~~Clary~~

Bip Bip Bip

Maldito despertador, odeio acordar cedo, uma grande desvantagem de ter que estudar de manhã era que você precisava estar na escola de manha.

Quando me lembrei do que precisava fazer hoje meu mau humor se renovou, quer dizer, ir para a escola era uma coisa, mas dizer para uma pessoa que o melhor amigo dela estava no México porque sofreu um acidente de avião era uma coisa completamente diferente e que exigia bem mais do que acordar cedo.

Me vesti, como hoje estava calor, decidi por simplesmente um shorts não muito justo e uma camiseta branca com listras coloridas e meu all star vermelho, organizei todo meu material e me dirigi a cafeteria.

As 7:40 eu estava preocupada com a possibilidade de Jace não vir, mas ele entrou na cafeteria e instantaneamente varias mulheres se viraram para encara-lo, qual é? Eu sei que ele é bonito, mais precisa alimentar ainda mais o ego dele? Ele pareceu feliz com toda aquela atenção, pois sorriu ainda mais enquanto se dirigia a minha mesa, como eu estava com fome tinha pedido café da manhã, e o inclui no pedido, estava tomando um gole do meu café quando ele sentou.

–Oi. –eu disse tentando quebrar a tensão e lembrando-o que eu estava ali.

–Oi. –ele disse de maneira educada e ainda sorrindo. – acredito que precisava falar comigo.

–Preciso.

–Sobre?

–Sebastian.

–Se está preocupada com ele, eu me aclamaria, daqui uns dias ele está de volta e...

–Eu estou preocupada, mas não é pelo motivo que você está pensando, eu fui até a casa de Valentin ontem e agente assistiu o jornal.

–E...?

Respirei fundo antes de dizer, mas ele esperou que eu me sentisse pronta para contar a “novidade” .

–O avião em que Sebastian estava sofreu um acidente.

–Ele sobreviveu? – Jace estava, claramente, perturbado com essa noticia, ele levantou e eu o puxei devagar para mesa, ele se sentou e eu segurei a mão dele, meio que para dar conforto, como se ele estivesse indo ao medico fazer um tratamento doloroso.

–Sim, mas quebrou uma perna e está recebendo cuidados no México, que foi onde o avião caiu e quando ele estiver bem vai poder continuar a viagem.

–Quando ele vai estar bem?

–Eu não sei, uma perna quebrada não demora muito para se recuperar, mas eu acho que vão querer que psicólogos falem com os passageiros vendo se eles estão mentalmente bem, essas coisas, acredito que não demore muito.

–Obrigada por me contar.

–Tudo bem, eu sei que você ficaria se questionando se ele demorasse muito para voltar.

–08:02, alguém está matando aula?

–Só o primeiro tempo, se você não tivesse se atrasado daria tempo de ver a primeira aula –disse brincando, tentando fazer com que ele se sentisse melhor.

–Agora eu acho que te devo um pedido de desculpas?

–Sim, você acha.

–Então, por favor, perdoe-me pelo meu atraso que comprometeu sua media de presenças em aulas.

–Pedir desculpas não é o suficiente.

–Então o que mais eu faço?

–Me ajude a passar esse tempo sem morrer de tédio.

–Fácil, vem comigo.

Nós levantamos, pagamos a conta e nos encaminhamos para o carro dele, perguntei aonde estávamos indo, mas como ele falou que era surpresa tentei me distrair falando de trivialidades com ele, fizemos um jogo bobo, onde fazíamos perguntas um ao outro para tentar se conhecer, ele ficou parecendo mais um jogo de quem fala mais bobagem:

–Você gosta de banana?- perguntei.

–Não. Você gosta de feijão?- ele perguntou.

–Gosto. Você já ficou com outro menino?

–Não, e você já ficou com uma menina?

–Não. Como foi quando você perdeu seu bv?

–Eu tinha 8 anos e foi com minha prima, e você?

–Foi com 11 anos e um menino chamado Robert, ele morava na rua da casa da minha vó, estávamos em uma reunião de família tediosa, eu sai para caminhar, o conheci e rolou.

–Você conhece alguém famoso?

–Não, qual frase te define?

–“Ousadia e Alegria.” Qual a sua?

Ri um pouco e disse:

–Acho que “Quantos mais livros se lê, menos real parece o mundo em que vivemos” ou “Transbordando o conhecimento de ser estúpido.” Qual o seu maior sonho?

–Achar uma estação na rádio que preste, sério, eu to procurando a maia hora e não tem N-A-D-A bom aqui.

De fato Jace estava procurando uma estação, mas não se agradava com nada, eu até consegui achar umas 2 musicas que eu gostava tocando, mas Jace mudava muito rápido de estação.

–Deixe-me te ajudar.

Coloquei numa radio que eu gostava porque tocava várias musicas boas, nem todas atuais, clássicos sempre são bons e Jace sorriu, provavelmente gostou, mas o avisei que se quisesse poderia trocar a estação.

–E o seu?- ele falou repentinamente.

–Meu o que?

–Maior sonho.

–Você não respondeu de verdade.

–Tudo bem, vou dizer, mais você promete não rir?

–Prometo.

–Eu gostaria de voar, quer dizer, eu sei que toda criança acha um Maximo voar e talz, mas eu só gostaria de poder voar para qualquer lugar, a hora que eu quisesse, fugir quando eu estiver com medo.

–É um sonho fofo – sorri para ele.

­-O seu também deve ser.

–Okay, vou contar, deis de quando eu era pequena, eu sonhava em ser uma artista famosa, tipo, Pablo Picasso, mas meus desenhos nunca se igualariam aos de qualquer pintor, então as chances são mínimas.

–Eu vi seus desenhos e são até melhores do que muitos que agente vê por ai, se precisar de um modelo estou a disposição.

–Falta muito para chegarmos?

–Na verdade agente chegou faz um tempo, então eu fiquei dando voltas no quarteirão para podermos terminar a conversa.

–Não acredito! Que lugar é esse?

Eu observei, era um condomínio fechado, as casas eram super bem cuidadas, tinham lindos jardins e Jace parou o carro, abriu a porta e me ajudou a descer, paramos em frente a uma casa igual as demais e ele caminhou até a porta de entrada e a abriu, enquanto sorria dizendo:

–Bem vinda a minha casa.

–Seus pais não vão se incomodar de eu estar aqui? – disse enquanto entrava na casa, era igualmente linda, moveis contemporâneos e limpos, tudo perfeitamente organizado, ele tinha uma estante de livros, um sofá grande, vários jogos de vídeo game e filmes.

–Eles não vão saber, essa é realmente a minha casa, eles não moram comigo.

–Porque eu estou aqui?

–Porque, como eu já conheci sua casa, achei justo você conhecer a minha.

–O que viemos fazer aqui?

–Matar aula, precisamos achar algo para fazer...

–Alguma sugestão?

Ele sorriu malicioso e chegou mais perto, parou a mais ou menos de meio metro de mim e falou:

–Tem certeza que quer ouvir minhas sugestões?

–Filtre suas sugestões e fale apenas as que você realmente acredita que eu faria.

–Okay, você lembra que no carro eu disse que poderia ser seu modelo? O que acha de tentar me desenhar?

–Eu posso fazer isso, vai ser uma maneira de passar o tempo.

Ele foi se trocar e eu separei um caderno para apoiar a folha, meu lápis e borracha enquanto esperava ele, vi sua coleção de CD’s, ele tinha bom gosto musical, bem parecido com o do Sebastian, a maioria era rock, mas isso não era de surpreender, uma pessoa que se veste 90% do tempo com preto provavelmente não gostaria de funk.

–Eu não acredito que você tem um santuário para os The Beatles! – gritei alto o suficiente para que ele escutasse.

–Eu não acredito que você está olhando meus CD’s.- ele retrucou.

Nem liguei para a tentativa de protesto de Jace, continuei apreciando sua coleção no decorrer da busca encontrei até discos de vinil, deveriam ter pertencido aos pais dele.

Quando ele voltou estava apenas de toalha, senti que meu queixo ia cair, mas antes de perder a compostura consegui gritar:

–QUE MERDA É ESSA JACE??!!