Redenção escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 30
A verdade..


Notas iniciais do capítulo

Cap totalmente dedicado a Lucky Sky, muito obrigada querida pela recomendação. Eu fiquei muito feliz por vc gostar da fic, por ter colocado todo o seu carinho pela fic naquelas belas palavras e por estar sempre aqui lendo e acompanhando rsrs.. espero que goste do capitulo rs

Beijos



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Alessandro sentiu o corpo quente de Melanie. A sua respiração, o seu aroma e seu medo não passou despercebido. Ele desejava protege-la. Ele queria a proteger de todos. Ainda sentindo os braços dela envolta de seu corpo, suspirou. Ele sabia que teriam que se separar, mas não conseguia. Seu desejo era mante-la ao seu lado para sempre.

–Melanie, precisamos ir antes que ele apareça – Alessandro disso com pesar ao sentir os braços dela se afastarem de seu corpo.

–Eu sei, me desculpe – disse ao afastar-se ainda mais dele – Eu não estarei lhe trazendo problemas?

Alessandro a olhou seriamente antes de sorrir.

–Na verdade esta tornando a minha vida muito divertida – garantiu antes de ir ate a sua moto e estender o seu capacete para ele – Estou oferecendo a minha vida, não se esqueça.

Melanie sentiu o rosto corar e sorriu ao pegar o capacete. Ao lado de Alessandro sentia-se como deveria se sentir. Como uma adolescente.

Alessandro subiu em sua moto e sorriu para Melanie. A jovem sabia que se fosse com ele estaria estragando a vida dele, e provavelmente ele a culparia em seguida, mas pela primeira vez quis ser egoísta. Ela quis aproveitar o pequeno lampejo de esperança. Segurando nos ombros de Alessandro, subiu na moto, colocou o capacete e disse a frase que sabia que se arrependeria.

–Vamos seguir em frente.

Em poucos instantes o barulho da moto correndo para longe foi escutado por Nikko.

Sem acreditar no barulho, levantou-se da poltrona aonde estava sentado e avistou a moto de Alessandro afastar-se rapidamente de sua propriedade com Melanie.

–Então é assim que brincará – disse com um sorriso sombrio – Se deseja que eu vá atrás de você, é assim que será.

***
Alessandro manobrava a moto com desenvoltura sentindo os braços de Melanie em sua cintura. Os seus seios contra as suas costas e a sua respiração em seu pescoço. Era como um sonho.

Dirigindo pela estrada, ultrapassando os carros em alta velocidade, Alessandro sentia-se livre e calmo tendo-a em suas costas. Em um momento a escutou gritar, quase parou a moto quando escutou a sua voz.

–Isso é tão bom! – Melanie gritou ao sentir-se livre.

Alessandro apenas sorriu ao acelerar ainda mais. Por um tempo não pensou para aonde a levaria, entretanto assim que saiu da casa de Nikko soube para aonde deveria leva-la. Para uma casa afastada. Uma casa que era dele e que Nikko desconhecia. Um lugar afastado de todos.

O trajeto demorou em torno de quarenta e cinco minutos. Os minutos mais alegres de sua vida, disto Alessandro tinha certeza. Assim que avançou a moto por uma estrada de terra, Melanie gritou para ele.

–Aonde estamos indo?

–Para o paraiso – garantiu ao acelerar ainda mais.

Melanie não conseguia sentir medo ou temer por sua vida quando estava com Alessandro. Ela se sentia protegida, e quase amada. Sorriu ao perceber como ficava boba ao estar ao lado dele.

Talvez ele seja a minha cura. Se continuar com ele.. poderei parar de me sentir culpada? Poderei viver?

Pensou ao apertá-lo de encontro ao seu corpo ainda mais.

***
O barulho de vidros sendo jogados na parede conseguia ser escutado por qualquer pessoa que passasse em frente a propriedade Nikko. No chão de sua casa havia cacos de vidro por todos os lados. E no chão um homem permanecia com o semblante alterado pela raiva. Sua respiração mantinha-se ofegante e um sorriso doentio brotava em seus lábios ao se recordar da cena de outrora. A cena de Melanie fugindo com o seu irmão.

Nikko não conseguia esconder toda a sua raiva e frustração. O seu desejo era possuir Melanie e ao mesmo tempo destruí-la. A traição de Alessandro não lhe afetara tanto quanto perde-la. Ele ansiava por ver o sofrimento em seus olhos. Se levantou desequilibrado, tateou o seu celular em seu bolso e assim que o segurou discou para um numero.

–Quero que o celular de Alessandro seja rastreado – ordenou antes de desligar. – Eu vou encontra-los e destruir os dois – prometeu a si mesmo ao seguir para o seu quarto. Abriu a porta com fúria e ao se deitar na cama sentiu o cheiro de Melanie nos travesseiros. Aspirou o seu aroma por longos minutos ate que ergueu-se decidido a encontrá-la.

***
Alessandro parou a moto em frente a uma casa afastada. A casa possuía apenas um andar e parecia ser construída de madeira. A pequena janela na parte da frente, a porta na cor azul e o pequeno detalhe em vermelho em cima da porta fez com que Melanie sentir-se em paz. Aquela casa conseguia ser a personificação de todos os seus sonhos quando mais nova.

–Ela é linda – se viu falando ainda na moto acompanhada por Alessandro.

–Obrigado – agradeceu sorrindo – Ela é minha. Comprei tem alguns anos, quase não venho. Ninguem sabe sobre ela então podemos ficar aqui.

Melanie assentiu ao tirar o capacete e descer da moto desajeitada. Esperou que Alessandro fizesse o mesmo, mas ele permaneceu sentado na moto.

–Algum problema? – Melanie perguntou preocupada.

–Estava apenas lhe admirando – sorriu ao perceber que ela havia ficado envergonhada – Em algum momento precisaremos conversar.

–Eu sei – murmurou ao dar as costas a ele – Só.. não sei se conseguirei. – admitiu não demorando para sentir os braços dele envolverem o seu corpo.

–Eu preciso saber de tudo para te proteger, apenas para isso – garantiu abraça-la mais forte.

–Eu..tentarei.. – murmurou ao fechar os olhos e sentir os braços dele em volta de seu corpo – Isso realmente é bom – se viu dizendo sem perceber – O calor de outra pessoa. Há muito tempo não sentia algo tão..

–Confortavel – a interrompeu com um sorriso bobo na face.

–Sim, confortável e acolhedor. Obrigada por isso.

–Eu que devo agradecer – afastou-se dela momentaneamente apenas para segurar a sua mão – Vamos entrar.

O interior da casa era tão aconchegante quanto o lado de fora. Os moveis que ocupavam o espaço possuíam uma característica que a fez sorrir. Tudo era de madeira, entretanto em cada móvel havia uma foto da família. Alessandro provavelmente era o único Nicolai com coração.

–É lindo – elogiou assim que Alessandro fechou a porta e andou pela sala, jogando-se no sofá segundos depois.

–Sente-se. Fique a vontade.

Melanie olhou ao redor e em um impulso se viu sentando ao lado dele.

–Espero que não fique incomodada – Alessandro se viu falando antes de passar o seu braço em torno dos ombros dela e a puxar para si, a acomodando em seu corpo – Isso..

–É muito bom – Melanie disse ao fechar os olhos.

Alessandro continuou sentindo o corpo dela contra o seu aproveitando aquele doce momento. Um momento que tinha certeza que não iria durar.

Nikko está obcecado, preciso protege-la dele.

Pensou ao acariciar o rosto de Melanie e sorriu no instante em que ela abriu os olhos. Encararam-se fixamente durante longos instantes. O silencio imperava naquela pequena casa. O som da respiração deles conseguia ser inebriante.

Sem que percebesse ou pudessem se controlar, Alessandro tocou a face dela. Admirou os seus olhos, o seu nariz e os seus lábios rosados. A voz dele não saia, seu olhar não conseguia se desprender dos lábios dela, e antes que a razão viesse a tona, se viu beijando-a. Melanie não hesitou por nenhum instante ao sentir os lábios dele sobre os seus. Ela retribuiu com igual ardor. Suas mãos logo puxavam o cabelo dele com delicadeza. Alessandro não conseguia conter a sua felicidade ao sentir a paixão de Melanie.

–Nós..precisamos...- Alessandro disse ao afastar levemente os seus lábios dos dela.

–Por favor, não pare – implorou com a voz chorosa – Tire ele de mim. Por favor, tire a sensação das mãos dele, de seus beijos... Apague-o de minha memoria.

Nada havia preparado Alessandro para o que acabara de ver. Melanie, a jovem que já havia implorado para morrer encontrava-se em sua frente implorando para que ele desaparecesse com as lembranças de Nikko. Tirá-las de seu corpo.

–Tem certeza? – perguntou cuidadoso.

–Sim, o único que consegue fazer isso é você – garantiu ao se levantar de onde estava e sentar-se no colo dele – Eu..

–Não precisa falar nada – a interrompeu antes de abraça-la e a beijar novamente. As mãos de Alessandro acariciavam a pele de Melanie com experiência e calma. Ele não tinha pressa.

Melanie sentia o doce sabor de Alessandro e durante todo o momento em que permaneceu em seus braços, agradeceu aos céus por tê-lo encontrado.

Aos poucos.. Aos poucos vou começar a viver.

Prometeu a si mesma.

Os toques trocados naquela silenciosa casa entre os dois jovens apenas aumentou seus laços. Eles estavam decididos a seguir em frente.

***

Fabriccio mantinha seus olhos levemente fechados ao se escorar no sofá de sua casa. Uma residência tranquila fora da cidade. A televisão estava desligada, e apenas o som do silencio conseguia preencher o ambiente.O Nicolai relaxava com um livro repousado sobre o seu corpo ate escutar o barulho de um carro e em seguida batidas frenéticas em sua porta.

–Alessandro ou Nikko – murmurou ao abrir os olhos, se levantar do sofá e seguir ate a porta. –O que aconteceu? – questionou ao ver o estado deplorável de seu irmão. Nikko possuía os olhos imersos em raiva, suas roupas estavam amassadas e o seu rosto transformado. –O que..

–Alessandro fugiu com ela – revelou ainda parado em frente a Fabriccio.

Fabriccio engoliu em seco antes de pensar em uma solução. Jamais pensara que aquela situação chegaria a tal ponto.

–É melhor entrar – disse ao dar espaço para que Nikko entrasse. O olhar de Nikko percorreu todo o comodo não ficando surpreso ao perceber que tudo mudara desde a ultima vez em que estivera ali.

–Aonde estão? – perguntou ao encarar Fabriccio – Não quero saber sua opinião sobre o assunto, quero apenas que diga-me aonde estão. Ela é minha.

–Nikko, o que deseja fazer o que ela, afinal?

–O que acha? Quero que sofra, é claro.

–Mas ela já sofreu bastante.

–Nenhum sofrimento é o suficiente.

–Então pretende mata-la? – indagou serio ao cruzar os braços em frente ao corpo e somente então percebeu um brilho diferente no olhar dele – Voce não pretende mata-la, o que deseja é tê-la para si, não é?

Nikko virou o rosto em resposta.

–Ela matou a minha esposa – disse como se fosse a resposta mais obvia para aquela questão.

–Mas isso...

–Não importa. Eu tenho que faze-la pagar por isso.

–Nikko – murmurou cansado – Isso vai acabar indo longe demais.

–Não para mim.

–Para ela ou você, isso não importa. Não pode brigar com Alessandro por ele tentar ajudar alguém triste.

–Alguem triste? Ela é uma assassina – cuspiu tais palavras com raiva e repugnância. – Como pode defender eles? Alessandro é um traidor.

–Nada do que eu falar irá faze-lo mudar de ideia, mas não sei aonde estão – deu de ombros ao ir ate o sofá e sentar-se – Deveria descansar um pouco dessa vingança. Não quer sentar e conversar?

Nikko olhou para Fabriccio como se visse um louco em sua frente.

–Não vou desistir ate que ela esteja totalmente destruída.

–Ou ate que você esteja apaixonado por ela – completou ao observar as reações do rosto do seu irmão – Não se preocupe, não direi mais nada sobre isso.

–Jamais irei me apaixonar por uma assassina. Ela matou a mulher que eu amava.

–Eu sei. Todos sabemos, meu irmão, mas talvez seja hora de deixa-la seguir em frente.

–E porque eu faria isso?

–Para também seguir em frente. Ficar preso ao passado é doloroso demais, não é?

Nikko bufou antes de dar as costas a Fabriccio e sair da casa de seu irmão do mesmo modo que entrou. Rápido e turbulento.

–Essa historia não acabara bem – Fabriccio percebeu antes de voltar a deitar-se e fechar os olhos.

A raiva já havia tomado todo o corpo de Nikko ao dar a partida em seu carro.

–Quando eu a encontrar, com certeza a matarei – prometeu a si mesmo.

***

Alessandro mantinha um sorriso bobo em sua face ao acariciar os cabelos de Melanie. Seus corpos nús aqueciam um ao outro. Deitados no sofá, não se preocupavam com nada. A cicatriz que Melanie sentia vergonha nada representou para o jovem Nicolai que apenas a admirou ainda mais. Ambos compartilhavam dores semelhantes.

–Me promete que irá fugir de Nikko? – Alessandro perguntou ao sentir acariciar seus cabelos.

–Eu prometo – disse sabendo que era verdade. Ela não pretendia continuar se torturando, não daquela forma, não quando o seu próprio irmão a repudiava.

–Isso é um alivio – murmurou ao beijar a sua testa. Melanie permaneceu deitada com a cabeça apoiada no peito de Alessandro. Ela desejava contar a verdade, mas não sabia como começar.

Talvez.. se eu contar para alguém.. a dor diminua. Ele pode ser a pessoa em quem posso confiar. Pensou antes de respirar fundo e contar tudo o que guardava a tanto tempo.

–Naquela noite.. – começou com a voz tremula – Meu irmão havia ido me buscar. Havia ido a uma festa com umas amigas, eu iria voltar sozinha, mas ele insistiu. – a sua garganta começou a secar ao se recordar – Eu sempre confiei nele. Sempre quis protege-lo e ele a mim. Tínhamos um ao outro. Mas naquele dia, tudo se voltou contra nós. A rua estava escura, conversamos sobre alguma banalidade quando... – sem que percebesse lagrimas começaram a cair pelo seu rosto – nós batemos. Acordei primeiro, sai do carro ainda atordoada. Havia um carro em nossa frente e a pessoa que dirigia aparentava estar morta. Eu.. não pensei muito. Ao imaginar a minha vida sem ele, não consegui pensar em nada que não fosse salvá-lo. Ele ainda estava desacordado e sangrando quando o retirei do volante. O coloquei em meu lugar e assumi tudo. A partir daquele momento eu me tornei a culpada. A assassina.

O sangue havia sumido da face do homem deitado ao seu lado. Jamais ele imaginara que tudo ocorrera daquela forma.

–Como seu irmão deixou isso acontecer? Porque ele não contou a verdade?

–Ele não podia.

–Porque? – questionou sério alterando a sua voz – como ele conseguia respirar todos os dias sabendo que a sua irmã inocente estava presa?

–Eu.. a culpa foi minha. Eu fui a única egoísta.

–Egoista? Você o salvou – disse aturdido – como pode dizer que foi a sua culpa?

Melanie ergueu os olhos e o encarou.

–Porque é nisso que acredito. Que sou culpada por tudo. Se não fosse por mim... nada disso teria acontecido.

–Sua tola – sussurrou antes de abraça-la – Eu vou lhe proteger de Nikko, de seu irmão e de todos. Nada mais irá lhe machucar.

E acima de tudo, a protegerei de si mesma.

Prometeu ao sentir o seu corpo contra o dele.


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