-se sozinha no mundo. Suspirou fortemente antes de olhar para o copo de suco a sua frente.

–Para onde deveria ir agora? – se perguntou pela milésima vez. Naquele momento não sabia se fugir de Nikko havia sido a melhor opção ou se ir atrás de seu irmão é que fora o seu erro. Seus pensamentos estavam confusos e perturbados. – Não tenho dinheiro, não tenho amigos..- murmurou antes de menear a cabeça. – Esse é um bom momento para começar tudo do zero – se viu falando antes de beber todo o suco, agora quente, e seguir para a saída.

Por um segundo ao passar pela porta da lanchonete sentiu o seu coração apertado ao lembrar-se de seu irmão e em como ele havia sido covarde. Entretanto, tentou colocar-se no lugar dele, mais uma vez.

–Ate quando continuarei com isso? – perguntou-se lamuriosa ao seguir em frente. Por mais tivesse sido derrotada naquela luta, não se deixaria derrotar na guerra. Não demorou muito para Melanie se recordar de sua exposição. O endereço ainda permanecia gravado em sua memoria. Ela levaria uma hora, talvez duas para chegar ao local.

***
No centro da cidade, em uma galeria de porte médio, as pessoas caminhavam entre os quadros expostos com fascínio. Há muito tempo nenhum deles vira quadros tão sentimentais e angustiantes quanto aqueles. Todos possuíam certeza que a artista seria um sucesso em pouco tempo. Não havia como não ser diante de tanta inspiração. Entre todos os quadros expostos, o que mais fascinava a todos era um quadro onde duas pessoas mantinham-se em pé na chuva, em frente a um carro e ao longe uma mancha escuro podia ser vista. Uma mancha que representava o horror, o crime e a fatalidade.

–Esse quadro é incrível – um curador de arte disse para a sua acompanhante. Observou o quadro com mais atenção. Observou a forma como a artista havia mesclado cores escuras e claras em cima da segunda pessoa em frente ao carro. Enquanto na outra pessoa, que aparentava ser uma mulher, havia apenas cores escuras. –Fascinante – o homem disse encantado.

–Isso parece um retrato de um crime – a mulher comentou com atenção – A artista não é alguma assassina, é ?

–Ora, sabes tão bem quanto qualquer outra pessoa envolvida com arte que os artistas são sensíveis. Captam todos os sentimentos sem precisar estar envolvido. – a mulher concordou em silencio, mas ainda curiosa sobre a imagem.

A professora de Melanie caminhava orgulhosa. Olhava para todos feliz por estarem apreciando as obras de Melanie, quando virou-se para a entrada e a viu. A sua brilhante aluna encontrava-se com o rosto avermelhado, os cabelos bagunçados e pequenos arranhões em sua pele clara. Andou ate ela apressada, e a segurou pelos ombros, assustada.

–O que houve?- perguntou com a voz baixa temendo que alguém a visse dissesse algo que pudesse estragar a exposição.

Melanie sorriu sem graça ao virar o rosto, evitando encarar a sua professora.

–Lembra-se que um dia.. me disse que poderia conversar com você? – a escutou concordar – Eu acho que preciso disso agora. Algo...como amiga – revelou sem graça antes de encará-la e perceber a compreensão no olhar de sua professora.

–Bem, se teremos uma conversa entre amigas, pode me chamar de Vivian – a professora sorriu ao indicar com delicadeza uma porta, discreta, próxima a entrada. Ao entrarem no pequeno aposento, onde havia um sofá espaçoso, um espelho e algumas telas em branco, sorriu – podemos falar aqui com privacidade.

–Devo estar mesmo desesperada por compreensão – Melanie se viu falando sem perceber que a professora escutava. Sentou-se no sofá deixando-se relaxar no aconchego da pequena sala – Vivian, ate onde você seria capaz de ir para salvar alguém? Arriscaria a sua própria liberdade, sua alma e sua vida por isso? Que tipo de amor seria esse? Não seria algo normal, seria?

Vivian escutou as palavras de Melanie, e com calma sentou-se ao lado dela no sofá.

–Não diria que isso fosse amor – disse surpreendo a jovem – nenhum amor seria tao prejudicial assim.

–Mas quando amamos não deveríamos ser... abnegados e desejar que o outro seja feliz?

–Sim, mas nunca pensando nisso como um mártir. Uma cruz que devemos carregar. Não sei corretamente o que houve, mas posso afirmar que se esta sofrendo, não isso não é amor. Esta apenas...projetando alguma coisa nessa pessoa. Se a amasse realmente, não sofreria tanto.

–Mas dizem..que amar doí. Pode ser isso também – Melanie murmurou ao sentir as lagrimas invadirem os seus olhos. Em seguida, os braços de sua professora lhe trouxeram para perto de si. Sentiu o calor dela, o aroma acolhedor e o sentimento de proteção.

Vivian acolheu Melanie em seus braços ao transmitir todo o carinho que conseguia. Demorou alguns minutos ate Melanie, se afastar com o rosto corado de vergonha.

–Me desculpe, por isso.

–Não tem problemas – Vivian sorriu largamente – gosto de dar conselhos. – ficou em silencio por alguns segundos ate falar calmamente – Esse sentimento, essa dor, esta tudo em suas pinturas. Deveria olhar para elas com mais frequência. Você transmite tudo o que sente, querida. – levantou-se antes de espreguiçar-se – Acho que tem alguma roupa aqui – olhou em volta ao ver uma pequena bolsa – Trouxe um vestido, pois imaginei que viria vestida com essas roupas modernas, adolescentes – esclareceu ao pegar a bolsa e entregar a Melanie – Esta é a sua primeira exposição. Deveria sair e agradecer a todos, e também aproveitar o momento. Te espero lá fora, se precisar de algo, basta me chamar – sorriu antes de sair do pequeno quarto, deixando Melanie sozinha.

A jovem suspirou antes de abrir a bolsa e retirar um vestido branco com detalhes em dourado nas pequenas alças. O vestido era lindo.

–Não sei bem se posso chamar isso de amiga, mas chega bem próximo – percebeu ao se levantar, e despir-se de forma despreocupada. Dificilmente conseguiria sentir vergonha por tirar a sua roupa, não aquele dia.

Vivian sorria para todos. Ela havia percebido um lampejo de dor em Melanie, e esperava poder ajuda-la, mas sabia que antes disso tinha que conseguir a fama que merecia. Já estava voltando para vê-la quando a viu sair do pequeno quarto. O cabelo antes bagunçado agora encontrava-se solto, o vestido que levara coube perfeitamente deixando-a angelical. Sem pensar, dirigiu-se ate um pequeno palco, no canto da galeria, ligou o microfone e sorriu assim que a sua voz soou pelo local.

–Agradeço a todos pela presença e sinto muitíssimo por interromper esse momento, mas gostaria de apresentar a todos, a artista desses belíssimos quadros. Melanie – apontou para a jovem com o rosto corado, a qual permanecia no centro da galeria, estupefata. Todos aplaudiam entusiasmados ao ver a jovem. Vivian aplaudiu com um largo sorriso.

Isso, sinta essa vibração de entusiasmo, de paixão.

Vivian pensou ao olhar para Melanie com carinho.

–Obrigada – Melanie disse envergonhada com a cabeça erguida. Aquela era a primeira em muito tempo que sentia-se realmente querida, inteligente e apreciada por algo que fizera. Era um sentimento diferente de todos que já experimentara em sua vida. Era viciante e incrível. Os aplausos continuaram ate ela sentir alguém tocar em seu ombro, e ao se virar o sorriso morreu em sua face. Toda a dor que sentia, o remorso emergiu em seus olhos. O homem culpado pelo seu terror encontrava-se parado em sua frente. Nikko Nicolai estava a olhando furiosamente, enquanto um sorriso de escarnio repousava em sua face.

–Te encontrei – Nikko disse sorrindo cruelmente diante do olhar de Melanie – Foi divertido correr atrás de você.

Melanie sentiu o seu corpo tremer ao encará-lo. Olhou para os lados e percebeu que todos imaginavam que conversava com um amigo. Buscou pela sua professora, mas não a encontrou.

–Ainda buscando ajuda? Imaginei que tivéssemos passado por isso. Você é minha, deixou isso claro quando quis se vingar de sua mãe, e agora foge? Que tipo de pessoa é você? Não deveria esperar muito de uma assassina de qualquer forma – deu de ombros – Devo fazer um escândalo aqui ou voltará comigo em silencio? Estou sendo bondoso, aceite a oferta – tornou serio ao colocar as mãos no bolso de sua calça ao exibir um olhar duro.

Melanie não conseguia acreditar no que acontecera. Quando decidira seguir em frente, ele havia ido atrás dela. Um sorriso irônico brotou em seus lábios e em seguida uma gargalhada escapou.

Nikko a olhou confuso.

–É muito irônico – murmurou ainda sorrindo com os olhos tristes – Logo que decidi seguir em frente, veio ao meu encontro. Ver meu sofrimento ao me deitar com você, foi tao bom assim? Me tornei tão apaixonante ao ponto de me seguir? – Melanie indagou ao cruzar os braços em frente ao seu corpo tentando aparentar naturalidade para os demais.

–Não, vim apenas buscar o que é meu. Prometeu-me sofrer, implorar pela morte para que eu pudesse vinga-la. Sou um homem justo, quero cumprir o que lhe prometi, mas também quero que cumpra o que me prometeu.

Melanie assentiu ao escutar a loucura com o que havia concordado. Aquele seria o fim. Ela tinha que fugir dele o quanto antes e definitivamente.

–Muito bem, irei com você, mas depois. – mentiu ao encará-lo fixamente.

Nikko a observou e balançou a cabeça negativamente.

–Está mentindo.

–Como pode saber se estou mentindo?

–É fácil. Não está tentando brigar comigo, está sendo calma, algo que não é.

Melanie engoliu em seco ao perceber que era verdade.

–Essa é a minha primeira exposição. Não quero ficar mal vista. Então, por favor..

Nikko a olhou fixamente, estudando-a. ele sabia que ela mentia.

–Muito bem, farei de sua forma, mas se me enganar, a próxima vez não será tão pacifica. Irei voltar toda a minha raiva para o seu irmão.

Melanie segurou-se para não rir.

–Eu entendi.

Nikko a olhou mais uma vez antes de dar as costas e sair, mas antes seu olhar cruzou-se com um dos quadros dela. O quadro que revelava o crime. A mentira que ela falara. O quadro que a inocentava.

Melanie sentiu-se atordoada quando o viu sair da galeria. Seu coração palpitava fortemente, suas pernas ainda tremiam quando Vivian parou ao seu lado.

–Esse é...

–Ninguém. Ele não é ninguém – a interrompeu com um sorriso falso no rosto – estou curiosa para conhecer a galeria.

–Sim, tenho certeza que irá adorar – falou entusiasmada ao guia-la entre as pessoas sem perceber o olhar que Melanie lançava para a entrada.

***
O brilho da lua crescente fez com que Melanie suspirasse ao sair da galeria, horas depois, sozinha. Vivian havia feito todo o possível para que Melanie fosse festejar com ela, mas a jovem apenas negou ao entregar o vestido e sair da galeria rapidamente. Passou a mão pelos cabelos em um ato de completo desespero ao caminhar a esmo ate escutar uma buzina. Virou-se assustada e somente então percebeu o carro que a buscava no colégio.

–Não acredito nisso – murmurou perplexa ao ver o motorista acenar para ela. – Ele realmente quer ir ate o fim? – se perguntou ao permanecer parada olhando para o carro.

***
Assim que o carro estacionou em frente a casa de Nikko, Melanie desceu do carro ainda perturbada pela escolha que fizera. Ela sabia que deveria ter fugido daquele carro, de Nikko e daquela vida, mas não tinha para aonde ir e nem ninguém para retornar. Ela estava sozinha, se não fosse por Nikko, percebeu. Andou pelo jardim inerte de todos os sons ao seu redor. Sua mente estava conturbada.

–Melanie – a voz angustiante de Alessandro a fez virar-se assim que sentiu as mãos dele em seu braço. O encarou com surpresa – Ainda bem que está tudo bem, graças a Deus – ele murmurou antes de puxá-la de encontro ao seu corpo e abraça-la fortemente.

–O que..faz aqui? – ela murmurou ao sentir os braços dele envolvendo o seu corpo.

–Vim busca-la como havia prometido.

–Eu..

–Não diga nada – a interrompeu sério – Eu acho que sei de tudo.

–De tudo? – repetiu com os olhos marejados. – Do que está falando?

–Você.. não teve culpa, não foi? – perguntou alarmado – como pôde.. como conseguiu suportar tudo por ele?

Melanie sorriu ao afastá-lo de seu corpo.

–Porque ele é meu irmão – disse calma ao sentir as lagrimas escorrerem pelo seu rosto – Porque ele é meu irmão – repetiu com força.

–Droga! – falou alto ao abraça-la novamente – basta me dizer sim, e prometo que tudo acabará.

–Não pode voltar no tempo.

–Não, mas posso fazer tudo acabar.

–Eu..

–Não diga que não pode. Você já sofreu muito por algo que não fez. Me deixe ajuda-la. Me deixe amá-la – pediu ao apertá-la ainda mais contra o seu corpo – Me deixe ficar com você.

Melanie fechou os olhos com força ao envolver o corpo de Alessandro com seus braços. Ela não aguentava mais. Ela desejava liberdade. Uma liberdade que ele lhe oferecia.

–Apenas...me leve para longe – ela pediu com a voz embargada.


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